segunda-feira, 26 de novembro de 2007

O Mineirão é o segundo pior

Isso Vc não lerá ou verá na imprensa tucana mineira, o melhor talvez agora Vc veja, leia e ouça por causa da tragédia de Salvador.
Aliás aos torcedores do Bahia, melhor média de público nas três divisões, maior até mesmo que a média do Flamengo. Nossos sentimento, com o grito que ecoa por toda a Salvador BAHEA!!! BAHEA!!! BAHEA!!!. A matéria abaixo, é do Blog Onde a Coruja Dorme, aliás muito bom.


Um relatório do Sindicato Nacional das Empresas de Arquitetura e Engenharia (Sinaenco) divulgado em 01/11 colocou a Fonte Nova como o estádio de pior estrutura entre 29 estádios analisados no País. O segundo pior é o Mineirão, palco do próximo Brasil x Argentina pelas Eliminatórias, fato que demonstra a seriedade com que a solidária Confederação Brasileira de Futebol (CBF) trata a segurança do torcedor.
ogar a culpa toda no governo da Bahia é pouco. Sim, ele é o maior culpado, já que é responsável pelo estádio. Mas o Bahia também, por não ter se preocupado com a segurança de seus torcedores, assim como a Federação Baiana de Futebol e a CBF por permitirem que jogos com grande público (média de 40.410 pagantes por partida) fossem disputados em uma espelunca (com todo o respeito que o tradicional estádio merece) caindo aos pedaços.

Ah, e a imprensa também é culpada, claro. Não deu a devida importância ao relatório do Sinanenco, DIVULGADO HÁ UM MÊS, como diz o Globo Esporte.com e o sítio oficial do sindicato. Hmmm, será que tem algo a ver com a Copa de 2014 no Brasil, que foi oficializada dois dias antes?

Eu tinha um professor na universidade que falava num tal duende verde que fica sempre sobre os ombros dos jornalistas e serve para indicar onde há boas pautas e quais histórias são boas para contar. Pois bem, é só cruzar os dados: se o PIOR ESTÁDIO recebe o MAIOR PÚBLICO, algo está muito errado e nessa hora os duendezinhos verdes que estão sobre os ombros dos jornalistas que ficaram sabendo do relatório na época deveriam tê-los puxado pelas orelhas e apontado para essa informação dizendo: "aqui! Aqui! Uma grande pauta! O País inteiro tem que ficar sabendo disso! Vamos discutir isso urgentemente!".

Mas os duendes falharam: a repercussão do estudo do Sinaenco - sim, foi veiculado em alguns meios de comunicação, embora o caro leitor não lembre ou não tenha visto - foi bem menor que a das piruetas do menino Robinho, a polêmica se Kaká é mais bonito ou mais feio que Beckham e o oba-oba da Copa de 2014.

Acabamos sabendo só agora da precariedade da Fonte Nova, agora que oito vidas se foram e dezenas de pessoas ficaram feridas. O que deveria ser uma festa da torcida mais fanática do Brasil virou luto. Calaram-se os gritos dos torcedores, silenciaram os trios elétricos. Famílias que teriam motivos para festejar hoje choram.

E o pior é pensar que, daqui a algum tempo (muito pouco tempo, podem acreditar), a maior tragédia da história do futebol brasileiro vai ser esquecida. Porque é assim que as coisas funcionam no Brasil.

Para mais informações sobre o relatório do Sinaenco, visite http://www.copa2014.org.br/estadios.asp.
fonte: http://ondeacorujadorme.blogspot.com/

Sobre a ditadura brasileira

Abaixo uma bela matéria sobre 1968. A matéria foi publicada na Istoé, revista que ultimamente (últimas semanas) vem publicando matérias bastante interessante. Boa leitura. Quem quiser saber mais sobre esse período em nossas Minas, sugiro a leitura do livro de Heloísa Starling (ela própria um fracasso nos dias atuais, como vice-reitora dos ensinamentos de 1968): Os Senhores das Gerais (belissima tese). A matéria abaixo, me permitiu voltar a minha primeira grande paixão "intelectual" a ditadura militar, durante um bom tempo, antes de entrar na faculdade podia jurar que esse seria o tema a qual me dedicaria, devido meu interesse e as muitas leituras. Enfim passaram se os anos, a paixão de ler sobre esse período continua, mas minha praia é outra. Talvez isso seja fruto, de ter percebido, que infelizmente 68 de fato fracassara e os filhos da luta contra a ditadura e os netos da luta contra o facismo, para usar uma expressão de Franklin Martins no poder fizeram e fazem (FHC e os comparsas de LULA) ESSA PORCARIA TODA. Uma fajuta explicação sociológica para tanto pode ser encontrada talvez no fracasso do programa político defendido, por exemplo, pelo "porra louca" do Zé Celso Martinez, o único que de fato tentou “É a emergência de uma arte brasileira violenta, o sinal que antecede as grandes revoluções nos campos social e político. E todo mundo tem medo da arte que se fará agora no País. Pois ela será esmagadora, perigosa.” E o único que continua a ousar a chamar o espectador, "de burro, recalcado, reacionário" pois prefere "a cultura oficial, de consumo fácil". Enfim boa leitura a todos.

1968
Um olhar sobre o passado
A rebeldia dos estudantes contra a ditadura militar ocorreu num ambiente de inconformismo geral contra o status quo

Por CLÁUDIO CAMARGO E ELIANE LOBATO

VANDRO/AJB
REPRESSÃO O Rio de Janeiro se tornou palco de batalhas campais
A pior noite

Personagens de uma história que não terminou

Onde eles estavam
A atualidade de 1968
1968 40 anos depois

"Foi o melhor dos tempos e o pior dos tempos, a idade da sabedoria e da insensatez, a era da fé e da incredulidade, a primavera da esperança e o inverno do desespero. Tínhamos tudo e nada tínhamos.” As palavras que abrem o romance Conto de duas cidades, de Charles Dickens, falam da Europa do século XVIII, às vésperas da Revolução Francesa, mas definem à perfeição as grandes expectativas e a encruzilhada vividas pela geração de 1968 no Brasil e no mundo. Naquele ano que para alguns não terminou e para a maioria terminou mal, o “poder jovem” tomou de assalto as ruas de Paris, Bonn, Roma, Praga, Washington, San Francisco, Cidade do México, Rio de Janeiro e São Paulo, entre outras. Sessenta e oito foi o ápice da geração baby boomer, nascida depois da Segunda Guerra Mundial. Ao contrário de seus pais, esses jovens eram urbanos, desfrutavam do conforto trazido pela tecnologia, ouviam sons estridentes de rock’n roll, usavam cabelos e barbas compridos, minissaias, experimentavam drogas e, de posse da pílula anticoncepcio nal, forçaram a porta da revolução sexual. Mas eles queriam mais e, em 1968, se insurgiram em todos os cantos do planeta. Como um rastilho de pólvora, reivindicações estudantis se transformaram, da noite para o dia, em rebeliões contra governos, instituições, a Guerra do Vietnã e, por fim, toda a ordem vigente. “Sejamos realistas, exijamos o impossível”; “É proibido proibir”, diziam os slogans dos estudantes em Paris. No final, o establishment careta balançou, mas não caiu. Nos principais pontos da revolta, a velha ordem venceu “e o sinal ficou fechado para os jovens”: os conservadores ganharam as eleições na França, os tanques soviéticos acabaram com a Primavera de Praga e Richard Nixon foi eleito presidente dos EUA. Como consolo, 1968 deixou como herança o fim dos valores puritanos da sociedade do pós-guerra, com o advento de uma moral sexual menos repressiva. Às vésperas de 2008, o legado daquele ano grávido de utopias tragicamente abortadas permanece ainda desafinando o coro dos contentes e alimentando esperanças de um futuro menos sombrio.

LIDERANÇA Vladimir Palmeira agita as massas

No Brasil, 1968 foi um ponto de inflexão: o ano em que a ditadura militar instalada quatro anos antes começou a perder o apoio da classe média, paradoxalmente, seria o mesmo em que começaria a ganhar fôlego o chamado “milagre econômico brasileiro”. Vivíamos a efervescência no fio da navalha: o pau comia solto entre estudantes e a polícia nas ruas do Rio de Janeiro, num processo de radicalização crescente. “É preciso estar atento e forte; não temos tempo de temer a morte”, dizia a canção. A rebelião se espraiava pelo front cultural, com o Cinema Novo e a Tropicália, passando pelo Grupo Opinião. Perto disso, a irreverência da Jovem Guarda não passava de uma doença infantil. E, enquanto nos Festivais da Canção se travavam batalhas entre os “engajados” e os “alienados”, os “desbundados” esperavam a Era de Aquarius. Toda essa agitação político-cultural terminaria em 13 de dezembro com o AI-5, que jogaria o País nas trevas e empurraria muitos jovens para a luta armada.

A violência, aliás, foi a parteira de 1968. E no Brasil ela seria anunciada simbolicamente, como uma premonição, no plano estético. Logo em janeiro, o diretor José Celso Martinez Correa estreou uma revolucionária montagem da peça Roda viva, de Chico Buarque de Hollanda. Era uma história quase banal, de um artista popular que se vê enredado pela sociedade de consumo e entrega sua carreira a um empresário inescrupuloso, que o transforma em ícone pop, mas também o leva à destruição e ao suicídio. Como vendera a alma ao diabo, seu fígado era destroçado em público. Nas mãos de Zé Celso, a peça inaugurou o “teatro da porrada”, com cenas picantes envolvendo assédio à Virgem por um anjo e até por Jesus, com direito a distribuição de fígado de boi à platéia. Nas palavras de Zuenir Ventura, “talvez nunca – nem antes nem depois – os palcos nacionais tenham assistido a uma explosão visual, sonora e gestual tão virulenta como esta que inaugurou no Brasil o ‘Teatro da agressão’ ou ‘Teatro da grossura’. A peça não só agredia o público – intelectualmente, formalmente, sexualmente, politicamente, conforme queria o próprio diretor – como contestava todas as formas e propostas artísticas anteriores”. Messiânico, Zé Celso dizia que “é preciso provocar o espectador, chamá-lo de burro, recalcado, reacionário”. Ele queria uma guerra contra “a cultura oficial, de consumo fácil”. E, como que antevendo o que viria depois na arena política, arrematava: “É a emergência de uma arte brasileira violenta, o sinal que antecede as grandes revoluções nos campos social e político. E todo mundo tem medo da arte que se fará agora no País. Pois ela será esmagadora, perigosa.”

