sábado, 27 de setembro de 2008

Executivos de Wall Street levaram US$ 3 bi

Da série os Estados Unidos Socialista da América. Isso que é socializar o prejuízo e privatizar o lucro. E depois os brasileiros com esse espírito de vira-lata não percebe mais essa honrosa contribuição brasileira a cultura mundial. Afinal agora perdi um dos meus chavões básicos de que o Brasil tinha o sistema capitalista perfeito e suigeneres: o capitalismo sem risco, aquele que desmentia até mesmo a literatura liberal. Eis que esse nosso avanço agora é seguida pelo nosso brother preferido.

Executivos de Wall Street levaram US$ 3 bi

Valor pagos aos chefes dos 5 grandes bancos de 2003 a 2007 foi o triplo do gasto pelo JPMorgan para comprar Bear Stearns

Seus 185.687 funcionários receberam em 2007 média de US$ 353 mil, enquanto problemas com as hipotecas de alto risco se agravavam

TOM RANDALL
JAMIE McGEE
DA BLOOMBERG

Nos últimos cinco anos, as cinco maiores firmas de Wall Street pagaram mais de US$ 3 bilhões a seus executivos-chefes, que comandavam a venda e o empacotamento de empréstimos que acabaram por derrubar o sistema dos bancos de investimentos americanos.
O Merrill Lynch foi quem pagou mais a seus executivos -Stanley O'Neal recebeu US$ 172 milhões entre 2003 e 2007, e John Thain ganhou US$ 86 milhões desde que começou a trabalhar para o banco, em dezembro, incluindo um bônus na assinatura de seu contrato.
No último 15 de setembro, a empresa concordou em ser comprada pelo Bank of America por cerca de US$ 50 bilhões.
James "Jimmy" Cayne, do Bear Stearns, ganhou US$ 161 milhões antes de a empresa desmoronar e ser vendida para o JPMorgan Chase, em junho.
Congressistas democratas e republicanos estão exigindo agora a imposição de limites aos salários de executivos como parte do plano de resgate financeiro de US$ 700 bilhões proposto pelo secretário do Tesouro dos EUA, Henry Paulson.
Ele mesmo ex-executivo-chefe do banco de investimentos Goldman Sachs, de quem recebeu cerca de US$ 111 milhões entre 2003 e 2006, Paulson disse em depoimento ao Congresso nesta semana que aceitaria tais limites como parte do pacote de socorro aos mercados, depois de ter se oposto a eles num primeiro momento.

Atraso
"Acionistas e conselhos de direção deveriam ter tomado medidas com relação a isso há muito tempo", disse Charles Elson, diretor do Centro Weinberg de Governança Corporativa, da Universidade de Delaware. "Eles justificaram os pagamentos desse nível, com base na idéia de que todos esses executivos são gênios. Acho que esse balão já estourou."
As firmas de Wall Street têm dividido seus lucros com seus funcionários. As cinco maiores -Goldman, Morgan Stanley, Merrill, Lehman Brothers e Bear Stearns- pagaram a seus 185.687 funcionários US$ 66 bilhões -incluindo US$ 39 bilhões em bônus- em 2007, enquanto os problemas com as hipotecas de alto risco se agravavam. Isso representa a média de US$ 353.089 por funcionário, incluindo um bônus médio de US$ 211.849.
As cinco firmas juntas tiveram receita líquida de US$ 93 bilhões nos cinco anos que terminaram em 2007.
Os US$ 3,1 bilhões pagos aos cinco executivos-chefes das firmas entre 2003 e 2007 foram cerca de três vezes o valor gasto pelo JP Morgan para comprar o Bear Stearns. O Goldman Sachs teve o total mais alto, US$ 859 milhões, seguido pelo Bear Stearns, com US$ 609 milhões.
Os salários dos presidentes-executivos das cinco empresas aumentaram a cada ano, dobrando para US$ 253 milhões em 2007, segundo dados compilados a partir de registros das empresas.
As cifras relativas aos rendimentos dos executivos incluem salários, bônus, ações e opções de ações, algumas concedidas por suas performances passadas. As opções foram avaliadas em um terço do preço justo de mercado das ações no momento em que as opções foram dadas -um método recomendado por Graef Crystal, especialista em pagamentos.

Setor generoso
De acordo com Crystal, as firmas de Wall Street vêm pagando a seus funcionários uma parcela maior de sua receita do que faz qualquer outro setor, cerca de 50%. Essa tradição dos bancos de investimentos tem origens em sua história: eles foram formados como parcerias de investidores que apostavam seu próprio capital.
"Em Wall Street e em Hollywood, os lucros tendem a chegar em grandes pacotes, e todo o mundo quer uma parte deles", disse Crystal. "Quer seja o filme "O Cavaleiro das Trevas" ou uma fusão enorme, o sujeito que consegue atrair todo mundo ao cinema, aquele que consegue fazer chover, pode ganhar o que bem entender."
O Lehman Brothers fez o maior pedido de concordata da história em 15 de setembro, com dívida de mais de US$ 613 bilhões. No mesmo dia, o Merrill Lynch foi vendido para o Bank of America por US$ 29 a ação, um valor mais ou menos 70% inferior ao pico de suas ações, US$ 97,53, alcançado em 24 de janeiro de 2007.
O Goldman e o Morgan Stanley, os dois maiores bancos independentes de investimentos dos EUA, foram forçados a converter-se em holdings de bancos, o que lhes deu acesso a fundos do Federal Reserve e lhes comprou tempo para adquirir depósitos. O executivo-chefe do Goldman, Lloyd Blankfein, ganhou US$ 57,6 milhões em 2007 em salário e bônus, incluindo ações e opções de ações dadas no início do ano fiscal para premiar a performance do ano anterior. Os co-presidentes Gary Cohn e Jon Winkelried receberam US$ 56 milhões cada um.
Os executivos-chefes atual e anterior do Morgan Stanley, John Mack e Philip Purcell, receberam cerca de US$ 194 milhões nos últimos cinco anos.
Mark Lake, um porta-voz do Morgan Stanley, chamou a atenção para a decisão de Mack de não aceitar um bônus por 2007 e disse que o US$ 1,6 milhão em salário e outros pagamentos que ele recebeu no ano passado não foi muito, comparado com outros presidentes-executivos de Wall Street.
"Desde que voltou para a empresa, ele vem recebendo tudo em ações, não como salário", disse Lake. "Existe uma diferença entre receber ações da empresa ou dinheiro como bônus. Se você recebe ações da empresa, obviamente está atrelado à performance dela."
O representante do Goldman Sachs, Michael Duvally, se negou a dar declarações. A porta-voz do Merrill Lynch, Jessica Oppenheim, e os representantes do JP Morgan, Brian Marchiony, e do Lehman Brothers, Monique Wise, não responderam aos telefonemas.
"O povo americano está revoltado com os pagamentos dos executivos, e com razão", disse Henry Paulson à Câmara nesta semana, fugindo do texto previamente redigido de seu discurso. "Precisamos encontrar uma maneira de tratar disso na legislação, mas sem prejudicar a eficácia deste programa [de socorro]."
Na mesma noite, em discurso à nação transmitido pela televisão, o presidente Bush disse que o plano pretende fornecer "dinheiro urgentemente necessário para que os bancos e outras instituições financeiras possam evitar o colapso" e disse que "é preciso assegurar que executivos fracassados não recebam grandes valores com o dinheiro dos contribuintes".

Ineficácia
Mas o governo americano tem um histórico fraco em matéria de regulamentar pagamentos salariais, disse Kevin Murphy, professor de finanças da Escola Marshall de Administração de Empresas da Universidade da Califórnia do Sul, em Los Angeles.
"Todas as tentativas do governo de limitar ou regulamentar o pagamentos dos presidentes-executivos feitas até hoje foram infrutíferas", disse Murphy. "Acredito que será a mesma coisa com esta. Sempre há saídas e exceções."
A regulamentação dos "pára-quedas dourados" -proteções para executivos no caso de suas empresas serem adquiridas por outras- foi evitada nos anos 1980 com os acordos de demissão, e o experimento de Richard Nixon com o controle de salários e preços acabou fracassando, disse Murphy. "Ou é o comitê de pagamentos, ou o advogado geral da empresa, ou o chefe do departamento de recursos humanos que tentam negociar um pacote de pagamento com alguém que será seu chefe em questão de semanas", disse ele.

Músicas, músicas e músicas X II - "Refavela"!

Lindo!!! Lindo!!! Emocionante!!!
Talvez (a incerteza se deve ao fato de que o autor deste disco já fez e faz tanta coisa boa) o maior disco na minha opinião do grande Gilberto Gil. Senhores e senhoras Refavela de 1977.

Refavela trata-se de um álbum, ou seja um disco linear em que as canções vão se compondo em um crescente até formar um retrato desejado pelo artista: a conexão Brasil-África. Trata-se de uma das obsessões positivas deste filho de Xangô - o PORTAL DO RETORNO- tal qual na viagem histórica organizado por ele e feita pelo presidente Lula. Aqui sem ser planfetário Gil constrói uma teoria sociológica, qual seja: a Africa e o Brasil são continuidades artistíco-cultural que se forma nas Favelas e se reconstrói cotidianamente nas Refavelas. E que tal como o morador da Africa, os negros brasileiros ainda continuam confinado em ghettos. Tal imagem teria ficado mais clara para o artista que acabara de chegar da Nigéria.

