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domingo, 5 de setembro de 2010

A IGREJA NOSSA SENHORA DO CARMO

O texto abaixo é na verdade memórias não revisadas sobre o papel. Portanto pode ser que não faça sentido para uns e outros. Logo abaixo, uma matéria jornalistica de uma Revista aqui de BH.

A Igreja do Carmo

Quando criança era um freqüentador assíduo das missas da Igreja de Nossa Senhora do Carmo. Ir a Missa era algo bastante prazeroso e esperado. Engraçado minha mãe conta que meu afã era tão grande que eu a reaproximei da Igreja.

Por outro lado, desde muito cedo, me incomodou a maldita injustiça. Desde muito cedo aprendi como afirmara o poeta Carlos Drumond “Vai Carlos ser gauche na vida”. E assim sigo pelas margens. Aproximando, portanto, por um lado este catolicismo primário e, por outro esta incapacidade de aceitar o injusto. Acredito que um dos locais onde me tornei o que sou hoje foi a Igreja do Carmo. E nesta, seu líder Frei Caludio Van Balen, ou simplesmente Frei Claudio. Frei Claudio merece o título de Padre. Na figura de Frei Claudio encontramos as melhores qualidades a um ser humano: decência, honestidade, caráter, respeito ao próximo, acima de tudo em Frei Claudio encontra o verdadeiro conceito de justiça cristã. Acho que foi na Igreja do Carmo que compreendi que era inaceitável a injustiça, pois nela Jesus de Nazaré é novamente crucificado. Na Igreja do Carmo apreendi que Jesus em sua infinita bondade é caridade. Lá aprendi que Cristo vive no meu irmão mais humilde que o Cristo Ressuscitado é aquele que se encontra entre as minorias oprimidas. Lá aprendi que o verdadeiro Cristo é aquele que luta junto aos sem terra, aos sem casas, ao sem direitos, aos que são vilipendiados em sua dignidade. Lá aprendi que Cristo ao contrário do que faz crer a hierarquia católica não pertence a senhores, inclusive senhores eclesiais. Mas lá também comecei a perceber que o Jesus que me inspirava não cabia mais na Igreja que o aprisionara, lá comecei a perceber que o Cristo Libertador não poderia se aprisionar em dogmas tão pequenos.
De todo modo, mesmo que a distancia física sempre continuei a ser membro da Comunidade do Carmo. Engraçado que mesmo distante há quase 10 anos do Carmo ainda me sinto membro deste lugar. Ainda quando me coloco nas lutas me lembro da Igreja do Carmo. Na distância física, mas jamais emocional, continuei a ser um paroquiano infiel e, principalmente a ser um entusiasta das lutas do Carmelo Belo Horizontino, seja no dia-a-dia do Ambulatório, seja na caminhada com os irmãos sem casa, sem terra, a favor de um desenvolvimento mais justo, solidário e ecológico, seja nas palavras sempre fortes e sabias de Frei Claúdio. Todas estas lembranças e estes textos são fruto de uma necessidade de colocar no papel o grito de abafo. Este ano de 2010 tem sido bastante difícil. Primeiro foram às queixas e ameaças de destituição dos Freis, depois as repreensões e, agora o silencio de Frei Claudio. Estes são dias difíceis e a crise é nossa como lembra o Conselho de Paroquianos, somos nós o Povo de Deus (mesmo aqueles que como eu já tenha rompido com essa Igreja violada pelo poder demasiado humano, vaidoso e a favor das elites) que estamos sendo questionados, inquiridos e ameaçados. Querem proibir nosso modo de vivenciar a Fe como cidadania, a fé como política, a fé como caridade irrestrita ao projeto libertador dos oprimidos.
A sanha e o medo dos senhores do Templo não toleram um espaço de tamanha cidadania. O que a ditadura tentou e não conseguiu agora a Cúria conseguiu. Mas como sabemos em Jesus a Fé é libertadora. Cristo não se submeteu às intimidações (Lc 13, 31-33); denunciou a dominação daqueles que davam sustentação ao poder local (Mt 23, 13-36; Mc 12, 38-40); mas principalmente aprendemos que os rejeitados são os que participarão da festa do Reino (Lc 14, 15-24). Os últimos serão os primeiros e os que se “vestem com roupas finas e vivem no luxo” (Lc 7, 25) e são a elite da sociedade serão “derrubados dos tronos” e “despedidos sem nada”. Portanto, aqueles que se arrogam em seus solidéus e roupas de luxo, “Todos que usam a espada, pela espada morrerão” (Mt 26, 52).


Materia da Revista Viver
Frei Cláudio, por que te calas?

Há 43 anos ele é vigário da igreja do Carmo. Após o imbróglio que envolveu sua possível saída, o carismático e polêmico padre foi proibido de se pronunciar. Os fiéis deram voz a ele

Texto: Eliana Fonseca
Fotos: Pedro Vilela
Cláudio Van Balen não pode falar. Depois de enfrentar um dos maiores desafios de sua vida religiosa, em que sua posição de vida incomodou a hierarquia da igreja Católica e quase foi forçado a abandonar a Paróquia Nossa Senhora do Carmo, o que esse holandês de 78 anos quer é ficar em silêncio. Pelo menos para a imprensa. Porque para os frequentadores da paróquia do Carmo, onde vive há 43 anos e é conhecido por frei Cláudio, ele não muda nunca. Sua filosofia de vida, em que a cidadania é também um ato de fé, transformou seus fiéis. Aliás, foram essas pessoas que montaram a partir de uma visão um tanto particular, o significado do religioso para cada um deles e para as comunidades das regiões do Carmo.

Os amigos cultivam em frei Cláudio um tipo de herói incomum, que motiva admiração, mas ao mesmo tempo chama todo mundo para participar do feito. Vigário de uma paróquia que agrega regiões que apontam para duas Belo Horizonte – a dos bairros desenvolvidos como o Cruzeiro, Carmo, Anchieta, Sion, mas também para a desigualdade dos aglomerados – frei Cláudio segue à risca em suas ações o preceito de que todos são iguais aos olhos de deus. Há 25 anos, o técnico em enfermagem e morador do Morro do Papagaio, João do Carmo, estava passando por situação-limite na creche grupo Amigo da Criança. O desafio era consolidar a instituição, que era primordial para as crianças do local. “não sabia o que fazer, as crianças estavam passando fome, as mães estavam cobrando uma solução. À noite sonhei que tinha ido à igreja do Carmo”, conta. O encontro com frei Cláudio traduziu-se num apoio que foi constante durante todos esses anos e que tem rendido vários frutos.
Carlos Roberto Vasconcelos: “Frei Cláudio forma, antes de tudo, um cidadão”

Há dois anos, as visitas constantes dos vicentinos aos enfermos e pessoas com deficiência do morro gerou um novo projeto, também com o apoio de frei Cláudio. Essas pessoas estão recebendo banheiros adaptados para possibilitar maior dignidade e mobilidade. Uma das primeiras doações para essas construções veio do vigário da Paróquia do Carmo que repassou 12 mil reais recebidos de herança de uma irmã. “Ele nos falou que dava aquele dinheiro com todo carinho. Frei Cláudio tem um carisma muito especial. Ele é tranquilo, firme em sua espiritualidade. Tudo que ele fala, a gente entende”, afirma João do Carmo.

Essa compreensão ultrapassa bairros e vai buscar aquele católico já cansado dos ritos e discursos da igreja. O que procura algo diferente. Foi o que aconteceu com o especialista em trânsito e assuntos urbanos, José Aparecido Ribeiro. Ele frequentou as igrejas da Vila Paris, Lourdes, Boa Viagem, São Judas Tadeu, São Sebastião, Mãe da Igreja, Belvedere. Nenhuma, em sua opinião, motivava o fiel a uma reflexão maior.

“Frei Cláudio usa a palavra e o conhecimento de maneira muito acessível. Sua mensagem nos leva à paz, mas também à responsabilidade. Ele nos convida a ser cidadãos e isso tudo pregando e praticando uma religião que não nos infantiliza”. Ribeiro frequenta a Igreja do Carmo há cinco anos. Talvez um dos maiores aprendizados que veio com as reflexões de frei Cláudio foi o da responsabilidade que cada um tem com o seu próprio destino. “Ele propõe uma religiosidade adulta em que Deus não é punitivo, mas benevolente, sempre disponível. E o mais importante, ele não precisa de mediadores e nem de representantes. Bastam só eu e ele”, refle- te o especialista.

Essa capacidade de agregar pessoas é uma das características citadas por frei Betto para designar o amigo desde os anos 70. Frei Cláudio desafiou a ditadura militar em falas públicas e cartas ao amigo Betto, publicadas no livro Cartas da Prisão, em que o apoiava, além das visitas rotineiras à família que era sua paroquiana. “Ele é o pároco mais eficiente que já conheci em termos de organizar e dinamizar uma paróquia. Cláudio tem uma coisa rara na igreja Católica, o atendimento personalizado aos seus fiéis. Ele conhece as pessoas pelo nome, dá atenção, além de ser uma pessoa extremamente aberta, ecumênica, sem pre-conceitos, na linha de um discípulo de jesus”, observa frei Betto.

Não há como falar da vida de frei Cláudio antes do Brasil. Quem poderia fazê-lo é o próprio religioso, que preferiu não se posicionar nesta entrevista. Talvez um dos amigos mais antigos do frei seja o médico Lermino Pimenta, 78 anos. foi preciso ele atravessar o Atlântico e aportar em terra francesa para ouvir falar, pela primeira vez, em frei Cláudio Van Balen, um holandês alto e magro que viria a conhecer pouco tempo depois. Era 1966, em viagem para fazer uma pós-graduação, Pimenta encontrou-se com um frade carmelita brasileiro. Conversa vai e vem, a pergunta inevitável da origem levou Pimenta a falar sobre o bairro Carmo e a rua Grão Mogol, onde morava em Belo Horizonte. “Você vai encontrar a paróquia do Carmo completamente mudada”, antecipou o frei ao jovem médico, que não frequentava a igreja porque não gostava da posição política da instituição, que considerava de direita e ligada à organização Tradição, Família e Propriedade ( TFP).

“É um homem extremamente humano. Quando perdi meu irmão em acidente de aviação, ele foi o primeiro a chegar à minha casa para consolar-me. quando fui operado de ponte de safena, ele levava a comunhão. É sempre amigo, leal, franco”, diz.

Entre um dos casos mais emocionantes de que se lembra, está a morte de um cachorro do filho, nos anos 70, quando o menino ainda estava com 10 anos. Transtornado, o garoto foi à igreja conversar com frei Cláudio. Voltou alegre. “Ele ficou mais de uma hora conversando com o meu filho porque sabia da importância daquele animal de estimação para ele”.

O homem sem medo que lutou contra a transposição do rio São Francisco e tem opiniões contundentes sobre aborto, eutanásia em artigos que estão na internet sob críticas severas dos católicos mais ortodoxos, é considerado um revolucionário para seus fiéis. É o caso do engenheiro e empresário Carlos Roberto Vasconcelos, o Tim, que admira o frei principalmente pelo fato de ele sempre estimular as pessoas a exercer a cidadania, a refletir sobre as questões ambiental, social. Frei Cláudio batizou os filhos de tim e também seus três netos. “Ele forma, antes de tudo, um cidadão. Quando ele ficou contra a transposição do rio São Francisco, teve coragem, independência. Autêntico e sincero, tem pontos de vista muito bem definidos e exterioriza isso de uma maneira muito clara”.

