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sábado, 18 de setembro de 2010

O fim um ciclo em que a velha mídia foi soberana

Ainda que possa discordar aqui ou ali do texto abaixo, acho um belo relato do momento em que estamos vivendo.

O fim um ciclo em que a velha mídia foi soberana


Enviado por luisnassif, sab, 18/09/2010 - 07:20



Dia após dia, episódio após episódio, vem se confirmando o cenário que traçamos aqui desde meados do ano passado: o suicídio do PSDB apostando as fichas em José Serra; a reestruturação partidária pós-eleições; o novo papel de Aécio Neves no cenário político; o pacto espúrio de Serra com a velha mídia, destruindo a oposição e a reputação dos jornais; os riscos para a liberdade de opinião, caso ele fosse eleito; a perda gradativa de influência da velha mídia.



O provável anúncio da saída de Aécio Neves marca oficialmente o fim do PSDB e da aliança com a velha mídia carioca-paulista que lhe forneceu a hegemonia política de 1994 a 2002 e a hegemonia sobre a oposição no período posterior.



Daqui para frente, o outrora glorioso PSDB, que em outros tempos encarnou a esperança de racionalidade administrativa, de não-sectarismo, será reduzido a uma reedição do velho PRP (Partido Republicano Paulista), encastelado em São Paulo e comandado por um político – Geraldo Alckmin – sem expressão nacional.



Fim de um período odioso

Restarão os ecos da mais odiosa campanha política da moderna história brasileira – um processo que se iniciou cinco anos atrás, com o uso intensivo da injúria, o exercício recorrente do assassinato de reputações, conseguindo suplantar em baixaria e falta de escrúpulos até a campanha de Fernando Collor em 1989.



As quarenta capas de Veja – culminando com a que aparece chutando o presidente – entrarão para a história do anti-jornalismo nacional. Os ataques de parajornalistas a jornalistas, patrocinados por Serra e admitidos por Roberto Civita, marcarão a categoria por décadas, como símbolo do período mais abjeto de uma história que começa gloriosa, com a campanha das diretas, e se encerra melancólica, exibindo um esgoto a céu aberto.



Levará anos para que o rancor seja extirpado da comunidade dos jornalistas, diluindo o envenenamento geral que tomou conta da classe.



A verdadeira história desse desastre ainda levará algum tempo para ser contada, o pacto com diretores da velha mídia, a noite de São Bartolomeu, para afastar os dissidentes, os assassinatos de reputação de jornalistas e políticos, adversários e até aliados, bancados diretamente por Serra, a tentativa de criar dossiês contra Aécio, da mesma maneira que utilizou contra Roseana, Tasso e Paulo Renato.



O general que traiu seu exército

Do cenário político desaparecerá também o DEM, com seus militantes distribuindo-se pelo PMDB e pelo PV.



Encerra-se a carreira de Freire, Jungman, Itagiba, Guerra, Álvaro Dias, Virgilio, Heráclito, Bornhausen, do meu amigo Vellozo Lucas, de Márcio Fortes e tantos outros que apostaram suas fichas em uma liderança destrambelhada e egocêntrica, atuando à sombra das conspirações subterrâneas.



Em todo esse período, Serra pensou apenas nele. Sua campanha foi montada para blindá-lo e à família das informações que virão à tona com o livro do jornalista Amaury Ribeiro Jr e da exposição de suas ligações com Daniel Dantas.



Todos os dias, obsessivamente, preocupou-se em vitimizar a filha e a ele, para que qualquer investigação futura sobre seus negócios possa ser rebatida com o argumento de perseguição política.



A interrupção da entrevista à CNT expôs de maneira didática essa estratégia que vinha sendo cantada há tempos aqui, para explicar uma campanha eleitoral sem pé nem cabeça. Seu argumento para Márcia Peltier foi: ocorreu um desrespeito aos direitos individuais da minha filha; o resto é desculpa para esconder o crime principal.



Para salvar a pele, não vacilou em destruir a oposição, em tentar destruir a estabilidade política, em liquidar com a carreira de seus seguidores mais fiéis.



Mesmo depois que todas as pesquisas qualitativas falavam na perda de votos com o denuncismo exacerbado, mesmo com o clima político tornando-se irrespirável, prosseguiu nessa aventura insana, afundando os aliados a cada nova pesquisa e a cada nova denúncia.



Com isso, expôs de tal maneira a filha, que não será mais possível varrer suas estripulias para debaixo do tapete.



A marcha da história

Os episódios dos últimos dias me lembram a lavagem das escadarias do Senhor do Bonfim. Dejetos, lixo, figuras soturnas, almas penadas, todos sendo varridos pela água abundante e revitalizadora da marcha da história.



Dia após dia, mês após mês, quem tem sensibilidade analítica percebia movimentos tectônicos irresistíveis da história.



Primeiro, o desabrochar de uma nova sociedade de consumo de massas, a ascensão dos novos brasileiros ao mercado de consumo e ao mercado político, o Bolsa Família com seu cartão eletrônico, libertando os eleitores dos currais controlados por coronéis regionais.