Assim cada uma das cançoes tenta refazer essa ponte Brasil-Africa, Bahia-Nigéria. Este Lp traz 10 canções, como já dito em um todo harmônico e coerente, e ai mais um ponto a favor da genealidade de Gil que foi capaz até mesmod e gravar uma bossa nova totalmente coerente com a idéia do disco. O disco se inicia com o poema Refavela, que pode ser considerado o resumo do mesmo:
Iaiá, kiriê /Kiriê, iaiá /A refavela /Revela aquela /Que desce o morro e vem transar /O ambiente /Efervescente /De uma cidade a cintilar /A refavela /Revela o salto /Que o preto pobre tenta dar /Quando se arranca /Do seu barraco /Prum bloco do BNH /A refavela, a refavela, ó /Como é tão bela, como é tão bela, ó
A refavela /Revela a escola /De samba paradoxal /Brasileirinho /Pelo sotaque /Mas de língua internacional /A refavela /Revela o passo /Com que caminha a geração /Do black jovem /Do black-Rio /Da nova dança no salão /Iaiá, kiriê /Kiriê, iaiá /A refavela /Revela o choque /Entre a favela-inferno e o céu /Baby-blue-rock /Sobre a cabeça /De um povo-chocolate-e-mel /A refavela /Revela o sonho /De minha alma, meu coração /De minha gente /Minha semente /Preta Maria, Zé, João /A refavela, a refavela, ó /Como é tão bela, como é tão bela, ó /A refavela /Alegoria /Elegia, alegria e dor /Rico brinquedo /De samba-enredo /Sobre medo, segredo e amor /A refavela /Batuque puro /De samba duro de marfim /Marfim da costa /De uma Nigéria /Miséria, roupa de cetim /Iaiá, kiriê /Kiriê, iáiá.

O disco segue então refazendo a ponte com a hoje já clássica Ilê Aye, (que depois teve uma regravação antològica no disco Rappa Mundi de O Rappa) em homenagem ao Bloco Afro mais importante no processo de consientização negra de Salvador. Aqui a ponte refeita é bastante clara na mensagem:Black is Beautiful, ou como diz a própria letra:
Somo crioulo doido somo bem legal/Temos cabelo duro somo black power/Somo crioulo doido somo bem legal/Temos cabelo duro somo black power (...)Branco, se você soubesse o valor que o preto tem/ Tu tomava um banho de piche branco, e ficava preto também.
Veja bem a maravilha dessa letra, aqui Gil não somente adere ao movimento norte-americano de valorização estética do negro, mas vai além ao propor uma inverção na teoria do embranquecimento (da qual ele tinha familiaridade, Gil se formou na Universidade da Bahia, onde teve contato com grandes antropólogos). Aqui o idela de Nação não é mais branco, ao contrário, como diz a letra é negro. Afinal Branco tome um banho de piche...

Destaque também para a maravilhosa faixa 04 "No norte da Saudade", onde musicalmente busca-se a mescla entre a sonoridade das percussões afro-brasileiras dos bolocos de Axé de Salvador com resquícios do psicodelismo da fase londrina do cantor, tudo isso em um ritmo de Reggae. Aqui a lembrança é de estarmos diante dos melhores momentos do Novos Baianos. Mas a mensagem é a mesma a Refavela esta espalhada pela América. Viva a Jamaica uma legítima Refavela.

Na busca dessa ponte destaca-se ainda as deliciosas (e ai percebe-se que a voz de Gil é ela prória um instrumento musical) Baba alapalá(faixa 05) em saudação ao Orixá da Cabeça de Gil Xngô. E Balafon (faixa 09) onde Gil demonstra que os instrumentos musicais que temos aqui são todos de presentes também no Daomé (Nigéria) e Patuscada de Gandhi, um maravilhoso Afoché daqueles que por mais que Você tente não vai ser possível ficar parado.

Por fim queria destacar três outras canções que a príncipio poderia destoar do disco, a bossa-nova "Samba do Avião"que aqui ganha novos arranjos. Esqueçam qualquer uma das versões que já ouviu dessa música. Aqui efetivamente ela ganha sentido. O Rio, aqui mimetiza o Brasil. A idéia contida aqui e tal como dito na faixa 03 Aqui e Agora e na faixa 08 "Era Nova" é que para o Brasil se entender é necessário que não esconda sua façe negra, pelo contrário que sinta orgulho dessa ponte com a África. Mas mais do que isso a mensagem final é de que as dificuldades políticas do Brasil daquela época representava para muitos brasileiros no exílio uma nova forma violenta de desterritorialização. Para Gil trata-se de uma época de desterritorialização extrema e sua viagem a Nigéria (Favela) só aumenta a necessidade de retorno a Refavela....

Este álbum e a mistura de sons e sentimentos entrelaçados, resultando numa obra de essência e beleza, em meio a uma época de dificuldades políticas, enfrentadas pela classe artística politicamente consciente.

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Músicas, músicas e músicas X I - "New York City Live"!

Bom dentro dessa nova fase de troca de informação sobre artistas não tão populares, chegou a vez do "Hypnotic Brass Ensemble". Para falar a verdade.... estou sempalavras como descrever... sabe aquele tipo de som que bate, que mexe, que te coloca em transe... sabe aquela sensação desbaratada após um daqueles filmes (após assistir Cidade de Deus e ficar andando meio alto pela Pça da Liberdade). Então essa é a sensação. Vamos conhecer um pouco sobre o Hypnotic e seu som verdadeiramente hipnotizador. Segundo o Marcel Cruz do ótimo Sacudinbenblog. O Hypnotic: O Hypnotic Brass Ensemble é formado por 8 músicos de Illinois-Chicago, do qual 7 são filhos do ex-trumpetista da Sun Ra Arkestra: Kelan Phil Cohran, o oitavo músico da HBE não tem laços de sangue porém, "é sem sombra de dúvida parte da família". São 4 trompetistas, 2 trombonistas, 1 Batera e um... Sousaphonista(?)rsrs (Sousaphone é uma Tuba que descende do Hélicon). A criação do grupo deu-se em 1999. Ainda segundo o Marcel a formação é:
Smoove (Trumpet)
June Baji (Trumpet)
Hudah (Trumpet)
Jafar Baji (Trumpet)
360 (Drums)
Elcid (Trombone)
Clef (Trombone)
L.T (Sousaphone)

Quis colocar o nome dos caras pois eles merecem. Para terminar as citações ao Marcel repito aqui o que ele disse e com o que concordo:

Pare realmente com tudo!!!!! Esse grupo é maior chapação, é ouvir e viciar fiquei realmente de cara com a música que eles fazem, uma groovera absurda.

O album aqui recomendado trata-se de uma coletânea da obra dos caras gravado ao vivo no dia 29/10/2007 no Higtline Ballroom de New York. Bom é um sobrevôo sobre o balanço, o groove e a hipnotização desses caras. O mais legal é perceber a reação do público. Ai que vontade de ouvir ao vivo. Por esse disco, apesar de ainda não ter ouvido , já reomendo as demais gravações dos caras. Pelas minhas pesquisas são mais três discos.
Bom continuo sem palavras para descrever especificamente o som. Vai lá, faz um favor para seus ouvidos e corre atrás.

Músicas, músicas e músicas X - Eis o Ôme

Eis o Ôme, disco essencial se você quer entender um pouco dessa tal de MPB- Música Preta Brasileira. Trata-se de um belíssimo exemplar do chamado samba de Terreiro com pintadas de samba de roda. Trata-se aqui de samba de Terreiro com maiúscula mesmo, ou seja, aquelas rodas que se formam nos Ilês pelo Brasil afora, antes ou depois das festas de santos. Sim eis a origem do nosso samba, lembra-se de já ter lido sobre a importância da Casa de Tia Ciata e outras, pois é. Era nos Terreiros que os filhos de santos e futuro bambas antes ou após tocar para os Orixás dançarem tocavam para o próprio Cavalo dançar. Se é que me entendem. Afinal Samba é Semba e semba e aquela umbigada em homenagem a Exu. No entanto, façamos uma pausa para conhecer melhor Noriel Vilela.

Eu particularmente nunca tinha ouvido falar do cara até o começo desse ano, quando uma colega em um trabalho de campo percebendo em meu MP5 as minhas preferências musicais se assustou diante da minha negativa em relação ao nome Noriel Vilela. Bem a correria do começo do ano acabou me afastando de uma pesquisa mais efetiva sobre o Cara, ainda que sempre a Lara me cobrando ouvir o Cara. Pois bem, a umas duas semanas foi a vez de outro amigo me recomendar o Noriel. Pois bem só me restou correr atrás. Veja a minha resposta a ambos: enfim estou ouvindo o grande Noriel Vilela. Muitooo boommm. Afinal " eu acredito sim, não fala mal da umbanda perto de mim" Minha coleção macumbeira tá cada vez maior.

Segundo a não tão confiável Wikipedia:

Noriel Vilela fez carreira como integrante do grupo vocal de samba Cantores de Ébano, que teve relativo sucesso nos anos 1950. Vilela também lançou o álbum-solo Eis o Ôme em 1968. Por essa época, Vilela morreu repentinamente e o Cantores de Ébano se desfez por algum tempo, até que se encontrasse um substituto à altura para o cantor.

A voz do cantor é um baixo profundo com uma dicção única no samba. Seu segundo álbum Eis o Ôme é uma sucessão de faixas de sambalanço com forte tempero afro, não apenas na sonoridade, como também na temática, voltada para a umbanda.

Vilela goza atualmente de um revival cult entre os admiradores do sambalanço e seu nome é facilmente encontrável nas redes de compartilhamento de arquivos da internet.

