sábado, 27 de março de 2010

Disciplina é liberdade; Compaixão é fortaleza; Ter bondade é ter coragem.

"Minha escola tem gente de verdade... Viver é foda morrer é difícil."

Hoje o dia amanheceu  mais saudoso. O grande lider da Legião Urbana Renato Manfredini Russo se vivo fosse completaria 50 anos. Gostem ou não. Renato foi o maior poeta/trovador urbano da história. E como faz falta a poesia, a verve, a coragem e mesmo a arrogância de Renato.

"E hoje em dia como é que se disse eu te amo".

Na verdade queria escrever em homenagem a este cara. Mas escrever o quê. Tanto já foi dito. Ficar no mesmo. Repetir o que todo mundo disse desnecessário.

"Hoje a tristeza não é passageira (...) quando chegar a noite cada estrela parecerá uma lagrima (...) queria ser como os outros e rir das desgraças da vida(...) é só hoje e isso passa, só me deixe aqui quieto que isso passa, amanhã é um outro dia. Eu nem sei por que que me sinto assim. Vem de repente um anjo triste perto de mim. E essa febre que não passa. E o meu sorriso sem graça. Não me dê atenção. Quando tudo esta perdido, sempre existe uma luz. Quando tudo esta perdido sempre existe um caminho."  

Falar do quão genial era suas letras. Bobagem. Isso é fato, prova disso é o lançamento de um livro,“Como se não houvesse amanhã”, da editora Record (R$ 32). Nele, 20 autores diferentes recriaram, na forma de conto, as canções da Legião Urbana. Falar que se Renato compussese em inglês teria sido o New Bob Dylan é especulação, tal como falar o mesmo de Machado de Assis na literatura de romance. Mas que se a verve se mantivesse na lingua inglês um e outro teriam sido considerados os maiores do mundo em todos os tempos, teriam. Poderia falar de tanta coisa. Mas prefiro ouvir as músicas e deixar vocês com o próprio Renato em frases e pensamentos:

...Quero ter alguém com quem conversar. Alguém que depois não use o que eu disse contra mim...


Tenho saudades de tudo que ainda não vi
Quando Você deixou de me amar aprendi a perdoar e a pedi perdão. Aos 29 anos resolvi viver
 É a verdade o que assombra, o descaso o que condena, a estupidez o que destrói...

Nunca deixe que lhe digam que não vale a pena
acreditar nos sonhos que se têem
ou que os seus planos nunca vão dar certo
ou que você nunca vais ser alguém...

... Aqui no Brasil, nós somos alegres mas nós não somos felizes. Existe toda uma melancolia e uma saudade que a gente herdou dos portugueses e que a gente ainda nem começou a resolver. A gente não sabe o que é esse nosso país.

 Quando querem transformar
Dignidade em doença
Quando querem transformar
Inteligência em traição
Quando querem transformar
Estupidez em recompensa
Quando querem transformar
Esperança em maldição:
É o bem contra o mal
E você de que lado está?


desde pequenos nós comemos lixo
comercial e industrial
mas agora chegou a nossa vez
vamos cuspir de volta todo o lixo
em cima de vocês!
Somos filhos da revolução
Somos burgueses sem religião
Somos o futuro da nação
Geração Coca-Cola



Depois de vinte anos na escola
Não é difícil aprender
Todas as manhas do seu jogo sujo
Não é assim, que deve ser?
Vamos fazer nosso dever de casa
Aí então, vocês vão ver!
Suas crianças derrubando reis
Fazer comédia no cinema
Com as suas leis!

 Quando se aprende a amar,o mundo passa a ser seu.

 Triste coisa é querer bem a quem não sabe perdoar...

 O céu já foi azul, mas agora é cinza / E o que era verde aqui já não existe mais

 Nunca, Nunca, Nunca deixe alguém te dizer que aquilo que você acredita é babaquice, que de repente o teu sonho não vai dar certo...

 Às vezes nem me preocupo tanto comigo... Mas há pessoas que amo e não quero vê-las sofrer

É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã, porque se você parar para pensar, na verdade não há.

 Disciplina é liberdade;
Compaixão é fortaleza;
Ter bondade é ter coragem.


Enquanto a vida vai e vem
Você procura achar alguém
Que um dia possa lhe dizer
-Quero ficar só com você
Quem inventou o amor?