FOTOS: EVANDRO TEIXEIRA
CONFRONTO A classe média se volta contra a ditadura

A violência real explodiria pouco depois nas ruas do Rio de Janeiro. Na quinta-feira 28 de março de 1968, soldados do Batalhão de Choque da PM invadiram o restaurante Calabouço para reprimir um protesto de estudantes secundaristas. O Choque respondeu à bala as pedras dos estudantes. Em frente ao restaurante, caiu morto o jovem Edson Luís Lima Souto, 20 anos, aluno do curso de madureza, que viera de Belém para tentar uma faculdade no Rio de Janeiro. Revoltados, os estudantes carregaram o corpo de Edson Luís em passeata até o prédio da Assembléia Legislativa (hoje Câmara Municipal). No dia seguinte, cerca de 20 mil pessoas, entre estudantes, artistas e intelectuais acompanharam o enterro de Edson Luís até o cemitério São João Batista aos gritos de “Abaixo a ditadura!” e “O povo organizado derruba a ditadura!”

Depois disso, ocorreram novas passeatas, reprimidas com violência. Acuada, a ditadura mostrava os dentes. O dia 21 de junho passaria à História como a Sexta-feira Sangrenta, a jornada mais violenta de confrontos de rua entre policiais e estudantes. Desta vez, como lembra Elio Gaspari em A ditadura envergonhada, “os jovens não eram secundaristas anônimos (...). Eram os dourados filhos da elite”. A eles se juntaram populares e trabalhadores. A polícia, por sua vez, tinha ordens para atirar. Durante cerca de dez horas, o centro do Rio assistiu a uma violenta batalha campal, com estudantes enfrentando a tropa de choque a pau e pedra e populares jogando do alto dos edifícios vasos de flores, tijolos, cadeiras e até uma máquina de escrever. No final, 23 pessoas foram baleadas, quatro mortas – inclusive um soldado da PM atingido por um tijolo – e 35 soldados feridos.

“A classe média acompanhava o conflito bastante emocionada, porque seus filhos estavam envolvidos e correndo grande perigo”, escreve o jornalista Fritz Utzeri no prefácio do livro 68: destinos. Passeata dos 100 mil, do fotógrafo Evandro Teixeira (a ser lançado em 2008). “Nasciam ali as condições de uma grande manifestação de protesto e repúdio à ditadura”: a Passeata dos 100 Mil. Ela aconteceu na quarta- feira 26 de junho e, desta vez, com a polícia ausente, não houve incidentes. “A multidão começou a mover-se, cantando o hino que seria o favorito da esquerda e da luta armada, o da Independência, principalmente a estrofe: ‘Ou ficar a pátria livre ou morrer pelo Brasil’. O Hino Nacional havia sido apropriado pelos militares”, diz Utzeri. “A Marcha dos 100 Mil foi o troco da Marcha da Família, com a qual, quatro anos antes, a classe média expressou seu apoio ao golpe. A roda da história girava e o governo, pela primeira vez, estava na defensiva.”


A segunda parte da matéria começa como uma declaração no mínimo polêmica, de que a radicalização foi o pior dos caminhos para o momento de oposição a ditadura. Não entremos nessa seara, afinal ela foi uma das razões para a divisão do Partidão, em PCB com influência soviética e inclinados a negociação e o PC do B com influência soviética e defensores da revolta armada e da revolução cultural. Mas a matéria termina simbolicamente professando o fracasso de 1968, como afirmamos acima, o legado dessa geração seria a Democracia e os Direitos Humanos. Estas duas conquistas são importantíssimas, nós mesmo somos ardorosos defensores delas, no entanto diante do que 68 nos prometia é muito pouco. A democracia tal como conhecemos liberal, não era e jamais foi o sonho da geração de 1968, tal democracia é fruto na verdade do conservadorismo, que viu nessa uma solução ao processo revolucionário e constante que o movimento popular impunha a França Revolucionária.


1968
Um olhar sobre o passado
A rebeldia dos estudantes contra a ditadura militar ocorreu num ambiente de inconformismo geral contra o status quo

Por CLÁUDIO CAMARGO E ELIANE LOBATO

AGÊNCIA JB
PIVÔ Por causa de “Caminhando”, de Vandré, Tom Jobim foi vaiado

Foi o apogeu da mobilização estudantil. A partir daí, o movimento cometeu uma série de erros políticos, foi perdendo o apoio da classe média e entrou em descenso. Parte dos estudantes já se inclinava para a luta armada, organizada por grupos de extrema-esquerda. Ainda em junho, um grupo da organização Vanguarda Popular Revolucionária (VPR) atacou com bombas o quartel do II Exército em São Paulo, matando o soldado Mário Kozel Filho. No mês seguinte, outra organização, o Comando de Libertação Nacional (Colina), matou no Rio de Janeiro o major alemão Edward von Westernhagen, confundido com o capitão boliviano Gary Prado, comandante da tropa que prendera Che Guevara em 1967. E, em agosto, outro comando da VPR assassinou em São Paulo o capitão americano Charles Chandler. Do outro lado, começaram as ações de grupos paramilitares de extrema-direita, como o Comando de Caça aos Comunistas (CCC), patrocinado pelos porões do regime. Bombas foram colocadas em teatros do Rio de Janeiro e de São Paulo. No dia 17 de julho, membros do CCC invadiram o Teatro Ruth Escobar, em São Paulo, onde era encenada Roda viva. Os artistas foram agredidos, entre eles Marília Pêra, obrigada a passar nua por um corredor polonês.

A anarquia chegava aos quartéis. No dia 1º de outubro, o deputado Marílio Ferreira Lima (MDB-PE) denunciou no plenário da Câmara a descoberta de um sinistro plano terrorista da direita militar. Oficiais da Aeronáutica liderados pelo brigadeiro João Paulo Penido Burnier planejavam usar o Para-Sar, uma unidade de pára-quedistas de salvamento na selva, para seqüestrar líderes de oposição e praticar atentados terroristas no Rio. A culpa seria lançada sobre grupos da esquerda armada, fornecendo justificativa para os ultras darem a última volta no parafuso no regime. O plano foi abortado pela ação do capitão Sérgio Ribeiro Miranda de Carvalho, conhecido como “Sérgio Macaco”, que o denunciou aos seus superiores. O caso foi levado até o brigadeiro Eduardo Gomes, herói da Revolta dos 18 do Forte de Copacabana de 1922 e patrono da Aeronáutica, que apoiou o capitão Sérgio Macaco. O inquérito aberto na FAB foi arquivado e seu relator, o brigadeiro Itamar Rocha, exonerado do cargo de diretor-geral das Rotas Aéreas e preso por alguns dias. E o capitão Sérgio, expulso da Aeronáutica.

Enquanto isso, o movimento estudantil continuava em queda livre, mas cada vez mais radicalizado. Em agosto, os campi da Universidade Federal de Minas Gerais e da Universidade de Brasília foram invadidos pela polícia. Em 2 de outubro, a Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, na época localizada na rua Maria Antônia, em frente à Universidade Mackenzie – reduto dos estudantes conservadores –, foi atacada pelo CCC. No tumulto, morreu um estudante. Em outubro, a polícia paulista descobriu que o 30º Congresso da UNE estava sendo realizado clandestinamente num sítio em Ibiúna, em São Paulo, e prendeu 920 estudantes, entre eles os líderes Vladimir Palmeira, Luís Travassos e José Dirceu.

FOLHA IMAGEM
DERROTA 920 estudantes presos no 30º Congresso da UNE

A radicalização também chegou às platéias dos festivais. “Na última semana de setembro, o III Festival Internacional da Canção transformou a intolerância em espetáculo e a exibiu para todo o País – ao vivo e ao som de vaias”, conta Zuenir Ventura. Na noite de 28 de setembro, no Teatro da Universidade Católica (Tuca), em São Paulo, dúzias de ovos, tomates e bolas de papel impediram que Caetano Veloso cantasse É proibido proibir. Fiel à estrofe que dizia “eu digo não ao não”, Caetano reagiu com um discurso irado, mas perfunctório: “Vocês não estão entendendo nada, nada, absolutamente nada (...) Mas que juventude é essa, que juventude é essa? Vocês são iguais sabe a quem? Àqueles que foram ao Roda viva e espancaram os atores. Vocês não diferem em nada deles, vocês não diferem em nada! (...) Se vocês, se vocês em política forem como são em estética, estamos feitos!”

Mas não adiantou nada, absolutamente nada. Dias depois, quando o júri anunciou a vitória de Sabiá, um de seus autores, ninguém menos que Tom Jobim, apareceu no palco e foi sonoramente vaiado durante 23 minutos. A platéia do Maracanãzinho não se conformava com o fato de que sua preferida, Pra não dizer que não falei das flores, de Geraldo Vandré, ficasse em segundo lugar. Era uma guarânia, mas que tinha versos fortes que mexiam com o Zeitgeist (espírito da época) do público, falando em “soldados armados, amados ou não/quase todos perdidos de armas na mão/Nos quartéis lhes ensinam antigas lições/De morrer pela pátria e viver sem razões”. E arrematando com o refrão: “Vem, vamos embora, que esperar não é saber/ Quem sabe faz a hora, não espera acontecer.” O secretário de Segurança Pública do Rio, general Luís França, proibiu a música sob a alegação de que ela serviria de slogan para a agitação das ruas. Vandré, que não compactuava com a intolerância do público, pagaria caro por “Caminhando”: depois do AI-5, foi preso, exilado e, quando voltou, em 1973, fez um mea-culpa que até hoje ninguém entendeu. Anos depois, Millôr Fernandes definiria Caminhando: “É o hino nacional perfeito; nasceu no meio da luta, foi crescendo de baixo para cima, cantado, cada vez mais espontânea e emocionalmente, pelo maior número de pessoas. É a nossa Marselhesa.”

