sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

Poesia para toda parte

A poesia abaixo, de autoria do grande Cartola, é doce e melancólica, tal como os dias bestas de dezembro. Para mim Dezembro é um não mês, sempre foi assim. Um mês Estranho um ufanismo natalino besta, luzinha de natal, consumismo exagerado, uma falsidade nas relações (aliás a cordialidade natalina só serve para nos mostrar o tanto que somos preconceituosos e falsos...) comidas e comidas naquelas festas natalinas chatissímas, nenhuma reflexão, BESTA BESTA BESTA, ETA MÊS BESTA e CHUVOSO. Um não ter o que fazer... De quebra o meados do mês, sempre me lembra que o tempo é implacável... opa já são praticamente 26...
Será que no fundo ninguém escapa ao moinho? por mais que queiramos proteger aqueles que amamos, será que o saldo da aventura pelo mundo é triste: cinismo, desilusão, perda de identidade: "Não serás mais o que és". Sei lá, principalmente neste mês BESTA. Só espero que não, há de haver saídas sempre diante do cinismo e da hipocrisia. Nem que seja o que os convencionais gostam de chamar de loucura. Bem tudo isso são divagações, mas como consolo e promessa de um mundo melhor, resta-nos a arte. Que a poesia nos proteja.

O mundo é um moinho

Ainda é cedo, amor
mal começaste a conhecer a vida
já anuncias a hora de partida
sem saber mesmo o rumo que irás tomar

Preste atenção, querida
embora eu saiba que estás resolvida
em cada esquina cai um pouco a tua vida
e em pouco tempo não serás mais o que és

preste atenção, o mundo é um moinho
vai triturar teus sonhos tão mesquinhos
vai reduzir as ilusões a pó...
Ouça-me bem, amor

Preste atenção, querida
de cada amor tu herdarás só o cinismo
quando notares estás à beira do abismo
abismo que cavaste com teus pés

Cartola

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