Pois bem, concordamos com a Wiki, Eis o Ôme é discografia básica. É um disco que se ouve do começo ao fim e, após o fim se ouve novamente. Ah havia me esquecido de fato trata-se de um disco voltado, para a Umbanda e nao para o Candomblé. Daí por exemplo mesmo na sudação a Xangô, ser em português e não no tradicional yorubá Oke Aro Oke. Trata-se de tarefa inglória escolher algumas músicas e nesse caso será sempre uma questão muito pessoal. Mas vamos lá: destaque para a faixa 2 Sravando Xangô de chamamento a ele sempre ele, "a Voz que faz o chão tremer". Para a faixa 4 Meu Caboclo não deixa e a performance vocal de Noriel. Aliás durante todas as cançoes chama a atenção as interpretações e mesmo o falar do cantor, que busca reproduzir o modo de dizer das entidades e encantados brasileiros que baixam nas sessões de umbanda (nesse caso destaque para a faixa 7 Eu tô vendo no copo). Mais para o fim do disco as últimas faixas têm-se um certo abandono do samba, aquele que a Wiki erroneamente chama de sambalanço algo que só seria criado pelo genial Jorge Ben alguns poucos anos depois desse disco e se encaminha para o Funk com o balancê todo brasileiro, destaca-se ai Cacundê, Cacundá e Acocha Malungo.
Enfim corra para ouvir. Noriel que morreu jovem tem outros trabalhos gravados com os Cantores de Ebano em que se destaca 16 toneladas, versão portuguesa de grande sucesso do blues norte-americano.

Músicas, músicas e músicas (de volta IX)

Em dezembro último e em janeiro deste ano postei uma série de post fazendo a crítica musical de uma série de discos ou artistas essenciais da Soul e do Funk brasileiro. Gostei muito daquela empreitada de férias foram 08 pseudo-críticas que recomendo principalmente para lembrar um pouco do funksoul brasileiro, olhe nas memórias de post do lado direito da tela). Agora ando na correria e talvez por isso mesmo sentia necessidade de repetir a dose. Desta vez a idéia inicial era focar em artistas desconhecidos ou esquecidos pelo grande público, mas já adianto que não consigo e as vezes volto aos ídolos de sempre. Começamos como não pdoeria ser diferente com mais um brazuca do Funk.

Ladies e .... com os senhores o grande Almir Ricardo e seu maravilhoso LP Festa Funk.

Bom antes do disco em si, uma pena não ter conseguido a capa do disco para reproduzir aqui, pois para quem não conhece teria a chance de ver o nipe da capa, bem anos 80 com jaqueta jeans e tudo mais... Mas vamos ao que importa o disco.
Começando pelo nome poucas vezes um nome reflete tão bem um disco, realmente trata-se de uma festa. É o tipo do disco que Você colocava na vitrola do apartamento e já granatia a festa da moçada.
Aqui trata-se de um disco de passagem do que foi o Funk tal como concebido pelos grandes nomes da Montown e dos pesos pesados brasileiros para o que o Funk viria a ser. Almir Ricardi e seu disco tardio já que o mesmo é de 1984 não era um novato na coisa musical, ou como diz um amigo meu não era juninho. Desde os anos 60 ele já mantinha uma sólida amizade e parceria com gente do tipo de Tim Maia e Erasmo Carlos. E é dessa amizade e dessa vivência que ele traz o groove e o balanço. Em certos momentos temos até mesmo a sensação de que a banda de acompanhamento é a famosa Vitória Régia, que por tantos anos acompanhou Tim, mas não trata-se de uma outra banda de peso de Lincoln Olivetti e Jorge Robinson.
Mas chega de falatório o negócio e colocar o disco na vitrola e sair rodopeando. Pois em Festa Fuynk não se pode ficar parado. Ah e como todo Lp (por razões técnicas) trata-se de um disco pequeno com 08 deliciosas músicas. Chamo a atenção para a faixa 1 Festa Funk. É uma pista para entender um pouco do Funk como le gusta de Paula Lima. Ou então a faixa 3 Tô parado na Tua. Destaque também para a ótima Rebola Bola e a crítica elogiosa e jocosa de São Paulo Higt Society( uhuh viva as festinhas da higth sociedade com direito a Amauri Júnior).
Bom eu adorei e me deu vontade de sair dançando...espero que Vocês também gostem principalmente os que viveram os anos 80 vão se sentir em casa com essa sonoridade ...
Para quem quiser copiar o disco recomendo copiar do cavalo23.blogspot.com

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Ainda sobre a crise nos EUA

Pouco a pouco a verdade começa a parecer. Até mesmo o Congresso Americano começa a questionar essa festa. Como disse no post abaixo: Na República dos Estados Unidos Soviéticos da América, você tem o melhor dos dois mundos: todas as garantias de lucro são do oligopólio, todos os riscos são seus. Não é uma coisa de gênio? Por um capitalismo genuinamente socialista para todos os ricos!

Veja ótima matéria do Blog do Sérgio D'avila, que reside nos EUA :

Cada crise econômica tem o Sherman McCoy que merece.

O fictício corretor de ações de Wall Street, criação inesquecível de Tom Wolfe no romance "A Fogueira das Vaidades", de 1987, foi o primeiro "mestre do universo", como o autor se refere à elite financeira e econômica mundial. Como ele, há todo um time de "mestres do universo" de que o público só toma conhecimento nas crises. São os figurões que enchem os bolsos enquanto suas empresas fazem água.

A crise da "contabilidade criativa" da virada do milênio, por exemplo, que eu vivi in loco em Nova York, trouxe à luz nomes como o de Kenneth Lay, o "Kenny Boy", como o chamava o amigo George W. Bush, que um dia foi considerado para o cargo de secretário do Tesouro, Jeffrey Skilling, com seu sobrenome em gerúndio com o verbo "skill", habilidade, destreza, e Andrew Fastow, o quase-Fausto.

Eram todos os mandantes da Enron, a gigante de energia que faliu e deixou milhares na miséria. Kenny Boy saiu com um pacote de US$ 42,4 milhões. Era o Sherman McCoy da vez.

Menos de dez anos depois, a quebradeira dos bancos e instituições que já custou 10% do PIB aos cofres norte-americanos começa a elencar seus Shermans. O meu preferido, por enquanto, é o CEO do Lehman Brothers.

Funcionário desde 1969 do que era o quarto maior banco de investimentos dos EUA, o agressivo e calvo Richard Fuld era conhecido por seus subordinados como "The Gorilla".

Quando a fragilidade de sua instituição veio a público, Fuld, de 62 anos, disse que "quebraria as pernas" do executivo que ele flagrasse jogando com as ações do banco na Bolsa. Não falou que antes disso tinha comprado uma ilha no exclusivo litoral de Palm Beach, reduto dos endinheirados norte-americanos na Flórida. Chama-se Jupiter Island e custou US$ 14 milhões.

Nos 14 anos em que ocupou a posição principal da instituição, embolsou US$ 500 milhões, segundo a "Forbes". Mora na luxuosa Greenwich, em Connecticut, Estado vizinho de NovaYork, e tem um apartamento funcional na Park Avenue de Manhattan, coisa de quatro quartos, quatro banheiros e US$ 21 milhões. Mesmo com a concordata de seu banco, deve sair com US$ 65 milhões.

Quem mais?

Stan O'Neal, do Merrill Lynch, levou US$ 160 milhões -o banco de investimentos, o terceiro maior dos EUA, foi vendido antes que quebrasse. Jimmy Cayne, que comandou o Bear Stearns por 15 anos, levou US$ 61,3 milhões em venda de ações.

Quando o Fed americano começava a coordenar a operação de compra de seu banco pelo JP Morgan por US$ 30 billhões, em março, Cayne jogava golfe em Detroit.

Além do pacote, ganhou um "plano-aposentadoria" de US$ 30 milhões. Ele e sua mulher compraram dois apartamentos grudados no Plaza, o luxuoso hotel de Nova York que transformou parte de seu prédio em condomínio de ricaços. Os imóveis valem US$ 28,2 milhões. Cayne tem ainda um palacete na mesma Greenwich de Richard "The Gorilla" Fuld.

Depois de darem seus testemunhos ao Congresso, o que deve acontecer nos próximos dias e como fizeram antes deles Kenny Boy, Fastow e Skilling, imagino os dois sentados lado a lado em uma de suas casas, observando crescer o gramado impecavelmente verde e impecavelmente aparado, um dizendo para o outro: "Vida dura essa nossa..."

Quer entender a crise?

Quer entender a crise?

Vale ler o hilariante exemplo abaixo, publicado na coluna Fernando Canzian, no Folha Online, de autoria desconhecida.

*

"O seu Biu tem um bar, na Vila Carrapato, e decide que vai vender cachaça 'na caderneta' aos seus leais fregueses, todos bêbados, quase todos desempregados.

Porque decide vender a crédito, ele pode aumentar um pouquinho o preço da dose da branquinha (a diferença é o sobrepreço que os pinguços pagam pelo crédito).

O gerente do banco do seu Biu, um ousado administrador formado em curso de 'emibiêi', decide que as cadernetas das dívidas do bar constituem, afinal, um ativo recebível, e começa a adiantar dinheiro ao estabelecimento tendo o pindura dos pinguços como garantia.

Uns seis 'zécutivos' de bancos, mais adiante, lastreiam os tais recebíveis do banco, e os transformam em CDB, CDO, CCD, UTI, OVNI, SOS ou qualquer outro acrônimo financeiro que ninguém sabe exatamente o que quer dizer.

Esses adicionais instrumentos financeiros alavancam o mercado de capitais e conduzem a operações estruturadas de derivativos na BM&F, cujo lastro inicial todo mundo desconhece (as tais cadernetas do seu Biu).

Esses derivativos estão sendo negociados como se fossem títulos sérios, com fortes garantias reais, nos mercados de 73 países.

Até que alguém descobre que os bebuns da Vila Carrapato não têm dinheiro para pagar as contas, e o Bar do seu Biu vai à falência. E toda a cadeia desmorona.''

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Os EUA é comuna


A batalha é a de pôr um fim no pesadelo neoliberal e
na noite interminável da idade mídia.

