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quarta-feira, 27 de maio de 2009

Moção de Repúdio da Juventude Negra de MG

Notícias da Juventude Negra que participou da II Conferência Estadual de Promoção da Igualdade Racial
MOÇÃO DE REPÚDIO JUVENTUDE NEGRA/MG
A Juventude Negra presente na II Conferência Estadual de Promoção da Igualdade racial vem por meio desta, repudiar o genocídio da população negra que tem como alvo preferencial a Juventude Negra exterminada sobre a justificativa de combate e repressão ao tráfico de drogas através principalmente das ações letais dos policiais militares, civis, federais, guardas municipais e por grupos para militares tolerados pelo modelo de segurança pública racista, machista, homofóbico, lesbofóbico, sexista adotado pelo Estado Brasileiro que criminaliza os movimentos sociais que defendem os direitos humanos da população excluída e marginalizada deste País.Aprovou também a da seguinte proposta:
Garantia de inclusão no Calendário Nacional com recursos e apoio as instituições organizadas do Movimento Negro, um dia de manifestação contra o Genocídio da Juventude Negra;
O Fórum Mineiro de Juventude Negra não para, o palco da II CONAPIR foi fundamental para a articulação de novas lideranças juvenis e estreitamento de diálogo com as gerações mais experientes.
Estamos avançado povo Negro...
O embate será agora em Brasília/DF na II CONAPIR dias 25, 26, 27 e 28 de Junho de 2009.
Vamos votar na Proposta de Juventude Negra.
JUVENTUDE NEGRA.

domingo, 25 de janeiro de 2009

Somos todos Gaza

Retorno ao tema do massacre na Palestina, agora sem numera-lo no título do post, pois acredito que o fim do mesmo não pode significar o silêncio diante dos crimes cometidos. Este blog fez um acompanhamento de perto do tema senão me engano cerca de 20 posts e, portanto, na medida do nosso tempo prometemos continuar acompanhar essa questão.
É Gabriel Kolko historiador e especialista renomado em guerras que pergunta: "Como a história falará da guerra contra os palestinos em Gaza? Outro holocausto, dessa vez perpetrado pelos filhos das vítimas do anterior? Um golpe eleitoral, montado por ambiciosos políticos israelenses, para ganhar votos nas eleições do dia 10 de fevereiro próximo? Um teste para os novos modelos de armamento fabricados pelos EUA? Ou como uma tentativa de encurralar o novo governo Obama numa posição anti-Irã? Ou como tentativa para estabelecer a “credibilidade” do exército de Israel, depois da vergonhosa derrota na guerra contra o Hezbolá no Líbano em 2006? Tudo isso, provavelmente. E muito mais."
Ao que ele mesmo responde
A ONU e grupos de Direitos Humanos já exigem que Israel seja julgado por crimes de guerra, pelo número oficial de 1.300 mortos em Gaza, assassinados por descomunal poder de fogo e com munições como a bomba de fósforo, proibida e ilegal. Israel já avisou seus principais oficiais para que se preparem para defenderem-se contra a acusação de prática de crime de guerra. O Procurador Geral de Israel, General Menahem Mazuz, disse que o governo já espera “uma onda de processos internacionais.”
Durante todo o massacre e agora no pós-massacre existem vozes minoritárias de israelenses condenando tal barbárie, estes são chamados estranhamente em Israel e pelos sionistas de dissidentes. Estes precisam ser fortalecidos.
O maior dos problemas, por qual Israel passa é o que Gideon Levy denomina de perda de um senso e de massa crítica. É dessa perda ética e moral que Levy (destacado dissidente) fala em entrevista a Folha de S. Paulo, de hoje. Tal perda atingiu até mesmo antigos pacifistas e membros da esquerda israelense (seja lá o que isso signifique, afinal esquerda em Israel tem Ben Guryon e Erhud Barack - atual ministro da defesa e maior responsável por essa barbaridade), de forma que até mesmo antigos e notórios pacifistas mudaram de lado, fato aliás comprovado na mesma Folha em entrevista a um dos expoentes do antigo pacifismo agora favorável a guerra. Visto cá de fora uma palavra resume as posições desses antigos pacifistas e, o que é mais preocupante já que vinda de um intelectual: a alienação.
A perda a que se refere Levy é explicitado pelo antigo pacifista, a sociedade de Israel como um todo encontra-se em um processo de lavagem cerebral que desumanizou (palavras de Levi) os palestinos. É neste ponto em que a insanidade domina, quando para grande parte dos israelenses as mortes de Palestinos são aceitáveis visto que estes pertencem a outra espécie. Sem querer fazer comparações inúteis e descabidos, mas como uma provocação para pensarmos: não era isso que pensavam os arianos de outros grupos? Não é isso que pensam algumas tribos a respeito de outras na África? Ou nas guerras étnicas na Europa, Ásia, África? Se a comunidade internacional, que efetivamente uma solução para a questão Palestina/Israel sua primeira contribuição passa pela identificação deste problema. De forma a criar uma nova massa crítica dentro de Israel.