José Aparecido Ribeiro: “ele propõe uma religiosidade adulta”

Talvez seja por isso que um fato inédito ocorreu com a possibilidade de frei Cláudio sair da paróquia do Carmo. Houve uma mobilização dos frequentadores para que isso não acontecesse. Foi uma mobilização, segundo os amigos, que nas- ceu da empatia do frei com os fiéis. O médico Lermino Pimenta conta, por exemplo, que tão logo conheceu frei Cláudio no final dos anos 60, ele uniu-se ao religioso em seu trabalho e foi o primeiro médico a atender nas obras assistenciais da Igreja do Carmo. para ele, frei Cláudio é mais do que um padre. “Ele atualiza a liturgia”, diz.

Sua mulher, Eliane Pacheco Pimenta, 70, reforça que essa aproximação foi porque, antes de tudo, frei Cláudio se tornou o principal representante da renovação teológica. “O tempo todo ele sempre defendeu a questão da fé como uma via de libertação da pessoa e não de seu aprisionamento”. Essa modificação traduziu-se num trabalho voluntário sem precedentes na paróquia do Carmo. São cerca de 500 voluntários e um ambulatório médico que atende cerca de 3.000 pessoas por mês. “O grande compromisso do frei Cláudio é mostrar a verdadeira face de jesus Cristo. Qualquer pessoa ligada, muito ou pouco, ao frei sente que pode contar porque ele é realmente um irmão. Ele nos faz muito bem”, completa o médico Lermino Pimenta que, juntamente a outros fiéis e admiradores, deram voz a frei Cláudio nessa matéria.

domingo, 10 de janeiro de 2010

O Plano Nacional de Direitos Humanos, o jornalismo brasileiro e as eleições

Estamos a ver uma verdadeira celeuma, ou melhor, uma guerra contra o "monstro da censura". Senhoras e senhores não se enganem as eleições já começaram e a grande mídia ferozmente já tomou sua posição de guerra. A mesma mídia, que segundo um colaborador do site do Luís Nassif cometeu pelo menos 12 grandes (aqui são grandes mesmos) pataquadas durante o ano que se passou. A mesma mídia que se recusou através de seus órgãos representativos participar da democrática e cidadã Conferencia de Comunicação, a mesma imprensa que se chafurdou e bebeficou-se com os censores e a censura de outra época, esta mesma mídia vem agora golpear o Plano Nacional de Direitos Humanos discutido e debatido também de forma democrática e cidadão.
O que essa mídia quer é eleger aqueles que defendem seus interesses. No Jornal Nacional pelo menos tem-se o mérito de não esconder o jogo, as favas com as regras do bom jornalismo, as favas com o contraditório, as favas com parcimônia e o equilíbrio, lá o negócio é chumbo grosso mesmo. É atacar a todo custo o Plano Nacional de Direitos Humanos visto que este, como disse matéria do Jornal “é fruto de um Estado que é o maior violador destes mesmos direitos” ora tal afirmativa trata-se de truísmo. O que importa mesmo, para estes é o plano macula o direito – falta pouco para eles utilizarem tais palavras – sagrado e natural da propriedade privada, da família e da moral. Vê-se que no fundo eles ainda estão no começo dos anos 60 por isso mesmo tão familiarizzado pelo monstro da censura. E para se sentirem mais em casa além de torpedear tamanho abuso de um Plano que fala em negociação com movimentos sociais e ousa falar em regulação da atividade da mídia (regulação esta que existe nos EUA, Inglaterra, França, Itália, Alemanha...), a nova fixação desta mesma mídia são as crises militares, nos últimos 10 dias já foram pelo menos duas crises. O interessante é que tais crises não se sustentam e nem encontram ecos. A ironia maior de todo esse movimento é que segundo o Datafolha, o editor (e isto faz toda a diferença ele não é um ventríloquo a narrar notícias e sim o editor destas notícias) Willian Bonner é a personalidade que recebe da nossa população a segunda maior nota na escala de "confiabilidade" entre todos os brasileiros.
É por esas e por outras que o esperto Willian chama seus telespectadores de Hommer Simpson. O pior é que tal comparação encontra eco neste resultado. Faz todo sentido com o resultado desta pesquisa. É triste ou não é nossa sina. O Willian Bonner é tão confiável que no dia que o Le Monde, o principal Jornal da língua francesa, pela primeira vez em sua história escolhe uma personalidade para simbolizar o ano: Lula. Tal fato noticiado em todos os veículos de comunicação tornou-se uma não noticia no Jornal do Willian; isso mesmo o JN simplesmente ignorou tal notícia que não entrou na pauta do telejornal. Ora notícia é notícia e disso até eu que não sou jornalista sei. Tanto faz o que acho do LULA e quem lê o Blog sabe o quanto sou critico do governo Lula (critico a sua esquerda). O fato é que ser escolhido o homem do ano e os motivos para tal escolha em um respeitado Jornal referência em uma cultura como a francófona é notícia. Portanto não se preocupem com o monstro da censura pois ele tem um rosto simpático e confiável para os brasileiros.
Para finalizar nós os leitores como sempre censurados que somos pelo monstro da censura interna da grande mídia continuamos perdidos, pois até agora (sábado 09 de janeiro) não vi, ouvi ou li nenhuma matéria explicativa e expositiva sobre o Plano de Direitos Humanos. ouvi, li e vi somente a opinião da Confederação Nacional da Agricultura, do DEM, dos donos da mídia, etc. Espero que o jornalismo não se torne “o mais baixo da escala do trabalho", em homenagem a outro grande jornalista, editor e ancora do jornalismo brasileiro. Aqui a referência é propositalmente agressiva como foi o dito pelo jornalista, agressivo e preconceituoso, pois como ensinou Paulo Freire não importa a titulação que a pessoa possui, mas o que ela tem a oferecer a uma discussão.