Vocês viram, primeiro quebraram 02 dos maiores bancos deles. Depois o governo interveio na AIG. A VERDADE É SÓ UMA O NEOLIBERALISMO ESTA FALIDO E AGORA QUEM DIZ NÃO SOMO NÓS OS COMUNAS E SIM ALGUNS LIBERAIS. SE É PARA SER CAPITALISTA O VELHO KEYNES COMO SEMPRE É QUE TEM RAZÃO, SISTEMA CAPITALISTA SOMENTE COM GRANDE REGULAÇÃO ESTATAL E INTERVENÇÃO DO ESTADO NA QUESTÃO SOCIAL. SE NÃO FOR ASSIM POR BEM VAI SER POR MAL, NO MOMENTO DAS CRISES.

Esta por toda a parte a notícia que o Tesouro garantiu os fundos de mercado conservadores em até 50 bilhões de dólares. Dinheiro de muita gente, inclusive o nosso nessa ciranda indecente que é o livre mercado internacional das finanças. É também notícia que o governo de lá dos EUA está discutindo como criar uma instituição que forneça capital para instituições financeiras em risco. Quem diria hein.

Ainda segundo notícias o senador democrata Cristopher Dodd, o pacote de ajuda pode chegar a um trilhão de dolores. Certamente será de meio trilhão informa a Economist. De novo só lembrando os EUA não tem essa grana, dinheiro hoje se concentra com milionários do Oriente, Asia, China (que aqui se separa da Asia pelo tamanho) e leste europeu... vixe haja máfia... e também pelos demais países com enorme concentração como nós, traduzindo daqui a pouco estamos com pneumonia. De novo os otários daqui pagarão essa festa dos de lá.

O governo republicano de George W. Bush produzirá a maior intervenção no livre mercado da história.E os liberais daqui estão quietinhos, fingem que não é com eles. Livre mercado só é bonito quando o sistema não está entrando em colapso por inteiro.Ou então ficam fazendo ginástica mental no Jornal Nacional para justificar o injustíficavel ou afirmar que o mercado sozinho resolveria a crise mas é melhor uma intervenção estatl...ahn, é isso mesmo bobeiras desse tipo são ditas aos montes pelo grande s especialistas ... aqueles dos bancos que sempre tem opinião e nunca erram, já repararam eles nunca erram com seus tenos bonitos e suas caras de pequenos gênios da obviedade.

No entanto, quem está chamando esta de a maior intervenção no mercado da história é a imprensa norte-americana. Os liberais de lá falam que o desastre nasceu quando o FED intercedeu nos juros anos atrás. Outros economistas menos liberais dizem que o desastre teve início quando o governo começou a podar as várias regulamentações que punham o mercado nos trilhos. O fato é que governo republicano acaba de promover, pois é, a maior intervenção no livre mercado da história. rá, rá, rá. Só ouvindo a Internacional e ficar a lamentar que de fato o discurso único venceu pelo menos pelas bandas de cá. Ninguém para gritar aos quatro cantos os neo-liberais fracassaram de vez depois das crises periféricas agora a crise é na metropole. Ai que saudade do PSTU. Cadê o PSTU, vocês no fundo é que tinham razão.


Acréscimo
Um adendo no sentido do que escrevi acima é esse ótimo comentário no blog do Noblat. Era mais ou menos disso que estava falando no fim do meu post que saudade da esquerda
Comentário

FHC foi quem se converteu à política econômica de Lula

É aquela velha história da mentira que, de tanto repetida, acaba virando verdade. Já passou da hora de desmascararmos em definitivo uma das mais difundidas farsas nacionais, aquela segundo a qual Lula segue a política econômica de FHC, daí resultando parte de sua popularidade.

Nada é mais impróprio do que dizer que FHC teve “uma” política econômica. A rigor, foram duas e diametralmente opostas. No primeiro mandato, FHC era um desses típicos presidentes de esquerda sul-americanos. Do ponto de vista econômico, um Chavez com PhD.

Lula nunca foi de esquerda como presidente. Há dúvidas se foi como metalúrgico. Mesmo assim seus desafetos insistem em dizer que ele copiou FHC. Men-ti-ra! E deslavada. De esquerda, Lula, presidente, não! Até poderia ter sido no auge da crise do mensalão. Mas não foi. Preservou sua coerência.

FHC estatizou bancos, emprestou dinheiro para bancos privados e manteve duas equipes econômicas - a da dupla José Serra e Gustavo Franco, e a do Pedro Malan. FHC segurou o câmbio e, num lance típico de Sarney na época do Plano Cruzado, segurou até o dia da eleição uma estratégia financeira que agonizava.

Garantido o segundo mandato, apresentou a fatura amarga do real que virara pó e do país que afundara na crise externa e interna. Foi só depois que FHC se converteu. Chamou então o banqueiro Armínio Fraga, o queridinho do mega-espaculador George Soros, e mandou-o cuidar do Banco Central.

Justiça se faça a Lula: o banqueiro-internacional-vindo-de-Wall-Street convocado por ele para suceder Fraga no Banco Central está encastelado por lá desde o primeiríssimo dia do primeiro mandato. Acabou promovido a ministro. A essa altura, já é a autoridade monetária mais longeva da história do país.

Nenhum petista de esquerda fez dicursos inflamados chamando Meirelles de raposa e acusando Lula de tê-lo escalado para cuidar do "galinheiro". Muitos tucanos chamaram Fraga de raposa, sim. E o Banco Central de "galinheiro". Meirelles assumiu empurrando logo os juros para o alto. Sem remorsos. Sem pruridos.

Seguir a política econômica de FHC significaria, na prática, começar pela esquerda e acabar pela direita. Alto lá! Lula começou pela direita e por lá permanece. Sem faniquitos. Sem dramas. Quando acorda invocado, telefona para Bush. Por sinal, faz mais de uma semana que não telefona. É compreensível.

Ultimamente, Lula anda perplexo com certos governantes capazes de adotar soluções heterodoxas para enfrentar a crise financeira em curso (vocês sabem a quem me refiro). Para um conservador como ele deve parecer espantosa a estatização de bancos e de corretoras em pleno século XXI. Pois para FHC não é.

Moderador, socorro! Como é mesmo que se desenha aquele ponto? Acho que é assim ("!")


quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Manifesto contra a Intolerância Religiosa

Eu já assinei. Assinem Vocês também e digam não a Intolerância Religiosa.

ARTISTAS, MILITANTES E RELIGIOSOS EM APOIO À CAMINHADA


O Manifesto acaba de entrar no ar. Está no site da Caminhada (http://www.eutenhofe.org.br/) e no Petition Online no link que segue abaixo mas que reproduzo aqui: http://www.petitiononline.com/CMD2109/petition.html
Assine o manifesto e divulgue entre seus amigos, vamos criar uma grande corrente de apoio, em nível nacional para este momento histórico que está sendo construído.



Vejam o manifesto:




À Sociedade Brasileira

CONTRA A INTOLERÂNCIA, PELA LIBERDADE DE CULTO E AFIRMANDO A DEMOCRACIA, INTELECTUAIS, ARTISTAS, MILITANTES RELIGIOSOS ENTRE OUTROS ASSINAM ESTE MANIFESTO DE APOIO À CAMINHADA PELA LIBERDADE RELIGIOSA – 21 DE SETEMBRO – ORLA DE COPACABANA


Os crescentes casos de discriminação religiosa ocorridos na história recente de nosso país motivaram a criação de uma Comissão de Combate à Intolerância, na cidade do Rio de Janeiro e esta, por sua vez, inspirada em ventos que nos sopram dos quilombos, da manutenção de seus ancestrais e do reconhecimentos que descendemos de heróis - que mesmo escravizados - não esqueceram suas raízes, decidiu realizar neste 21 de setembro de 2008, a Caminhada Pela Liberdade Religiosa.

Infelizmente os casos de intolerância não são recentes e muitos deles são extremamente graves como é, por exemplo o caso de Mãe Gilda que, violentamente atacada por outro segmento religioso adoeceu e veio a falecer depois de ver sua foto publicada em uma matéria que tratava os religiosos de matriz africana como charlatões.

No Rio Grande do Sul a população assiste estarrecida a discussão em torno de uma lei estadual que a título de proteger os animais, praticamente inviabiliza a liturgia dos cultos afro-brasileiros.

Em São Paulo, um terreiro de Candomblé, aberto há mais de 25 anos, está lacrado e seus religiosos e adeptos proibidos de exercer a sua liberdade de culto por ordem da prefeitura, após frustrada demanda judicial, sob a alegação de mudança de zoneamento urbano e de que o som dos atabaques incomoda a vizinhança. Em flagrante desprezo ao princípio da igualdade de todos perante a lei ao mesmo tempo, pelo menos três igrejas que circundam a região estão funcionando normalmente com suas caixas de som distribuídas pelos postes da localidade..

Como se não bastasse, na Meca do Candomblé do Brasil aconteceu algo ainda mais improvável: a Prefeitura de Salvador, no início do ano, arbitrariamente demoliu um terreiro de Candomblé e ainda ajuizou cobrança judicial de IPTU de uma das mais antigas e tradicionais casas-de-santo da cidade, que já havia sido beneficiada com tombamento e com isenção do pagamento desta taxa.

Na cidade do Rio de Janeiro causou indignação a atitude judicial que retirou - mas depois foi retroagida - a guarda de uma criança de sua mãe, sob o argumento de que o uso de imagens religiosas por essa senhora dentro de casa poderia comprometer o desenvolvimento psíquico do filho. Ainda no Rio, um grupo de quatro jovens de uma igreja evangélica neo-pentecostal, invadiu e depredou dezenas de imagens de santos católicos e de Orixás em um Centro Espírita.

De semelhante modo, temos notícias frequentes de agressões que vão da depredação até mesmo à violência física por parte de pessoas que, intolerantes e ignorantes sobre o direito ao exercício religioso, desprezam a liberdade de culto, apresentando as religiões tradicionais afro-brasieliras como adoradoras de um ser maligno que, por sinal, nem mesmo faz parte do universo cosmogônico das religiões de matriz africana.