sábado, 17 de janeiro de 2009

Somos Todos Gaza XVII

No dia em que o cinismo chega ao grau máximo. Depois de mais de 1200 mortos do desrespeito ao cessar-fogo aprovado pela ONU e da recusa de Israel de estudar o cessar-fogo negociado por Egito. Israel acuado, como eu previa em um dos textos publicados aqui a cerca de 3 ou 4 dias, pela posse de um novo presidente norte-americano, vem a público - na posição que melhor sabe vender de ilha de democracia resolve decretar um cessar-fogo unilateral. Que na verdade é mais um ato de ocupação. Desta forma, Israel de novo vende sua imagem de mocinho e obriga aos Palestinos ao recusarem tamanha afronta a posição de bandido. Haja cinismo, tudo isso com o devido apoio da mídia ocidental e da mídia brasileira. Veja um exemplo da insanidade desse massacre.
Uma TV israelense transmitiu ao vivo o desespero de um médico palestino, Dr. Abu El-Aish, pacifista que trabalhou em Israel e acabara de ter sua casa bombardeada. Era comum sua participação pelo telefone contando a situação em Gaza. Suas três filhas morreram e outras duas foram feridas.
Outros dois exemplo, eu mesmo vi no Jornal do SBT. Um homem teve sua casa atingida em mais um "ataque cirúrgico" e perdeu todos os seus filhos. Eis que em mais um ataque de cinismo o governo israelense, esse então recolheu o desesperado pai e o levou para uma clínica de recuperação em Israel, pois não é que em sua chegada, um arremedo de homem foi atacado por uma israelense. Ou seja, o ataque a um homem que só conseguia soluçar de chorar. Cena deprimente mas didática do que informa os israelenses pacifistas. Israel de hoje é um país cada vez mais fechado em si mesmo a partir das mentiras de seus governantes. A outra notícia no mesmo jornal era sobre um homem que filmava os ataques aéreos israelenses sobre Gaza e lamentava a falta de mais ação por parte do exército. Eis ai outra característica da doença que atinge Israel, o alheamento da razão. Nesse caso, não se trata de um israelense radical e sim de alguém que admira o ato da destruição; alguém que perdeu a humanidade.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Somos Todos Gaza XVI