sábado, 2 de janeiro de 2010

A década se foi

Hoje são 02 de Janeiro de 2010, portanto, a primeira década do século XXI se foi.Pensei muito em fazer uma série de listas, como tem pipocado em vários sites, blogs e mesmo na mídia convencional. Mas ai esbarrei em um problema que faz toda a diferença. Não tenho boa memória para nomes e datas, ou seja, considero que tenho até uma memória privilegiada quando trata-se dos temas com os quais lido profissionalmente, com informações em geral mas não me peçam para decorar. Essa não é minha praia. Eu sou aquele tipo de pessoa que é capaz de descrever em detalhes um filme mas não se lembrar do nome do mesmo, ou de seu diretor, ator/atriz principal. Portanto, como fazer uma lista de filmes marcantes, por exemplo, se não lembrarei os nomes e assim sucessivamente.
Optei então ao invés de lista. Comentar fatos que me foi retornando a memória. Talvez estes fatos por terem retornado a minha memória sejam mesmo os mais marcantes para mim nesta década. Ah outra coisa não se trata de classificação em ordem, ou seja, não utilizei critério nenhum para descrever os fatos abaixo, somente como dito a memória.
Notícias Marcantes
- 11 de Setembro de 2001, o ataque que mudou a década, a geo-política, a economia e as relações diplomáticas.
- Tsunami do Natal de 2004, tragédia impressionante que vitimou mais de 285 mil pessoas. Talvez pela nossa distância, talvez pela insensibilidade dos nossos dias, talvez pela mediocridade de nossa imprensa. Mas o fato é que até hoje penso que tal tragédia não foi retratada em toda sua dramaticidade. Volto a repetir os mortos passaram de 285 mil, mas se falam em mais de 500 mil, ou seja meio milhão de pessoas, já que em determinado momento as contagens foram suspensas.
- Eleição do Lula, acho que não vou comentar. Pois tal fato necessitaria do meu ponto de vista de milhares de páginas. Portanto, sendo o mais sucinto que posso: foi um prazer eleger o Lula em 2002, foi uma felicidade que nem eles (os Ptecos serão capaz de me retirar) participar da posse de Lula, junto a milhares de outros brasileiros que deixaram os confortos de seus lares e das festas para viajar até Brasília. Foi um desprazer ter votado em Lula em 2002, sem termos já naquele momento cobrado do candidato e de seu partido maiores coerências. Afinal sabíamos e fingimos não saber da Carta aos Brasileiros e dos acordos espúrios. Acima de tudo não votei no Lula em 2006, e continuo - A FAZER OPOSIÇÃO E CRITICAS À ESQUERDA, REPITO À ESQUERDA, PORTANTO, NÃO CONTÉM COMIGO PARA ESSAS IDIOTICES DA DIREITA MIDIATICA. OU SEJA, APESAR DE FAZER UMA OPOSIÇÃO, QUE A MAIORIA CONSIDERA RADICAL AO GOVERNO E AO EX-PARTIDO DOS TRABALHADORES, DISCORDO E DEFENDO O GOVERNO EM PRATICAMENTE TODOS OS EMBATES COM ESSA MÍDIA PODRE. POIS REAFIRMO SOU OPOSIÇÃO A ESQUERDA E NÃO A DIREITA. Para finalizar, podem (AS ELITES CARCOMIDAS) Brasileiras espernearem a vontade, pois apesar das minhas criticas virulentas -repito de esquerda e socialistas- este governo é muito melhor, infinitamente melhor do que os anteriores. Que digam os estrangeiros que percebem claramente tal fato.
- Eleição do Barack Obama, desde só podemos dizer que feito, que dream (para usar a palavra mágica de Luther King Jr) um presidente negro na maior (e por isso na pior) potência do mundo. Tirante isto já sabíamos que no império, tudo muda para permanecer no mesmo lugar. Aliás uma análise do governo Obama se aproxima muito da análise acima do governo Lula, poderia e pode fazer muito ainda pela agenda da esquerda liberal norte-americana, mas lembremos sua principal plataforma (mesmo que transformada para pior pelos conservadores do Partido Republicano e também do Democrata) a criação de um sistema público de saúde acaba de ser aprovado. Isto mesmo, a maior potência do mundo, não tinha um plano público de saúde. Aliás tão bem retratado em filmes e documentários como os do Moore. Alguns já dizem (entre eles ganhadores do prêmio Nobel) que esta (o plano público de saúde) vai ser a maior revolução dos últimos 50 anos. Mico mesmo só o prêmio Nobel da Paz que além de descabido foi indevido.
ps: este blog modéstia a parte cobriu todo o período pré-eleitoral (prévias), as eleições e a apuração do pleito norte-americano. Algo que muito nos orgulha (quem quiser pode rever através das Tags ai ao lado). Nosso modéstia, ainda que aparte, não nos permite esconder que demos várias informações antes da grande mídia brasileira. Pois tínhamos todo uma série de outros blogs em rede.
-Cruzeiro Campeão Brasileiro de Futebol. Que feito, que ano sensacional aquele de 2003. Um feito que ainda não consigo traduzir em palavras.
-César Cielo, maior a parte (e não podemos desconhecer que cientificamente tais maior(es) são um avanço formidável tanto o são que foram proibidos das competições - mas lembremos que desde as Olimpíadas a Federação Internacional de Natação resolvera ela mesma distribuir aos atletas com menores condições financeiras modelos de maior(es) - assim a tecnologia em tese estava a disposição de todos) a César o que é de César. E em plena Roma dos Césares, o César Brasileiro com sobrenome de Céu em Italiano foi coroado Rei. Ave César, Ave. O que César Cielo faz pelo nosso esporte é comparável aos feitos de Maria Esther Bueno, Guga, Pelé, Fitipaldi.
- Tecnologia. Esta foi sem dúvida a década da tecnologia, da massificação da Internet, da alta velocidade, das mídias sociais (Facebook, Orkut, Myspace, Twiter), da explosão dos Blogs que queiram ou não mudaram os rumos da imprensa convencional e oligopolizada, do Google, do Youtube, do 3G. Enfim que década, e o mais importante, ainda não temos distanciamento para fazermos uma análise sociológica, mas sem dúvida, se estava correto o sociólogo inglês Giddens quando ao explicar o surgimento da época Moderna, e acredito que estava, como uma revolução tão estupenda que não podia ser comparada com as épocas anteriores, toda essa tecnologia irá gerar uma nova forma de sociabilidade tão revolucionária quanto a modernidade.
- Crises Econômicas, lembremos que esta década já surgira de duas grandes crises econômica e, para muitos assistiu nos últimos dois anos a maior crise econômica desde o crash de 1929. Pode até não ter sido tudo o que previram mas de fato foi uma baita crise. Aliás pode não ter sido aqui, pois no mundo desenvolvido de fato a crise foi estupenda. E aqui palmas para o governo Obama que conseguiu segurar a fera pelos chifres pois lá a coisa foi muito feia.
- O Surgimento do Brasil como potência, enfim o país do futuro chegou lá. E hoje já é considerado (para desespero das vivandeiras da elite carcomida) um país respeitável. Para muitos o país a ser ouvido em várias polêmicas. Segundo o Financial Times será a quinta economia do mundo. Segundo o Le Monde é a nova prima donna da diplomacia internacional. E pasmem, apesar das Folhas, dos Globos e outros tentarem esconder e pior, criticarem de forma leviana, a Diplomacia Brasileira, a conservadora e influente Revista Foreign Affairs, considerou a diplomacia Brasileira a melhor do mundo, o que eles lamentam, pois com tal atitude o Brasil torna-se potência e não irão se submeter mais aos mandos norte-americanos. E até pouco tempo éramos presididos por um imbecil, quem em uma típica atitude de colonializado achava bonito falar na língua do seu conviva e não em sua própria língua como manda a etiqueta diplomática.
- A morte do Rei do Pop, dele Michael Jacson. A respeito ver aqui no próprio Blog um texto que escrevi sobre esse ser humano, demasiado humano e por isso brilhante.
Discos
Esta foi a década do Samba e das cantoras. Ê Semba ê. Nesta nossa listinha fazem samba ou flertam com ele: Cassia Eller, Maria Bethania, D. Jandira, Aline Calixto, Marienne de Castro, Beth Carvalho, Elza Soares todas sambistas.
Ps: como já afirmei minha memória para nomes não é das melhores, portanto, podem ter injustiças, ou seja, posso ter esquecido discos que me foram bastante caros nesta década.
Outra coisa que já é sabido dos mais próximos, sou um verdadeiro apaixonado pelo samba, pela música brasileira dos anos 60 e 70, principalmente música negra (aliás grande parte dos posts deste blog são dedicados a este tema), gosto também da Soul/Funk/Gospel norte-americano e por fim do chamado Brock dos anos 80 e inícios dos anos 90. Tudo isso para dizer que ouço muito pouco do que tem sido produzido atualmente. Aliás oço pouco porque o pouco que ouço em geral me desagrada.
- Vou começar com dois discos da década anterior, mas como foram lançados em 1999, boa parte destes discos foram sucessos em 2000 e 2001.
Californication do Red Hot Chilli Pepers e
There's Nothing Left to Lose do Foo Fighters
- Qualque um da Cássia Eller lançado nesta década e, olha que estão abaixo, dos discos dela da década de 90. Destaque para Acustico MTV de 2001 e 10 de Dezembro de 2002, ainda não ouvi o disco que é resultado da grvação ao vivo do show no Rock in Rio, de 2006 mas como vi aquela apresentação, o disco deve ser ótimo.
- Maria Bethania. PAUSA. Da minha paixão por Bethania é publica e sabida aqui no Blog. Mas como disse Nelson Motta, será ela uma ENTIDADE, Maria Bethania não tem altos e baixos em cerca de 45 anos de carreira só teve altos. Cada disco é um acontecimento. Portanto Ave Maria Bethania que nessa década nos brindou com 03 obras fantásticas. Brasileirinho de 2005, disco que inaugurou o selo da autora. Sobre este disco só posso dizer. Obrigado. Santeria de 2009, belissímo. Maricotinha lindíssimo e olha que deixei de fora Mar de Sophia, Ao Vico com Omara portuondo entre outras obras impares.
- Sandra de Sá e seu wonderful MPB, Música Preta Brasileira. Eta disco maravilhoso, ao mesmo tempo dançante e emocionante. Como a boa tradição Soul, este disco apesar de ser para dançamos, a dança aqui é libertadora, por isso também é um disco para se emocionar, como alías se emociona sempre 9chega as lagrimas) Sandra em algumas canções.
- Joss Stone, todos. Se bem que gosto demais do primeiro disco, The Soul Sessions de 2003 da maior cantora negra-branca, ou seria, da maior cantora branca-negra do mundo. Os criticos adoram seu terceiro disco, Introducing Joss Stone 2007, que também é o favorito da própria cantora. Acho belo como os demais da cantora mas fico com o primeiro. Uma grande obra.
- Gilberto Gil Viva São João (2001), simplesmesnte lindo e emocionante. Principalmente para quem tem algumas raízes no sertão.
-Marienne de Castro e seu maravilhoso disco de estréia Abre Caminho. Taí uma grande sambista e grande cantora. Para saber mais veja aqui no próprio Blog uma pesudo-critica (já que não sou especialista) bastante grande da cantora e deste disco.
Elza Soares Do Cóccix Até O Pescoço (2002) falar o que desta mulher, que foi considerada pelo BBC de Londres como uma das vozes do século passado. Neste disco entre outras coisas ela faz uma versão definitiva de Haiti entre outros eptardos em sua voz unica.
- Dona Jandira e seus disco de 2007 com mesmo nome. Falar o que sobre essa voz espetacular. Fico com o sambista Dudu Nicácio é a nossa Janis Joplin. D. Jandira uma mulher negra de 71 anos e que gravou pela primeira vez com 69 anos, consegue canbtar samba com verve de blues e blues com o balanceio do samba. Desde Elza Soares não via tamanha voz.
Aline Calixto, essa mineira premiada e super respeitada no meio do samba, seu primeiro disco, Aline Calixto de 2009 é um belo exemplo de que o samba (tal como prova Marienne de Castro) continua a ser o grande ritmo brasileiro.
- Los Hermanos e Seu Bloco do Eu Sozinho (senão me engano de 20010 foi a prova de que o pop-rock comercial teve alguns poucos momentos de lucidez e bom gosto. Este é um discasso. Que em certos momentos me lembrou os melhores momentos de Cazuza e Renato Russo.
- N.U.C e sua Resistência (2004), com esse disco os Negros da Unidade Consciente do Alto Vera Cruz mostrou que o Hip-Hop combina perfeitamente com bom gosto. Neste disco temos o melhor que o hip-hop brasileiro produziu, ou seja, uma música de protesto, de denuncia social, de análise político-social mas ao mesmo tempo com pitadas da cultura negra genuinamente brasileira. Assim neste disco o hip-hop é também cantiga de Roda com a participação das Maravilhosas Meninas de Sinhá (um grupo de senhoras moradoras do Alto vera Cruz/Taquaril). "No Alto Vera Cruz tem um Furacão que estremece o chão, que estremece o chão!!!!"
- Renegado e seu grande disco Do Oiapoque a Nova York, este disco do antigo vocalista do N.U.C Flávio Renegado é uma bela biografia do músico, de sua vida e de sua arte, no entanto, mais do que um relato pessoal, sua história mimetiza a história de milhares de outros jovens, pobres, pretos, da periferia, filho de mães solteiras e etc. é isso ai, para n´so que conhecemos a galera do Alto Vera Cruz/Taquaril o Flávio chegou lá da rua Oiapoque até fazer show em Nova York, com direito a escalas em Cuba, mas acima de tudo e, por isso mesmo, um grande artista acima de tudo o filho da D. Regina do Morro do Taquaril.
- Menção Honrosas para Diogo Nogueira Tô Fazendo a Minha Parte (2009), Adriana Calcanhoto Adriana PartiPam (2004) como é bom ser criança inteligente, não fica devendo nada aos maravilhosos discos infantis de Toquinho, Vinicius, Chico Buarque e Raul Seixas. Beth Carvalho e seus Beth Carvalho - 40 ANos de Carreira - Ao Vivo no Theatro Municipal Vol 1 e 2. (2006) e Beth Carvalho canta o Samba da Bahia (2008).
TV
House e Grey's Anatomy, mostram que a boa literatura independente do meio que se utilize é algo mágico. Grey's Anatomy na minha modéstia opinião é um dos amiores produtos da cultura de massa de todos os tempos.
Destaque na verdade para as séries. Os yankees são muito bons realmente, estou cada vez mais sériemaniaco. São tantas e boas opções.
Cinema
Com os lapsos de memória, esta era a lista que não queria fazer, pois vi cada coisa maravilhosa fora do circuito comercial nos festivais que rolam por aqui, e vou te dizer só no ano passado foram sem exageiros uns 10 festivais em BH,mas com certeza não vou lembrar o nome dessas obras primas quase sempre de países não centrais, assim como não lembrarei os excelentes filmes que vi principalmente nos anos de 2001 e 2002 no Belas Artes (explico, nesta época os 10 primeiros alunos da UFMG podiam entrar de graça nesta rede de cinema e como teve uma greve, meu esporte era ir ao Cinema todos os dias) mesmo assim vai ai uma listinha (na maioria filmes yankees comerciais, este pelo apelo publicitário e mesmo pela net acabam por ficarem mais claros na lembrança):
- As Invasões Bárbaras (2003) de Dennis Arcande Cidade de Deus (2002) de Fernando Meireles, dois dos maiores filmes que já vi na vida, osúnico que na minha opinião entrariam em uma lista de verdadeiros clássicos de todos os tempos.
- Má Educação o meu preferido, mas para falar a verdade de Almodovar todos os que vi nesta década foram bons.
- Já que foi uma década dos filmes da pixar: Procurando Nemo, das melhores análises sociológicas que eu vi.
- Adeus Lenin (2002) de Wolfang Becker
- Uma Mente Brilhante (2001) de Ron Howard
- Quase Famosos (2000) de Cameron Crowe
- Snatch Porcos e Diamantes (2000) de Guy Ritchie
- Bicho de sete Cabeças (2001) de Lair Bodanski
- Lucia e o Sexo de (2001) de Julio Medem mais um da boa invasão espanhola do fim dos anos 90 e início dos 2000. Depois os espanhois resolveram invadir foi o tênis.
- Onze Homens e um segredo, na verdade aqui rendo homenagem a toda a franquia. É o tipo de filme gostosode se ver e ponto final. Bom elenco e direção brincando de atuar.
- X-Men outra homenagem a franquia. Sé é para fazer entreterimento que se fça com qualidade. O mesmo vale para a série Homem- Aranha.
-Sideways entre umas e outras de Alexander Payne de 2004, isso sim que é movierood e dos bons.
- O último Rei da Escócia de 2006 de Kevin Macdonald
- Madame Satã
- Cauza
Pois é ...faltando tanta coisa. Mas em termos de atuação doia década de Natalie Portman.

