domingo, 30 de janeiro de 2011

Ainda o velho debate somos racistas?

Pensando um pouco sobre racismo e pré-conceito racial. Para inicio de conversa são fenômenos diferentes, mas vamos ao que importa a questão do lugar do outro. Principalmente o outro que é marcado no corpo. Cada vez mais acho que o corpo, ou melhor a corporeidade e a performance são os campos mais interessantes e fecundo para se discutir esta questão. E com isto quero dizer que toda uma discussão e teoria feminista, queer ou mesmo de outros movimentos de liberação sexual seriam bem vindas.

Aliás cada vez mais o corpo fala e fala por um caminho da diversidade e da pluralidade. E cada vez mais este corpo desagrada. Talvez por isto cada vez mais temos ataques a este corpo indômito. Indômito em duplo sentido no positivo porque não se deixa dominar e, no negativo, pois para aqueles que não o suportam seria o corpo mesmo do indomesticado e do selvagem.

Mas voltando ao tema corpo e racismo, retorno ao tema candente de fins do ano passado, a questão do racismo na obra de Monteiro Lobato. Impressionou naquela ocasião o nível do debate, principalmente daqueles brasileiros não racistas, a acusar as pretensas vitimas do racismo de serem elas as verdadeiras racistas. Não posso dizer que tenha sido surpresa destes debates e destes argumentos estou há muito acostumado diria que enfrentei cada um deles nos muitos debates que participei como militante, mas isto na época que enfrentava tais debates, hoje em dia sobra pouca energia e vontade para estes debates. Mas fatos como os ataques ao parecer a respeito da obra de Monteiro Lobato nos mostra como a vigilância deve ser constante e atuante. Ainda mais quando se tem como opositores boa parte da mídia e seus ideólogos.

Para finalizar este texto extemporâneo sobre o fenômeno Monteiro Lobato, mas não sobre as causas do fenômeno, lembro que aos poucos com quem tive paciência de discutir tal temática, e aqui inclui alguns alunos do curso de Antropologia-UFMG, em que ministrava aula tentei mostrar que o pior do que o racismo da obra de Monteiro Lobato, que tal qual afirma o próprio parecer não deve ser escondido e sim analisado a luz de sua época e a luz de nossa época exatamente para que se possa evitar repetir tais fenômenos, foi a atitude dos não racistas que como sempre foi o da denegação (a este respeito a psicologia tem grandes tratados) em resumo, não posso aceitar que tal livro seja racista pois por conseqüência seria eu também um racista. Algo deste tipo ocorre a respeito do fenômeno da territorialização das populações quilombolas, uma parte da critica a esta política parte do mesmo pressuposto, não posso aceitar atualmente os remanescentes de quilombo, pois deste modo estarei eu a aceitar que fomos e somos racistas. O que se perde nesta discussão é a profundidade do fenômeno, o racismo não é fenômeno ele é da ordem da história, da sociologia, da antropologia, dos indicadores econômicos, do direito e da justiça ou das injustiças passadas, mas principalmente as contemporâneas. Encarar tal fenômeno portanto é uma obrigação moral, ética, cultural, social econômica, política, jurídica, dentre outras.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Os resto a pagar de Aecim Neves

Depois de um não tão longo verão, quente e chuvoso, apareço por aqui de novo, mas pelo jeito os dois leitores que este Blog possuia se foram com tão longa ausência. Mas são os afazeres e agora as novidades da mudança, de cidade e estado, que se aproxima. Mas o que me traz aqui foi a leitura de um comentário no Blog do Luis Nassif e na sequência um outro comentário sobre este comentário, feito pela Mana, que foi professora de Sociologia da Cultura na época da minha graduação em C.Sociais na UFMG, resolvi também da um pitaco na conversa e por fim resolvi publicar tudo aqui. Inaugurando assim o Blog no ano de 2011.primeiro o texto do Bruno Fernandes e depois os comentários da Mana e meu.


Por Bruno Fernandes

Não tem preconceito. O problema não são os intrumentos de gestão. Pelo menos na minha opinião os problemas são políticos.É a forma como o governo se relaciona com a sociedade. O governo Aécio Neves e agora Anastasia alieana o povo da politica estadual.
Este processo de alienação acontece por vários meios. O primeiro é o controle da mídia jornalística. Ora, só a dificuldade de encontrarmos informações fidedignas sobre o que acontece no estado já indica isto. Sem falar nos profissionais que são pressionados e demitidos por conta de qualquer "imparcialidade".