Acreditamos que o crescimento da intolerância religiosa em nosso país é um claro sinal de ameaça à democracia e que, portanto, devemos estar atentos para defendê-la sob pena de se correr o risco de retrocessos na arrojada luta por ela travada nas últimas décadas. O Estado Democrático de Direito, pressupõe, antes de tudo, que a crença individual deve ser respeitada e o direito de culto deve ser preservado. Portanto, para nós, intelectuais, artistas, militantes, religiosos é inaceitável que casos como estes continuem a acontecer em nosso país.

Por tudo isso queremos afirmar todo nosso apoio à Caminhada Pela Liberdade Religiosa e ressaltamos a necessidade de todas as pessoas de todos os credos religiosos que crêem na democracia, que acreditam na paz e que preservam a liberdade, para que estejam na orla de Copacabana neste 21 de setembro engrossando de maneira ecumênica o grito que move este movimento:

Eu Tenho Fé!! Queremos Respeito e Reconhecimento!!!


REDIGEM ESTE DOCUMENTO:

Julio Cesar de Tavares
Professor Associado/Departamento de Antropologia da UFF

Luiz Fernando Martins da Silva
Advogado/Professor da Faculdade Brasileira de Ciências Jurídicas e Membro Efetivo do Instituto dos Advogados Brasileiros

Marcio Alexandre Martins Gualberto
Jornalista/Coordenador do Coletivo de Entidades Negras - CEN/RJ

Editor do blog: Palavra Sinistra
Integrante da Rede Mamapress e colunista de Afropress
Membro do Conselho Editorial da revista Raça Brasil
MSN: http://br.mc657.mail.yahoo.com/mc/compose?to=marciogualberto@msn.com

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Por que a vantagem de Obama não é maior?

Depois de muito tempos em falar das eleições americanas, continuarei a não falar. Para quem quiser minhas próprias análises podem procurar aqui no Blog uma série de posts que escrevi em dezembro e início de janeiro quando ainda tinha tempo. Mas para não deixá-los na mão reproduzo aqui matéria do Idelbar um mineiro radicado nos EUA, ele é professor universitáerio pelas bandas de lá. Além de ser um bom resumo das carcterísticas das eleições americanas é uma resposta a F. de S. Paulo e suas imbecilidades.

Por que a vantagem de Obama não é maior?

Ao longo da semana passada, as matérias publicadas pela Folha sobre as eleições americanas repetiram um mesmo bordão, a insistente pergunta: por que a vantagem de Obama nas pesquisas não é maior? O objetivo deste post é explicar por que essa pergunta não faz sentido.

Na matéria escrita no domingo (link para assinantes), Fernando Rodrigues afirma: A economia do país está à beira de uma de suas piores recessões, como vários indicadores atestam, mas o candidato governista e republicano John McCain se mantém praticamente empatado nas pesquisas de intenção de voto com o democrata Barack Obama. Uma hipótese para explicar esse possível paradoxo é que a crise econômica tal qual tem sido noticiada na mídia, por causa dos indicadores ruins, ainda não afetou com força uma parcela considerável do eleitorado.

Jisuis, a crise econômica afetou muito mais que “uma parcela considerável do eleitorado”! A taxa de desemprego é a maior dos últimos cinco anos. O número de americanos que viram seus empregos de tempo integral reduzidos a meio horário chegou a 3,7 milhões, a maior cifra desde que o governo começou a computar esta estatística, há 50 anos. Sobre a crise imobiliária, a matéria da Folha afirma que ela fez milhares de pessoas perderem suas casas. Caro Fernando Rodrigues, as perdas de hipotecas não se medem aqui por milhares. Não se medem por dezenas de milhares. Não se medem por centenas de milhares. As perdas de casas nos EUA já há tempos se contam pelos milhões.

Por que, então, não faz sentido se perguntar por que Obama não tem vantagem grande nas pesquisas? A resposta é pateticamente simples: porque assim são as eleições americanas. Sabem qual foi o último candidato a ser eleito com mais de 50% dos votos? Bush pai, em 1988, com 53,4%. Exato, há duas décadas ninguém recebe mais de 50% dos votos aqui. Clinton foi eleito em 1992 com 43% (numa eleição atípica, já que havia um terceiro candidato, Perot, que recebeu 1 de cada 5 votos). Em 1996, numa goleada histórica de Clinton sobre os Republicanos, a diferença foi 49,2% a 40,7% sobre Bob Dole. Em 2000, quando Bush filho venceu joserobertowrightianamente, a diferença em favor de Al Gore no voto popular foi 48,4% a 47,9%. Trata-se de um sistema eleitoral onde cada um dos dois candidatos já entra com 40%. Aqui não existem goleadas de 62 a 38. Goleadas de 62 a 38 são exclusividade de países onde o governo bate recordes históricos de redução da desigualdade social e a única plataforma eleitoral da oposição é falar de grampos telefônicos.

Portanto, toda a indagação sobre o “problema” de Obama não tem o menor sentido. Os números são os esperados e quem conhece a história eleitoral americana sabe disso. Ninguém que conhece o jogo jamais achou que ia ser fácil.

O outro grande serviço que a Folha poderia prestar aos seus leitores é avisar que manchetes como Obama abre 5 pontos, McCain empata com Obama, McCain está um ponto na frente são não-fatos. Como os leitores deste blog já estão carecas de saber, as pesquisas nacionais não significam nada, pois a eleição é indireta. David Plouffe, o competentíssimo coordenador da campanha de Obama, afirmou outro dia numa conversa: “as tracking polls a gente nem olha”.

Segundo os cálculos deste blog, McCain tem, garantidos, 157 votos no Colégio Eleitoral. É a soma de Alaska, Utah, Idaho, Arizona, Wyoming, Dakota do Sul, Nebraska, Kansas, Oklahoma, Texas, Louisiana, Mississippi, Tennessee, Kentucky, Virgínia Ocidental, Alabama, Arkansas, Geórgia e Carolina do Sul.

Obama tem 200 votos sólidos no Colégio Eleitoral: é a soma de Califórnia, Washington, Oregon, Havaí, Illinois, Wisconsin, Vermont, Maine, Maryland, Nova York, Rhode Island, Connecticut, Massachusetts, Nova Jersey, Delaware e o Distrito de Columbia (da cidade de Washington).

Ganha quem chegar nos 270.

São 181 votos indefinidos: a soma de Ohio, Flórida, Pensilvânia, Nevada, Novo México, Virgínia, Carolina do Norte, Montana, Dakota do Norte, Michigan, New Hampshire, Indiana, Colorado, Iowa, Minnesota e Missouri. O mapinha, com o número de votos que cada estado carrega ao Colégio Eleitoral, é este.

As pesquisas nesses 16 estados são as únicas que importam. Em alguns deles, McCain é forte favorito, como em Missouri. Em outros, Obama é forte favorito, como na Pensilvânia. Mas é razoável dizer que em todos eles há alguma chance para ambos.

Em breve, um passeio estado a estado, por esses 16.

http://www.idelberavelar.com/

domingo, 14 de setembro de 2008

Imperialismo sanguinário

Um artigo mais lúcido na grande mídia sobre o GOLPE DE ESTADO na Bolívia.

Imperialismo sanguinário

Mauro Santayana

O que está ocorrendo na Bolívia ocorreu no Brasil, em 1964; no Chile, em 1973; na Argentina, em 1976, e quase ocorreu na Venezuela, em 2002. Tudo começou com a usurpação de 1.300 mil km² do território do México, na guerra movida pelo presidente Polk (1846/1848). E em 1856, o mercenário ianque William Walker se declarou presidente da Nicarágua. Podemos deixar de lado o caso bem conhecido da intervenção em Cuba, desde sua "independência" até a Revolução de 1959.

No início do século 20, para construir o canal, os americanos promoveram o movimento separatista do Panamá – que pertencia à Colômbia – e obtiveram, da constituição que eles mesmos redigiram, o direito de intervir no país quando necessário. Entre 1926 e 1933, a Nicarágua viveu a extraordinária gesta de Sandino – em seu tempo, mito maior do que o de Guevara. Ele enfrentou vitoriosamente os marines, foi traído e assassinado por Somoza, em encontro marcado para a conciliação nacional. Como prêmio, o democrata Roosevelt fez do assassino o ditador da Nicarágua, que legou o país a seu filho, até a vitória dos sandinistas em 1979, quando os EUA armaram os contra-revolucionários. Em El Salvador o terrorismo norte-americano matou dezenas de milhares de pessoas, entre elas o bispo dom Oscar Romero, junto ao altar.

Em 1964, os norte-americanos estimularam e orientaram, mediante seus diplomatas e agentes, o golpe contra o governo constituído de Jango. Como hoje na Bolívia, houve a orquestração da imprensa, o incentivo aos baderneiros, a mobilização da extrema direita. Em 1973 foi a vez do Chile. Repetiu-se o mesmo modelo, com o envolvimento das forças armadas, o uso de vultosos recursos financeiros, a cooptação remunerada dos serviços de informação, os atos de sabotagem, o lock-out dos empresários e o estímulo a agentes provocadores. O golpe contra Allende só foi consumado com a morte do grande presidente. O envolvimento dos Estados Unidos no episódio é registrado em documentos oficiais de Washington.

A Venezuela, mesmo depois de o presidente constitucional Hugo Chávez ter sido seqüestrado, conseguiu impedir o golpe de abril de 2002, patrocinado pelos Estados Unidos, pelas multinacionais, empresários locais e os meios de comunicação. No fim da última semana, era denunciada nova articulação golpista. Com a experiência que temos do passado, é quase certo que Washington se encontre por detrás da conspiração. Chávez, diante dos fatos na Bolívia, teve a coragem de expulsar o embaixador dos Estados Unidos. Morales também havia decidido declarar persona non grata o embaixador norte-americano em La Paz, e com razões públicas e objetivas: o diplomata estava se reunindo com os governadores da oposição que pregam a independência de suas regiões.