Depois, a construção gradativa de uma nova sociedade civil, organizando-se em torno de conselhos municipais, estaduais, ONGs, pontos de cultura, associações, sindicatos, conselhos de secretários, pela periferia e pela Internet, sepultando o velho modelo autárquico de governar sem conversar.



Mesmo debaixo do tiroteio cerrado, a nova opinião pública florescia através da blogosfera.



Foi de extremo simbolismo o episódio com o deputado do interior do Rio Grande do Sul, integrante do baixo clero, que resolveu enfrentar a poderosa Rede Globo.



Durante dias, jornalistas vociferantes investiram contra UM deputado inexpressivo, para puni-lo pelo atrevimento de enfrentar os deuses do Olimpo. Matérias no Jornal Nacional, reportagens em O Globo, ataques pela CBN, parecia o exército dos Estados Unidos se valendo das mais poderosas armas de destruição contra um pequeno povoado perdido.



E o gauchão, dando de ombros: meus eleitores não ligam para essa imprensa. Nem me lembro do seu nome. Mas seu desprezo pela força da velha mídia, sem nenhuma presunção de heroísmo, de fazer história, ainda será reconhecido como o momento mais simbólico dessa nova era.



Os novos tempos

A Rede Record ganhou musculatura, a Bandeirantes nunca teve alinhamento automático com a Globo, a ex-Manchete parece querer erguer-se da irrelevância.



De jornal nacional, com tiragem e influência distribuídas por todos os estados, a Folha foi se tornando mais e mais um jornal paulista, assim como o Estadão. A influência da velha mídia se viu reduzida à rede Globo e à CBN. A Abril se debate, faz das tripas coração para esconder a queda de tiragem da Veja.



A blogosfera foi se organizando de maneira espontânea, para enfrentar a barreira de desinformação, fazendo o contraponto à velha mídia não apenas entre leitores bem informados como também junto à imprensa fora do eixo Rio-São Paulo. O fim do controle das verbas publicitárias pela grande mídia, gradativamente passou a revitalizar a mídia do interior. Em temas nacionais, deixou de existir seu alinhamento automático com a velha mídia.



Em breve, mudanças na Lei Geral das Comunicações abrirão espaço para novos grupos entrarem, impondo finalmente a modernização e o arejamento ao derradeiro setor anacrônico de um país que clama pela modernização.


As ameaças à liberdade de opinião

Dia desses, me perguntaram no Twitter qual a probabilidade da imprensa ser calada pelo próximo governo. Disse que era de 25% - o percentual de votos de Serra. Espero, agora, que caia abaixo dos 20% e que seja ultrapassado pela umidade relativa do ar, para que um vento refrescante e revitalizador venha aliviar a política brasileira e o clima de São Paulo.

http://www.advivo.com.br/blog/luisnassif/o-fim-um-ciclo-em-que-a-velha-midia-foi-soberana#more

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Saudações aos que tem coragem II

Seguindo post abaixo, onde publicamos a carta de desfiliação de Sandra Starling do PT de Minas. Veja a cirse no Maranhão, com muita dor, digo o seguinte, CHEGOU A HORA DO PT PERDER AS ELEIÇÕES POIS SÓ ASSIM OS MOVIMENTOS SOCIAIS E AS LUTAS SOCIAIS poderão voltar ao nosso país. O que é pior na crise do Maranhão não é o apoio a Sarney, isso faz parte do jogo, o que é inaceitável é a forma stalinista que o PT trata os seus, por isso o partido paulatinamente foi expulsando ou perdendo voluntariamente suas principais e mais avançadas correntes. Não se enganem os mais avançados já se foram ha muito tempo. Só sobram estas lastimas, estes vendalhões, aqueles que se apegam aos cargos e suas benesses. Vejam que a turma acha que a violência de um protesto legitimo é contra o partido e pior temem pela imagem da candidatura de Dilma Roussef....a imgame da candidatura...

"Vou morrer aqui por cobrar respeito à democracia partidária", disse Dutra em discurso hoje na Camara Federal.

Dutra faz um emocionante e dramático discurso na Câmara dos Deputados

por Leandro Fortes, no Brasília eu vi

O Maranhão é o quarto secreto onde o presidente Luiz Inácio Lula da Silva esconde, como Dorian Gray, uma resistente decrepitude moral de seu governo. Assim como o personagem da obra de Oscar Wilde, Lula se mantém jovial e brilhante para o Brasil e o mundo, cheio de uma alegria matinal tão típica dos vencedores, enquanto se degenera e se desmoraliza no retrato escondido do Maranhão, o mais pobre, miserável e desafortunado estado brasileiro. Na terra dominada por José Sarney, Lula, o anunciado líder mundial dos novos tempos, parece ser vítima do feitiço do atraso.

Dessa forma, em nome de uma aliança política seminal com o PMDB, muito anterior a esta que levou Michel Temer a ser candidato a vice na chapa de Dilma Rousseff, Lula entregou seis milhões de almas maranhenses a Sarney e sua abominável oligarquia, ali instalada há 45 anos. Uma história cujo resultado funesto é esta sublime humilhação pública do PT local, colocado de joelhos, por ordem da direção nacional do partido, ante a candidatura de Roseana Sarney ao governo do estado, depois de ter decidido apoiar o deputado Flávio Dino, do PCdoB, durante uma convenção estadual partidária legal e legítima, por meio de votação aberta e democrática.