E mesmo sem te ver





Desenho toda a calçada
Acaba o giz, tem tijolo de construção
Eu rabisco o sol que a chuva apagou
Quero que saibas que me lembro
Queria até que pudesses me ver
És parte ainda do que me faz forte
Pra ser honesto
Só um pouquinho infeliz



Mas tudo bem
Tudo bem, tudo bem...
Lá vem, lá vem, lá vem
De novo
Acho que estou gostando de alguém
E é de ti que não me esquecerei
Está tudo bem, tudo bem...
uh...uh...

Quem pensa por si só é livre e ser livre é coisa muito séria.

Só para sentir no sangue o ódio que Jesus lhe deu (...) não entendia como a vida funcionava discriminação por causa da sua classe e sua cor.




Dos nossos planos é que tenho mais saudade,
Quando olhávamos juntos na mesma direção
Aonde está você agora
Além de aqui dentro de mim?

 Até bem pouco tempo atrás poderíamos mudar o mundo. Quem roupou nossa coragem? Tudo é dor. E toda dor, vem do desejo de não sentir-mos dor...

Não preciso de modelos
Não preciso de heróis
Eu tenho meus amigos

Este é o nosso mundo.

O que é demais nunca é o bastante,a primeira vez e sempre a ultima chance.

Ainda que eu falasse a lingua dos homens, e falasse a lingua dos anjos, sem amor, eu nada seria.

Sei que às vezes uso palavras repetidas, mas quais são as palavras que nunca são ditas?


vocês dizem que eu tenho a resposta eu não sei qual é a pergunta!

Dissestes que se tua voz tivesse força igual a imensa dor que sentes, teu grito acordaria não só a minha casa, mas a vizinhança inteira.

Um por todos e todos por um

Mas parece que é cada um por si
E Deus contra todos
Tem gente que gosta de machucar os outros

Vamos celebrar a estupidez humana

A estupidez de todas as nações
O meu país e sua corja de assassinos
Covardes, estupradores e ladrões
Vamos celebrar a estupidez do povo
Nossa polícia e televisão
Vamos celebrar nosso governo
E nosso estado que não é nação
Celebrar a juventude sem escolas
Crianças mortas
Celebrar nossa desunião
Vamos celebrar eros e thanatos
Persephone e hades
Vamos celebrar nossa tristeza
Vamos celebrar nossa vaidade
Vamos comemorar como idiotas
A cada fevereiro e feriado
Todos os mortos nas estradas
Os mortos por falta de hospitais
Vamos celebrar nossa justiça
A ganância e a difamação
Vamos celebrar os preconceitos
O voto dos analfabetos
Comemorar a água podre
E todos os impostos
Queimadas, mentiras e sequestros
Nosso castelo de cartas marcadas
O trabalho escravo
Nosso pequeno universo
Toda a hipocrisia e toda a afetação
Todo roubo e toda a indiferença
Vamos celebrar epidemias:
É a festa da torcida campeã
Vamos celebrar a fome
Não ter a quem ouvir
Não se ter a quem amar
Vamos alimentar o que é maldade
Vamos machucar um coração
Vamos celebrar nossa bandeira
Nosso passado de absurdos gloriosos
Tudo que é gratuito e feio
Tudo o que é normal
Vamos cantar juntos o hino nacional
A lágrima é verdadeira
Vamos celebrar nossa saudade
E comemorar a nossa solidão
Vamos festejar a inveja
A intolerância e a incompreensão
Vamos festejar a violência
E esquecer da nossa gente
Que trabalhou honestamente a vida inteira
E agora não tem mais direito a nada
Vamos celebrar a aberração
De toda a nossa falta de bom senso
Nosso descaso por educação
Vamos celebrar o horror
De tudo isso
Com festa, velório e caixão
Está tudo morto e enterrado agora
Já que também podemos celebrar
A estupidez de quem cantou esta canção

Venha, meu coração esta com pressa
Quando a esperança está dispersa
Só a verdade me liberta
Chega de maldade e ilusão
Venha, o amor tem sempre a porta aberta
E vem chegando a primavera
Nosso futuro recomeça:
Venha que o que vem é perfeição...



Mentir pra se mesmo é sempre a pior mentira.

Consegui meu equilíbrio cortejando a insanidade.

Se lembra quando a gente chegou um dia a acreditar que tudo era pra sempre, sem saber que o pra sempre, sempre acaba.


Nem os santos tem ao certo a medida da maldade. Há tempos são os jovens que adoecem.