A Bolívia não se encontra nas antípodas. Está ali, ao lado. A nossa posição, no episódio, deve ser orientada pela velha afirmação do princípio de não intervenção. Fez bem o Brasil em acatar a decisão de Evo Morales de declinar do oferecimento dos vizinhos para buscar a conciliação. Morales preferiu convidar o prefeito de Tarija, a fim de conversar. O problema maior é o grande latifúndio: 860 proprietários controlam 46% das terras da planície (quatro deles com glebas de mais de 50 mil hectares cada um), enquanto 54 mil empresários médios só possuem 7,3% da área. Os índios foram despojados de suas terras, e o agronegócio (movido por croatas, sírio-libaneses, norte-americanos e brasileiros) está por detrás das agitações. É ainda mais grave saber que a razão invocada pelos baderneiros é a de que Morales vai usar os recursos do gás para socorrer os bolivianos idosos e pobres.

Não é provável uma saída rápida para a crise. Ainda que se chegue a um acordo entre o presidente e os governadores da região oriental, o problema continuará latente. O caso da Bolívia é também uma advertência para a nossa política fundiária na Amazônia. Estamos permitindo a aquisição de glebas na região por estrangeiros e por grandes fundos de investimentos (que são apátridas, como o Opportunity), o que trará grande risco em futuro próximo.

Aos Estados Unidos não interessa a estabilidade de nenhum país do continente. É evidente que tanto na Venezuela, quanto na Bolívia, seus agentes, oficiais e embuçados, incentivam os inimigos de Morales e de Chávez. Diante da situação, os demais países sul-americanos devem unir-se diplomaticamente e impedir o pior.

sábado, 13 de setembro de 2008

Poesia para toda parte

Poesia para toda parte de hoje é protesto e dos bons, contra a objetificação, coisificação e modismos vazios a respeito da religiosidade afro-brasileira:

Laguidibá
.
Quem não é de Obalibô (ioiô)
Não usa laguidibá (iaiá)
Tira o colar do pescoço, seu moço
Que é pra não se machucar

Laguidibá
Não é simples ornamento
É colar de fundamento
Você tem que respeitar
Então, seu moço
Sai desse angu de caroço
Tira o colar do pescoço
Pra Papai não se zangar
.
Laguidibá
É adereço muito certo
É coisa de santo velho
Do Antigo Daomé
Quem é de jeje
Pegue esse colar e beije
Quem não é, deite, rasteje
Se quiser ficar de pé.

Laguidibá

Pra usar, tem que ser feito

Dentro de todo o preceito

Da nação... Me diz qual é?

Nagô vodum, Jeje ruinhó, Mina-jeje

Peixe vira caranguejo

Na vasante da maré.

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Quilombolas reivindicam plena aplicação da Convenção 169 da OIT


Abaixo o comunicado distribuido pela Ong CPI-SP que acompanha a questão Quilombola e Indígena no Brasil.

Desde Já nosso apoio pessoal a questão e institucional através do GT RTQ-MG

*Quilombolas reivindicam plena aplicação da Convenção 169 da OIT*

No dia 1 de setembro, foi protocolada na Organização Internacional do
Trabalho (OIT) comunicação subscrita por 10 organizações quilombolas e
12 organizações não-governamentais que avalia a aplicação da Convenção
169 sobre Povos Indígenas e Tribais da OIT na garantia dos direitos das
comunidades quilombolas - confira em:



Considerando que esse ano o governo brasileiro tem o compromisso de
encaminhar a OIT um informe sobre a aplicação da C 169 que vigora no
Brasil desde 2003, a sociedade civil decidiu oferecer a OIT a sua visão
sobre a questão.

A comunicação foi encaminhada para a OIT pela Central Única dos
Trabalhadores com o apoio da Confederação Sindical das Américas. No
mesmo ato a CUT protocolou a comunicação preparada pelas organizações
indígenas Articulação dos Povos Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e
Espírito Santo; Conselho Indígena de Roraima; Coordenação das
Organizações Indígenas da Amazônia brasileira e Warã- Instituto Indígena
Brasileiro.

Os documentos do governo brasileiro e da sociedade serão analisados
ainda esse ano pelo Comitê de Especialistas da OIT, composto por 20
especialistas independentes.

*O Estado Brasileiro não cumpre integralmente a C 169*

A comunicação da sociedade civil denuncia que o Estado brasileiro não
vem promovendo a aplicação integral da Convenção nº 169. Cita como um
dos exemplos de não observância das disposições desse tratado
internacional a inexistência de um mecanismo que garanta a *consulta
prévia* aos povos interessados sempre que se tenha em vista medidas
legislativas ou administrativas capazes de afetá-los diretamente (como
previsto no artigo 6º - C 169).

Apenas uma vez o Estado brasileiro realizou uma consulta prévia em
cumprimento à Convenção 169. Trata-se da "consulta aos quilombolas"
convocada pela Advocacia Geral da União em abril de 2008 para debater a
proposta de nova instrução normativa do Incra para regulamentar os
procedimentos para identificação e titulação das terras quilombolas.

Os autores do documento avaliam que tal consulta não ocorreu conforme
disposto na Convenção 169 uma vez que o governo não demonstrou
disposição em chegar a um acordo, restringindo o debate unicamente a sua
proposta, sem dar oportunidade para alterações mais relevantes.

A comunicação aponta também que o governo brasileiro tem falhando na
garantia dos *direitos territoriais* assegurados na Convenção 169. O
documento evidencia o declínio tanto na efetiva titulação de terras de
comunidades quilombolas quanto na evolução de procedimentos
administrativos de regularização dessas áreas.

Até junho de 2008, apenas 143 comunidades quilombolas haviam recebido o
título de propriedade de seu território. Esse número representa apenas
12% do total de comunidades até agora catalogadas pela Fundação Cultural
Palmares e nem 5% da totalidade estimada pelo movimento social,
indicando que a atuação governamental ainda está muito aquém do
necessário para garantir o direito à terra previsto tanto na
Constituição Brasileira (artigo 68 do ADCT) quanto nos artigos 13 e 14
da C 169.

* *

*Recomendações *

Ao final do documento, os autores apresentam uma série de recomendações
para se garantir a plena aplicação da Convenção 169 no Brasil, entre as
quais destacamos:

- Que o Estado brasileiro aplique plenamente o artigo 1.2 da Convenção
169 da OIT, considerando a auto-identificação como critério para definir
os grupos aos quais se aplicam as disposições da Convenção 169 da OIT.

- Que o Estado brasileiro aplique plenamente os artigos 6º e 15 da
Convenção 169 da OIT, estabelecendo um mecanismo permanente de consulta
aos povos interessados a ser utilizado todas as vezes que se prevejam
medidas legislativas ou administrativas suscetíveis de afetá-los.

- Que o governo brasileiro agilize os processos de titulação dos
territórios das comunidades quilombolas, garantindo todos os meios
necessários à regularização fundiária da totalidade do habitat das
regiões que esses povos vivem.

- Que o Estado brasileiro adote medidas para salvaguardar a
integralidade do território das comunidades quilombolas, antes e após a
sua titulação.

*Assinam a comunicação:*

Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais
Quilombolas

Comissão Estadual das Comunidades Quilombolas do Espírito Santo -
Zacimba Gaba

Coordenação Estadual das Comunidades Negras Rurais Quilombola de Mato
Grosso do Sul

Comissão Estadual de Comunidades Quilombolas de Pernambuco
Federação das Comunidades Quilombolas de MG - N´golo

Malungu – Coordenação das Associações das Comunidades Remanescentes de
Quilombo do Pará

Associação das Comunidades Remanescentes de Quilombos do Município de
Oriximiná

Associação Quilombola de Conceição das Crioulas
Associação Rural Comunitária dos Quilombolas do Timbó e Adjacências
Comissão Quilombola do Sapê do Norte

Associação de Advogados de Trabalhadores Rurais no Estado da Bahia

Centro de Cultura Luiz Freire

Centro de Cultura Negra do Maranhão

Centro de Documentação Eloy Ferreira da Silva

Centro pelo Direito à Moradia contra Despejos (Centre on Housing Rigths
and Evictons)

Comissão Pró-Índio de São Paulo

Instituto de Assessoria às Comunidades Remanescentes de Quilombos do Rio
Grande do Sul

Justiça Global

Koinonia Presença Ecumênica e Serviço

Movimento Negro Unificado - Seção RS

Rede Social

Terra de Direitos

Confira os documentos da CUT e das organizações indígenas em:

http://www.cpisp.org.br/acoes/html/artigos.aspx?LinkID=38

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

O supremo presidente Gilmar

Série de matérias do Nassif a respeito da mídia que vivemos:

O crime organizado veio para ficar. Não é mais franja, efeito colateral, exceção. Está no centro de todo o sistema. O caso Daniel Dantas está apenas mostrando que a extensão do domínio é muito maior do que imaginávamos. Não porque todos os jornalistas, empresários, juízes e parlamentares que hoje estão, em coro, construindo a absolvição de Dantas estejam diretamente vinculados a ele.Nem todos estão. Mas, indiretamente, qualquer brecha que torne longínquamente provável o desvendamento de crimes de colarinho branco atinge a todos eles. Estão todos com medo. Ninguém sabe se os "seus" próprios telefonemas foram grampeados.
******************
A mídia não pode se voltar contra os sentimentos hegemônicos de seus leitores. Como fazer para defender Daniel Dantas sem que o leitor perceba?