Esse Lula genial, astuto e generoso, capaz de, ao mesmo tempo, comandar a travessia nacional para o desenvolvimento e atravessar o mundo para evitar uma guerra nuclear no Irã, não existe no Maranhão. Lá, Lula é uma sombra dos Sarney, mais um de seus empregados mantidos pelo erário, cuja permissão para entrar ou sair se dá nos mesmos termos aplicados à criadagem das mansões do clã em São Luís e na ilha de Curupu – isso mesmo, uma ilha inteira que pertence a eles, como de resto, tudo o mais no Maranhão.

Lula, o mais poderoso presidente da República desde Getúlio Vargas, foi impedido sistematicamente de ir ao estado no curto período em que a família Sarney esteve fora do poder, no final do mandato de Reinaldo Tavares (quando este se tornou adversário de José Sarney) e nos primeiros anos de mandato de Jackson Lago, providencialmente cassado pelo TSE, em 2009, para que Roseana Sarney reocupasse o trono no Palácio dos Leões. Só então, coberto de vergonha, Lula pôde aterrissar no estado e se deixar ver pelo povo, ainda escravizado, do Maranhão. Uma visita rápida e desconfortável ao retrato onde, ao contrário de seu reflexo mundo afora, ele se vê um homem grotesco, coberto de pústulas morais – amigo dos Sarney, enfim. Logo ele, Lula, cujo governo, a história e as intenções são a antítese das corruptas oligarquias políticas nacionais.

Lula, apesar de tudo, caminha para o fim de seus mandatos sem ter percebido a dimensão da imensa nódoa que será José Sarney, essa figura sinistramente malévola, no seu currículo, na sua vida. Toda vez que se voltar para o mapa do país que tanto vai lhe dever, haverá de sentir um desgosto profundo ao vislumbrar a mancha difusa do Maranhão, um naco de terra esquecido de onde, nos últimos 20 anos, milhares de cidadãos migraram para outros estados, fugitivos da fome, do desemprego, da escravidão, da falta de terra, de dignidade e de esperança. Fugitivos dos Sarney, de suas perseguições mesquinhas, de sua megalomania financiada pelos cofres públicos e de seu cruel aparelhamento policial e judiciário, fonte inesgotável de repressão e arbitrariedades.

Contra tudo isso, o deputado Domingos Dutra, um dos fundadores do PT maranhense, entrou em greve de fome no plenário da Câmara dos Deputados, em Brasília. Seria só mais um maranhense a ser jogado na fome por culpa da família Sarney, não fosse a grandeza que está por trás do gesto. Dutra, filho de lavradores pobres do Maranhão, criou-se politicamente na luta permanente contra José Sarney e seus apaniguados. Em três décadas de pau puro, enfrentou a fúria do clã e por ele foi perseguido implacavelmente, como todos da oposição maranhense, sem entregar os pontos nem fazer concessões ao grupo político diretamente responsável pela miséria de um povo inteiro. Dutra só não esperava, nessa quadra da vida, aos 54 anos de idade, ter que lutar contra o PT.

Assim, Lula pode até se esquivar de olhar para o retrato decrépito escondido no quarto secreto do Maranhão, mas em algum momento terá que enfrentar o desmazelo da figura serena e esquálida do deputado Domingos Dutra a lembrá-lo, bem ali, no Congresso Nacional, que a glória de um homem público depende, basicamente, de seus pequenos atos de coragem.


Do IG
Petista histórico adere a greve de fome e preocupa time de Dilma

Com saúde frágil, fundador do partido tem histórico de militância contra família Sarney e contesta intervenção em favor de Roseana