A longa noite dos generais só terminaria em 1985, depois de um sinuoso processo de transição negociada – e não de ruptura, como queriam muitos dos protagonistas de 1968. Alguns deles, sobreviventes daqueles tempos sombrios, chegaram ao poder décadas depois, como o ex-deputado José Dirceu e o ministro Franklin Martins. Quarenta anos depois, pode-se dizer que o legado daquele ano que quis mudar tudo foi, principalmente, o singelo apreço por valores como a democracia e a defesa dos direitos humanos – valores esses que não estavam necessariamente inscritos no DNA das rebeliões daquele ano. Foi preciso que fizéssemos a dura travessia do deserto dos “anos de chumbo” para aprender a lição. Como lembra o jornalista Cid Benjamin, que era estudante de engenharia da UFRJ e um dos vice-presidentes da União Metropolitana de Estudantes (UME): “A maioria dos jovens daquela época não tinha na cabeça a defesa da democracia. A marca daquele tempo foi mesmo a rebeldia.” Para Benjamin, que participou da luta armada pelo MR-8, foi preso e banido em 1970, o consenso em torno da democracia se fortalece em sociedade onde houve ditadura. “É o tipo de coisa a que só damos importância quando perdemos.” Mesmo com suas imperfeições, como a corrupção e o tráfico de influência. “A democracia não é solução para tudo, tem os seus problemas. Mas a falta dela é pior que tudo isso”, conclui o jornalista. “Acho que existe uma ligação profunda entre 68 e o apreço que o brasileiro demonstra ter pela democracia, contra as tiranias”, diz Arthur José Poerner, autor de O poder jovem. “O espírito de 68 está presente em toda a nossa opção pela democracia hoje”, conclui.



1968
A pior noite
Pressionado pela linha dura, o presidente Costa e Silva baixa o AI-5 e enterra a democracia no Brasil

Por OCTÁVIO COSTA

MEDITAÇÃO Antes da decisão, música clássica e palavras cruzadas
Um olhar sobre o passado
Personagens de uma história que não terminou
Onde eles estavam
A atualidade de 1968
1968 40 anos depois

Começou pontualmente às 17 horas da sextafeira 13 de dezembro de 1968 a 43ª reunião do Conselho de Segurança Nacional, sob o comando do presidente da República, marechal Arthur da Costa e Silva. Quando terminou, depois de duas horas e meia, a democracia estava enterrada no Brasil. Foi parido ali, no Salão de Despachos do segundo andar do Palácio Laranjeiras, o Ato Institucional n° 5. Às 22h30, em cadeia de tevê, o ministro da Justiça, Luís Antônio da Gama e Silva, e o locutor Alberto Cury leram a introdução e os 12 artigos que compunham o AI-5 e também o Ato Complementar nº 38, que decretou o fechamento do Congresso por tempo indeterminado. Além de eliminar as garantias constitucionais da magistratura, o AI-5 trouxe em seu artigo 10 um dispositivo tenebroso: suspendeu a garantia de habeas-corpus "nos casos de crimes políticos contra a segurança nacional" - mais tarde o prazo de incomunicabilidade dos presos foi ampliado para dez dias, o dobro do tempo que a coroa portuguesa permitia no caso da Inconfidência Mineira. Ao presidente da República, deuse o poder de cassar mandatos, suspender direitos políticos por dez anos, intervir nos Estados e municípios, demitir sumariamente funcionários públicos e militares e decretar o estado de sítio sem anuência do Congresso.

Registra a história contemporânea que o AI-5 foi a resposta virulenta dos militares à corajosa decisão da Câmara, no dia 12 de dezembro, de não dar licença para que o deputado Márcio Moreira Alves fosse processado perante o STF por grave ofensa às Forças Armadas. Assim que os militares de linha dura souberam da decisão parlamentar, dirigiram-se ao Palácio Laranjeiras para cobrar um revide enérgico do presidente da República. Ao ouvir a notícia no rádio do carro oficial, Costa e Silva desabafou ao chefe da Casa Militar, general Jayme Portella: "Eles vão ter resposta. Você é testemunha de que fiz tudo para que atendessem aos apelos para desagravar as Forças Armadas. Agora vão ver." Integrante da chamada linha dura, Portella gostou do que ouviu e determinou que se baixasse censura prévia nos órgãos de comunicação, proibindo comentários sobre a decisão da Câmara. Enquanto isso, Gama e Silva, o Gaminha, após tentar por todos os meios falar com o chefe, atendeu à recomendação de Portella e foi para o hotel dedicar-se ao rascunho do ato institucional. Mas, apesar de todas as pressões, o presidente recolheu-se aos seus aposentos e decidiu deixar a decisão para o dia seguinte. Ao ministro do Exército, Lira Tavares, ele disse: "Hoje, nada, Lira. Amanhã." Alheio às pressões dos colegas de farda, o presidente passou a noite ouvindo música clássica e fazendo palavras cruzadas. Dormiu mal e, logo ao acordar, ouviu do chefe do SNI, general Garrastazu Médici, o seguinte comentário: "O senhor não caiu durante a noite porque é o senhor. Outro no seu lugar teria caído."

CARTA MARCADA O fechamento do Congresso era planejado havia meses

O marechal Costa e Silva sabia muito bem o que tinha de fazer para continuar na Presidência. Desde a marcha dos 100 Mil contra a ditadura, no fim de junho, os militares da linha dura cobravam uma ação enérgica. Gaminha não escondia que seu sonho era o fechamento do Congresso. Finalmente, era chegada a hora. Numa reunião preliminar, às 13 horas, o presidente comunicou suas decisões aos chefes militares, "em caráter sigiloso". Às 16 horas, foi examinado por seu médico e uma hora depois deu início à reunião do CSN. Com o presidente na cabeceira, sentaram-se à mesa 24 autoridades. Costa e Silva fez um pequeno discurso introdutório e retirou-se da sala por 15 minutos para que os conselheiros lessem a íntegra do AI-5. Quando voltou, deu a palavra ao vice-presidente da República, Pedro Aleixo, político liberal da UDN mineira. Aleixo defendeu um remédio constitucional - o estado de sítio - e atacou o conteúdo autoritário do AI-5. "Estaremos instituindo um processo equivalente a uma própria ditadura", advertiu. Mas ficou por aí. "Em nenhum momento ele disse diretamente que condenava a promulgação do Ato", afirma o jornalista Elio Gaspari, no livro A ditadura envergonhada, primeiro dos quatro volumes que escreveu sobre o regime militar. Todos os outros presentes deram apoio ostensivo à medida de força. O jovem e ambicioso ministro da Fazenda, Antônio Delfim Netto, achou pouco e pediu mais poderes para legislar sobre matéria econômica e tributária: "Estou plenamente de acordo com a proposição que está sendo analisada no Conselho. E se Vossa Excelência me permitisse, direi mesmo que creio que ela não é suficiente." Porém, a frase que entrou para os anais como exemplo de oportunismo e vassalagem foi da lavra do ministro do Trabalho, Jarbas Passarinho, coronel da reserva que surgira na política do Pará em 1964: "Às favas, senhor presidente, neste momento, todos os escrúpulos de consciência."

Sem escrúpulos em relação à ditadura, o AI-5 foi aprovado por unanimidade, à exceção de Pedro Aleixo. "Quando as portas da sala se abriram, era noite. Duraria dez anos e dezoito dias", resumiu Gaspari, ao narrar a malfadada reunião. Tanto ele quanto Zuenir Ventura, autor de 1968, o ano que não terminou, com base nos depoimentos que colheram, concluíram que o episódio que envolveu Márcio Moreira Alves foi mero pretexto para a linha dura. "O discurso do Marcito não teve importância nenhuma. O que se preparava era uma ditadura mesmo. Tudo era feito para levar àquilo", afirmou Delfim Netto a Gaspari, em meados dos anos 80. Marcito pediu a palavra no pinga-fogo da Câmara, no dia 2 de setembro, para criticar a invasão da Universidade de Brasília por PMs e agentes do Dops em 29 de agosto. Ele acabara de assistir em São Paulo à peça Lisístrata, do grego Aristófanes, na qual a personagem principal incita as mulheres de Atenas a não se deitarem com seus maridos enquanto eles não pusessem fim à guerra contra Esparta. Inspirado no texto clássico, o deputado sugeriu uma greve feminina contra os militares durante as comemorações da Semana da Pátria. E perguntou: "Até quando o Exército vai ser valhacouto de torturadores?" No dia seguinte, só a Folha de S.Paulo publicou um pequeno registro num pé de página. A linha dura, entretanto, não perdeu tempo. Em poucas horas, foram distribuídas nos quartéis dezenas de cópias do texto. Nas palavras de Heráclito Sales, assessor de imprensa de Costa e Silva: "Foi como uma chuva sobre o Palácio. Uma chuva torrencial de telegramas de todas as guarnições militares, exigindo punição para o autor do discurso. Uma coisa organizada."



1968
A pior noite
Pressionado pela linha dura, o presidente Costa e Silva baixa o AI-5 e enterra a democracia no Brasil

Por OCTÁVIO COSTA

IDENTIFICAÇÂO Como ministro, Costa e Silva já se aliava à linha dura

Poucos dias depois, o ministro do Exército, Lira Tavares, enviou ofício ao presidente Costa e Silva, dizendose "confiante nas providências que Vossa Excelência julga devam ser adotadas". Lira Tavares não chegou a pedir que Márcio Moreira Alves fosse processado. O processo saiu da cabeça do general Jayme Portella, que não cessou de alimentar a crise e de fomentar a indignação da tropa. Emparedado pelos ministros militares, Costa e Silva mandou que Gama e Silva estudasse uma fórmula jurídica para punir o parlamentar. Gaminha não pensou duas vezes: cabia ao governo pedir à Câmara licença para processar o deputado. Mas a Câmara sempre negara licença nas tentativas de processo por opinião e votos no exercício do mandato parlamentar. O Palácio, porém, não deu ouvidos ao presidente do partido governista, senador Daniel Krieger, que sugeriu a suspensão do colega. Gaminha se mexeu para assegurar a vitória na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara. O governo substituiu nove membros da CCJ para garantir a aprovação, mas teve de engolir a renúncia do presidente da Comissão, deputado Djalma Marinho. Citando o dramaturgo espanhol Calderón de la Barca, Marinho disse uma frase que se transformou em palavra de ordem na Câmara: "Ao rei, tudo, menos a honra." No dia 12 de setembro de 1968, na votação do plenário, o governo perdeu feio. Foram 216 votos contra, 141 a favor e 12 em branco.