Abaixo um post em que tento mostrar a insanidade desse massacre, o que chamo de horror macabro. Agora um texto do historiador Élcio Siqueira, conhecedor da história e do presente de Israel. Com esse texto entendemos o processo de direitização, militarismo e abondono da laicização e as questões demográfiocas. Enfim, como já disse em outrosposts se o mundo, a começar pelos EUA não botar um freio nesse novo Israel muitos e muitos outros horrores macabros virão.
Ps: a cobertura do jornal nacional, com minusculas mesmo, de hoje foi pavorosa. Impressinante como a Globo mudou a cobertura ao longo do massacre.
CORRELAÇÃO DE FORÇAS EM ISRAEL MUDOU PRA PIOR
por Élcio Siqueira
Agnóstico, formado numa família católica, tomei contato com a comunidade hebraica através dos judeus progressistas, no começo dos anos 80. Gente que eu encontrava em protestos em São Paulo contra a invasão israelense do Líbano em 1982, que realizava um debate muito sério com militantes da OLP e se referenciava no movimento Paz Agora e em outras iniciativas de diálogo originadas no interior do universo judaico. Para contato com as idéias dessa brava e honorável gente, recomendo o sítio http://www.pazagora.org/ no qual estão disponíveis, dentre outros textos interessantes, matérias muito recentes de jornais e pensadores israelenses traduzidas para o português.
Acredito que esses horríveis acontecimentos na Faixa de Gaza que ora estamos acompanhando pela mídia remetem a dois pontos de estrangulamento.
O principal (e mais imediato) é a recusa israelense a realizar quaisquer concessões significativas aos palestinos nos territórios ocupados, como ficou claro durante o governo de Ehud Barack (1999-2001). Eleito sob o signo da retomada do processo de negociações que tinha sido interrompido com o assassinato do premiê Yitzhak Rabin em 1995 e pela vitória do Likud nas eleições de 1996, Barack apresentou um projeto que, dentre outros problemas, devolveria uma parcela mínima da Cisjordânia aos palestinos e retalhava seu território no meio dos assentamentos judeus que não seriam retirados, proposição reconhecida pelos palestinos (e internacionalmente) como inaceitável.
Mesmo que esta proposta tenha resultado menos da inabilidade do governo de Barack (e mais da própria correlação de forças dentro do parlamento israelense), o fato é que, no fim das contas, a iniciativa representou uma derrota política da coalizão então hegemônica, à qual se somou o fracasso da busca de uma solução negociada que encerraria a ocupação israelense do sul do Líbano. Nessa área, o exército israelense vinha tendo um índice de baixas de 05% no contingente engajado, marca reconhecida em mundo como característica de guerra aberta entre forças equivalentes.
Partindo dessa contestação – que poderia, em tese, ter levado à obtenção de ganhos políticos e diplomáticos através da negociação de uma saída honrosa – o governo Barack acabou colhendo uma derrota espetacular; suas tropas foram simplesmente enxotadas das terras libanesas pelo Hesbollah, na primeira grande vitória de uma força árabe num confronto direto com Israel.
Entre os governos de Yitzhak Rabin em 1992-1995 (durante o qual foi assinado o Acordo de Oslo com a OLP que permitiu a criação da Autoridade Palestina) e Ehud Barack, a correlação de forças dentro da sociedade israelense mudou para pior com a chegada massiva de judeus da União Soviética em derrocada (que deram base a um partido bastante conservador) e com a proliferação de partidos confessionais de vários matizes, sem os quais é muito difícil compor uma maioria parlamentar estável.
O preço (literalmente) cobrado é a destinação de recursos públicos para escolas de feição religiosa fundamentalista e a imposição de impedimentos de toda sorte às conversações com as lideranças palestinas.
Outro sinal do mesmo processo de direitização da política israelense foi a criação do partido Kadima em 2005, reunindo antigos líderes do Likud e supostos adversários trabalhistas de épocas passadas, como Shimon Peres. Um denominador comum entre todos é que os assentamentos israelenses em terras árabes são entendidos como uma realidade que veio para se firmar em definitivo. Aliás, a maior concessão que qualquer governo israelense se permitiu nesta questão foram os supostos “congelamentos” de novos núcleos judeus em áreas palestinas.
Existem, claro, expressivos setores progressistas e lúcidos em Israel, capazes de se fazer sentir nas disputas internas como um fator de moderação contra propostas de novas aventuras militares. Entretanto, a idéia de que a sociedade israelense, no seu conjunto, tem feição politicamente avançada parece pertencer a um passado de retorno cada vez mais difícil.
O outro aspecto fundamental é a composição demográfica do Estado de Israel. De acordo com Sergio Della Pergola, reconhecido professor de Demografia Judia na Universidade Hebraica de Jerusalém, Israel contava, em 2005, com 10,5 milhões de habitantes, sendo 50% de hebreus. Os árabes nascidos em Israel eram 1,3 milhões e os palestinos nesse mesmo território somavam 3,3 milhões. Mantida a tendência ora verificada, o número de judeus cairá para 35% do total da população israelense até 2050: as mães judias têm uma média de 2,7 filhos contra 04 filhos por mulher entre as palestinas (conforme http://www.pazagora.org/impArtigo.cfm?IdArtigo=1215 e http://maierovitch.blog.terra.com.br/2009/01/09/em-gaza-a-lei-e-outra/). O mesmo estudioso assinala que, em todo o mundo, o crescimento da população judaica é negativo, com um percentual crescente de idosos em pouco mais de 13 milhões de indivíduos. 05 milhões vivem nos Estados Unidos, onde são 02% do contingente populacional.