Força Sempre.

domingo, 14 de março de 2010

O Enigma Marina Silva

Que não sou eleitor de Dilma e muito menos de Serra, os poucos leitores deste blog estão cansados de saber. Que me considero um órfão na atual conjuntura política brasileira idem. Todos os poucos leitores sabem também que no fato (aquilo que Marx chama de infra-estrutura) não vejo diferença entre PSDB e PT, a diferença e a guerra que ambos nos colocaram nos últimos 16 anos é de superestrutura, ou seja, esta no campo da representação do fato (do discurso e de forma vulgar naquilo denominado ideologia) e não no fato propriamente dito. A guerra aqui é pelo discurso autorizado e não por projetos. Tanto é que os empresários, parafraseando o presidente nunca jamais na história deste país ganharam tanto e foram tão aquinhoado pelo saco de bondade do governo. No entanto, exatamente por uma questão de status, de classe, ou seja de superestrutura, continuam estes mesmos empresários financiado o discurso raivoso anti PT. Assim a guerra se explica exatamente pelo fato de que dois corpos não podem ocupar o mesmo espaço.



Por tudo isto tenho me esforçado para votar em Marina Silva. Mais ainda como animal político engajado que sou estou mesmo disposto a fazer campanha por Marina, pelo menos no meu pequeno circulo. No entanto, Marina é um enigma e fica muito difícil para alguém de esquerda apoiá-la. Pois a candidata não se define. Qual o lugar de Marina no espectro ideológico; e não me venham com essa lengalenga que ideologia não existe. Existe sim. Senão existisse não veríamos as Vejas, Folhas, Waacks, Bonners, Kammels, Mainardis e outros. Qual a posição de Marina na miscelânea partidária brasileira. Qual sua posição em relação a um projeto de país. Perguntas como essas são vitais para um apoio engajado a um candidato. Mas Marina não se explica. Normalmente em suas entrevistas tem adotado o tom proposital da indefinição. Ora tal postura não coaduna com a figura de Marina. Ora tem optado por se mostrar uma Marininha Paz e Amor. A história de Marina deveria torná-la tão mítica quanto o Lula mas é imperioso reconhecer Marina não é Lula. E mesmo o Lula só pode ser Paz e Amor porque em 03 eleições anteriores tinha sido Lula.



Preocupa-me essas indefinições de Marina ou mesmo o seu flerte com a direita ideológica. Tanto o é que Marina não se incomoda de ser tratada pelo jornalões ideológicos paulista como uma quinta coluna do candidato do PSDB. Gabeira, por exemplo, não esconde de ninguém que sua função na campanha é abrir palanque para Serra no Rio. Ora como assim? E Marina, Gabeira? Cabe a candidata definir-se logo e espero que se defina pelo seu campo histórico. Mas as perspectivas como essa se tornam cada vez mais remotas. Seu partido o Verde em São Paulo, Minas, Rio e boa parte do nordeste é um partido das elites e de antigos membros dos velhos partidões. Em Sampa foi tomado por uma série de empresários. Ora muitos dizem são empresários sérios e éticos, como os fundadores da Natura, ora, mas desde quando seriedade, ética e ser cumpridor das leis são méritos? Pois bem não bastasse esse flerte todo com a direita. Vemos agora a candidata Marina apresentar um dos seus consultores: Eduardo Giannetti. Giannetti é brilhante. Grande filósofo da economia. No entanto, Giannetti é daquela turma que se considera evoluída e, por isso mesmo dona da verdade, por ter percebido o erro histórico de ser de esquerda. Giannetti como Jabor e outros fazem a alegria da direita carcomida, pois são como provas da evolução da espécie.