A truculenta resposta da ditadura militar veio no dia seguinte. Com o fim das garantias constitucionais, a linha dura ganhou, enfim, liberdade e autonomia para investir contra todos os que ainda acreditavam na volta da democracia. A razia começou na noite da sexta-feira 13. Censores ocuparam as redações dos principais jornais, as rádios e as emissoras de tevê. Vários políticos e intelectuais foram presos, entre eles, o ex-presidente Juscelino Kubitschek, os escritores Antônio Callado e Carlos Heitor Cony, o poeta Ferreira Gullar, o editor Enio Silveira, o advogado Heleno Fragoso. Em São Paulo, os cantores Caetano Veloso e Gilberto Gil. Transferidos para o quartel da PE, no Rio, Caetano teve os cabelos raspados a zero. Carlos Lacerda chegou à cela na manhã do dia seguinte e, ao ser recebido com frieza pelo compositor comunista histórico Mário Lago, estendeu a mão: "Ô, Mário, preso fala um com o outro, não é?" Foram inúmeras as histórias de solidariedade e bravura nos primeiros dias do AI-5. Mas uma delas, contada por Zuenir, merece ser repetida. Em Goiânia, no sábado 14, às 19h30, o grande advogado Sobral Pinto aguardava, num quarto de hotel, a solenidade de formatura da qual seria paraninfo. Estava de chinelos, em manga de camisa e calça de pijama. O quarto foi invadido por um major e seis soldados. O major trombeteou: "Trago uma ordem do presidente Costa e Silva para o senhor me acompanhar." Destemido como sempre, Sobral retrucou: "Meu amigo, o marechal Costa e Silva pode dar ordens ao senhor. Ele é marechal, o senhor major. Mas eu sou paisano, sou civil. O presidente da República não manda no cidadão. Se esta é a ordem, então o senhor pode se retirar porque eu não vou." O militar, surpreso, gritou: "O senhor está preso!" Sobral respondeu: "Preso coisa nenhuma." Foi agarrado e arrastado pelo salão do hotel. Sobral tinha, então, 75 anos de idade.

O arrastão da linha dura também fez muitas baixas no meio acadêmico. O governo expulsou das universidades 66 professores, entre eles Caio Prado Júnior, Fernando Henrique Cardoso, o sociólogo Florestan Fernandes, a historiadora Maria Yedda Linhares, o físico Jayme Tiomno e o médico Luiz Hildebrando Pereira da Silva, que deixara uma posição no Instituto Pasteur, em Paris, pela Faculdade de Medicina da USP, em Ribeirão Preto. No Rio, não escaparam nem mesmo os catedráticos da Escola Nacional de Belas Artes Quirino Campofiorito e Mário Barata. Por força do AI-5, foram cassados os mandatos e suspensos os direitos políticos do deputado Márcio Moreira Alves e de vários outros parlamentares. Em janeiro de 1969, o balanço de políticos cassados era o seguinte: dois senadores, 28 deputados federais, 38 deputados estaduais e um vereador. Dois meses depois, mais 30 parlamentares vieram se juntar à lista de cassados e mais 100 pessoas tiveram os direitos políticos suspensos por dez anos.

A longa noite do AI-5 estava apenas começando. Os jovens envolvidos no movimento estudantil não enxergaram mais saída para o País, a não ser a luta armada. Enquanto o Partido Comunista Brasileiro liderava as passeatas estudantis com o bordão "Só o povo organizado derruba a ditadura", os militantes das organizações à esquerda do partidão bradavam: "Só o povo armado derruba a ditadura." Foram à luta revolucionária. Criticavam o pacifismo e a excessiva moderação do PCB e consideravam-se a vanguarda das forças populares. De certa maneira, fizeram lembrar os heróis criados pelo escritor Victor Hugo, no clássico Os miseráveis. Cercados pelo Exército francês nas rústicas barricadas de rua contra a monarquia, são informados que o povo não vai aderir. Resposta dos rebeldes de Paris: "Se o povo abandonou os republicanos, os republicanos não abandonam o povo." Abandonados pelo povo e pela classe média, os jovens de 1968 tornaram-se presa fácil. Assim que foi baixado o AI-5, "a tigrada", segundo termo cunhado por Delfim Netto, saiu a campo para destruir as organizações de esquerda. Gaspari estima que, no início de 1968, havia cerca de 800 militantes envolvidos com ações armadas. Fontes militares contam o dobro. Pelo levantamento da Comissão Especial de Mortos e Desaparecidos Políticos, do Ministério da Justiça, mais de 250 desses militantes foram barbaramente torturados e assassinados pelos órgãos da repressão de 1969 a 1975. Eles não viram o AI-5 ser extinto em 31 de dezembro de 1978, mas não morreram em vão. Disse o psicanalista Helio Pellegrino, um pouco antes de morrer: "Nós aprendemos com a loucura, a generosidade e o sangue deles."

1968
A atualidade de 1968
O jornalista Zuenir Ventura, autor de 1968 - o ano que não terminou, continua obcecado com um mundo que se rebelou em plena guerra fria

Por AZIZ FILHO

ALEXANDRE SANT’ANNA/AG. ISTOÉ
SINTONIA Para Zuenir, ninguém explica o vento de liberdade que soprou ao mesmo tempo na França, no Brasil, nos EUA e na Tchecoslováquia
Um olhar sobre o passado
A pior noite
Personagens de uma história que não terminou
Onde eles estavam
1968 40 anos depois

Vinte anos depois de lançar 1968 – o ano que não terminou, Zuenir Ventura, 76 anos, dá os últimos retoques em 1968 – terminou ou não terminou?. Em busca da resposta, o jornalista entrevistou personagens da história inaugurada pela rebeldia mundial. O que mais intriga Zuenir é a coincidência, naquela época, de atos e atitudes em um mundo sem internet, compartimentado pelos muros da guerra fria. “Ao mesmo tempo os jovens cantavam a mesma música, deixavam o cabelo crescer e mudavam o comportamento sexual”, recorda o escritor.

ISTOÉ – Terminou ou não terminou?
Zuenir Ventura –
Não cheguei a uma conclusão, mas 1968 provoca tanta polêmica e divergência que parece estar vivo. Não é visto como efeméride. Muita gente que participou daquilo tudo foi para o poder, como José Dirceu, José Serra, José Genoino, só para ficar na política. Fernando Henrique e Lula reivindicam ter levado para o governo mais pessoas de 68.

ISTOÉ – Como seria o Brasil hoje se a repressão não tivesse vencido em 68?
Zuenir –
Seria difícil outro desfecho porque a linha dura já tinha vencido a disputa interna e o AI-5 só coroou a vitória. Tudo foi pretexto para endurecer. Mas eu diria que, se a juventude tivesse vencido, não seria uma catástrofe. Muitas das melhores cabeças do Brasil passaram os melhores anos de sua vida no exílio. Esse pessoal perdeu na política, mas ganhou no comportamento, como as mulheres, os gays, os ambientalistas, as minorias, a juventude. Tudo isso germinou ou ganhou importância ali. Se hoje há minissaia e homens com brinco é porque a destruição dos tabus começou em 68 e ainda dura. A liberdade sexual sobreviveu até à Aids. Não se valoriza mais a virgindade como tabu.

ISTOÉ – A direita acabou vencendo?
Zuenir –
Há uma tendência mundial à direitização, com exceção da América Latina. O Nicolas Sarkozy (presidente da França) diz que quer acabar com 1968. Nos anos 60 se dizia que o mundo caminhava para o socialismo, mas a tendência atual é para a direita ou centro. Não é à toa que Lula faz isso. Ele não tem nada de bobo. O Brasil é conservador, conciliador, sempre temeu ruptura.

ISTOÉ – Por isso a geração 68 não venceu?
Zuenir –
O momento mais bonito de 68, e também o canto do cisne, que marca o início do descenso, foi a Passeata dos 100 Mil. A classe média aderiu, mas, a partir daí, muitos líderes começam a radicalizar. Era o que os militares queriam. Na passeata, um grupo gritava que “só o povo organizado derruba a ditadura” e outro, “só o povo armado derruba a ditadura”. O momento mais insano foi o Congresso de Ibiúna, com 920 pessoas presas. Foi um gesto de insensatez absoluta, que acabou no confronto.

ISTOÉ – Qual foi o maior dos legados culturais?
Zuenir –
Aquela geração continua atuante e influente. Chico, Caetano, Bethânia, Milton, Gil. É uma geração matriz, com prestígio. A tropicália é nosso último movimento cultural importante, enquanto pessoas na mesma direção, com mesmas idéias, padrões, valores estéticos. Não tivemos mais nada parecido. O principal da tropicália foi acabar com o populismo, o engajamento cultural com viés demagógico, falando em nome da nacionalidade, dos valores pátrios. Rompe com a visão do povo ingênuo que precisa de ajuda. A peça mais tropicalista foi Roda viva, que o Zé Celso Martinez Correa transformou em teatro de agressão. Ele espremia um fígado e espirrava sangue na platéia, achava que deveria agredir o público, não agradá-lo. O tropicalismo deu liberdade à cultura.

ISTOÉ – Paris e Praga influenciaram o 1968 brasileiro?
Zuenir –
Em março, eu trabalhava na revista Visão, que era perto do Calabouço. Quando ouvimos o tiro que matou Edson Luiz, descemos e acompanhamos a multidão com o corpo até a Cinelândia. Em maio, eu estava em Paris, quando estourou a coisa lá. Estavam o Zé Celso, o Leon Hirszman, o Fernando Henrique. Quando fui preso no Brasil, em dezembro, o interrogatório foi um diálogo de malucos. O coronel dizia: “É muita coincidência, senhor Zuenir.” E eu: “É coincidência mesmo, coronel.” Ele: “Mas é muita, né?” E eu: “É, muita.” Fiquei três meses preso. Eles não percebiam que, aqui, aconteceu antes. Não havia essa influência direta, as coisas demoravam a chegar. Ninguém sabia quem era Marcuse ou Daniel Cohn-Bendit. Apesar da paranóia da guerra fria, houve um vento de liberdade e renascimento na França, Tchecoslováquia, Polônia, Japão e até nos Estados Unidos, uma sintonia planetária que não se consegue explicar.

ISTOÉ – O que pode tê-la provocado?
Zuenir –
O americano Mark Kurlansky diz que nunca houve um ano como 1968 e é improvável que volte a haver. Foi uma contestação anárquica a tudo do passado – autoritarismo, família, política convencional, hierarquia, escola, tudo. Ao mesmo tempo os jovens cantavam a mesma música, deixavam o cabelo crescer e mudavam o comportamento sexual. A mulher foi se liberando em vários países, com sistemas distintos. A Primavera de Praga foi contra a União Soviética. Só os militares viam o mundo dividido em dois. Se você não era de um lado, era de outro.