Ricardo Galhardo, iG São Paulo

Quando o deputado Domingos Dutra (PT-MA) anunciou que entraria em greve de fome contra a decisão da cúpula nacional do PT, que obrigou opartido a apoiar a reeleição da governadora Roseana Sarney (PMDB) no Maranhão, pouca gente na direção do PT deu importância. “Se depender do PT ele vai morrer de fome”, disse um dirigente.
A situação mudou de figura no último domingo, durante a convenção que oficializou a candidatura de Dilma Rousseff à Presidência, quando chegou ao conhecimento da direção partidária que Manoel da Conceição havia aderido à greve de fome de Dutra. “Isso é sério”, disse o secretário nacional do PT, José Eduardo Cardozo, quando soube da notícia.
Até Manoel da Conceição aderir à greve de fome, PT dava pouca importância ao protesto
Manoel da Conceição é descrito pela revista Teoria e Debate, da Fundação Perseu Abramo, braço intelectual do PT, como “sem dúvida uma das mais importantes lideranças camponesas do Brasil em todos os tempos”. Mais velho entre os fundadores do PT ainda vivos, Mané, como é conhecido, está com 75 anos, tem diabetes, sofreu um acidente vascular cerebral (AVC) em 2002 que quase o matou e até hoje causa dificuldade na fala, mas não abalou sua disposição de enfrentar a imposição da direção partidária ao PT maranhense.
“Vou até o final, até ver o resultado. Ou eles tiram a intervenção no Maranhão ou me expulsam do partido. Senão, eles vão me ver morto. A última vez que comi foi na quinta-feira”, disse Conceição, por telefone, ao iG.
Nascido em um pequeno vilarejo no sertão do Maranhão, expulso das terras da família por um latifundiário corrupto, Conceição já passou por situações muito piores do que a greve de fome iniciada quinta-feira.
À Teoria e Debate, ele relatou da seguinte forma um massacre de jagunços contra camponeses que presenciou em 1958 e escapou com vida por milagre: “A casa era um salão grande de um morador, da família Mesquita. Eles eram evangélicos da Igreja Batista. Aí entrou um dos jagunços e matou, sem troca de conversa, cinco pessoas, a bala e punhaladas nos rapazes e em uma senhora de mais ou menos 75 anos, que gritava na sala: ‘Não mate meus filhos!!’ Só que já tinha três rapazes mortos no chão. Deram um tapão na cabeça dela, jogaram a mulher no chão e cravaram nas costas o punhalão.
Ela ficou rodando no chão, esvaindo em sangue. Uma criança de 3 anos, vendo os mortos no chão, corria gritando: ‘Papai, papai...’ Um dos jagunços pegou essa criança e deu uma estucada numa parede de taipa que a cabeça lascou, os miolos se espatifaram no salão”.
Enfrentamento
O histórico de enfrentamentos contra a família Sarney remonta à década de 60. Em 1965, seduzido pelas promessas de reforma agrária do então jovem líder progressista José Sarney, Conceição mobilizou os camponeses do interior maranhense e ajudou a garantir a Sarney a maior votação até então para o governo do estado. Três anos depois ele foi baleado pela polícia comandada por Sarney durante uma reunião de líderes camponeses. Passou mais de uma semana largado em uma cela sem médico nem remédios.
A perna baleada gangrenou e foi amputada em um hospital de São Luís. “Depois o Sarney me visitou no hospital e tentou me comprar oferecendo emprego para mim e para minha mulher, uma casa e uma perna mecânica. Em troca queria que eu trabalhasse para ele. Recusei e fui preso outras nove vezes a mando do Sarney. É por isso que nunca, em hipótese alguma, aceitarei apoiar a oligarquia representada pelos Sarney no Maranhão”, disse Conceição, que no 4º Congresso Nacional do PT, em fevereiro, foi citado nominalmente pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em seu discurso.
A direção petista até agora não procurou Conceição e Dutra para conversar. O único interlocutor até agora foi o líder do partido na Câmara, Fernando Ferro (PT-PE). Dutra é visto internamente como opositor já há algum tempo. “Esta greve de fome é uma violência contra o PT”, disse um parlamentar de alta patente.
A dupla de grevistas conta com assistência médica da Câmara. “Hoje (segunda-feira) o médico veio me ver três vezes”, disse Conceição. Apesar disso o temor na direção petista é grande quanto aos estragos que uma possível imagem de Conceição deixando o plenário da Câmara em uma maca possam causar à candidatura de Dilma e à imagem do partido.

Roseana Sarney (PMDB), filha de José Sarney (PMDB), irmã de Fernando Sarney, é a mulher-símbolo da campanha de Dilma Rousseff (PT). Não adianta vir com Princesa Isabel, Anita Garibaldi ou Maria da Penha.


Para apoiar Roseana Sarney, Dilma Rousseff obrigou o PT do Maranhão, o estado mais miserável do Brasil justamente por ser escravizado pela Família Sarney, a não ter candidato e a não apoiar o PCdoB de Flávio Dino, seu aliado, rasgando o resultado da convenção partidária e intervindo no estado através do Diretório Nacional.

Militantes petistas maranhenses chamaram o presidente do PT de Hitler. Deputados e fundadores do PT estão em greve de fome. O episódio marca uma das mais sujas e abjetas troca de apoios que já se viu na política brasileira.

O apoio de Dilma para Roseana Sarney é simbólico. Além de significar a perpetuação da pobreza e mortalidade infantil no estado com a pior expectativa de vida do país, representa a grande mentira em que o PT se transformou. Uma mentira que encontrou a sua melhor expressão em Dilma Rousseff. (Coturno Noturno)