A fórmula é simples:

1. Criam-se factóides em torno de grampos. Caso típico é a capa da Veja. Até agora nem ela, nem Gilmar Mendes, nem Demóstentes Torres apresentaram um dado sequer de que o grampo foi da ABIN.

2. Criado o factóide, deflagra-se o processo legal-administrativo, seja através do STJ ou do CNJ (Conselho Nacional de Justiça).

3. Consumado o movimento, os jornais voltam a defender escutas e procedimentos mais radicais. Livram a cara, depois de terem cumprido sua missão.

4. O mesmo vale para o equipamento de grampo da ABIN. Ampla cobertura ao que Nelson Jobim falou. Depois, aquele desaforo de afirmar que o equipamento pode ser usado para grampo, desde que acoplado a um equipamento próprio para grampo.

5. Afasta-se Paulo Lacerda e, agora, os desmentidos vêm a conta-gotas. Mas o objetivo já foi alcançado.

6. Finalmente, com a história do agente aposentado do SNI que ajudava na operação, a mesma coisa. Monta-se um movimento para “criar jurisprudência” através dos jornais. Algo insólito, mas entra jornal e colunista afirmando taxativamente que a Operação foi comprometida. Há toda uma discussão por trás, em que esse movimento atua como advogado de uma das partes. Depois de atingido o objetivo, ouça-se a outra parte, mas aí sem risco de comprometer a tese principal: livrar Daniel Dantas.


Resta saber se nós, aqui da arquibancada, temos alguma capacidade de articulação e reação. Eu duvido que tenhamos. Reina a sensação de que nada mais pode ser feito, de que só nos resta assistir passivamente a esse desfile interminável de vitórias do crime organizado.Estou convencido de que esta sensação é planemente justificada. Não se pode fazer abolutamente nada, mesmo. Falamos para não enlouquecer. Mas é só isso. A democracia já era. Sobrou só o discurso. Oco.
*****
Entrevista do Jornal o Popular de Goiânia


Protogenes - "O próprio órgão de imprensa que deu o furo de reportagem não demonstrou o áudio. Cadê o áudio? Só aparece uma transcrição? Cadê o áudio? E envolve duas pessoas importantes da República, o presidente do STF e o senador Demóstenes Torres. Como que lança o nome de duas pessoas dessa forma e não aparecem as provas? "

Popular- Inclusive os advogados do Daniel Dantas já afirmaram que vão usar a participação de Francisco Ambrósio do Nascimento (servidor aposentado da Aeronáutica) nas investigações para invalidar as provas colhidas. Alegam que ele não faz parte dos quadros da Polícia Federal.

Potogenes- Ele participou sim da operação, mas existe um dispositivo legal que prevê a figura do colaborador eventual. Mas ele ficou pouco tempo na operação, é um analista e desempenhou o papel dele a pedido nosso. A todo tempo ele cumpria expediente na sede da PF.
E quanto às suspeitas de que a Polícia Federal grampeou ilegalmente o presidente do STF, ministro Gilmar Mendes?

Posso lhe afirmar que a reportagem que foi lançada nos órgãos de imprensa afirmando que houve escuta ilegal e que as suspeitas recaem nos agentes que integraram a Satiagraha é mentirosa. Todas as escutas que fizemos foram autorizadas e nosso sistema é inclusive auditado. Todas nossas escutas estão de posse da Justiça Federal e são controladas pelo Ministério Público Federal. O próprio órgão de imprensa que deu o furo de reportagem não demonstrou o áudio. Cadê o áudio? Só aparece uma transcrição? Cadê o áudio? E envolve duas pessoas importantes da República, o presidente do STF e o senador Demóstenes Torres. Como que lança o nome de duas pessoas dessa forma e não aparecem as provas?

Na sua opinião, houve uma inversão no debate sobre as investigações?

Hoje, o que se discute é a conduta dos investigadores. Não se discute mais o investigado principal. E nem os fatos que porventura estão em torno dele, que são mais graves que a figura central dele. E o próprio investigado tem noção disso, senão não estaria fazendo toda uma estratégia de trabalho nesse sentido. Estava já voltando o foco para o investigado e os fatos em torno dele e aí se criou outro fato. E acredito que outros virão.

Como se viu saindo da condição de herói, que prendeu pessoas poderosas suspeitas de corrupção, e de repente passou a ser atacado e ter o trabalho duramente questionado?

(...) Dá um pouco de tristeza de ver algumas posições sem muita clareza e sem muita explicação para o que se pretende. Mas, por outro lado, são atitudes que cada vez mais me enchem de vontade de persistir no trabalho de combater a corrupção. Na Satiagraha, fiquei uma semana trancado numa sala à base de biscoito e café. Fiquei com seqüelas da operação, passei alguns dias gago e com perda temporária de memória. Mas, se me dediquei muito naquela ocasião, agora vou trabalhar dobrado.
DIÓGENES MUNIZ
****

Agora minha contribuição
Primeiro foi o ministro da Casa Militar, a diretoria da ABIN e outros setores militares que desmentiram o tal grampo sem prova da Veja, grampo aliás interessante já que só servia de elógio aos grampeados, diga de passagem duas figuras das mais soterradoras: Gilmar Mendes e Demosténes Torres. Depois foi a vez da empresa americana que fabricou a tal amelta negar de forma peremptoria que a mesma pudesse fazer grampos. Agora foi a perícia que também confirma o grampo não é possível. EIs que a chicana continua, e o nome deles os melhores advogados do Dntas é o ministro Gilmar Mendes e o ex-ministro do STF Nelson Jobim e o ex-delegado Marcelo Itagiba, veja o que eles disseram nas últimas horas:

o presidente do Supremo, Gilmar Mendes, e também o da CPI , Marcelo Itagiba, apareceram por sites e foram parar no mesmo "JN", para dizer que o laudo "é insuficiente para isentar" a Abin e anunciar até "perícia própria" da maleta.

No dia anterior, Jobim já havia usado argumento novo. Agora é a participação de agentes da Abin na Operação Satiagraha.

Mais do Supremo Presidente, Gilmar Mendes:

"Inicialmente se dizia que a Abin não tinha participado desse episódio [o grampo dele com Demóstenes], depois se afirmou que a Abin fez um apoio técnico, depois se revelou que teve uma participação mais ampla de 52 [agentes da Abin], agora se informa que são 56 diante dos 22 agentes federais [da PF] que atuaram. Então vem a pergunta: quem é que teve uma atuação principal nesse episódio? A Abin ou a Polícia Federal?", questionou Mendes.

Nós ainda tivemos uma outra revelação: o diretor-geral da PF não sabia que a Abin tinha este grau de participação. Então vem a pergunta: o que está ocorrendo nessa seara? A Abin está agora substituindo a PF? E ela pode fazê-lo? A meu ver, não. Isso é ilegítimo. É uma situação de descontrole, de desgoverno? É preciso que nós respondamos a essas perguntas."

Ou seja, o Gilmar mantém-se firme em sua estratégia de defesa. Ele cita o grampo, um caso particular; depois, amplia para a Satiagraha; em seguida, cita a divergência de número para tentar mostrar que o governo está confirmando sua tese aos poucos. No final do 1º parágrafo, volta ao grampo incluindo a PF entre os suspeitos.No 2º, ele amplia o cenário. Diz que as duas instituições se misturaram e isso seria ilegítimo. E, então dá o comando. (pres. do subjuntivo ou imperativo afirmativo?).
ENFIM QUE DÁ DESANIMO DÁ.


A Ciência, a origem de tudo e minha empolgação


Para começo de conversa não tenho muita paciência com a ciência. Não tenho paciência com a falácia da neutralidade da ciência. Da idéia de que o fazer científico é objetivo. Por outro lado me desgosta bastante a arrogância da ciência com sua idéia de verdade única, ou melhor dizendo como se a sua verdade fosse mais válida do que as outras verdades. De modo que, apesar de historicamente rivalizar com a religião, a ciência, ela própria se comporta como uma religião.

Acredito que por trás do palavrório de neutralidade, objetividade, verdade veríficavel etc a verdadeira característica da ciência é ideológica. Em minha dissertação escrevo que "Os cientistas (atores) e seus discursos encontram-se sempre em um contexto de luta, quer no campo teórico quer no campo político.(...) Tal como afirmou Bourdieu (1989), trata-se de lutas de classificação pela legitimação de uma posição. Com base nessa afirmativa, verifica-se que conflitos epistemológicos são sempre políticos, isto é, as lutas classificatórias são lutas de poder transmutadas em questões epistemológicas, e as epistemes são os diferentes modos políticos de se lidar com um tema."

A idéia de autenticidade da ciência deve ser revista e não pode ser entendida como a verdade absoluta, deve ser questionada, pois trabalha-se com “ficções”, não no sentido de falsidade, mas no sentido de algo feito, construído.

Mas tudo dito acima, só serve para mostrar minha desconfiança em relação ao discurso dominante na ciência ou mesmo sua crítica a religiosidade quando na verdade ela própria trata-se de uma. Para ser honesto, não gosto nem mesmo desses programas científicos da TV a Cabo. Até me sentia mal quando era mais novo, pois ao contrário da maioria dos amigos nunca me empolguei com astronomia e coisas do tipo. No entanto, agora me pego a percorrer o caminho oposto? Nunca antes (dando uma Lulada) tinha me empolgado tanto com uma possível descoberta científica como essa da origem de tudo, chamada tão apropriadamente de a partícula de Deus. E agora refletindo sobre esse avivamento dos últimos dias com essa possível descoberta chego a conclusão de que não estou indo em caminho contrário, na verdade todo o meu empolgamento como bem percebeu Durkheim e Mauss tem um que de religiosidade. Ou seja, o que me empolga nessa possível descoberta científica não tem nada de racional, portanto de científico se entendermos a ciência tal qual a maioria que crítico acima, é puramente mágica. O que me empolga é a possibilidade de descobrir a origem de tudo, tão bem nomeado de partícula de Deus. Ou seja no fundo no fundo é mesmo de fé que estamos falando e de suas lutas de classificação pela legitimação de uma posição. No fundo, no fundo a nossa existência é mágica, eja ela criada por uma deidade, seja ela criada através de um big ben. Afinal qual a diferença entre o big ben e a criação do mundo em sete dias, ou da reunião da separação entre ceus e terras promovidas por Olorum?