ISTOÉ – Por que a luta pela igualdade social não mobiliza mais os jovens?
Zuenir –
É a grande questão de hoje. Acho que a decepção política levou esses jovens a uma descrença de tudo. São mais sensíveis à causa ecológica porque a social se mistura com a política e o jovem não quer saber de política. Em 68, até o sexo era um gesto político. Você jamais transaria com uma mulher reacionária. Tudo, inclusive a cultura, passava pela política. Outro problema é o individualismo, a preocupação muito mais consigo mesmo do que com o coletivo. Seria melhor uma geração furiosa do que apática. Essa anestesia é a pior coisa.

Chapa que combatia cotas apanha (no voto) na UFRGS


A chapa que combateu as cotas com algumas manifestações consideradas racistas pelos adversários foi derrotada na maior eleição da História recente no Diretório Central de Estudantes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

A chapa 1 obteve 55,3% dos votos, contra 31,6% da chapa 3, formada pelas juventudes de partidos como o PFL, PSDB, PMDB, PPS, PDT, PP e um estudante que se dizia fascista. A chapa 2, "Quem vem com tudo não cansa", teve 3,9% dos votos e a chapa 4, "Roda Viva", obteve 9,2%. Houve 5.042 votos.

"Eles cresceram muito durante o período em que foram aprovadas as cotas na UFRGS com um discurso que abria larga margem a manifestações racistas, que de fato ocorreram com frequência: desde pichações no campus da Universidade a declarações de trote segregado ano que vem, estudantes que queiram cartão 'personalité' e diploma vip", explicou um integrante da chapa vencedora, a "Todos Iguais, Braços Dados ou Não", que consegue sua quarta vitória consecutiva.

Segundo Rodolfo Mohr, a eleição mostra que "estudantes de todos os cantos do país estão rechaçando a burocracia e o retrocesso dos DCEs, como vimos nas recentes vitórias de chapas comprometidas com a Educação Superior Pública e de Qualidade na Universidade Federal de Santa Catarina, Universidade Federal do Paraná, Universidade Estadual de Maringá, Universidade Federal do Rio de Janeiro e Universidade Federal de Minas Gerais.

Publicado em 26 de novembro de 2007

Embora não haja relação direta entre os dois assuntos, é bom ficar de olho na ascensão dos extremistas na universidade brasileira.

Vem lá de trás e está crescendo. A "Folha de São Paulo", no dia 08/06/2005, publicou o seguinte texto de Léo Gerchmann:

"A atuação de grupos neonazistas no Rio Grande do Sul, detectada e apurada pela polícia gaúcha há dois anos, chegou à universidade pública federal. Sindicância da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) investiga o aluno de ciências autuariais Gabriel Marchesi Lopes pela disseminação do anti-semitismo e intenção de usar a presidência do diretório acadêmico para ajudar a financiar um clandestino Partido Nacional-Socialista Brasileiro.

A suposta agremiação, que se autodeclara nazista e atua em Porto Alegre (RS), costumava se reunir informalmente em uma pizzaria no bairro Menino Deus -- mudou de endereço após ter sido descoberta, passando a não manter um local fixo para seus encontros.

Lopes era candidato à presidência do diretório. Renunciou quando seus oponentes apresentaram à direção da faculdade e-mails que assina com conteúdo anti-semita. O aluno reconhece ter redigido e-mail no qual fala em "deter esses odiosos vermes judeus". Nega, porém, o que fala em conseguir fundos.

Segundo a UFRGS, a mensagem é a seguinte: "Caso consiga obter o cargo que estou pleiteando, sei que poderei dar um apoio concreto ao NS [Nacional-Socialista] de Porto Alegre, pois me será disponibilizada uma gama de recursos".

O procurador-geral da UFRGS, Armando Pitrez, cogita a possibilidade de, após a sindicância de 30 dias, o aluno ser expulso, além de processado criminalmente --o caso seria levado ao Ministério Público Federal.

Outros casos

A Folha apurou que há pelo menos quatro grupos de diferentes vertentes fazendo apologia da discriminação étnica, religiosa, racial, contra comunistas, ciganos e deficientes físicos e mentais. "Eles se movem com eficiência. Vem gente do exterior, grupos musicais que tocam para 20 pessoas. Essa rede vem pregando pela internet", disse Jair Krischke, do Movimento de Justiça e Direitos Humanos, que ajuda a subsidiar a polícia com informações.

A reportagem teve acesso a trechos de diálogos no Orkut. Exemplo: "Aqui [Porto Alegre] tem o bairro Bom Fim, onde 70% [pelo que eu sei] dos moradores são de origem judaica. (...) Dá vontade de largar uma bomba nesse bairro."

"Em SP tinham que explodir com aquele maldito Shopping Higienópolis e exterminar todos esses ratos do bairro também, malditos judeus (...)."

"Camaradas, vocês estão muito visados... excluam isto [as mensagens] logo."

"Verdade, duvido que não tenha um judeu lendo tudo aqui... melhor combinar por fora."

No mês passado, também em Porto Alegre, foram indiciados e presos quatro rapazes que se declaram neonazistas, suspeitos de esfaquear três judeus --que já tiveram alta do hospital. Eles negam que tenham participado das agressões. Nas casas deles, a polícia encontrou cartilhas, reproduções de fotos de Adolf Hitler e uma bandeira nazista."

Publicado em 26 de novembro de 2007
Fonte: http://viomundo.globo.com/site.php?nome=OndeTrabalho&edicao=1542

domingo, 25 de novembro de 2007

Desabafo

Nos últimos 30 pontos disputados, 06 conquistados.

VERGONHA
VERGONHA
VERGONHA

TÉCNICO E JOGADORES JÁ

E O PRINCIPAL UMA NOVA DIRETORIA ,CHEGA DA MÁFIA DAS PORCARIA DESSES PERRELAS.

Os porcarias conseguiram transformar o time vencedor que era o Cruzeiro nessa porcaria. E chega dessa imprensa fajuta que puxa o saco desses caras. O Cruzeiro já era um time grande, antes dos Perrelas. Quando eles lá chegaram o time tinha dinheiro, não tinha dívidas, tinha elenco, vinha ganhando campeonatos seguidos desde 1990. Alternância de poder faz bem. Veja o caso dos cocotas, nova diretoria, vida nova, título, construção de novo centro de treinamento. Incrível !!!!contas em dia e um projeto de estádio (rá, rá, rá) mais adiantado que o estádio do Cruzeiro. Ah aquele estádio mesmo que os Perrelas já inauguraram ah pelo menos 10 anos.

Detalhe, a imprensa (sabe se lá o porquê) não noticia mas a maravilhosa diretoria dos Perrelas, ao contrário do que eles gostam de afirmar endividou o clube. Isso mesmo.
Parabéns Perrelas. Ruim mesmo era as antigas administrações Masci.

Dilema supremo das cotas raciais

Abaixo matéria do Jornal do Brasil de hoje, sobre cotas. A matéria se refere a Ação de Inconstitucionalidade que se encontra no STF, a AGU deu parecer favorável a questão das cotas e pelos menos dois ministros (são militantes históricos dessas): os moneiros Joaquim Barbosa e Carmem Lúcia.

Fonte: http://jbonline.terra.com.br/editorias/pais/papel/2007/11/25/pais20071125012.html

Dilema supremo das cotas raciais

Luiz Orlando Carneiro

BRASÍLIA. Mais um ano se vai, e o Supremo Tribunal Federal, que só tem oito sessões plenárias marcadas até o início do recesso, no dia 20, terá deixado de julgar uma questão polêmica que lá tramita, a passos de tartaruga, há três anos e meio: a das cotas especiais para negros e estudantes egressos de escolas públicas nas universidades.

A ação de inconstitucionalidade que servirá de paradigma para pacificar a polêmica jurídica, como admite um ministro do STF, foi proposta, em maio de 2004, pela Confederação Nacional dos Estabelecimentos de Ensino (Confenen) contra lei estadual do Rio de Janeiro que estabeleceu reservas de vagas, nas universidades públicas, para negros (20%), estudantes da rede estadual (20%) e deficientes físicos (5%).

A ação tinha como relator o ministro Sepúlveda Pertence que, só às vésperas de se aposentar, em agosto, pediu pareceres à Advocacia-Geral da União (AGU) e à Procuradoria-Geral da República. No dia 24 de outubro, o chefe da AGU, ministro José Antônio Toffoli, manifestou-se. O novo relator, Menezes Direito, aguarda o parecer da PGR. Mas não se tem idéia se o julgamento ocorrerá ainda no primeiro semestre do próximo ano.

- Como a ação ficou adormecida, vários alunos que se beneficiaram desse sistema de cotas instituído pela lei estadual do Rio de Janeiro já estarão, provavelmente, quase no fim do curso - comenta Guilherme Magaldi, um dos advogados da Confenen. - E se o julgamento demorar ainda mais, logo estarão formados. E o que dizer dos alunos que não entraram na universidade, preteridos pelos cotistas? Já poderiam estar se formando.

O advogado se diz confiante já que o novo relator, "além da reconhecida qualidade técnica também é rápido".

Nessa ação-piloto contra o sistema de cotas nas universidades, a Confenen alega que - além da cláusula pétrea constitucional de que todos são iguais perante a lei, "sem distinção de qualquer natureza" - a lei fluminense choca-se com os artigos 206 e 208 da Carta, que contém os seguintes dispositivos, respectivamente: "O ensino será ministrado com base (...) na igualdade de condições para o acesso e permanência na escola"; e "acesso aos níveis mais elevados de ensino (...) segundo a capacidade de cada um".

O parecer da AGU é favorável ao sistema de cotas, na linha das chamadas ações afirmativas, defendidas pelo governo. Para Toffoli, trata-se de garantir o princípio da igualdade de todos perante a lei - "tratar desigualmente os desiguais". Ou seja, os estudantes da raça negra seriam desiguais em relação aos brancos que não são pobres, e mereceriam tratamento diferenciado.

- Vamos admitir que haja essa desigualdade material. Mas o que dizer do branco pobre ou carente em relação ao negro igualmente carente? Qual seria a desigualdade entre eles, a não ser a cor da pele? Por que o branco pobre não tem cotas também? Esse é o grande debate - observa o advogado.