Pois bem é esse Giannetti professor do IBMEC que auxiliará Marina? Assim volto a repetir fica difícil apoiar Marina. A candidata precisa se explicar. Concorda ela com Giannetti? Se sim. Tal informação precisa ficar clara. Pois para Giannetti os juros altos são culpa dos consumidores que preferem comprar a poupar ou então os investimentos públicos são “fetiches do capital físico”. Ora a expansão que vejo e sou agora participante do ensino superior público brasileiro não tem nada de fetiche. Por isso sempre insisto existem criticas e criticas. A minha ao governo Lula apesar de duras são sempre à esquerda. Por exemplo, me causa engulho ouvir falar que o estado brasileiro esta inchado. Esta é a maior besteira ideológica da direita. O que é Estado inchado? Por exemplo, Estado inchado é abrir mais de 10 mil vagas para professores universitários? Ou mais de 10 mil vagas para professores dos cefets? Neste sentido sou Lulista que se inche mais e mais o Estado de funcionários públicos concursados e de qualidade. Para Giannetti as políticas monetárias e cambiais devem permanecer intocadas e assim vai. É de Giannetti a seguinte frase na Folha de S. Paulo de hoje “Eu me identifico muito mais com os liberais clássicos, Adam Smith, John Stuart Mill, Alfred Marshall -que, aliás, foi quem trouxe o capital humano para a reflexão em economia.” Outras frases de Giannetti “Vamos ter de enxugar o gasto do governo. E provavelmente pensar mais em crédito para formação de capital do que em crédito para o consumo das famílias. Vamos ter de aceitar algum sacrifício agora para melhorar o futuro.” Ou “O Brasil precisa de um Estado forte, mas enxuto. O que nós temos hoje, para usar expressão do Sérgio Abranches, é um Leviatã anêmico. O Estado brasileiro faz muitas coisas que não deveria e deixa de fazer coisas que deveria.” Nada contra todo este ideário mas é necessário que fique claro que Marina presidente significa a volta das idéias mais ortodoxas do Consenso de Washington. E se assim o for, excelente presidência Marina (que em todo será infinitamente melhor do que a presidencia de Serra ou Dilma) mas não com o meu voto.

sábado, 13 de março de 2010

Natureza Selvagem

"perturbador, envolvente e impressionante quanto belo". - Joe Morgenstern, The Wall Street Journal.

"encantador e desnorteador" Carlos Eduardo, eu mesmo. Pois é assim que me sinto após assistir o filme Natureza Selvagem. Há muito um filme não me desnorteava tanto, o que inclusive torna bastante dificil escrever sobre. Mas vamos lá.

Começemos chamando a atrenção para trilha sonora, ela mesma uma personagem do filme, e obviamente ela também desnorteadora. Tocante e inesquecível. Um belissimo trabalho de Eddie Verder do Pearl Jam. Que com sua voz cortante e angustiada guia bem o tom do filme.

A direção e o roteiro são outras belas obras, Sean Penn revela-se cada vez mais um grande cineman, seja como ator, produtor, roteirista ou diretor. No caso deste filme seu roteiro e sua direção são primorosos. Trata-se de um verdadeiro filme de estrada pois Penn e seu diretor de fotografia Eric Gautier (também muito bom) optaram por filmar em locações naturais e assim tal qual o personagem principal somos convidados a viajar pelos EUA, desde o Alasca até Dakota, do México a California, de West Virginia ao deserto e assim sucessivamente.

Ainda nesta parte mais técnica o que falar do protagonista Emille Hirsch? Segundo Vilaça "Emile Hirsch oferece uma performance magnífica em seu minimalismo: sem investir em grandes explosões emocionais, ele ilustra a natureza contraditória e amargurada de Christopher McCandless através do olhar e da expressão de encantamento diante do mundo “real” que tanto admira e de sua clara atração pela solidão. Além disso, sua transformação física ao longo da narrativa é chocante, rivalizando com aquelas experimentadas por Christian Bale em O Operário e Tom Hanks em Náufrago". Mas de se notar também é a segura direção de Penn sobre o luxuoso elenco de apoio, com destaque para Kristen Stewart, Hal Holbrook, Vince Vaughn.

Passemos ao roteiro propriamente dito. Trata-se de um filme baseado em um livro que por sua vez conta a história veridica de um jovem viajante. Em 1990, com 22 anos e recém-licenciado, Christopher McCandless ao terminar a faculdade, doa todo o seu dinheiro a uma instituição de caridade, cerca de 24mil dolares, muda de identidade e parte em busca de uma experiência genuína que transcendesse o materialismo do quotidiano. Abandona, assim, a próspera casa paterna sem que ninguém saiba e mete-se à estrada. Viaja por uma boa parte da América (chegando mesmo ao México) à boleia, a pé, de carona, ou até de canoa, arranjando empregos temporários sempre que o dinheiro faltasse pois, Chris opta por abandonar o carro e queimar  o restante do dinheiro que possuia no início de sua jornada. Jornada esta que tem como finalidade a maravilhosa e selvagem natureza do Alasca. Mas enquanto o Alasca não chega Chris viaja por várias partes dos EUA e ainda que desconfiado das relações humanas e influenciado pelas suas leituras, que incluíam Tolstoi e Thoreau, o que lhe acontece durante este percurso transforma a percepção do jovem de forma que já ao fim do filme perceberemos que a relação humana é o que resta para nossa espécie. 
Sean Penn vai intercalando a viagem de McCandless com breves flashbacks do seu passado, narrados em voz off pela irmã de Chris. Assim descubrimos que Chistopher quer fugir de sua  família materialista, hipócrita, cheia de mentiras e mesmo violenta. É exatamente durante a viagem que a camera de Penn, a fotografia de Gautier e a trilha sonora de Eddie Verder dão o tom da persona de Chris. Penn  capta melancolicamente, com vagar e gosto, a paisagem americana (aqui ressalte-se que por detrás das belas imagens da natureza selvagem temos na verdade uma narrativa da natureza humana com seus tipos e modos), e quase nos hipnotiza pelas imagens e som. Penn tem ainda a mestria de não entrar muito pelo lado místico ou de heroismo do rapaz timido, mostrando-nos apenas o lado de Chris extremamente simpático, uma pessoa que faz amigos com facilidade, com uma simpatia espontânea, mas que mesmo assim não se permite doar a este outro, o que incomoda Chris é o demasiado humano de nossa humanidade.  