É Golpe

Concordo com Clóvis Rossi da F. S.PAULO

É golpe

De Clóvis Rossi:

O que está em andamento na Bolívia é uma tentativa de golpe contra o presidente Evo Morales. Segue uma linha ideológica e táticas parecidas às que levaram ao golpe no Chile, em 1973, contra o governo de Salvador Allende, tão constitucional e legítimo quanto o de Evo Morales.

Os bloqueios agora adotados nos Departamentos são a cópia de locautes de caminhoneiros que ajudaram a sitiar o governo Allende.

Outra semelhança: Allende elegeu-se presidente, em 1970, com pouco mais de um terço dos votos (36%). Mas, três anos depois, sua Unidade Popular saltou para 44%, em pleito legislativo, o que destruiu qualquer expectativa da direita de vencê-lo política ou eleitoralmente.

Foi na marra mesmo, o que deu origem a um dos mais brutais regimes políticos de uma América Latina habituada à brutalidade.

Evo Morales também se elegeu com menos votos do que obteve agora no chamado referendo revogatório, o que demonstra um grau de aprovação popular até surpreendente para as dificuldades que o governo enfrentou desde o primeiro dia, em parte por seus erros e em parte pelo cerco dos adversários.

A luta dos Departamentos pela autonomia, eixo da crise, é também legítima e precede Evo Morales.

Mas passou a ser apenas um biombo para encobrir as verdadeiras intenções, cristalinamente reveladas a Flávia Marreiro, desta Folha, por Jorge Chávez, líder "cívico" de Tarija, um dos Departamentos rebelados contra o governo central: "Se precisar, vai ter sangue. É preciso conter o comunismo e derrubar o governo deste índio infeliz".

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Carta de um Idolo II

Mais uma do grande Sórin. Coisa Rara

"Obrigado! Muito obrigado a vocês criadores do weblog Volta Sorín.

Eu fiquei muito emocionado ao olhar as imagens, ao ler os comentários e, fundamentalmente, sensibilizado e conectado aos torcedores da Nação Azul como se o tempo não tivesse passado.

Claro que volto!! Claro que fico!! Com a alegria e a emoção de estar outra vez na nossa segunda casa!

Sempre falo que somos, minha mulher Sol e eu, argentinos-mineiros. Por nossos amigos em BH, por nossos sentimentos, e por nosso agradecimento ao carinho que vocês deram para a gente.

Estamos contentes de voltar, porque voltar foi e é a nossa escolha!! Porque escolhemos com o coração.

E por tudo isso, estou com a ilusão de vestir outra vez a camisa azul que tantas satisfações, títulos e experiências me deu.

A preparação:

Será uma etapa distinta. Será, no inicio, uma preparação para mim. Desde maio que estou sem jogar e treinar com o grupo. Então preciso de tempo e muito treino para estar 100 por cento fisicamente e com ritmo de futebol. E depois, quando esse momento chegar, aí terei a possibilidade de atuar. Sempre dialogando com o treinador Adilson Batista, e já entrosado com o grupo de jogadores que estão fazendo uma temporada excelente.

Pelo bom relacionamento e a confiança que existe com a diretoria, decidimos juntos deixar a porta aberta para talvez jogar este ano ainda. No primeiro contato a idéia era só voltar para me preparar.

Meu contrato e simbólico, e eu vou a Belo Horizonte pelo mesmo caminho que tudo mundo conhece, o caminho da verdade e da esperança.

E com muita felicidade e sonhos, como sempre.

Espero que o físico me acompanhe e que possa voltar aos gramados para me divertir e tomara trazer novas vitórias para o nosso time.

Escolhemos Belo Horizonte pela energia da sua gente, pelo respeito que eu e minha família sentimos cada vez que estamos lá, e porque somos muito felizes em Minas.

Um grande abraço

Até logo!!

Sorín"

Carta de um Idolo

Emocionante, emocionante. Viva o grande Sórin !!! Amor, raça, sangue, dedicação, amor. Como sempre digo em Antropologia (que é minha profissão), bem como para outros campos profissionais, para ser profissional é preciso ser amador, ou seja amar aquilo que se faz. Senão não vale a pena.

Uma carta de Sorín


Barcelona, 12 de maio de 2002 (4 meses depois do último jogo de Sorín pelo Cruzeiro na sua primeira passagem por Belo Horizonte).

"Há quatro meses conquistamos a Copa Sul Minas. Há quatro meses fui embora do Cruzeiro. O texto abaixo escrevi para mim, porém, senti a necessidade de compartilhar-lo com vocês. Simplesmente para que saibam a importância que tudo isso tem na minha vida. Simplesmente para seguirmos juntos, apesar da distância.

Hoje, estréio em meu novo time. São muitas as expectativas e as vontades de sempre, mas esperando um dia retornar a minha segunda casa.

15:58 h. - Banderas em tu corazón

Setenta e cinco mil caras esperando ver o Cruzeiro campeão. Saímos rodeados de mascotes e crianças, que nos acompanham sempre com um sorriso. Pegamos forte e corremos para o gramado. Uma olhada rápida, mãos para o alto e as primeiras emoções. Não é comum e é até anormal muitas camisas argentinas, celestes e brancas, no Brasil todas sentimentalmente distinguíveis. Chegam as placas de homenagem. Primeiro, do presidente. Depois, da Máfia Azul e logo uma camisa inesquecível com o meia dúzia nas costas, assinada por todos os funcionários do clube. A melhor homenagem, da cozinheira ao ropeiro, os encarregados da limpeza, até meus colegas, médicos, técnicos... Vale ouro! Vale mais suor, ainda!

Sorteio a moeda da Fifa, eh? Deu branco e ganhei. No segundo tempo, atacaremos junto ao grosso da nossa torcida. Antes de começar toca o hino brasileiro. Todos cantam e eu não. Procuro minha companheira e concentro-me em silêncio. Observo a torcida e na arquibancada há uma bandeira argentina. Que orgulho! Não posso acreditar. Onde estão meus amigos do bairro para contar-lhes? Jogam balões para os céus com meu rosto estampado numa bendeira vertical. É minha despeida, a partida final. Contenho as lágrimas, soa o apito.

16:20 h. - Sarando as feridas

Meu Deus! Um choque forte, toco a sombrancelha. Sangue. Puta que pariu! De novo? Quarto corte na cabeça em dois ano e meio. Queria jogar e o juiz reserva "canarinho" disse-me que não! Quase que pede a minha substituição e disse que há muito sangue. Peço-lhe por favor. Hoje, não me deixes de fora, irmão! Ele não entende bem, mas me permite entrar e lávou eu como um "papai smurf". Serão seis pontos n intervalo, 0 a 0, com uma bola na trave e um susto forte.

17:40 h. - Oh meu pai, eu sou Cruzeiro meu pai...
Tira a camisa! Tira a camisa!

Parece uma bola perdida, mas sei que o Ruy vai ganhá-la. O "cabeção", meu amigo e parceiro de quarto, vai tocá-la por um lado e buscá-la pelo outro (fez uma gaúcha, berra o locutor). Entra na área e só rola para trás. Não sei o que faço aí, a não ser confiar nele. Não sei o que faço senão ir além do sonho da despedida e não há tempo prá pensar. Com três dedos e meio esquisitos de prima, com a sempre canhota bendita e a rede se mexe, é o mundo que explode, vem o delírio, a festa... Não pode ser real. As cabecinhas que pulam descontroladas, a camisa voando na mão e um grito eterno, inesquecível, uma dança especial.

17:55 h. - Ah, eu tô maluco!
Bi cam-pe-ão!

Faltam segundos e não existe sensação comparável como a de ser campeão. Nos olhamos cúmplices com o Cris e rimos da conquista depois do esforço. Somos irmãos, somos um punhado azul de raça inquebrável, enquanto o pessoal na arquibancada baila, grita, goza e por fim estoura com o final.

Escuta-se um estrondo inconfundível. Um abraço, dois, um milhão, a correria perdida, louca, entre pulos, festejos com cada companheiro, Toninho, Valdir, Tital e Bolinha, todos malucos. De repente um cara me leva nas costas e damos a volta olímpica. Não quero que isso termine e penso se pudesse parar o tempo nesse instante, mas não posso. E aí, vou dando-me conta que também é o final para mim, que estou indo embora do meu time, da minha cidade, da minha gente. Então, vem a enorme emoção e comemoro como sempre, desenfreado, sem limites, como se fosse a última vez.

Comemoro e cumprimento cada canto do maravilhoso Mineirão. Despeço-me e quero abraçar a todos. Quero que dêem a volta conosco, quero dizer-lhes que eles não sabem como necessitamos de todos aqui dentro. Vejo faixas e ainda não acredito. Vejo os rostos de alegria e até hoje nada sai da minha mente.

Depois de tudo, a surpresa com a presença de minha mãe extamente no Dia das Mães e é impossível não chorar. Finalmente, recebo a Copa tão desejada. É bonito ser campeão. É grandioso ser capitão do Cruzeiro e ser campeão. Levantamos a taça, desfrutamos e saimos a oferecer aos milhares que estavam por todas as partes até o cansaço. Imagino Minas. Imagino BH. Tudo se acaba e não podia ser tão perfeito.

Será que sonhei?

Nem um sonho seria tão incrível.

Estou partindo e pensando se algum outro dia eu serei tão feliz!"

Juan Pablo Sorín