domingo, 15 de novembro de 2009

Hoje é dia da Republica

Hoje são 15 de Novembro e marca os cento e vinte anos (120) da Proclamação da República do Brasil. Considero uma pena que esta data seja solenemente esquecida em nosso país. O que é uma pena. Não pelo processo brasileiro em si, que na verdade foi um golpe militar-civil das elites (o primeiro de vários). Mas pela importância da ideia republicana. A Res-Publica é uma das ideias mais nobres do pensamento político ocidental. E, de fato, o que o Brasil mais precisa e sempre precisou foi de ser uma República - ou seja um governo voltado para a Coisa Pública e para a decisão publica e debatida por seus cidadãos. Falta urgentemente ao Brasil ser República e ter consciência republicana, aquilo que o professor Cardoso de Oliveira também chama de consciência cidadã. Assim, por exemplo, não jogaríamos lixo no chão ou mesmo desrespeitariamos uma fila no banco. Ser republicano de fato é não jogar papel no chão pois trata-se do espaço de TODOS e não o de NINGUÉM como erradamente faz crer este senso comum não cidadão. Ser republicano significa considerar que o favorzinho que eu peço a um funcionário público amigo é tão ou mais grave do que as tramoias do Sarney. São da mesma natureza a diferença é o grau de prejuízo. Então ficamos assim Viva o dia da República.
Lembremos ainda que o dia 15 de Novembro, é bastante importante também pois foi nesse dia, que em 1989 o BRASIL FOI AS URNAS. A PRIMEIRA ELEIÇÃO DEMOCRÁTICA PARA PRESIDENTE EM 40 ANOS. ALÉM DISSO FOI A PRIMEIRA e VERDADEIRA ELEIÇÃO COM SUFRÁGIO UNIVERSAL. Para falar a verdade em 1989 tinha 07 anos e não tenho tantas lembranças assim desta eleição. O pouco que me resta na memória diz respeito a um vizinho petista daqueles que se eu escrever aqui os mais jovens duvidarão e acharão que se trata de um personagem teatral por mim inventado. Mas é verdade existiu um tipo especifico de brasileiro, que ouso a dizer, que naquela época era um modelo de cidadania e civismo para todos nós: os militantes petistas. Então a estes e as suas lutas minha homenagem. Até porque estes não tem nada haver com esse Partido que os mais jovens conhecem. Aliás eu e o amigo Daniel do Peramblogando, inclusive já fizemos um trabalho acadêmico demonstrando que o PT do inicio de 2003 (que era infinitamente melhor do que o de hoje - haja decadência) não tinha nada haver com o grandioso partido de massas e de esquerda socialista e democrática que existia nos anos 80. Tenho comigo que a maior derrota das esquerdas brasileiros se deu em 1989. Aquela derrota do Lula marca o que é o governo Lula hoje. Foi ai que o PT foi apresentado ao saco de maldade e resolveu ser mais do mesmo e fazer como os outros.

domingo, 6 de setembro de 2009

2010 esta ai

Esse post é somente para registrar os posicionamentos políticos do pré-candidato Aécio Neves. Afinal como políticos mudam muito de opinião. Este post fica como registro do que pensa o Aecinho em setembro de 2009, portanto, a 13 meses das eleições.
Aécio em evento na Assembleia Legislativa de Salvador, onde foi homenageado, como o título de Cidadão Honorário disse entre outras coisas: que é pré-candidato, que espera que seu partido decida através das bases quem será o cabeça de chave, que não aceita a hipótese de chapa puro sangue, que em caso de derrota nas prévias apoiará incondicionalmente o seu adversário interno José Serra. Mas vamos ao que de fato interessa os posicionamentos políticos ideológicos do governador.
Disse o mandatário mineiro: "O Brasil esta cansado desse radicalismo que coloca PT e PSDB cada um num canto do ringue (...) o país ganhará quando o radicalismo político, e a disputa pelo poder, que é o que hoje separa PSDB e PT, derem lugar a uma nova agenda a partir das eleições independentemente de quem seja vitorioso (...) no momento em que o presidente Lula mantém intocáveis os pilares macroeconomicos fundamentais, ele se aproxima muito do modelo de gestão econômica do nosso governo." Bingo para Aécio, não gosto dele mas como é bom ver alguém falando com clareza uma verdade óbvia.Esta opinião do governador é a que advogo pelo menos uns 6 anos PT e PSDB é a mesma coisa, a única luta entre eles é pelo poder, ou seja, tristemente não existe diferença política ou ideológica de grande monta. E com isso efetivamente consolidamos em nosso país o deserto de ideias. Ou seja não existe escapatória: é o pensamento único.
No entanto, o governador fez questão de deixar clara essas pequenas diferenças cosméticas: " (...) sou contra o fortalecimento da máquina pública e faço uma crítica clara sobre a forma como o presidente vem tratando essa questão."
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Aproveitando a deixa desses dias loucos aqui em Minas Gerais o bafafa político diz respeito a questão do meio-ambiente e os produtores rurais. Trata-se do imbrolio envolvendo a nova lei ambiental do estado no que diz respeito a questão das reservas legais. O governo mineiro em consonância com a Constituição e as Leis Federais construiu uma política reconhecidamente avançada nesse setor, méritos do secretário de estado do meio ambiente- homem sério e comprometido - mas veja o que dizem os tradicionais aliados do governador, inclusive com a secretária de agricultura: "toda iniciativa vinda desta administração causa apreensão". Nesse debate todo mundo opina mas só sobram preconceitos contra os defensores do meio-ambiente.