A viagem em busca de autenticidade e auto-reconhecimento de Chris expõe não somente o protagonista embora não o admita - simplesmente fugindo de seu passado – e seu propósito não declarado (aliás, inconsciente) é encontrar alguma forma de preencher o vazio interior deixado pela relação conturbada com os pais. Mas existe toda uma pleiade com quem ele mantém relações e assim é possível perceber que existem muito mais "estranhos' aqui no sentido antropológico de alteridade do que imaginamos e assim antropologicamente o filme de Penn se torna grandioso pois coloca em dúvida a idéia das certezas absolutas.  Assim podemos nos perguntar seria Chris um rebelde dos anos 1990 ou mais um filho americano perdido, uma pessoa que tudo arriscava ou uma trágica figura que lutava com o precário balanço entre homem e Natureza e contra o materialismo da sociedade? Talvez a resposta seja mesmo a óbvia ambos. Eis ai outro grande mérito do grande Penn: humanizar nossa humanidade. Assim o héroi e também anti-héroi. é meigo e caridoso, mas também é cruel e egoista. Aliás se pensarmos bem (e a narração em off) tem essa função a reação do jovem é ela própria cruel e egoista. Dito de forma direta por mais defeituosoas que fossem as relações familiares e elas eram. A opção pela fuga é tão ou mais cruel do que os erros cometidos pelos parentes – e deixá-los sem notícias suas idem. Tanto o é que um de seus novos amigos de viagem e mesmo o nosso héroi em certo momento de sua viagem interna descobrem que o perdão é uma dádiva.

O héroi rancoroso que não consegue enxergar virtudes em sua vida acaba deste modo por querer inventar sua próppria humanidade, que nesse caso seria mais próxima da natureza. Eis de novo mais uma antropologizada do filme, pois é sábido que um dos maiores debates desde sempre na antropologia se dá exatamente no par dicotômico natureza-cultura. Chris ao criar sua própria cultura de certo modo inventa também sua natureza, aquela que nega um principio universal de nossa espécie a vida em sociedade. Assim vemos o nosso héroi por várias vezes recusando a humanidade dos que cruzam seu caminho, ao agir assim ele nega não a humanidade do outro mas sim a sua própria humanidade. Afinal a sociedade e formada pelo males como diz o próprio personagem.  Enfim poderia ainda escrever laudas e laudas tamanho a pertubação do filme. Mas termino chamando a atenção novamente para um momento de verdadeira obra prima: o plano final do filme. E humano demasiado humano descobrimos que mesmo na negação de nossa humanidade nos tornamos mais humanos. é ou não peretubador. principalmente quando se estar a ministrar disciplinas que refletem sobre esta questão. Grande Penn que nos conduz a um filme que incita a fugir mas também a ficar, que pode ser um elógio ao nilismo mas também ao seu oposto. Enfim não existe saída fácil e todos os caminhos tem seus prós e contras.