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Neutralidade, Imparcialidade e Ideologia

Por que é terça-feira e estou assim assim....situação, no mínimo inusitada, nos últimos 11 meses:
- Cansei de ler por ai: o Filme Lula um filho do Brasil (esclareço que ainda não vi o filme e provavelmente não gostarei, mas isso tem haver com minha ideologia cinematografica, não gosto dos filmes simplórios e cheios de clichês do Fábio Barreto) é um filme político. Ora bolas. É um filme sobre um político....um político profissional na acepção weberiana do termo, lembremos antes de chegar a presidência Lula recebia um bom salário do PT. Posto isto durmamos com os idiotas do óbvio ululante...aqui nada ver com Lula.
- pior mesmo é só ter que aguentar um imbecis transvestidos de intelectuais, no fundo um bostas neocom tipo Ali "Não Somos Racistas" Kamel e seu indecifrável livro; "Dicionário Lula..." dei uma folheada nesta - bom não sei como classificar tal obtusidade- digamos assim obra. Nossa assustador....tudo bem que pelo autor já imaginávamos algo ruim, mas supera com louvor o prometido.
- Isto tudo me lembra minha luta acadêmica contra a neutralidade. Essa mentira moderna positivista. E crianças não confundam neutralidade com parcialidade. É totalmente possível ser imparcial e não ser neutro. Incrível como esta questão ainda rende no meu campo, as ciências sociais, quando já deveria ser algo dado como óbvio. Inclusive a Física, ela mesma chamada de ciência hard já deu várias provas de que não é possível falar em fazer absoluto. A relatividade de Einstein já nos mostrou com cálculos matemáticos tal realidade. Lembremos que estes cálculos são provas da inexistência da neutralidade.
- Portanto combinemos assim parcialidade, neutralidade e lógico sua prima-irmã a ideologia somente os outros possuem. Assim o filme sobre Lula é uma peça político ideológica, mas o livro de Kamel é uma obra científica(rs,rs,rs) neutra, imparcial e não ideológica. Aqui os risos não dizem respeito ao fato de Kamel não ter obras científicas e sim ao fato que a ciência é ela própria a expressão acabada da ideologia moderna, aquela que se quer pura e imaculada.

domingo, 15 de novembro de 2009

Hoje é dia da Republica

Hoje são 15 de Novembro e marca os cento e vinte anos (120) da Proclamação da República do Brasil. Considero uma pena que esta data seja solenemente esquecida em nosso país. O que é uma pena. Não pelo processo brasileiro em si, que na verdade foi um golpe militar-civil das elites (o primeiro de vários). Mas pela importância da ideia republicana. A Res-Publica é uma das ideias mais nobres do pensamento político ocidental. E, de fato, o que o Brasil mais precisa e sempre precisou foi de ser uma República - ou seja um governo voltado para a Coisa Pública e para a decisão publica e debatida por seus cidadãos. Falta urgentemente ao Brasil ser República e ter consciência republicana, aquilo que o professor Cardoso de Oliveira também chama de consciência cidadã. Assim, por exemplo, não jogaríamos lixo no chão ou mesmo desrespeitariamos uma fila no banco. Ser republicano de fato é não jogar papel no chão pois trata-se do espaço de TODOS e não o de NINGUÉM como erradamente faz crer este senso comum não cidadão. Ser republicano significa considerar que o favorzinho que eu peço a um funcionário público amigo é tão ou mais grave do que as tramoias do Sarney. São da mesma natureza a diferença é o grau de prejuízo. Então ficamos assim Viva o dia da República.
Lembremos ainda que o dia 15 de Novembro, é bastante importante também pois foi nesse dia, que em 1989 o BRASIL FOI AS URNAS. A PRIMEIRA ELEIÇÃO DEMOCRÁTICA PARA PRESIDENTE EM 40 ANOS. ALÉM DISSO FOI A PRIMEIRA e VERDADEIRA ELEIÇÃO COM SUFRÁGIO UNIVERSAL. Para falar a verdade em 1989 tinha 07 anos e não tenho tantas lembranças assim desta eleição. O pouco que me resta na memória diz respeito a um vizinho petista daqueles que se eu escrever aqui os mais jovens duvidarão e acharão que se trata de um personagem teatral por mim inventado. Mas é verdade existiu um tipo especifico de brasileiro, que ouso a dizer, que naquela época era um modelo de cidadania e civismo para todos nós: os militantes petistas. Então a estes e as suas lutas minha homenagem. Até porque estes não tem nada haver com esse Partido que os mais jovens conhecem. Aliás eu e o amigo Daniel do Peramblogando, inclusive já fizemos um trabalho acadêmico demonstrando que o PT do inicio de 2003 (que era infinitamente melhor do que o de hoje - haja decadência) não tinha nada haver com o grandioso partido de massas e de esquerda socialista e democrática que existia nos anos 80. Tenho comigo que a maior derrota das esquerdas brasileiros se deu em 1989. Aquela derrota do Lula marca o que é o governo Lula hoje. Foi ai que o PT foi apresentado ao saco de maldade e resolveu ser mais do mesmo e fazer como os outros.

domingo, 13 de setembro de 2009

setembradas

Para variar os afazeres e a correria das viagens tem me afastado cada vez mais do brog. Vamos então a uma série de curtinhas ou setembradas.
- Antonio Olinto, nasceu 1919, em Ubá, Zona da Mata mineira, poeta, romancista, ensaísta, critico, jornalista, colunista de O Globo, ele ocupava a cadeira 8 da ABL, que deixou vaga ao morrer no Rio entre o dia 11 e 12 de setembro.
Em 1962 o Primeiro-ministro Tancredo Neves, sabendo da ligação que ele e a esposa, a jornalista e teatróloga Zora Seljan (belo-horizontina, filha de um etnógrafo croata), mantinham com a cultura negra, ofereceu-lhe o cargo de adido cultural na embaixada do Brasil na Nigéria.
Os tempos passados em Lagos renderam uma trilogia que, embora jamais indicada nos vestibulares brasileiros, foi traduzida para 19 idiomas. Escreveu dezenas e dezenas de obra sobre a África e sobre os afro-brasileiros.
Para entender melhor as ligações do Brasil com a África, vale a pena ler a trilogia Alma da África, composta por A Casa da Água, O Rei de Keto e Trono de Vidro.
-Dia 11 de setembro completou 08 anos dos atentados as Torres Gêmeas e como sempre as homenagens emocionantes e os discursos de combate ao terrorismo. Nisso pouco mudou o governo Obama em relação ao governo Bush. Aliás pouco mudou também no que diz respeito aos fracassos quer seja no Iraque quer seja no Afeganistão. A guerra ao Terror é um grande embaraço e desastre. Diga-se de passagem que neste último, em nome da geo-política, sempre ela, os EUA apoiaram e fizeram vencer nas eleições nacionais o maior traficante de ópio do mundo. Sim o vice-presidente eleito do Afeganistão é um poderoso fabricante de opiaceo. E o Afeganistão o responsável por quase toda a produção mundial desta droga.
- Dia 11 de setembro também foi o dia do magistral discurso de Allende a sacada do palácio presidencial. Discurso forte, corajoso, brilhante de um homem que já se decidira por entrar para a história ao resistir com a própria vida no Palácio ante as tropas insurrentes lideradas pelo sanguinário Pinochet.
- Interessante a menos de 01 ano o discurso era de que a Copa do Mundo seria toda bancada pela iniciativa privada. Grande balela, disso todos nós sabíamos. Agora que causa espécie, será que causa mesmo??? é a cara de pau e a voracidade dos empresários do mundo da bola sobre o nosso suado dinheirinho...Inacreditável. Como aliás o silêncio do MPF. Como disse o presidente do Jornal Esportivo O Lance tal silêncio de um órgão tão sério e combativo causa desconforto e estranhamento. Aqui pelo lado das Minas a festa já começou é um tal de reforma da Arena em Sete Lagoas, do Independência em BH sem contar os gastos faraônicos do Mineirão. Aliás como faz um cronista daqui, perguntar não ofende: Se efetivamente se realizarem as reformas tal qual a maquete o novo Estádio Independência será uma Arena maravilhosa no mesmo estilo das londrinas, com torcida ao lado do campo, sentada em cadeiras confortáveis e sem alambrados e com capacidade para cerca de 45 mil torcedores. Se assim o for com todo respeito para que um Mineirão com 60 mil lugares? A diferença é pequena. 90% dos jogos tem menos do que 40 mil torcedores e como o estádio Independência fica na região central....enfim dizem que aqui em Minas nessa brincadeira são mais de meio bilhão de reais....irresponsabilidade....diante de tanta precariedade...irresponsabilidade com dinheiro do estado de Minas Gerais, com dinheiro federal, do BNDES e Caixa Econômica Federal....aliás de novo se perguntar não ofende: se o BNDES e a Caixa vão emprestar cerca de 60 milhões de reais ao América para a reforma do estadinho do Horto, como pagará tal divida o América Mineiro? Afinal com o novo Mineirão Cruzeiro e Atlético continuaram mandando cerca de 80 a 90 jogos no Gigante da Pampulha. Ou seja, querem apostar que em 2015 será editada uma daquelas leis perdoando as dividas contraídas para a realização da copa. De novo nós o populacho vamos pagar a festa dos políticos, da cartolagem, dos desvios de verbas, das ausências de licitações e da gente bonita e graúda da elite. Pois sim senhores se dividirmos o número de jogos da copa pelo número de sede teremos que cada sede teria direito a cerca de 05 jogos. No entanto, como a distribuição não e quantitativa e sim qualitativa. A maioria das sedes terão 03 jogos. Ou seja bilhões investidos para 03 jogos. Sendo que boa parte dos ingressos são reservados para serem vendidos nos países das seleções do jogo, para os patrocinadores e para as agências de viagem. O que restar a preço astronômicos serão vendidos aos nativos. Festa de gente rica e graúda com dinheiro do populacho mirrado e pobre.
-Como o assunto acima é muito indigesto em outro momento trato do Centro Administrativo a maior aberração de verbas públicas que se tem notícias nestas Minas Gerais.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

O Choque de Gestão do Aécio


Nassif em seu blog tem se mostrado, corretamente um crítico contundente da atuação do Sr. José Serra, e como se diz por aqui, vira e mexe cita o Sr. Aécio Neves como contraponto interno no tucanato. Nada mais errôneo e injusto para com ambos. É tudo farinha do mesmo saco. Ora se José Serra vende para todo o país sua companhia de saneamento, o governador de Minas faz o mesmo com sua companhia energética. Ora se Serra pede cabeça nas redações paulistas acredito que a pós-graduação neste assunto seja o estado de Minas Gerais. Fato hoje já reconhecido e, vejam bem, denunciados pela BBC de Londres. Segundo as informações técnicas o estado de Minas Gerais teve uma diminuição de cerca de 30% em seu orçamento, mas ainda assim o governo de Minas Gerais gasta quase 70 milhões de reais, em publicidade. Veja as notícias publicadas no órgão oficial do Estado, o Minas Gerais:

Consórcio Espontânea – MPM - Contrato original: R$ 30 milhões. Acréscimo de 25%, R$ 7 Milhões. Dotação Orçamentária: 1491.04.131.709.4680.0001339039.09.10.1.