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

algumas palavras sobre política e Fórum Social Mundial

1- Li já não me lembro mais aonde um artigo interessante do Paulo Moreira Leite em que ele analisa o PSDB e sua plataforma para as próximas eleições. Antes um parêntese: já deixo claro por principio que tenho sempre problemas com as análises feitas pela mídia tradicional, pois ela já partem de um realismo que me incomoda. Dito de outra maneira, não existe nada diferente do que esta ai só variações sobre o mesmo tema (por isso logo abaixo comentaremos sobre o Fórum Social), no entanto dentro desta limitação ou dentro deste realismo pragmático o texto de Moreira Leite me chamou a atenção, pois vai em pontos chaves do que são os tucanos hoje. Abaixo o que acho deste partido:
-Os Tucanos são ideologicamente hoje de direita (quero acrescentar culpa de FHC que deturpou o programa do partido originalmente bastante próximo da esquerda democrática alemã). Por isso são privatistas a todo custo (mesmo quando a prática encontra em desuso nos países centrais). Ou seja, se alinharam aos ideologos do neoliberalismo (mesmo quando este se encontra em desgraça e renegado até mesmo por seus ideólogos no mundo central - EUA e Europa). Essa transformação é ruim pois deixou o partido refém da direita mais atrasada e retrograda aquela que por razões preconceituosa critica os programas sociais sem antes avaliar o impacto positivo ou mesmo a necessidade objetiva destes (sem propor nenhuma outra opção, ou que provavelmente ao assumir o governo continuará com os mesmos programas com finalidades eleitoreiras - a tal da desgraça preconizada por Sérgio Mota - 20 anos no poder- que vale tanto para PSDB quanto para PT, ou seja um compromisso não com o país e sim com o poder - não se trataria de uma crítica política a esses programas e sim de uma desfaçatez eleitoreira e preconceituosa). Essa opção neo-liberal dos tucanos não permite que eles critiquem os pontos falho do governo Lula, ou seja sua política econômica (por exemplo os juros extorsivos). Refém dessa direita preconceituosa estaremos refém de um desmonte seletivo do estado social brasileiro construído mal e porcamente por esse governo atual. Mas a título de registro: não confundam essa nota como apoio ao governo atual, continuo considerando esse um governo medíocre dos piores que já tivemos, a questão aqui é de pêndulo, como sou de esquerda (o que hoje diante da esquerda convencional deve ser chamado de extrema - esquerda) acho pífio o governo Lula. E vou mais longe e já disse isso a alguns amigos com Dilma, Serra ou Aécio só nos restará o exílio (mesmo que somente mental), pois são todos farinha do mesmo saco e como já propos várias vezes esta na hora de PT e PSDB se fundirem pois foram gestados juntos. Tal fusão não ocorre (e disso concordam mesmo os cronistas ligados a direita), por razões puramente eleitoreiras, ou seja que irá ocupar os cargos comissionados.
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2- A Carta Maior a Veja da esquerda Lulista (pois se criticamos a grande mídia direitista) devemos ser coerente e fazer o mesmo com a mídia dita de esquerda que tem o mesmo comportamento só que com sinais trocados como a Carta Maior traz uma matéria denominada Nasce, na França, o Novo Partido Anticapitalista. Segundo a matéria (re-lease do próprio partido): Novo partido reúne maioria da Liga Comunista Revolucionária (LCR), que aprovou sua própria dissolução para criar nova organização, além de militantes comunistas, socialistas e ecologistas. Segundo um dos principais líderes do NPA, as referências programáticas do novo partido são a ruptura com o capitalismo e a independência total em relação ao Partido Socialista francês. "Esquerda da esquerda" francesa acredita que já tem 15% de votos. (...) Para continuar a alargar sua base, o NPA quer "seguir o melhor das tradições do movimento dos trabalhadores, sejam elas trotskistas, socialistas, comunistas, libertárias, guevaristas, ou envolvidas na ecologia radical", como o afirma Olivier Besancenot. A referência identitária será portanto menos uma doutrina política que a "ruptura com o capitalismo" e a "independência total do Partido Socialista".
É de um partido com essas características e fisionomia que necessitamos no Brasil. Oxalá permita que possamos fundar um partido anti-capitalista neste país que rompa com o discurso único se na França é necessário rompimento com o PS no Brasil é necessário rompimento com o PT e o PC do B essas desgraças partidárias.
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3- Apesar de esquerda nunca fui a um Fórum Social e digo mais sou crítico do mesmo. Tenho comigo o preconceito (já que nunca fui a um) de que se trata de um grande oba-oba de onde não se tem nenhuma decisão prática. Quase como um grande acampamento de esquerdistas, um woodstock político (o que diga se de passagem já é alguma coisa ou melhor muita coisa) que piorou bastante após a vitória do companheiro Lula, pois nesse caso o Encontro tornou-se aparelhado para usar uma palavra das antigas. No entanto, o Fórum que acompanhei mais de perto (a partir de blogs e mídia alternativa) foi o desse ano em Belém e me empolguei com certas notícias vindas de lá. Reproduzo, por exemplo, o texto abaixo escrito por um Dominicano que esteve no Fórum como observador de sua ordem religiosa, já traz algumas luzes aos que só tem como eu visões pré-conceituadas do Fórum Social Mundial. Deixo algumas provocações antes do texto: Será mesmo possível um outro mundo? Principalmente sem uma organização partidária (principalmente para todos "nós" que aderimos ao sistema liberal partidário) anti capitalista tal como a que surge agora na França? É possível um novo mundo em um mundo sem utopias?
CONCLUSÕES DO FÓRUM SOCIAL MUNDIAL - Frei Miguel Concha Malo, O.P.