Notável mesmo foi este filme de 2007 ter sido deixado de lado pelo Oscar. Talvez explique inclusive o espirito deste prêmio e essa lenga-lenga de filme comercial e filme não comercial. Tudo balela no Oscar todos são comerciais incluindo os ditos independentes. Os independentes mesmo como este filmaço de Penn ficam de fora. Pois eu digo merecia o prêmio de direção, de fotografia, de roteiro adaptado, de ator principal, de atriz coadjuvante para a excelente Kristen Stewart, o de trilha sonora. Se o Oscar ignorou o filme outros prêmios não e ele se consagrou entre outros no: Sindicato dos Atores, no Globo de Ouro, na associação de criticos de cinema de Chicago, na associação de produtores, na Mostra de São Paulo, de Palm Springs entre vários outros ou mesmo nas listas dos melhores de 2007, feito que pelo menos 15 grandes críticos norte-americano o colocou na lista dos 10 mais e na maioria das vezes entre os 05 mais.

sábado, 6 de março de 2010

Musicais

Publicou meu amigo Daniel do Peramblogando a seguinte notícia:
"Foi com tristeza que recebi a notícia de que o Cordel do Fogo Encantado deixou de existir. Sem dúvida uma dos mais criativos grupos surgidos em nossa música nos últimos anos.(...) Conheci o Cordel em 2001, na primeira vez que fui à Pernambuco. Me lembro que vários colegas voltaram pra BH com cds do Cordel na bagagem. Me lembro também que no ônibus, durante o trajeto de volta alguém colocou o cd pra tocar. Ouvir "Chover" na estrada, com paisagens do sertão e um céu fechado realmente impressiona.
Uma pena. Sem dúvida uma grande perda. Ainda bem que os discos ficam pra contar a história. Que seus integrantes sejam felizes em outros projetos!"

Comentário meu postado lá no Peramblogando: Puxa que notícia triste e chata. Eu estava nesta mesma mitica viagem e realmente ouvir certas músicas com certas paisagens é algo inesqucivel e forte.
De todo modo dentro dos meus discos de sempre e dentro da lista elaborada com a ajuda do DANIEL dos melhores discos da decada passada o Cordel esta lá.

Vida que se segue
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Pena que não possamos dizer o mesmo sobre a passagem do grande Jhony Alf.
Jhony Alf nascido no Rio de Janeiro em 1929 recebeu de sua mãe doméstica e de seu pai cabo do exército falecido quando o pequeno Jhony tinha apenas 03 anos recebeu o nome de Alfredo José da Silva. Jhony começou nas artes do piano, NA QUAL FOI UM GIGANTE UM DOS MAIORES DE TODOS OS TEMPOS - aos 09 anos sobre a direção de uma amiga da patroa de sua mãe. Jhony negro, pobre brasileiro, genial como tantos outros dominou como pouco o velho e bom jazz norte-americano sua primeira paixão na juventude. Ainda praticamente adolescente participou de um grupo que tocava os grandes entre eles Poter e Gershwin. Nesta mesma época por influência da música se aproxima de uma classe média norte-americanizada do Rio, sendo aliás um aluno dedicado do Instituto Brasil -Estados Unidos, estuda também no excelente Dom PEDRO II. É este home culto e refinado que a partir dos anos 50 junto com outras feras como Tom, João Gilberto, Nora Ney, Maysa, e outro grande pianista Dick Farney  vão reinventar uma bossa nova para o samba. Para sermos mais justos, Rapaz de Bem de 1953 é uma verdadeira percussora do qu viria alguns anos depois ser denominado de Bossa Nova.
Ao longo dos anos 60,70 e início dos 80 compos verdadeiras obras primas do nosso cancioneiro. Além disso tocou com todo os grandes como Luís Bonfá, Sérgio Mendes, Luiz Carlos Vinhas entre muitos outros.
Genial, negro, educado,tímido, muito discreto e modesto não participava do coro dos contentes muito ao contrário. Um vanguardista segundo Menescal um homem a frente de seu tempo. Jhony realmente era assim  fez bossa antes da bossa, samba jazz antes do samba jazz, música homosexual nos anos 50, mudou-se para Sampa quando a patota bossanovista morava no Rio. Menos sol mais garoa. Pagou por toda a sua diferença. Disse certa vez "Posso dizer que fiz alguma coisa um pouco antes do resto do pessoal", outra vez afirmou "Sempre estive afastado da patota, porque sou muito desconfiado das pessoas. Os problemas que tive na vida me criaram dificuldade de relacionamento. Em meio de grupinho, nunca estava seguro." Para o
jornalista Ruy Castro, Johnny Alf foi o "verdadeiro pai da Bossa Nova". Tom Jobim, outro dos primeiros artistas da Bossa Nova, admirava Johnny Alf a ponto de apelidá-lo de "Genialf".
Descanse em Paz.