Lápis Raro Agência de Comunicação Ltda
.- Contrato Original: R$ 7 milhões, valor do Acréscimo 25%, R$ 1.750.000,00. Dotação Orçamentária: 1491.04.131.709.4680.0001.339039.09.10.1.

RC Comunicação
- Contrato Original: R$ 15 milhões, valor do Acréscimo 25%, R$ 3.750.000,00. Dotação Orçamentária: 11491.04.131.709.4680.0001.339039.09.10.1.

Net Design e Comunicação Ltda. - Contrato Original: R$ 4 milhões, valor do Acréscimo 25%, R$ 1.000.000,00. Dotação Orçamentária: 1491.04.131.709.4680.0001.339039.09.10.1.

Seja através do caladão, seja através da compra de espaços publicitários. Em Minas Gerais, como se diz por ai: está tudo dominado. Principalmente no que se refere aos grandes formadores locais de opinião: Diário Associados (entre outros Estado de Minas, Aqui, Site Uai, TV Alteosa, Rádio Guarani e etc) e Rádio Itatiaia com sua audiência inacreditável.

quinta-feira, 19 de março de 2009

A Chicana

A correria de sempre. Então passo aqui só para comentar a chicana que é o Brasil. É um tal de CPI dos grampos que só serve para defender, pasmem!!!ou não, abertamente um bandido flagrado em suborno. É um tal de Gilmar Dantas, digo Mendes o Supremo agora a ameaçar as liberdades individuais, é um tal de Daniel Mendes digo Dantas a comprar, expor e humilhar a todos no Executivo, Legislativo e Judiciário. A pergunta que fica é: todos foram a cama com o Dantas. Pelo jeito os únicos que não foram são os senhores De Santis, juiz de Direito e Protogenes Queiroz, delegado Federal. E alvo da ira do lamaçal formado pela mídia, políticos, advogados, lobistas e outros da mesma laia. Para continuar a chicana o Senado Federal tinha 181 diretores. É isso mesmo. Nem o presidente da Casa sabia, acredite se quiser. Segundo o Noblat existia diretor de garagem, diretor de ata, diretor de check in e Pasmem!!!aliás nem adianta pasmar,diretor de "autografos em atas"....tá lá no blog do Noblat essa informação.
Diante de tudo isso só nos resta saborear a resposta do Cidadão De Santis, juiz de Direito a chicana da CPI de defesa do Dantas. A resposta do juiz ao pedido da CPI do grampo para quebra do sigilo da Operação Satiagraha é uma aula inesquecível de direito aos membros da CPI.
1) O Juiz mostra que a CPI não só já recebeu, ilegalmente, os dados da Satiagraha como também já prejulgou estas informações, sem a devida análise.
2) Se o próprio STF julgou que a CPI não poderia quebrar o sigilo da Satiagraha, não seria ele, De Sanctis, a decidir em sentido contrário.
3) A CPI veio com um novo pedido de quebra de sigilo sem acrescentar fato novo.
4) A CPI, propositalmente ou não, mistura os grampos realizados pela Kroll (objeto da Operação Chacal) com a investigação da Satiagraha.
5) A Polícia Federal auditou o Sistema Guardião e listou os policiais que tiveram acesso aos registros da Operação Satiagraha. A Justiça verificou que todos os registros de interceptações ali existentes têm embasamento judicial.
6) Não houve, portanto, nenhum indício de “interceptações clandestinas” que tenham sido utilizadas na Operação Satiagraha, como afirma a CPI.
7) O pedido de quebra de sigilo da Satiagraha feito pela CPI, ao afirmar que houve interceptações clandestinas na operação policial, é contraditório com as conclusões do próprio relator da CPI em seu relatório parcial.
8) As possíveis irregularidades cometidas por autoridades durante a Satiagraha já são objeto de investigação pelos órgãos competentes.
9) CPI só existe sobre fatos determinados. A CPI do grampo surgiu muito antes da Satiagraha, não sendo este, portanto, seu objeto de trabalho. E o trabalho de uma CPI não se confunde com o trabalho da Justiça.
10) O trabalho de uma CPI visa o conhecimento do Ministério Público, o aperfeiçoamento do Executivo e do Legislativo. Se todas as questões colocadas com relação à Operação Satiagraha são de conhecimento do Ministério Público e objeto de investigação da própria Polícia (Poder Executivo), não há nada que a CPI possa acrescentar.
11) Os três supostos vazamentos de informação da Satiagraha ocorridos até aqui estão sob investigação por parte da Polícia. E a CPI é suspeita, agora, de ter sido parte de um quarto vazamento.
12) A CPI pressionou a Justiça para obter as informações sobre a Satiagraha.
No mais queria mesmo é recomendar a leitura dos posts abaixo. Estes sim bem mais interessantes.

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Curtas

1- Queria comentar sobre a ditabranda da Folha de S. Paulo. Mas não consigo. Não consigo. Me dá nojo o estômago embrulha e ponto final. Para quem quiser existe centenas de post em blogs, sites e mídia independente. Nessa seara li muita coisa e de todos os lados, mas para início de conversa sugiro esse artigo, talvez o mais sensato ao analisar essa nojeira: http://www.observatoriodaimprensa.com.br/artigos.asp?cod=526JDB001 . Agora nojeira mesmo é ver o silêncio dos vários funcionários da Folha, incluindo ai por exemplo, Juca Kfouri e pior ainda é imaginar que um bando de imbecis e idiotas assinam e compram em bancas tamanha aberração. Aliás esses mesmos idiotas lêem também Veja. ARghh!!!
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2- O Supremo Gimar Dantas que dizer Mendes, o inacreditável levou uma e das merecidas. Viva José Rainha que disse o que muitos de nós queríamos dizer: "Nós estamos lutando pela dignidade humana e o ministro não pode nos dar tratamento diferenciado ao que deu, por exemplo, a Daniel Dantas. Não se pode deixar os ricos sempre a favor da lei e condenar os pobres por se valerem de lutas - disse o líder dissidente do MST."
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3- A mídia daqui sempre errante e ideologicamente dirigida não tem repercutido com a devida atenção as primeiras medidas de Obama na presidência. De um lado, procurando resolver os problemas da saúde pública aumentando os impostos dos mais ricos. E por outro inicia uma luta gigantesca contra o sistema financeiro corrupto (através de estatizações e combate a fraudes e ao Deus Mercado aquele que tudo pode) e contra os paraísos fiscais (tipo o sistema bancário da Suíça na mira da justiça norte-americana).Além disso uma nova política externa esta em gestação em que aposta passa pelo multilateralismo e pelo dialogo nas instituições internacionais. E para finalizar o principal movimento o da ecologia e das energias sustentáveis. Esta tudo muito no começo mas pelo andar da carruagem Obama tem tudo para iniciar uma nova época, em que o ser humano volte ao centro e não o mercado. Dito de outro modo o reinado iniciado por Reagan pode esta chegando enfim ao ocaso. Adeus neo-liberalismo e estado mínimo.
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4- Por outro lado aqui em Pindorama no desgoverno Lula, dos companheiros dos neo-liberais que outrora eles combatiam (tudo estratégia política é claro). Os gênios da ekipeconomica (como bem os apelidou Elio Gaspari ainda no governo de FHC 1º) enfiaram dinheiro nosso, pois público no rabo dos banqueiros (tipo Votorantim do companheiro Ermirio de Morais, exemplo de empresário brasileiro - eis ai uma verdade inegável: belo exemplo do cornubio estado-empresariado a favor sempre dos segundos) dos exportadores e de todo tipo de bandido financeiro, no entanto, nada para o setor produtivo; eis, ai que entra o drama da Embraer e suas mais de 4000 demissões. Bota na conta da política neo-liberal lulista, aquela que radicalizou os princípios de FHC, por exemplo, na questão dos juros e do superavit fiscal aquele para pagar a divida externa que várias auditorias a começar pela CNBB consideram ilegal e ilegítima. Mas nada como viver na Pindorama.
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5- Carnaval: No Rio venceu a melhor escola, o melhor desfile, o mais empolgante.Ainda que pessoalmente tenha gostado muito do desfile da Vila Isabel que ficou em quarto lugar. Parece que estávamos adivinhando a uns dois posts abaixo leia a cronica que escrevi sobre a importância do tema África, africanidades e afro-brsilidades para o Salgueiro. Não deu outra ao voltar ao seu tema caro o Salgueiro retornou ao caminho dos triunfos e consagrou de vez a genialidade de Renato Lage, que na época de Mocidade sempre saia da avenida vencedor ainda que várias vezes preterido pelo júri. Falando em Lage lembramos da época áurea da minha Mocidade, dona do maior fiasco desse ano. A Mocidade tal como alguns clubes grande de futebol a quatro anos ronda a área da queda esse ano ficou na penúltima posição e durante a apuração ficou algumas vezes em último. Abre teu olho Mocidade que de tanto tentar uma hora consegue. Lembrando que a Estrela da Vila Vitem subiu para primeira divisão do samba em 1959 e de lá para cá jamais caiu. A verdade é que estamos perdido desde o fim do clã Andrade. é necessário que a Mocidade ou se profissionalize tipo Mangueira, Vila e outras ou então arranje rapidinho novos patronos ou seja contraventores do bicho. Mas do jeito que estar é que não pode continuar esse é o grito de um mocidadense angustiado e envergonhado com o ridículo Carnaval desse ano. Sorte foi a infelicidade financeira do Império que realmente foi muito aquém do esperado.