Portanto, uma eventual incorporação da população árabe dos territórios ocupados à política israelense simplesmente implodiria o Estado Judeu. Mas, até quando será possível tanto inviabilizar o Estado Palestino quanto negar direitos de cidadania às populações árabes da Cisjordânia e de Gaza? Aparentemente, os setores majoritários da opinião pública de Israel preferem acreditar que decisões dessa natureza podem ser proteladas indefinidamente e que quaisquer concessões feitas por um governo aos palestinos poderão ser canceladas por outro que vier, mais firme e decidido.
Nessas condições, não é surpreendente que, em 2001, Ariel Sharon tenha sucedido ao hesitante Ehud Barack na liderança de Israel. Já que os setores nominalmente favoráveis a negociações com os palestinos e com os Estados vizinhos não tinham nem firmeza de propósitos em suas ações, nem capacidade de articular uma maioria parlamentar coerente, Sharon propunha-se a realizar sem problemas de consciência a destruição da estrutura administrativa da Autoridade Palestina e a aplicação de uma política de extermínio seletivo das lideranças árabes nos territórios ocupados, combinada com um esforço sistemático para desmoralizar o governo do Presidente Yasser Arafat.
Outro ponto essencial de seu governo foi a construção de dezenas de quilômetros de muros para isolar as áreas de população majoritariamente palestina, com direito a portões de entrada vigiada, torres com homens pesadamente armados e limitações de acesso à água para os confinados. Essas medidas restringiram as possibilidades de obtenção de empregos para os palestinos fora das terras onde residem, agravando os índices de pobreza em seu meio.
Dessa maneira, o Estado de Israel tornou-se crescentemente parecido com o extinto regime sul-africano do apartheid, com a construção de barreiras físicas destinadas a proteger uma minoria privilegiada numa escala provavelmente nunca imaginada pela liderança africâner.
A incansavelmente repetida alegação de que Israel é um país democrático não invalida o paralelo, pois o apartheid era um regime democrático para a elite branca que tratava o principal movimento de oposição ao sistema (o Congresso Nacional Africano, de Nelson Mandela) como organização terrorista, tal como ocorre em Israel em relação a qualquer movimento palestino de resistência.
Nos primeiros dias de 2006, o premiê Sharon entrou em estado vegetativo, não podendo, conseqüentemente, testemunhar o principal resultado das ações de seu governo: a vitória do Hamas nas eleições palestinas de 25 de janeiro desse ano, à qual se seguiu (dentro do meio palestino), o rompimento com o governo moderado do Presidente Abbas, com a instauração de um domínio exclusivista dessa facção na Faixa de Gaza; catástrofes tão evidentes que as forças políticas dominantes em Israel viram-se na contingência inadiável de restabelecer relações com a Fatah, facção palestina do falecido Arafat. No entanto, o estrago estava concretizado: o Hamas emergiu como a liderança de enormes parcelas dos palestinos e nenhuma negociação séria sobre os territórios ocupados poderia ocorrer sem a sua presença a partir de então.
Ehud Olmert, continuador de Sharon no governo de Jerusalém, tem se revelado um colecionador de desastres. O primeiro foi a invasão do sul do Líbano em 2006 que resultou na segunda grande vitória do Hesbollah sobre Israel, ao qual se seguiram escândalos que reduziram o Premiê a uma personalidade desmoralizada. O terceiro grande fracasso pode estar ocorrendo neste momento, em Gaza, às vésperas das eleições israelenses marcadas para março próximo.
Estamos assistindo a um desgaste inédito de Israel e do sionismo perante a opinião pública de todo o mundo que assiste horrorizada à matança de centenas de crianças e a práticas como bombardear residências, escolas e hospitais para, em seguida, cercar as áreas atingidas para que o socorro humanitário não chegue a tempo. Por outro lado, o Exército Israelense até agora não foi capaz de apresentar evidências claras de qualquer ganho fundamental na suposta luta contra o terrorismo; alguma coisa como a eliminação da liderança ou da estrutura de funcionamento do Hamas ou de alguma outra organização palestina.
Uma meta desse tipo, aliás, dificilmente poderá ser realizada devido ao conhecido fato de que o Hamas e outras facções terroristas não possuem um comitê central ou uma estrutura hierarquizada que, ao ser destruída, paralisaria a organização. Muito ao contrário, o modelo vigente é o de pequenos núcleos que não se conhecem entre si cujos membros, se capturados, não têm nenhuma informação cuja revelação comprometeria de forma importante o movimento. Também é imprudente prometer a “destruição das bases de lançamento de mísseis contra o território de Israel” porque os artefatos que militantes palestinos disparam a partir de Gaza são de fabricação caseira, produzidos em boa parte com produtos de limpeza...
O governo israelense parece ignorar que, se Clausewitz estava certo ao conceber a guerra como continuidade da política, ações armadas não deveriam iniciar-se sem que, antes, seus objetivos tenham sido estabelecidos com clareza. Nessa maneira clássica de encarar o problema ora considerado, as alternativas são: ou a equipe de governo de Israel está jogando uma espécie de partida de xadrez visualizando os lances que ocorrerão sete ou oito jogadas adiante – num horizonte muito além da percepção do grande público – ou a aventura em Gaza prosseguirá até o momento em que se perceba que o isolamento político e diplomático de seu país atingiu níveis que nem mesmo a tradicional prepotência israelense pode permitir-se.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Somos Todos Gaza XV