Ao terminar os trabalhos do 8° Fórum Social Mundial (FSM), ao qual tive a oportunidade de assistir acompanhando a Comissão de Justiça e Paz dos dominicanos e dominicanas do Brasil, membros do Comitê Organizador Internacional informaram que 133 mil pessoas provenientes de 142 países participaram nas 2 mil 310 atividades autogeridas que se realizaram em Belém do Pará, de 28 a 31 de janeiro passados. Nelas se inscreveram 489 instituições, organizações, coletivos ou movimentos da África, 119 da América Central, 155 do México e América do Norte, 344 da Ásia, 4 mil 193 da América do Sul e 491 da Europa.

Pela primeira vez, Oceania esteve representada por 27 dessas entidades. Significativamente, no enorme acampamento dedicado aos direitos humanos reuniram-se durante esses dias 10 mil pessoas, considerado um recorde, e nele estiveram representadas centenas de redes e organizações.

Uma média de 250 pessoas assistiram a cada uma das numerosas atividades que lá se realizaram, nas quais sobretudo se discutiu sobre as violações aos direitos econômicos, sociais, culturais e ambientais, levadas a cabo pelos governos e as empresas com seus grandes projetos hidrelétricos, mineiros e agropecuários, sobre a criminalização dos movimentos sociais, e sobre as perseguições e ameaças que sofrem as defensoras e defensores de direitos humanos. Informou-se igualmente que se realizaram mais 200 eventos, nos quais participaram aproximadamente mil artistas, que representaram a diversidade cultural dos povos do mundo. E que a imprensa colaborou com 4500 profissionais da comunicação. 2 mil credenciados e outros 2 mil que informaram sobre as atividades, conectando-se por meio de internet. Este conjunto compreendeu jornalistas independentes e representantes de 800 meios de comunicação credenciados em 30 países, entre eles, A Jornada do México, que por certo no encontro promovido pela Revista Margen Izquierda, da Editora Boitempo, sobre o futuro do fórum, foi repetidamente reconhecida pelo sociólogo Emir Sader, diante de um auditório atestado de pessoas, como um jornal crítico excepcional no mundo.

Levando em consideração a Carta de Princípios, que estabelece que o FSM não tem caráter deliberativo, e que embora funcione como instância articuladora, não tem a pretensão de ser um espaço de representatividade da sociedade civil mundial. Ao final da tarde do passado domingo 31 de janeiro foram lidos os documentos elaborados em 22 assembléias temáticas, nos quais se sintetizaram os principais pontos que se discutiram durante os quatro dias do Fórum. Tendo como eixos os direitos humanos, a justiça ambiental, os direitos coletivos dos povos, e ações para preservar a região panamazônica, neles se estabelecem compromisso para seguir enfrentando integralmente as conseqüências de morte do sistema capitalista, que na ótica dos movimentos sociais do mundo, gerou uma economia, uma política e uma civilização totalmente desconexas das necessidades mais elementares dos povos e dos direitos da natureza.

Como sempre aconteceu em todos estes Fóruns, nessa Assembléia Geral se acordaram também uma série de ações internacionais dos movimentos sociais que incluem, para este ano, mobilizações para defender o direito humano à água, a sua administração não comercial e sustentável durante o Fórum promovido pelas multinacionais em Istambul, Turquia, a partir da terceira semana de março; sua presença no encontro dos principais países industrializados e emergentes em Londres, os primeiros dias de abril, para pressionar o mundo por uma alternativa à atual crise inédita do sistema capitalista, e no dia 4 de abril em Estrasburgo, diante do parlamento Europeu, e depois, no dia 28 de julho na Itália, para seguir promovendo um mundo sem armas e sem guerras. Para o dia 12 de outubro está prevista uma mobilização global das organizações indígenas contra a mercantilizaçã o da vida, os transgênicos e a defesa de seus direitos à terra e a seus territórios, e em dezembro deste ano em Copenhague, palco da reunião da ONU sobre a mudança climática, um encontro global para promover as conclusões do Fórum sobre este urgente tema.

Em torno dos eixos da criminalização do protesto social, a violência de gênero, a discriminação e os direitos econômicos, sociais e ambientais, a declaração do Fórum sobre os direitos humanos estabelece também propostas concretas de solidariedade entre as organizações e os movimentos sociais, campanhas globais e mecanismos de vigilância, controle e comunicação por parte de agentes particulares e de governos, assim como ações de solidariedade com o povo palestino e a autodeterminação das nações e os povos originários. Ao final do Fórum quase todos os comentários dos participantes coincidiram em que este vai à direção correta, cada vez mais fortalecido pela crise atual do sistema capitalista, porém que é necessário atrair mais entidades da Ásia, África, Leste da Europa e outras regiões do mundo. Ficou, entretanto sem resolver a polêmica, também cada vez mais intensa, de se o Fórum pode assumir tomada de posição mais concreta em torno de temas urgentes, assim seja através das Assembléias dos Movimentos Sociais.