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

algumas palavras sobre política e Fórum Social Mundial

1- Li já não me lembro mais aonde um artigo interessante do Paulo Moreira Leite em que ele analisa o PSDB e sua plataforma para as próximas eleições. Antes um parêntese: já deixo claro por principio que tenho sempre problemas com as análises feitas pela mídia tradicional, pois ela já partem de um realismo que me incomoda. Dito de outra maneira, não existe nada diferente do que esta ai só variações sobre o mesmo tema (por isso logo abaixo comentaremos sobre o Fórum Social), no entanto dentro desta limitação ou dentro deste realismo pragmático o texto de Moreira Leite me chamou a atenção, pois vai em pontos chaves do que são os tucanos hoje. Abaixo o que acho deste partido:
-Os Tucanos são ideologicamente hoje de direita (quero acrescentar culpa de FHC que deturpou o programa do partido originalmente bastante próximo da esquerda democrática alemã). Por isso são privatistas a todo custo (mesmo quando a prática encontra em desuso nos países centrais). Ou seja, se alinharam aos ideologos do neoliberalismo (mesmo quando este se encontra em desgraça e renegado até mesmo por seus ideólogos no mundo central - EUA e Europa). Essa transformação é ruim pois deixou o partido refém da direita mais atrasada e retrograda aquela que por razões preconceituosa critica os programas sociais sem antes avaliar o impacto positivo ou mesmo a necessidade objetiva destes (sem propor nenhuma outra opção, ou que provavelmente ao assumir o governo continuará com os mesmos programas com finalidades eleitoreiras - a tal da desgraça preconizada por Sérgio Mota - 20 anos no poder- que vale tanto para PSDB quanto para PT, ou seja um compromisso não com o país e sim com o poder - não se trataria de uma crítica política a esses programas e sim de uma desfaçatez eleitoreira e preconceituosa). Essa opção neo-liberal dos tucanos não permite que eles critiquem os pontos falho do governo Lula, ou seja sua política econômica (por exemplo os juros extorsivos). Refém dessa direita preconceituosa estaremos refém de um desmonte seletivo do estado social brasileiro construído mal e porcamente por esse governo atual. Mas a título de registro: não confundam essa nota como apoio ao governo atual, continuo considerando esse um governo medíocre dos piores que já tivemos, a questão aqui é de pêndulo, como sou de esquerda (o que hoje diante da esquerda convencional deve ser chamado de extrema - esquerda) acho pífio o governo Lula. E vou mais longe e já disse isso a alguns amigos com Dilma, Serra ou Aécio só nos restará o exílio (mesmo que somente mental), pois são todos farinha do mesmo saco e como já propos várias vezes esta na hora de PT e PSDB se fundirem pois foram gestados juntos. Tal fusão não ocorre (e disso concordam mesmo os cronistas ligados a direita), por razões puramente eleitoreiras, ou seja que irá ocupar os cargos comissionados.
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2- A Carta Maior a Veja da esquerda Lulista (pois se criticamos a grande mídia direitista) devemos ser coerente e fazer o mesmo com a mídia dita de esquerda que tem o mesmo comportamento só que com sinais trocados como a Carta Maior traz uma matéria denominada Nasce, na França, o Novo Partido Anticapitalista. Segundo a matéria (re-lease do próprio partido): Novo partido reúne maioria da Liga Comunista Revolucionária (LCR), que aprovou sua própria dissolução para criar nova organização, além de militantes comunistas, socialistas e ecologistas. Segundo um dos principais líderes do NPA, as referências programáticas do novo partido são a ruptura com o capitalismo e a independência total em relação ao Partido Socialista francês. "Esquerda da esquerda" francesa acredita que já tem 15% de votos. (...) Para continuar a alargar sua base, o NPA quer "seguir o melhor das tradições do movimento dos trabalhadores, sejam elas trotskistas, socialistas, comunistas, libertárias, guevaristas, ou envolvidas na ecologia radical", como o afirma Olivier Besancenot. A referência identitária será portanto menos uma doutrina política que a "ruptura com o capitalismo" e a "independência total do Partido Socialista".
É de um partido com essas características e fisionomia que necessitamos no Brasil. Oxalá permita que possamos fundar um partido anti-capitalista neste país que rompa com o discurso único se na França é necessário rompimento com o PS no Brasil é necessário rompimento com o PT e o PC do B essas desgraças partidárias.
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3- Apesar de esquerda nunca fui a um Fórum Social e digo mais sou crítico do mesmo. Tenho comigo o preconceito (já que nunca fui a um) de que se trata de um grande oba-oba de onde não se tem nenhuma decisão prática. Quase como um grande acampamento de esquerdistas, um woodstock político (o que diga se de passagem já é alguma coisa ou melhor muita coisa) que piorou bastante após a vitória do companheiro Lula, pois nesse caso o Encontro tornou-se aparelhado para usar uma palavra das antigas. No entanto, o Fórum que acompanhei mais de perto (a partir de blogs e mídia alternativa) foi o desse ano em Belém e me empolguei com certas notícias vindas de lá. Reproduzo, por exemplo, o texto abaixo escrito por um Dominicano que esteve no Fórum como observador de sua ordem religiosa, já traz algumas luzes aos que só tem como eu visões pré-conceituadas do Fórum Social Mundial. Deixo algumas provocações antes do texto: Será mesmo possível um outro mundo? Principalmente sem uma organização partidária (principalmente para todos "nós" que aderimos ao sistema liberal partidário) anti capitalista tal como a que surge agora na França? É possível um novo mundo em um mundo sem utopias?
CONCLUSÕES DO FÓRUM SOCIAL MUNDIAL - Frei Miguel Concha Malo, O.P.

Ao terminar os trabalhos do 8° Fórum Social Mundial (FSM), ao qual tive a oportunidade de assistir acompanhando a Comissão de Justiça e Paz dos dominicanos e dominicanas do Brasil, membros do Comitê Organizador Internacional informaram que 133 mil pessoas provenientes de 142 países participaram nas 2 mil 310 atividades autogeridas que se realizaram em Belém do Pará, de 28 a 31 de janeiro passados. Nelas se inscreveram 489 instituições, organizações, coletivos ou movimentos da África, 119 da América Central, 155 do México e América do Norte, 344 da Ásia, 4 mil 193 da América do Sul e 491 da Europa.

Pela primeira vez, Oceania esteve representada por 27 dessas entidades. Significativamente, no enorme acampamento dedicado aos direitos humanos reuniram-se durante esses dias 10 mil pessoas, considerado um recorde, e nele estiveram representadas centenas de redes e organizações.

Uma média de 250 pessoas assistiram a cada uma das numerosas atividades que lá se realizaram, nas quais sobretudo se discutiu sobre as violações aos direitos econômicos, sociais, culturais e ambientais, levadas a cabo pelos governos e as empresas com seus grandes projetos hidrelétricos, mineiros e agropecuários, sobre a criminalização dos movimentos sociais, e sobre as perseguições e ameaças que sofrem as defensoras e defensores de direitos humanos. Informou-se igualmente que se realizaram mais 200 eventos, nos quais participaram aproximadamente mil artistas, que representaram a diversidade cultural dos povos do mundo. E que a imprensa colaborou com 4500 profissionais da comunicação. 2 mil credenciados e outros 2 mil que informaram sobre as atividades, conectando-se por meio de internet. Este conjunto compreendeu jornalistas independentes e representantes de 800 meios de comunicação credenciados em 30 países, entre eles, A Jornada do México, que por certo no encontro promovido pela Revista Margen Izquierda, da Editora Boitempo, sobre o futuro do fórum, foi repetidamente reconhecida pelo sociólogo Emir Sader, diante de um auditório atestado de pessoas, como um jornal crítico excepcional no mundo.

Levando em consideração a Carta de Princípios, que estabelece que o FSM não tem caráter deliberativo, e que embora funcione como instância articuladora, não tem a pretensão de ser um espaço de representatividade da sociedade civil mundial. Ao final da tarde do passado domingo 31 de janeiro foram lidos os documentos elaborados em 22 assembléias temáticas, nos quais se sintetizaram os principais pontos que se discutiram durante os quatro dias do Fórum. Tendo como eixos os direitos humanos, a justiça ambiental, os direitos coletivos dos povos, e ações para preservar a região panamazônica, neles se estabelecem compromisso para seguir enfrentando integralmente as conseqüências de morte do sistema capitalista, que na ótica dos movimentos sociais do mundo, gerou uma economia, uma política e uma civilização totalmente desconexas das necessidades mais elementares dos povos e dos direitos da natureza.

Como sempre aconteceu em todos estes Fóruns, nessa Assembléia Geral se acordaram também uma série de ações internacionais dos movimentos sociais que incluem, para este ano, mobilizações para defender o direito humano à água, a sua administração não comercial e sustentável durante o Fórum promovido pelas multinacionais em Istambul, Turquia, a partir da terceira semana de março; sua presença no encontro dos principais países industrializados e emergentes em Londres, os primeiros dias de abril, para pressionar o mundo por uma alternativa à atual crise inédita do sistema capitalista, e no dia 4 de abril em Estrasburgo, diante do parlamento Europeu, e depois, no dia 28 de julho na Itália, para seguir promovendo um mundo sem armas e sem guerras. Para o dia 12 de outubro está prevista uma mobilização global das organizações indígenas contra a mercantilizaçã o da vida, os transgênicos e a defesa de seus direitos à terra e a seus territórios, e em dezembro deste ano em Copenhague, palco da reunião da ONU sobre a mudança climática, um encontro global para promover as conclusões do Fórum sobre este urgente tema.

Em torno dos eixos da criminalização do protesto social, a violência de gênero, a discriminação e os direitos econômicos, sociais e ambientais, a declaração do Fórum sobre os direitos humanos estabelece também propostas concretas de solidariedade entre as organizações e os movimentos sociais, campanhas globais e mecanismos de vigilância, controle e comunicação por parte de agentes particulares e de governos, assim como ações de solidariedade com o povo palestino e a autodeterminação das nações e os povos originários. Ao final do Fórum quase todos os comentários dos participantes coincidiram em que este vai à direção correta, cada vez mais fortalecido pela crise atual do sistema capitalista, porém que é necessário atrair mais entidades da Ásia, África, Leste da Europa e outras regiões do mundo. Ficou, entretanto sem resolver a polêmica, também cada vez mais intensa, de se o Fórum pode assumir tomada de posição mais concreta em torno de temas urgentes, assim seja através das Assembléias dos Movimentos Sociais.

Frei Miguel Concha Malo, O.P.é promotor regional de Justiça e Paz de Cidalc.
(Artigo publicado sábado 7 de fevereiro no jornal mexicano "La Jornada")
Pós Post
Após concluir esse post, tive acesso a um outro texto do Frei Betto, que já encaminha resposta para uma das minhas indagações é possível um novo mundo sem utopias? Acrescento pois o texto aqui (com comentários meus após alguns trechos):
NOVOS VALORES PARA NOVA CIVILIZAÇÃO - Frei Betto

No Fórum Social Mundial de Belém se concluiu que as alternativas ao neoliberalismo e à construção do ecossocialismo não se engendram na cabeça de intelectuais ou de programas partidários, e sim na prática social, através de lutas populares, movimentos sindicais, camponeses, indígenas, étnicos, ambientais, e comunidades de base. Aqui entro eu: Será? Temos que ser mais realistas e menos idealistas; venho de um contato muito intenso com um setor do movimento social e hoje diria que apesar de concordar na teoria com a afirmação acima discordo na prática. Devemos ter claro que o MST, por exemplo, é uma excessão.

Para gestar tais alternativas exigem-se pelo menos quatro atitudes. A primeira, visão crítica do neoliberalismo. Este aprofunda as contradições do capitalismo, na medida em que a expansão globalizada do mercado acirra a competição comercial entre as grandes potências; desloca a produção para áreas onde se possam pagar salários irrisórios; estimula o êxodo das nações pobres rumo às ricas; introduz tecnologia de ponta que reduz os postos de trabalho; torna as nações dependentes do capital especulativo; e intensifica o processo de destruição do equilíbrio ambiental do planeta.