O parecer do chefe da AGU alinha citações de artigos escritos por Joaquim Barbosa e Cármen Lúcia, antes de serem nomeados ministros do STF, a favor da constitucionalidade do sistema de cotas. Assim, os defensores da "ação afirmativa" nas universidades já teriam dois votos a seu favor.

O advogado-geral da União considera também que não é "desarrazoado" (não razoável) o percentual total de 45% das vagas nas universidades públicas previamente reservadas para negros (ou afro-descendentes), estudantes oriundos de escolas públicas e deficientes.

O único ponto da lei fluminense do Rio de Janeiro sobre reservas obrigatórias de vagas nas universidades estaduais que o chefe da AGU considerou inconstitucional foi o que destina as cotas dos oriundos de escolas públicas, apenas, àqueles que cursaram o ensino médio no próprio Estado. Toffoli admitiu que há "inconstitucionalidade material" nesse dispositivo, por criar a lei preferência em favor de um Estado-membro da Federação, em detrimento dos demais Estados, violando o artigo 19 da Carta.

- A nossa ação não é contra a idéia de ação afirmativa. Criticamos a tentativa de se confundir a cota racial com a ação afirmativa. A cota racial é apenas uma forma de ação afirmativa. E provavelmente a mais desastrosa, inadequada e injusta.

sábado, 24 de novembro de 2007

Poesia para toda parte

Como ando meio sem tempo, esse quadro deu uma sumida, como poesia é necessidade de primeira hora. Vocês infelizmente terão que se contentar com algumas quadrinhas de minha própria lavra:

Xangô

Xangô é o meu senhor

é a justiça que não me abandona

é a razão que me guia

é a sede de coerência

é a necessidade de verdade

KAO KABICILE

KAO OKE ARO
Carlos Eduardo

Sábias palavras de Yuka


ABAIXO ENTREVISTA IMPERDÍVEL DO YUKA, UM DOS ÚLTIMOS GRANDE PENSADORES DA ATUALIDADE BRASILEIRA.
Fonte: http://www.terra.com.br/istoe/

MARCELO YUKA

"Polícia que tortura e mata não tem saída"
Crítico das ações violentas em favelas, o músico e ativista diz que o Rio faz há 300 anos a política de responder a tiros com mais balas

Por FRANCISCO ALVES FILHO

ALEXANDRE SANT'ANNA/AG. ISTOÉSegurança pública é, para o músico e compositor Marcelo Yuka, um refrão recorrente em suas letras carregadas de crítica social - aliás, é um refrão em sua própria vida. Em novembro de 2001, ao tentar socorrer uma mulher durante um assalto, ele levou seis tiros que o deixaram paralisado da cintura até os pés. Apesar de viver entrevado numa cadeira de rodas, ele conseguiu retomar a carreira. Apesar de ser vítima da violência, ele conseguiu manter o senso de legalidade e justiça que sempre o norteou. Prova disso é que Yuka, fundador da banda O Rappa, mostra-se indignado também com a violência das ações da polícia do Rio de Janeiro, que, do início deste ano até o mês de setembro, já resultou na morte de 961 "suspeitos". Ele se diz estarrecido com as declarações do governador Sérgio Cabral, que legitima essas operações defendendo até a legalização do aborto para as mulheres de áreas carentes como forma de diminuir a violência. "Isso é muito grave, trata-se de eugenia", diz Yuka. O músico criou um movimento que congrega juristas, acadêmicos e artistas para denunciar essa situação e foi recebido pelo relator da ONU, que investiga os excessos da polícia carioca. Nesta entrevista, Yuka critica a criminalização da pobreza e lamenta um equivocado consenso da sociedade - o de que a violência urbana só pode ser resolvida pela força.

ISTOÉ - O que o levou a criar um movimento contra conceitos e políticas de segurança mais ostensivas ou violentas?
Marcelo Yuka -
Quando o governador do Rio defendeu o aborto para a população pobre, como meio de combate à violência, eu achei um absurdo. Era o ventre pobre sendo tratado como gerador do crime.

ISTOÉ - Outras personalidades e políticos, não só no Brasil mas também em outros países, já defenderam teses semelhantes.
Yuka -
Um secretário de Educação do ex-presidente americano Ronald Reagan, chamado Bill Bennett, foi à televisão e disse que para reduzir a violência seria necessário facilitar o aborto para a população negra. Isso causou uma enorme revolta e ele sofreu grande retaliação. Aqui, um governador diz uma coisa dessas, como disse o governador Sérgio Cabral, e não há reação. Fale algo assim em Israel, na Alemanha e veja o que acontece. Essa idéia equivale a criminalizar o pobre, que é a maioria da população.

ISTOÉ - Considera-se o principal crítico dessas políticas de segurança?
Yuka -
Eu não me sinto assim. Mas, se ninguém protesta, eu pego o telefone e começo a me articular. Estava em São Paulo, numa reunião da Associação de Juízes pela Democracia, quando comecei a ter essa reação. Notei que, para cada pessoa que eu mandava um e-mail, ele se multiplicava por três. Não só entre pessoas físicas, mas também em instituições.

ISTOÉ - Há críticas suas à ação na Favela da Coréia, em que policiais atiraram de um helicóptero para matar dois rapazes. A polícia justifica dizendo que eles estavam armados.
Yuka -
Juridicamente, o policial pode atirar em alguém se está em risco de morte. Ali, o atirador não queria se defender, estava caçando uma pessoa em fuga. Isso não pode ser uma coisa menor. Assim como a proliferação dos autos de resistência (documento em que a polícia justifica a morte de alguém como legítima defesa). É preciso cumprir a lei. A idéia de que o traficante, por ser traficante, tem de morrer nas operações policiais é algo absurdo.

ISTOÉ - Na prática, como se dissemina essa idéia?
Yuka -
Se um pai reclama que o filho morreu, logo perguntam: "Seu filho estava envolvido com o tráfico?" Se a resposta é positiva, respondem com desdém. "Ah, então...". Eu pergunto: então, o quê? Tenho um primo que está desaparecido há oito anos. A mãe dele foi aos órgãos de segurança para registrar o sumiço e quando souberam que o rapaz tinha 19 anos e o fato aconteceu no subúrbio do Rio automaticamente concluíram que ele estava envolvido com drogas. Isso está virando senso comum. Se mora no morro, na periferia, pode morrer, pode sumir. Se mora em área pobre, é traficante e, se é traficante, pode morrer. Agora piorou: se está no útero da mãe que mora em área pobre, pode morrer.

ISTOÉ - Imagina um mundo sem cadeia e polícia?
Yuka -
Eu gostaria que aqueles que fizeram isso comigo estivessem na cadeia. Mas sei que não foi uma ação somente de um homem contra mim. Foi uma ação do homem e também do sistema, foi isso tudo que desabou sobre mim naquele momento. Mas justiça não é vingança. O cara não tem de pagar nem menos nem mais do que a punição prevista na lei. Não quero o criminoso solto, não quero o traficante solto. Quero que estejam presos.

ISTOÉ - O que diria a quem afirma que sem confrontos não há solução para a criminalidade?
Yuka -
Parece aquela frase gritada pelo Caveirão: "Saiam das ruas que eu vou roubar a sua alma." Isso não é trabalho de inteligência. Outra constatação básica: é fácil falar que vai haver vítimas, uma vez que não é a filha do secretário de Segurança Pública do Rio, José Mariano Beltrame, que pode morrer inocentemente porque estava em meio a um tiroteio.

ISTOÉ - E a proteção da população?
Yuka -
Mas, se uma criança do local morre com uma bala na cabeça, que tipo de segurança é essa? As autoridades reconhecem que nessas ações vai haver baixas. Mas baixas entre a sociedade civil que não tem nada a ver com isso? Para quem é essa proteção? Até quando teremos isso? A tal bala perdida virou ente abstrato, um anjo que levou o filhinho da moradora do morro. Algo sem pai, sem autor, ninguém investiga.

ALEXANDR SANT'NNA/AG. ISTOÉ
"É fácil a polícia dizer que vai haver vítimas, uma vez que não é a filha do secretário Beltrame que vai morrer"

MARCELO YUKA
"Polícia que tortura e mata não tem saída"
Crítico das ações violentas em favelas, o músico e ativista diz que o Rio faz há 300 anos a política de responder a tiros com mais balas

Por FRANCISCO ALVES FILHO

ISTOÉ - Como a sociedade reage?
Yuka -
Existe uma coisa no ar, parece que é hora de assumir que o cerol (gíria para extermínio) está certo. É o filme Tropa de elite, o aplauso ao capitão Nascimento, são as cartas de alguns leitores apoiando esse tipo de operação. É aquela mensagem divulgada no filme de que é melhor ter um policial torturador e assassino que um policial corrupto. Ninguém tem coragem de tomar atitudes modernas, progressistas. Há quanto tempo a gente responde a bala com bala? E o que resolveu? Estamos fazendo o mesmo que fazíamos há 200 anos, há 300 anos. Combatemos o crime aqui do mesmo jeito que a volante (polícia móvel do Nordeste) caçava Lampião. Antigamente, a polícia truculenta tinha de se explicar. Hoje parece que todos endossam isso.

ISTOÉ - Por que a população aceita e, algumas vezes, até apóia essa violência?
Yuka -
É preciso entender que vivemos num mundo onde tudo é interligado. Tratar de ecologia é pensar que a emissão de gás carbônico na cidade de Detroit pode afetar a temperatura de Bali. As pessoas têm de perceber que existe um equilíbrio urbano. A arbitrariedade praticada lá no Complexo do Alemão (favela carioca) vai acabar afetando o Leblon (bairro nobre do Rio). Esse entendimento ainda não houve. Como se pode achar que tudo em volta é caótico e desequilibrado e só no quintal da nossa casa as coisas vão permanecer tranqüilas e equilibradas?

ISTOÉ - Como vê os aplausos ao estilo do personagem Capitão Nascimento, do filme Tropa de elite?
Yuka -
Não sou a favor de uma polícia corrupta. Mas os policiais corruptos ainda têm um jogo de cintura, algum diálogo. A polícia que tortura e mata não tem saída. Quando ela erra, os prejuízos são irreversíveis. Tem um outro fenômeno crescente no Rio, que é a milícia. Esses milicianos matam, exploram negócios ilegais e têm braço político. Quantos estão presos? Não há confronto entre polícia e milícia. Está voltando o glamour dos Homens de Ouro, de Mariel Mariscott (grupo de policiais que nos anos 50 exterminava os bandidos), aqueles que matavam, mas tinham um quê heróico.