O segundo se dá na forma que o executivo se relaciona com o legislativo. Governar por meio de lei delegada é um absurdo! Um absurdo! Isto é desvio ético! Aliás, lei delegada é um absurdo tão grande que nem deveria exisitir, e como alguém lembrou aqui em outros posts, apenas seis estados possuem esta opção em suas constituições.

Um terceiro problema é uma extensão do segundo. Não há consultas populares. As políticas são definidas de cima para baixo num ótimo exemplo da diferença entre PT e PSDB. Enquanto o primeiro, historicamente, se fez a partir de suas bases o segundo não tem base, e com uma postura arrogante formula as políticas para um povo que não conhece.

A verdade é que está na hora, ou passando da hora, da democracia nos moldes do Estado Democrático de Direito, ser debatido em MG para valer. Em MG vive um autoritarismo silencioso, no qual o executivo governa absoluto, enquanto o legislativo bóia - a oposição é massacrada em MG - e o povo é ludibriado por uma cobertura jornalística tendenciosa e manipuladora.

Comentário de Mana Coelho
Moro em BH e posso afirmar que isto é a pura verdade. Aécio e Anastasia, como todos os tucanos, acreditam que o povo e seus representantes não devem dar palpites. Não respeitam os movimentos sociais. São politicamente conservadores e se sentem no direito de fazer o que lhes vem na telha. Já pensaram o que significa, em pleno século XXI, construir uma cidade administrativa toda de concreto e vidro? Os gastos com energia são enormes! Não há nada de ecológico nesse projeto que precisa de luzes acesas dia e noite (não sei a razão de tantas luzes acesas fora da hora de expediente), de ar condicionado ligado. A inspiração vem da primeira metade do século XX: JK fez encomendou a Niemeyer a igrejinha, a casa do Baile, o Cassino e o Iate Clube da Pampulha. Depois virou governador e presidente. Aécio encomendou ao mesmo Niemeyer a cidade administrativa. Tomara que nunca seja eleito presidente. O Brasil não merece. Se depender de mim, nunca será.




Meu comentário: Carlos Eduardo MARQUES
Concordo com o autor do post e com a minha ex- Profa. Mana Coelho (que sabe do que fala - doutora em sociologia com trabalho na área da cultura). O menor dos problemas, mas não desimportante, é o tal choque de gestão. Ele é em si perverso, mas sua perversidade como apontado no post e no comentário da Profa. Mana advém de algo maior que é uma visao totalitária (e não há exagero neste ajetivo) deste núcleo do PSDB mineiro. Ademais na grande mídia vejo somente um blogueiro, o ex-editor de Época e autor do Blog Diario do Centro do Mundo, falar claramente o Aécim é o novo que já nasce velho. Todas as suas idéias são ultrapassadas a começar pela febre por grandes e desnecessárias obras: como o tal Centro Administrativo, que pessoalmente acho feio e como a profa. Mana queria entender o porque da necessidade de ficar aceso de madrugada, deve ser para impressionar os chegantes do Aeroporto de Confins !!!!Na tola visão do governador.Mas não é somente o Centro Administrativos tivemos a carissima e pouco eficiente duplicação da Cristiano Machado e A, Carlos, aliás desta segunda "meu caminho de roça" dizia desde o começo, o problema é o gargalo na chegada ao Centro e, este é lógio permaneceu ou melhor piorou visto que agora se trafega com um pouco mais de rapidez por toda a avenida e se enrosca tudo no viaduto da rodoviária, isto para não falar que tal qual o Cento Administrativo a faixa de cimento (autosbus ou algo do genêro) se encontra fechada neste janeiro; elementar o cimento cedeu, má qualidade e pressa para inaugurar a obra antes das eleições, segundo um funcionário (heroi) que deve ter sido demitido de uma empreiteira, a um órgão de imprensa (porque sim agora sem o Aecim, ainda que travada e com a boca torta do cachimbo se começa denunciar as obras do período passado) . Bom devido ao espaço nem adentrarei em outros aspectos até mais crueis do governo Aecim. Por ossos do ofício viajo bastante pelo interior de Minas e é pavoroso que em algumas regiões quase todos os equipamentos construídos nos últimos anos se chamam Tancredo Neves (sim é verdade, com aquelas fotografias imensas do velho pintada na parede ou nas quadras) ou Risoleta NEVES. Enfim como gosta de dizer seus puxa-sacos vai ver que o Aecim é mesmo moderno, o problema é que a modernidade abaraçado por ele acabou-se lá pelos anos de 1968.