A segunda atitude - organizar a esperança. Encontrar alternativas é um trabalho coletivo. Elas não surgem da cabeça de intelectuais iluminados ou de gurus ideológicos. Daí a importância de se dar consistência organizativa a todos os setores da sociedade que esperam outra coisa diferente do que se vê na realidade atual: desde agricultores que sonham lavrar sua própria terra a jovens interessados na preservação do meio ambiente. Aqui entro eu de novo. Neste caso sim concordo até mesmo como antropologo que a solução se encontra com os próprio grupos.
Terceira atitude - resgatar a utopia. O neoliberalismo não visa a destruir apenas as instâncias comunitárias criadas pela modernidade, como família, sindicato, movimentos sociais e Estado democrático. Seu projeto de atomização da sociedade reduz a pessoa à condição de indivíduo desconectado da conjuntura sócio-política- econômica na qual se insere, e o considera mero consumidor. Estende-se, portanto, também à esfera cultural. Como diria Emmanuel Mounier, o individualismo é oposto ao personalismo. Pascal foi enfático: "O Eu é odioso". De novo é necessário irmos além das proposições vagas. NEM todo Eu é odioso mas sim o projeto capitalista de enfraquecimento da humanidade, pois em última análise ao ataque capitalista nem mesmo o Eu odioso de Pascal sobreviverá, visto que este Eu pode ser séria ameaça utópica ao projeto neo-liberal.

No seu apogeu, o capitalismo mercantiliza tudo: a biodiversidade, o meio ambiente, a responsabilidade social das empresas, o genoma, os órgãos arrancados de crianças etc, e até mesmo o nosso imaginário. Um exemplo trivial é o que se gasta com a compra de água potável engarrafada em indústria, dispensando o velho e bom filtro de cerâmica ou mesmo a coleta da limpíssima água da chuva após um minuto de precipitação.

Sem utopias não há mobilizações motivadas pela esperança. Nem possibilidade de visualizar um mundo diferente, novo e melhor.

Quarta atitude - elaborar um projeto alternativo. A esperança favorece a emergência de novas utopias, que devem ser traduzidas em projetos políticos e culturais que sinalizem as bases de uma nova sociedade. Isso implica o resgate dos valores éticos, do senso de justiça, das práticas de solidariedade e partilha, e do respeito à natureza. Em suma, trata-se de um desafio também de ordem espiritual, na linha do que apregoava o professor Milton Santos, de que devemos priorizar os "bens infinitos" e não os "bens finitos".

O projeto de uma sociedade ecossocialista alternativa ao neoliberalismo exige revisar, a partir da queda do Muro de Berlim, os aspectos teóricos e práticos do socialismo real, em particular do ponto de vista da democracia participativa e da preservação ambiental. Aqui para mim atingimos nosso calcanhar de aquiles; sei que assustarei muito mas não importa: é preciso rompermos com essa verdade absoluta chamada democracia e com essa sua vertente iluminada pelos intelectuais e gurus chamado Democracia Participativa. Principalmente se entendermos por democracia participativa, por exemplo, os projetos petistas. Vide o caso do OP e mesmo de políticas específicas como as dos quilombolas. Em uma locução "pra inglês ver".

O ecossocialismo se caracterizaria pela capacidade de incorporar conceito e práticas de igualdade social e desenvolvimento sustentável a partir de experiências dos movimentos sociais e ecológicos, assim como da Revolução Cubana, do levante zapatista do Chiapas, dos assentamentos do MST etc.

É vital incluir no projeto e no programa os paradigmas ora emergentes, como ecologia, indigenismo, ética comunitária, economia solidária, espiritualidade, feminismo e holística.

Este sonho, esta utopia, esta esperança que chamamos de ecossocialismo, não é senão a continuação das esperanças daqueles que lutaram pela defesa da vida, como Chico Mendes e Dorothy Stang, dois lutadores cristãos que deram suas vidas pela causa dos pobres, dos explorados, dos indígenas, dos trabalhadores da terra e dos povos da floresta
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sábado, 7 de fevereiro de 2009

O Dom da Paz

Dizem que DOM Hélder Câmara não gostava de ser chamado de Dom, afinal esse pronome denota nobreza e se trata de um arcaísmo remanescente da época áurea e senhorial do Vaticano, já que a face opressora do Vaticano continua a mesma. No entanto, Dom além de pronome também é um verbo. Segundo o antropólogo Mauss, em sua obra clássica o "Ensaio sobre a Dádiva" fundadora da antropologia: o que funda a sociedade não é a renúncia que dá origem ao Estado, mas o estabelecimento de uma forma de troca na qual os homens podem "opor-se sem massacrar-se e dar-se sem sacrificarem-se uns aos outros" (1974:183). É desta forma verbal e não pronominal que a palavra DOM cabe a medida a esse notável brasileiro que se vivo fosse completaria hoje 100 anos: Hélder Câmara.
Sobre Dom Hélder existem muitos e muitos e muitos escritos, ainda que sempre insuficientes para registrar tamanho comportamento dadivoso. Assim não repetirei aqui os feitos que vocês conhecem de outros lugares, suas indicações ao Nobel da Paz, sua denuncia em Paris que a ditadura brasileira torturava (o primeiro a fazê-lo publicamente), os jovens que acolheu na luta, o apoio aos movimentos sociais e de base. Não vou falar sobre nada disso, pois que é de conhecimento público. Publico aqui então trechos do depoimento do jornalista Noblat a respeito da coragem dadivosa de DOM HÉLDER CÂMARA.
" (...) Fazia pouco mais de quatro anos que o país vivia sob uma ditadura militar de natureza branda, envergonhada. Centenas de pessoas foram perseguidas e presas, parlamentares perderam o mandato e os direitos políticos por dez anos, juízes considerados liberais demais acabaram aposentados antes do tempo, e a imprensa que apoiara a deposição do presidente João Goulart se autocensurava para evitar a ação direta de censores. Ninguém era capaz de prever que dali a seis meses a ditadura tiraria a máscara de uma vez e, brutalmente, se assumiria como tal.
O silêncio da rua cedeu lugar ao leve barulho provocado pelo arrastar das botas dos soldados no asfalto à medida que uma mancha pequena e sem contornos definidos ia se infiltrando no meio deles. A mancha cresceu quando estava mais próxima do portão principal da universidade e deu para ver que se tratava de uma pessoa de baixa estatura. Não parecia ser um militar. A certa altura, concluí que não era um militar. Mas naquelas circunstâncias, à passagem de quem uma tropa disciplinada e prestes a recorrer à violência abriria espaço de modo tão espontâneo?
“Com licença, boa noite... Com licença, boa noite”, sussurrava o dono da voz ao tocar de leve no braço de um ou de outro soldado perplexo. O homem baixinho estava só. Usava uma boina e uma capa de lã que lhe deixava à mostra apenas os sapatos de couro preto. Momentos antes correra de boca em boca dentro do pátio da universidade a notícia de que ele estava indo ao encontro dos estudantes. Parte dos estudantes se agrupou em torno do portão para vê-lo entrar. Os líderes da passeata frustrada se reuniram num canto para discutir o que fazer.
De pé sobre uma cadeira e diante dos estudantes sentados no chão do hall de entrada da universidade, o homem baixinho tirou a boina da cabeça com um largo gesto teatral e disse num inconfundível sotaque cearense do qual jamais se livrou ou quis se livrar:
- Eu vim para ficar ao lado de vocês...
A platéia levantou-se, começou a aplaudir e a gritar.
O homem baixinho fez um gesto para que cessasse o barulho e para que todos se sentassem no chão novamente. Em seguida, disse:
- Alegro-me que padres, professores e operários estejam unidos com vocês, pois sua luta é a luta do povo. Eu só sairei daqui na companhia de vocês...
Novamente a platéia se pôs de pé, o aplaudiu em delírio e, a um novo gesto dele, fez silêncio e se sentou no chão.
Ex-bispo auxiliar do Rio de Janeiro, arcebispo de Olinda e Recife desde abril de 1964, em rota de colisão com os militares que mandavam no país, dom Hélder Pessoa Câmara, a figura mais carismática da Igreja Católica na segunda metade do século passado, empregou o resto do seu discurso para apascentar o espírito daqueles jovens que temiam um confronto violento com a polícia. Por fim, ofereceu-se para negociar com o governo o fim do cerco à universidade e a libertação de nove estudantes que tinham sido presos durante a passeata.
(...)
Enquanto esperava, não sabia que a pouco mais de dez quilômetros dali, sozinho em sua acanhada casa nos fundos da igreja de Nossa Senhora das Fronteiras, dom Hélder registrava em carta para um grupo de amigos o que acabara de acontecer. Era uma espécie de diário que ele começara a escrever ainda como bispo auxiliar do Rio de Janeiro nos anos 50. A carta daquele dia, datada de 27/28.6.68 está identificada no alto à esquerda como “407a. Circular”. Sobre a passeata reprimida pela polícia, dom Hélder escreveu: “O pau cantou e houve prisões numerosas”.
Mais adiante, disse por que fora ao encontro dos estudantes:
- 22h. Soube do cerco à Católica. Fui chamado. Não vacilei. Há segundos que decidem a vida. Se falhasse naquele instante com os universitários estaria liquidado para eles. Parti imediatamente. Atravessei as tropas sem que ninguém me interrompesse ou interpelasse. Os oficiais me cumprimentavam e os soldados, visivelmente, me saudavam com carinho. Os soldados, coitados, de cassetete ou de metralhadora e com amplos escudos romanos...
O “Jornal do Commercio” “furou” o “Diário” naquele dia. Sua manchete de capa foi “Diálogo Hélder-Salviano põe fim a cerco da Católica”. Salviano Machado era o governador em exercício. O “Diário” publicou que a universidade permanecera cercada até o início da madrugada. Ninguém que “não tenha sofrido” a “paixão insaciável” do jornalismo pode “conceber, sequer, o que é essa palpitação sobrenatural da notícia, o orgasmo das primícias, a demolição moral do fracasso”, escreveu anos depois o romancista colombiano Gabriel García Márquez.

Trecho do terceiro capítulo do livro "Memórias Profissionais - O que é ser jornalista", editado pela Record.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Para não dizer que não falamos em flores

A correria começou e infelizmente as passagens por aqui diminuem. Mas para registrar: essa semana uma notícia auspiciosa - Sarney esta de volta ao comando do Senado - em uma locução: o senado (com minusculas) merece sarney e o sarney merece o senado. Para registro segundo o jornal o Estado de S. Paulo
Se for pro Maranhão, a coluna *Direto da Fonte*, no Caderno 2 do Estadão de hoje, dá informações *importantíssimas*:
Pra nascer, a Maternidade Marly Sarney.Pra morar, escolha a Vila Sarney. Ou então a Sarney Filho ou a Kiola Sarney.Pra estudar, as escolas Sarney Neto, Roseana Sarney, Fernando Sarney, Marly Sarney ou José Sarney.Pra pesquisar, vá à Biblioteca José Sarney.Pra se informar, leia O Estado do Maranhão, veja a TV Mirante ou ouça a Mirante AM ou FM, todos da família... Sarney.Pra saber sobre as contas públicas, vá ao Tribunal de Contas Roseana Sarney.Não gostou de nada disso e quer reclamar? Vá ao Fórum José Sarney.
Agora volto Eu: nada como viver no século XXI. Principalmente o Tribunal de Contas, essa invencionice brasileira que tem a finalidade de fiscalizar os ocupantes do poder e homenageia a sua investigada.

sábado, 31 de janeiro de 2009

Apartar ou optar

Esse ano, tenho mantido deliberadamente este blog como um espaço pessoal, ou seja, onde publico textos que eu mesmo escrevi ou sob encomenda. Pois percebi que o blog, até mesmo pela correria do meu dia-a-dia tinha se transformado em um reprodutor de notícias e textos de outros blogs ou site. Pretendo manter essa opção, ainda que a partir da semana que vem com o retorno a correria de sempre e as muitas viagens, essa opção possa ser revista. Mas sempre haverá excessões para textos que considero imperdiveis. Nesta categoria, o artigo abaixo, do senador Cristovam Buarque. Digamos assim ele coloca em ordem um bocado de coisas que tenho dito de forma caótica aos amigos sobre o governo Lula. Pelo menos no futuro poderá se ler novamente o Governo LULA através dos artigos semanais de Buarque. E como o senador, de cá lamento estarmos perdendo mais esse momento histórico. Como tem dito Buarque Lula foi o único que reuniu condições políticas, sociais, sociológicas e econômicas de fazer diferente e efetivamente entrar para a história como um mito, esta a desperdiçar todas; entrará para história como um importante reformador de seus país mas não mais do que isso. Muito pouco diante do que a Providência colocou em seu caminho.