ISTOÉ - Boa parte da população acredita que essas ações diminuam a criminalidade.
Yuka -
Aposto que, se voltarmos nessas comunidades onde há operações truculentas, o tráfico continua. Então, qual o resultado dessa ação? Onde está o êxito, mesmo do ponto de vista policial? Me lembro quando a polícia tomou a favela de Vigário Geral e ficou lá dentro. Quinze dias depois, já estavam vendendo baseado. Montaram um quartel da PM dentro da favela Nova Holanda; a cerca de 100 metros se compra um baseado. Qual foi o sucesso? Mas teve baixas, gente que morreu sem ter nada a ver com o confronto.

ISTOÉ - Não acha que o apoio da população também acontece porque ela se sente acuada com a escalada da criminalidade?
Yuka -
Se alguém mata um assaltante, amanhã vão ser dois. Você "mata" um assaltante, de verdade, dando-lhe oportunidade e tirando-o do tráfico. Porque, com essa prática atual, o cara armado está ficando mais aguerrido: ele sabe que vai morrer. Ele está mais destemido e menos preparado para portar uma arma. Não acho que estou sendo bondoso pensando assim. Apenas me nego a ser estúpido. Ou vamos continuar tentando resolver esse problema da mesma forma como fazemos há 300 anos sem dar resultado? A estratégia de dar oportunidades, educação, nunca foi tentada. Então, quero experimentar essa outra fórmula para ver se dá certo. Não sei como viabilizar o combate à violência sem tratar de educação. Em vez de eugenia, vamos instalar escolas de qualidade. Essa fórmula nem foi colocada em prática e já se cansaram dela?

ISTOÉ - Não acha que as entidades que defendem os direitos humanos se esquecem do policial, que coloca a vida em risco?
Yuka -
Essa meta do governo do Estado arrisca os inocentes, implanta a pena capital num país em que ela não existe e põe muito mais em risco o policial. Acho que a própria polícia deveria se organizar contra isso. Estou me movimentando como cidadão, porque estou no fogo cruzado e não ganho salário de policial e também não ganho dinheiro com a ilegalidade do tráfico. O policial também é vítima e essa política da Secretaria coloca todo policial como inimigo daquele que mais se parece com ele, da mesma classe social, que mora no mesmo lugar. O que se pede é que o lado pior desse policial venha à tona. Quando um policial morre, a família acha que quem o matou foi somente o bandido. Não. Quem colocou aquele cara numa operação daquela, sem preparo, sem aparelhamento?

"A mensagem do filme Tropa de elite é a de que é melhor ter um policial torturador e assassino do que um policial corrupto"
DIVULGAÇÃO

ISTOÉ - O secretário Beltrame diz que o Rio se acostumou a uma desorganização que alimenta a criminalidade.
Yuka -
Acho que a coisa mais bizarra é o morador do Rio se acostumar com a seqüência de mortes. Como nessa cidade os ricos e os pobres estão muito próximos, por causa da geografia, todo mundo está ouvindo o barulho das balas. E se acostumar com isso é muito pior do que se acostumar com o camelô, com o cara que atravessa o sinal vermelho. Eu não quero viver numa sociedade desorganizada, mas qual o preço que se vai pagar por essa organização? E quem vai pagar esse preço?

ISTOÉ - Acha que em outros Éstados brasileiros a criminalidade está sendo combatida adequadamente?
Yuka -
São poucos os lugares que estão aplicando uma política de segurança diferente dessa que se vê no Rio. Usar o auto de resistência para justificar assassinatos é uma prática que se vê em todo o País. O Espírito Santo usa muito isso, em Pernambuco a polícia utiliza esse expediente muito mais que no Rio. As vítimas são sempre o povo pobre, gente da periferia. É fácil aprender pela dor, pelo amor é mais difícil. Eu temo que somente quando houver uma jovem branca, bem nascida, atingida por uma bala perdida é que vamos ter pressão social suficiente para questionar essas ações policiais. Porque quando chega nesse nível aí tem pressão social, passeata. O governo federal está endossando o que está acontecendo, não está propondo saídas mais inteligentes.

sexta-feira, 23 de novembro de 2007

midia e a questão racial

Ótima matéria do site do Azenha. Link ai do lado. Detalhe selecionei trechos da matéria, bem como o título acima não é o do original. Para vê a matéria inteira, vá ao site do Azenha.

Onde é que a Fox e a TV Globo se cruzam? Na questão racial, por exemplo. A repórter Tatiana Farah, de "O Globo", publicou a seguinte reportagem:

"Situação do país choca relator da ONU
Tatiana Farah
O Globo
26/10/2005
A combinação de racismo, violência e pobreza provocou espanto no relator especial da ONU para Formas Contemporâneas de Racismo, Discriminação Racial, Xenofobia e Intolerância, o senegalês Doudou Diène, que está no país há mais de uma semana para elaborar um relatório.

— O choque que tive ao me encontrar com comunidades afrodescendentes e indígenas foi o vínculo entre racismo, pobreza e violência — disse ele.

O relator vai propor que o Brasil crie um plano de combate ao racismo, em que as ações afirmativas, como as cotas para negros nas universidades, estendam-se a todos os setores, inclusive na política. Hoje, os partidos são obrigados a reservar vagas para mulheres se candidatarem.

— O Brasil vive dois mundos. Tem o mundo da rua, multicultural, vibrante e multirracial, que é a imagem que temos do país no exterior. Mas no que se refere às estruturas de poder, político, econômico, social e midiático, o país é diferente, caracterizado pela ausência das comunidades afrodescendentes e indígenas— afirma o relator.

Em Salvador, não há negros na estrutura de poder

Como exemplo de um país de dois mundos, o relator citou Salvador, onde não há negros na estrutura do poder, mas que faz uma verdadeira apologia à cultura negra e à diversidade cultural nas ruas.

Hoje, Diène se encontra com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em Brasília, para repetir as três perguntas que fez às comunidades afetadas pelo racismo e aos dirigentes políticos, judiciários e policiais de São Paulo, Rio, Brasília, Recife e Salvador: existe racismo no Brasil? Quais as manifestações do racismo? Quais as soluções?

O relator contou que altas autoridades disseram que o Brasil é uma democracia racial e que essa é uma questão superada, bastando olhar os campos de futebol para ver os jogadores negros. Ele afirmou ter ficado assustado com parte das autoridades que tenta mascarar a realidade, embora a maioria tenha admitido o racismo.

Diène citou uma pesquisa brasileira em que negros afirmaram ser brancos para explicar a gravidade do racismo.
— Quando há a negação de si mesmo é porque a ferida do racismo é muito profunda— lamentou Diène, que apresentará seu relatório em março, na 60 Sessão da Comissão de Direitos Humanos da ONU.

Boa vontade não garante soluções para o problema

Para Diène, a boa vontade do governo, da Justiça e da Constituição em promover a igualdade racial esbarra na falta de engajamento dos segundos e terceiros escalões de poder.

— Somente as ações afirmativas podem corrigir a invisibilidade promovida pelo racismo — observou o relator.
Diène lançou perguntas:

— Nas comunidades indígenas, as pessoas não acreditam em mais ninguém. Só em Deus. Porque seus líderes foram eliminados impunemente. E vendo o número de jovens negros exterminados, eu fico espantado: como pode ter tanta violência e tanta impunidade?"

Porém, as posições de Dodou Diène divulgadas por "O Globo" foram suprimidas na TV Globo. A reportagem sobre as constatações que ele fez no Brasil foi censurada no Jornal Nacional, uma vez que não combinava com a política editorial da emissora, segundo a qual não existe racismo no Brasil e as cotas raciais podem contribuir para o acirramento das disputas entre brancos e negros.

[Diène é formado em Direito pela University de Caen, na França; é doutor em Direito pela Universidade de Paris e tem diploma em Ciências Políticas do Institut d'Études Politiques, de Paris; Barack Obama é formado em Direito pela Universidade de Harvard, nos Estados Unidos]

William Waack, Carlos Alberto Sardenberg, Monica Waldvogel, Elaine Bast, Ernesto Paglia, Arnaldo Jabor, Lúcia Hippólito, Demétrio Magnoli, Renato Machado e Miriam Leitão fazem parte do grupo que faz propaganda de diferentes aspectos da política editorial da família Marinho. Alguns, por convicção ideológica. Outros, para garantir o emprego. E há os que são casados com o "mercado tucano" ou com "o futuro profissional", ou com o promissor mercado de palestras "para falar mal do Lula".

Não importa a realidade, a TV Globo se atribuiu o direito de "selecionar" as notícias e opiniões que se enquadram na visão classe média Zona Sul do Rio de Janeiro, segundo a qual não existe racismo no Brasil, nem violência policial contra favelados.

Olhem aqui como a Fox americana atua, para entender melhor como a TV Globo, com as devidas sutilezas de uma emissora que tem muitos negros e mestiços como telespectadores, atua no Brasil.

Curtinha- Brasil o país dos absurdos

Não aguento.
então vai lá.
Acabo de ouvir em um dos noticiosos da Radio Itatiaia, uma daquelas notícias exemplares do absurdo brasileiro. O absurdo da imensa desigualdade social.

Entre as várias matérias do jornal, duas me chamaram a atenção, ainda mais que foram apresentadas no mesmo bloco.

A primeira dizia respeito a greve dos operários da construção civil. Na matéria o presidente do sindicato da área, explicou que a greve se deve ao fato de que os patrões ofereceram 10% de aumento assim o salário da categoria sairia dos atuais 420,00 reais na capital dos mineiros para 462,00 reais. Segundo o presidente do sindicato tal quantia não é suficiente, visto que após os descontos: INSS. vale transporte e outros a categoria perde 15% do salário o liquido atual não chega aos 380,00 reais. Meu comentário: incrível, a construção civil cresce como nunca, o setor lucra como nunca, os condomínios de super-luxo estão cada vez mais presente nos anúncios publicitários, ah e para terminar grande parte dessa boa nova é fruto da desoneração do setor e da utilização de dinheiro público como o FGTS. Assim mesmo os patrões acreditam que o aumento justo a estes trabalhadores seja de apenas 10%, para a voluptuosa quantia de 462,00 reais.