Frei Miguel Concha Malo, O.P.é promotor regional de Justiça e Paz de Cidalc.
(Artigo publicado sábado 7 de fevereiro no jornal mexicano "La Jornada")
Pós Post
Após concluir esse post, tive acesso a um outro texto do Frei Betto, que já encaminha resposta para uma das minhas indagações é possível um novo mundo sem utopias? Acrescento pois o texto aqui (com comentários meus após alguns trechos):
NOVOS VALORES PARA NOVA CIVILIZAÇÃO - Frei Betto

No Fórum Social Mundial de Belém se concluiu que as alternativas ao neoliberalismo e à construção do ecossocialismo não se engendram na cabeça de intelectuais ou de programas partidários, e sim na prática social, através de lutas populares, movimentos sindicais, camponeses, indígenas, étnicos, ambientais, e comunidades de base. Aqui entro eu: Será? Temos que ser mais realistas e menos idealistas; venho de um contato muito intenso com um setor do movimento social e hoje diria que apesar de concordar na teoria com a afirmação acima discordo na prática. Devemos ter claro que o MST, por exemplo, é uma excessão.

Para gestar tais alternativas exigem-se pelo menos quatro atitudes. A primeira, visão crítica do neoliberalismo. Este aprofunda as contradições do capitalismo, na medida em que a expansão globalizada do mercado acirra a competição comercial entre as grandes potências; desloca a produção para áreas onde se possam pagar salários irrisórios; estimula o êxodo das nações pobres rumo às ricas; introduz tecnologia de ponta que reduz os postos de trabalho; torna as nações dependentes do capital especulativo; e intensifica o processo de destruição do equilíbrio ambiental do planeta.

A segunda atitude - organizar a esperança. Encontrar alternativas é um trabalho coletivo. Elas não surgem da cabeça de intelectuais iluminados ou de gurus ideológicos. Daí a importância de se dar consistência organizativa a todos os setores da sociedade que esperam outra coisa diferente do que se vê na realidade atual: desde agricultores que sonham lavrar sua própria terra a jovens interessados na preservação do meio ambiente. Aqui entro eu de novo. Neste caso sim concordo até mesmo como antropologo que a solução se encontra com os próprio grupos.
Terceira atitude - resgatar a utopia. O neoliberalismo não visa a destruir apenas as instâncias comunitárias criadas pela modernidade, como família, sindicato, movimentos sociais e Estado democrático. Seu projeto de atomização da sociedade reduz a pessoa à condição de indivíduo desconectado da conjuntura sócio-política- econômica na qual se insere, e o considera mero consumidor. Estende-se, portanto, também à esfera cultural. Como diria Emmanuel Mounier, o individualismo é oposto ao personalismo. Pascal foi enfático: "O Eu é odioso". De novo é necessário irmos além das proposições vagas. NEM todo Eu é odioso mas sim o projeto capitalista de enfraquecimento da humanidade, pois em última análise ao ataque capitalista nem mesmo o Eu odioso de Pascal sobreviverá, visto que este Eu pode ser séria ameaça utópica ao projeto neo-liberal.

No seu apogeu, o capitalismo mercantiliza tudo: a biodiversidade, o meio ambiente, a responsabilidade social das empresas, o genoma, os órgãos arrancados de crianças etc, e até mesmo o nosso imaginário. Um exemplo trivial é o que se gasta com a compra de água potável engarrafada em indústria, dispensando o velho e bom filtro de cerâmica ou mesmo a coleta da limpíssima água da chuva após um minuto de precipitação.

Sem utopias não há mobilizações motivadas pela esperança. Nem possibilidade de visualizar um mundo diferente, novo e melhor.

Quarta atitude - elaborar um projeto alternativo. A esperança favorece a emergência de novas utopias, que devem ser traduzidas em projetos políticos e culturais que sinalizem as bases de uma nova sociedade. Isso implica o resgate dos valores éticos, do senso de justiça, das práticas de solidariedade e partilha, e do respeito à natureza. Em suma, trata-se de um desafio também de ordem espiritual, na linha do que apregoava o professor Milton Santos, de que devemos priorizar os "bens infinitos" e não os "bens finitos".

O projeto de uma sociedade ecossocialista alternativa ao neoliberalismo exige revisar, a partir da queda do Muro de Berlim, os aspectos teóricos e práticos do socialismo real, em particular do ponto de vista da democracia participativa e da preservação ambiental. Aqui para mim atingimos nosso calcanhar de aquiles; sei que assustarei muito mas não importa: é preciso rompermos com essa verdade absoluta chamada democracia e com essa sua vertente iluminada pelos intelectuais e gurus chamado Democracia Participativa. Principalmente se entendermos por democracia participativa, por exemplo, os projetos petistas. Vide o caso do OP e mesmo de políticas específicas como as dos quilombolas. Em uma locução "pra inglês ver".

O ecossocialismo se caracterizaria pela capacidade de incorporar conceito e práticas de igualdade social e desenvolvimento sustentável a partir de experiências dos movimentos sociais e ecológicos, assim como da Revolução Cubana, do levante zapatista do Chiapas, dos assentamentos do MST etc.

É vital incluir no projeto e no programa os paradigmas ora emergentes, como ecologia, indigenismo, ética comunitária, economia solidária, espiritualidade, feminismo e holística.

Este sonho, esta utopia, esta esperança que chamamos de ecossocialismo, não é senão a continuação das esperanças daqueles que lutaram pela defesa da vida, como Chico Mendes e Dorothy Stang, dois lutadores cristãos que deram suas vidas pela causa dos pobres, dos explorados, dos indígenas, dos trabalhadores da terra e dos povos da floresta
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