Apartar ou Optar
É constrangedor acompanhar a troca de acusações entre dois ministros. Reinhold Stephanes, da Agricultura, defendendo o aumento da produção agrícola, e Carlos Minc, ministro do Meio Ambiente, a preservação das florestas. Os dois têm razão, o governo é que não tem. Cada um defende os objetivos de sua respectiva pasta, porque o governo não definiu uma linha de ação à qual os ministros fiquem submetidos. É preocupante ver o governo determinar que uma ministra aparte os que estão brigando, no lugar de fazer uma opção sobre quem tem razão. Como se o problema estivesse no desentendimento pessoal e não no choque conceitual. O problema não é apartar duas visões diferentes, mas formular uma visão e optar por ela.
O que está em jogo não é fazer que os dois ministros se calem, mas determinar a escolha, entre concepções diferentes, para definir uma linha que oriente o desenvolvimento que o País precisa seguir. O que deve estar em debate não são as posições dos dois ministros, mas a posição do governo e do País para seu futuro: manter o velho padrão de desenvolvimento a qualquer custo, ou escolher um modelo com base na conservação de nosso patrimônio natural e na justiça social.
Aparentemente esta escolha não vai acontecer, porque o atual governo é de "apartar", não de "optar". O estilo do presidente Lula é de apartar as diferenças que existem nos diversos grupos sociais e políticos nacionais, procurando e conseguindo aglutinar pela omissão da escolha. No mesmo momento do embate entre Agricultura e Meio Ambiente, temos a disputa entre o ministro do Desenvolvimento Social, Patrus Ananias, e o ministro Mangabeira Unger, encarregado de formular idéias para o futuro do Brasil, entre manutenção da assistência ou saídas estruturais para a pobreza. Na ótica da assistência, a Bolsa Família é um instrumento generoso e correto para reduzir a fome e a miséria; na ótica do futuro, é necessário um instrumento estrutural – a educação – que permita reduzir a pobreza. A próxima contenda a ser apartada pelo presidente será entre o Ministro Lupi, do Trabalho, que corretamente defende que o dinheiro público seja usado para conservar emprego e os empresários que consideram um direito receber dinheiro público, sem compromisso público.
O que caracteriza o Presidente Lula é sua capacidade de "apartar" as diferentes opiniões, juntando-as em um silêncio reverencial por parte dos intelectuais, na submissão dos sindicatos e dos empresários; no acomodamento dos estudantes e da juventude; na formação de pacotes partidários tão amplos que ele fica sem oposição, porque mesmo quando esta vence, ele vence também. No lugar de serem as forças da "opção", Lula e o PT são as forças da aglutinação ao "apartar" cada grupo e uni-los por meio da interminável conciliação.
Por um lado, isto traz tranquilidade social ao País. Basta comparar nossa situação com os vizinhos, onde os presidentes "optaram" e dividiram as sociedades de seus países. Mas, esta aglutinação leva a um acomodamento que, por sua vez, leva ao adiamento do enfrentamento de nossos problemas. Em nome de ficar no poder e ganhar novas eleições, o governo posterga as "opções" que o País precisa para construir o futuro. Em nome de manter-se no cargo, os ministros calam, como se não houvesse um problema a ser enfrentado. Em nome de não romper alianças, o presidente tolera as discordâncias públicas entre seus ministros.
A militância do PT tinha orgulho do lema "optei", mas ao chegar ao poder escolheu o "apartei", que caracteriza o governo Lula. Não sabemos o preço que o Brasil pagará por adiar por mais tempo a opção que deverá fazer, nem quanto vai custar nosso vício histórico de sempre apartar, acomodar, para não optar.
Fomos o último país a abolir a escravidão, seremos o último a fazer as opções necessárias para a construção de um desenvolvimento sustentável e justo. Certamente, será depois dos EUA que já começaram a fazer opções com o governo Obama. No Brasil, o presidente Lula tem todas as condições de ser um presidente da opção, ao mesmo tempo que tem a competência da aglutinação.

Cristovam Buarque é professor da UnB e senador pelo PDT-DF

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Dúvidas sobre a crise

A crise, a crise. A malfadada crise chegou. Enfim!!!chegou. Tanto a quiseram que ela veio. Sobre essa crise me paira uma dúvida de leigo. Como pode se estar em crise quando a maioria da empresas e todos os bancos fecharam o ano com superavit financeiro, em alguns casos com recorde de produção e comercialização? Tal como Eremildo, continuo idiota e sem entender nada.
Vejo na TV, ouço no rádio, leio nos jornais e na net que a industria automobilística esta em crise. Resultado da crise: férias coletivas, acordos trabalhistas e demissões. Mas como assim, pois li, ouvi e vi nestes mesmos órgãos que ano passado foi o melhor ano da história da industria automobilística brasileira, nunca se vendera tanto carro. O mesmo ocorre com a Vale, anos e anos batendo recordes de produção e de lucro, a maior mineradora do mundo!!! e coisa e tal, e recorde, e mais recorde de lucro, costumamos com notícias como essa, mas assim que se pronuncia a crise, a Vale é assim que ela deve ser chamada segundo seus proprietários, demite só em Minas mais de 3000 funcionários.
Ainda sobre a crise leio que esta em curso uma série de medidas e acordos entre patrões e empregados. Acordo, como manda a nossa boa tradição de civilidade e de povo cordato: ou seja, aquele em que os patrões (maldito modo demode de denominar essa classe, perdão, perdão duplo não é patrão é empresário e não se trata de uma classe e sim de uma família. Família Vale, Família Usiminas e assim sucessivamente) dizem aos empregados (desculpem-me de novo, é o cachimbo que faz a boca torta, digo sócios, familiares, ou no máximo no caso daqueles empresários antiquados: funcionários): ou vocês aceitam cortar os salários, perder benefícios ou então serão demitidos. Que dizer, dizer, dizer mesmo eles num dizem a coisa é toda mais cordata. Mas esse tipo de negociação, atenção para os termos são muito importantes nestes quesitos, negociação faz todo sentido. Se Eremildo e Eu não entendemos é porque somos mesmo idiotas. Tanto que o Simon Schartwman (que não se escreve asim, faltou nesse caso dezenas de consoantes) afirmou, sendo porta-voz da tucanagem acadêmica - aquela que nunca erra e mais iluminada do que as outras, pois fa especializações na América-que estamos diante de um excelente momento para fazermos reformas dolorosas mas necessárias*. Afinal família serve é para que? Para ajudar os seus nos momentos de crise. Pois bem, apesar de idiota aprendi que perguntar não ofende? Então vamos lá: em uma sociedade ou em uma família não deveria ser tudo na camaradagem? Poderia funcionar assim: os lucros exorbitantes das épocas de vacas gordas, como nos últimos 06 anos, poderiam ser utilizados agora no momento de crise, afinal família é para isso mesmo.
Mas como sou idiota continuo não entendendo nada, por que será que o governo não aplica em atividades produtivas e que criem empregos ? Por que o governo ao invés de salvar empresas pesadas e antiquadas não investe em setores mais dinâmicos e menos predatórios? Ou será que é outro negócio de família? Li um dia desses que primeiro o governo do operário Lula, que dizer do membro da família Wolks, resolveu dar duas maozinhas para a Votorantim. Segundo dizem, por ai, pelo menos li isso no blog do Noblat (que todos sabemos ser um esquerdista radical e revolucionário) que: " É assim. Um grande agente econômico privado administra mal suas contas, mas fecha o balanço devido a salvadores e generosos aportes dos cofres públicos. No dia 9, o Ministro Guido Mantega anunciou a compra de 49,99% do Banco Votorantim pelo Banco do Brasil. E, nesta terça-feira, o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, revelou que injetaria R$ 2,4 bilhões para a Votorantim Papel e Celulose (VCP) comprar a Aracruz Celulose, que de forma secreta contraiu uma dívida de 2,13 bilhões de dólares porque apostou no dólar barato e fez desastradas transações com derivativos cambiais."
Pois bem, como além de idiota gosto de perguntar, lá vão mais duas: Por que o governo não obriga os bancos a emprestarem suas imensas reservas frutos de negócios mais lucrativos do que a dos estelionatarios? Assim ao invés de especularem e ganharem burras e mais burras no mercado financeiro que não distribui renda e emprego e, que somente concentra mais renda nas mãos de poucos, os banquerios ajudariam a enfrentar a tormenta da crise. Mas seria pedir demais para o setor financeiro. Nunca se sabe nesse setor quem é quem. Por exemplo, quem é banqueiro e quem é mafioso. Dantas é o que mesmo? Desse setor só confio nos especialistas neutros que dão opiniões isentas no Jornal Nacional, ainda que funcionários de grandes bancos investidores no cassino chamado bolsa e com interesses cruzados e legítimos em dividir sua opinião conosco os leigos. Lá fora, os Estados Unidos Socialistas da América (Você já leu vários textos aqui no blog a respeito) inventou o processo, que logo foi seguido pela Europa, de socialização do prejuízo e privatização do lucro. Mas como o espírito criativo do brasileiro, que alguns chamam de jeitinho, não poderia falhar já fizemos nossa adaptação: aqui como lá privatizamos o lucro e estamos a socializar o prejuízo, mas nossa peculiaridade é que nem se precisa efetivamente estar em crise para dividir os prejuízos. Aliás pensando bem, no Brasil privatizar o prejuízo é coisa antiga, coisa nossa, tradição igual o samba, a feijoada,etc.
*Fico a pensar comigo como são geniais estes meus colegas sociólogos, o caso do Simon é exemplar ele é especialista em educação, renda, trabalho, sindicalismo, reforma da previdência, questões afirmativas e etc. E ainda sobra tempo de tomar chá junto com o restante da intelectualidade paulista, os tucanos bem pensantes. Turma das boas que conta ainda com outro mineiro-paulista Bolivar Lamounier, Eunice Durham e etc,etc. Tutto bona gente, tutto multiespecialistas e principalmente suas opiniões caem como luva para o eixo Fiesp-Estadão-Folha de S. Paulo.