A segunda matéria foi feita pelo correspondente da rádio no Rio de Janeiro e dizia respeito a um arrastão que ocorrerá em um condomínio chique da Barra da Tijuca. Tal arrastão ocorreu na garagem do edifício e foi direcionada para roubar cds e outros periféricos dos carros lá estacionados, detalhe os criminosos preferiram os carros importados. Pois bem, na reportagem foi ouvido um indignado e revoltado morador que apesar de pagar 650,00 reais de condomínio não se encontra seguro em sua própria casa e garagem. Meu comentário: o morador do condomínio tem toda razão em sua indignação. O que assusta nas matérias e é disto que se trata este post é o absurdo da desigualdade brasileira. Enquanto alguns ganham 420,00 reais que com os descontos não chega aos 380,00 reais (ISSO MESMO COMO PODE UM TRABALHADOR COM ESSE RENDIMENTO OLHAR PARA SEUS FILHOS) e outros pagarem de condomínio 650,00 reais. Como diz um amigo: o mundo continua a girar. É a lógica do quartinho de empregado, pena que esse morador indignado (e volto a repetir com razão) não se indigne também com essa desigualdade absurda.

Ausência

Como dá para perceber esse blog encontra-se momentaneamente abandonado. Isso se deve a correria dos últimos dias, elaboração de um projeto, finalização da dissertação e por fim e mais importante a organização de um evento sobre quilombos a acontecer na próxima sexta-feira na assembléia legislativa.

O duro é que essa correria toda se dá bem nessa semana (ah mas pelo menos na Marcha deu para ir). Putz nem dá para curtir algumas boas atrações do FAN.

Estou bastante cansado, mas aos leitores desse lembro que, para os com energia hoje tem pelo menos quatro eventos bacanas:
- lançamento do Projeto Enegrecendo na Arena Fafich/UFMG, obra do nosso MAD (aqui já postamos nossas metas enquanto Movimento);
- Show do Ed Motta e outros no FAN;
- e após as 23:00 hs baile Funk no FAN;
- abertura do FórumDoc;
Ah e amanhã , como se pode vê no post abaixo tem roda de samba. AI, ai para os que poderem ou aguentarem bom fim de semana da Consciência Negra.

Roda de samba amanhã




No Centro Cultural da UFMG, neste sábado 24/11, a partir das 15hs, a Associação Democracia Ativa convida Vitor Santana - cantor, compositor e violonista - e Bruno Viveiros - mestre em História pela UFMG e integrante do projeto Decantando a República - baterão um papo relacionando a vida política e a música popular engajada...
E, logo em seguida, uma roda de samba daquele jeito, com A Rede e todos mais que levarem seus instrumentos e sua inspiração...
Entrada gratuita e comes e bebes baratos!
Desculpas para se ausentar não serão aceitas!

terça-feira, 20 de novembro de 2007

Programação do Festival de Arte Negra

Programação

4º Festival de Arte Negra P2r0o0g7

r

• Centro Cultural UFMG • Av. Santos Dumont, 174 - Centro

• Espaco Municipal • Av. Afonso Pena, 1212 - Centro

• Minascentro • Av. Augusto de Lima, 785 - Centro

• Ojá (Funarte Casa do Conde) • R. Januária, 130 - Floresta

• Pça. da Estação e Totem da Pça. da Estação • Av. dos Andradas, s/n - Centro

• Teatro Francisco Nunes • Av. Afonso Pena, s/n, Pq. Municipal - Centro

DATA LOCAL HORA ATIVIDADES

* Retirar senha com duas

horas de antecedência

no local do espetáculo

Entrada gratuita

19/11

(Seg)

Espaço Municipal 9h às 19h Exposição Os Bijagós

Centro Cultural UFMG

10h às 21h30 Exposições FAN/FESMAN e Olhares Cruzados

16h Mostra de Cinema Nigeriano Os caminhos de Nollywood em Debate

Sessão comentada pelo economista nigeriano radicado em Belo Horizonte, Maicom Olusegun

O

17h Lançamento do livro Falando Banto de Eneida D. Gaspar

18h Dóris convida Mestre Conga e Ronaldo Coisa Nossa

19h Pocket Show NUC e convidados

Teatro Francisco Nunes 20h30 Show Tartit (Mali) Retirar senha*

20/11

(Ter)

Espaço Municipal 9h às 19h Exposição Os Bijagós

Centro Cultural UFMG

10h às 21h30 Exposições FAN/FESMAN e Olhares Cruzados

12h às 14h Roda de Capoeira Mestre Lua

15h e 17h Mostra de Cinema Nigeriano Saworoide, o sagrado tambor falante e

Agogo Èèewo, ogongo de purificação

Totem Praça da Estação

18h Show Ezequiel Lima e Neném

18h30 Show Djalma Correa

O

19h

Roda de conversa África e Brasil – Memória e Futuro

Matilde Ribeiro (ministra da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial) e

Elisa Larkin do Nascimento (Ipeafro)

20h Lançamento da revista Aldeia Kilombo 21 Espaço Griot

Minascentro 20h Espetáculo de dança Waxtaan - Cia Jant-Bi (Senegal) Retirar senha*

21/11 quarta-feira

Espaço Municipal 9h às 19h Exposição Os Bijagós

Centro Cultural UFMG

10h às 21h30 Exposições FAN/FESMAN e Olhares Cruzados

12h às 14h Roda de Capoeira Mestre Lua

15h Mostra de Cinema Nigeriano Afonjá – Construção da sociedade Yorubá

17h Exibição do documentário produzido pelo Coletivo FAN da Imagem

O

17h Lançamento do livro Cravos na Janela de Mara de Aquino

19h

Roda de conversa Performance Negra

Márcio Meireles (Secretário de Cultura do Estado da Bahia), Hilton Cobra

(idealizador do Fórum de Performance Negra)

Totem Praça da Estação

18h Performance VJ Tatu e convidados

18h30 Show Renegado, Gil Amancio e Banda

Minascentro 20h Espetáculo da dança Waxtaan - Cia Jant-Bi (Senegal) Retirar senha*

Francisco Nunes 20h30 Espetáculo teatral Árvore do esquecimento - Coletivo FAN da Cena Retirar senha*

Praça da Estação 21h Show Maurício Tizumba, Tambolelê e Burundi Drummers (Burundi)

22/11

22/11 (Qui)

Espaço Municipal 9h às 19h Exposição Os Bijagós

Centro Cultural UFMG

10h às 21h30 Exposições FAN/FESMAN e Olhares Cruzados

12h às 14h Roda de Capoeira Mestre Lua

15h Exibição do documentário Memórias da dança afro em Belo Horizonte

17h Mostra de Cinema Nigeriano Sango, Xangô

Totem Praça da Estação

18h Performance Elemento X e Renato Negrão

18h30 Espetáculo HarolBah Babilak Bah e Haroldo Alves

19h30 Intervenção cênica Homem Bomba (des) construção, aquele que nunca explode

João Carlos Artigos e Fábio Freitas (Teatro de Anônimo)

20h Lançamento da Revista Roda

O

19h Roda de conversa Samba de Roda - Grupo Fala Tambor

20h Lançamento do livro Um Olhar Além das Fronteiras de Nilma Lino

Francisco Nunes 20h30 Espetáculo teatral Árvore do esquecimento - Coletivo FAN da Cena Retirar senha*

Praça da Estação 21h Show Berimbrown e Jards Macalé e Orquídeas do Brasil (Negra Melodia 2)

23/11

(Sex)

Espaço Municipal 9h às 19h Exposição Os Bijagós

Centro Cultural UFMG

10h às 21h30 Exposições FAN/FESMAN e Olhares Cruzados

12h às 14h Roda de Capoeira Mestre Lua

15h Mostra de Cinema Nigeriano Saworoide, o sagrado tambor falante

17h Exibição do Documentário Memória da Capoeira em Belo Horizonte

Totem Praça da Estação

18h Intervenção cênica Homem Bomba (des) construção, aquele que nunca explode

João Carlos Artigos e Fábio Freitas (Teatro de Anônimo)

18h30 Show Sérginho Silva e Banda Black de Neve

O

19h Roda de conversa O Islã Negro

João José dos Reis (historiador), Sheikh Ahmad (chefe religioso da Cultura Islâmica na Bahia)

20h

Lançamento dos livros

Afinal, todos são iguais? EJA, Diversidade Étnico-Racial e a Formação continuada de professores de

Natalino Neves da Silva;

Entremeio sem babado de Patricia Santana e ilustrações de Marcial Ávila e

O negro na filatelia brasileira de Maria Zilá Teixeira de Matos

Lançamento do cd Estive na Liberdade e falei com Mestre Waldemar do Mestre Negoativo

19h e 21h Espetáculo teatral Besouro Cordão-de-Ouro direção João das Neves Retirar senha*

23h

Baile Black

com Dj Asma (Canadá), Dj A Coisa (Brasil), bailarinos do grupo Quarteirão do Soul,

performance do artista plástico Kuta Ndumbu (Angola)

Minascentro 20h Espetáculo de dança Mapplethorpe com Ismael Ivo (Brasil/Alemanha) Retirar senha*

Praça da Estação 21h Show Marku Ribas, Ed Motta e Tartit (Mali)

24/11

24/11 Sábado

Espaço Municipal 9h às 19h Exposição Os Bijagós

Centro Cultural UFMG 10h às 18h Exposições FAN/FESMAN e Olhares Cruzados

Praça da Liberdade

10h Homenagem aos Mestres da Capoeira

14h Cortejo Da Liberdade a Zumbi saída da Praça da Liberdade

O16h Lançamento do livro Seis pequenos contos africanos de Raul Lody

Francisco Nunes 18h e 21h Espetáculo Teatral Zumbi Somos Nós - Frente 3 de Fevereiro Retirar senha*

Praça da Estação

20h Show Bantuquerê

21h Show Conexão Tribal African Beat e Doudou N’Diaye Rose (Senegal)

2

25/11 Domingo

Centro Cultural UFMG 10h às 18h Exposições FAN/FESMAN e Olhares Cruzados

O

14h e 17h Espetáculo teatral Besouro Cordão-de-Ouro direção João das Neves Retirar senha*

15h30 Hora do Griot O corpo negro na dança

18h30 Roda de conversa Ressonâncias do FAN - Márcia Guerra (musicóloga) e Banda Pelos de Cachorro

Totem Praça da Estação 17h Dóris convida Mestre Conga e Ronaldo Coisa Nossa

Praça da Estação

20h Show Vander Lee

21h Show Mart’nália