O horror macabro
15-01-2009
Israel em um só dia dá três exemplos do seu horror macabro. Quais sejam: bombardeou um prédio da Comissão de Refugiados da ONU; prédio esse, que estocava alimentos, medicamentos, roupas e outras doações da comunidade internacional à Palestina. Eis o macabro a sorrir com sua cara feia. O segundo episódio foi o bombardeio do principal cemitério de Gaza. Não se respeita nem mais a memória dos que se foram; agora Israel que ter certeza que não sobrará nem os restos mortais dos Palestinos. O macabro sorri novamente ao impedir aos Palestinos o direito de enterrar os seus. O terceiro episódio foi a recusa de Israel a mais um cessar-fogo. E a comunidade internacional? Bem a comunidade internacional continua com seu faz de conta. O horror macabro se vale por um lado da banalidade do mal e de outro da complacência dos demais países. A humanidade é o que nos une, no momento que se torna aceitável seja por qual razão for, as desumanidades, nos tornamos também menos humanos.
O horror macabro sorri mais feliz ainda quando os jornais e o próprio governo israelense informam que Israel desrespeitou o cessar-fogo, invadiu Gaza e matou seis ou sete (há controvérsia quanto ao número de assassinados, não quanto ao crime de assassinato) militantes palestinos, dia 4/11. Vejam a data, foi Israel que provocou a reação do Hamas a partir de 6 de novembro. Aliás, Israel reconhece isso como se lê nas páginas do governo de Israel, “o Hamas retaliou contra Israel e lançou mísseis.” E continuou a gargalhar quando o jornal Haaretz informou que Barak, ministro da Defesa de Israel, começou a planejar o massacre de Gaza muito antes, até, de haver acordo de cessar-fogo. De fato, conforme o Haaretz, a chacina de Gaza começou a ser planejada em março de 2008.
Mas é Norman Finkelstein que escacara o sorriso macabro do horror ao demonstrar que o atual massacre tem uma dupla razão: "a capacidade de Israel para semear pânico e morte em toda a região e submetê-la mediante a pressão das armas, da chantagem, do medo. Depois de ter sido derrotado no Líbano em julho de 2006, o exército de Israel entendeu que seria importante comunicar ao mundo que Israel ainda é capaz de assassinar, matar, mutilar e aterrorizar quem se atreva a desafiar seu poder pressuposto absoluto, acima de qualquer lei." e a segunda "o Hamas começou a dar sinais muito claros de que deseja construir um novo acordo diplomático a respeito das fronteiras demarcadas desde junho de 1967 e jamais respeitadas por Israel.Em outras palavras, o Hamas sinalizou que está interessado em fazer respeitar exatamente os mesmos termos e conceitos que toda a comunidade internacional respeita e que, em vez de resolver os problemas a canhão e com campanhas de mentiras por jornais e televisão, estaria interessado em construir um acordo diplomático."
Ah tempo. Informo que já passa de 1000 o número de mortos sendo mais de 300 crianças. O horror macabro continua a sorrir impiedosamente. Como sorri a mais de 40 anos. A rigor a fala de Finkelstein se baseia em fatos. Desde 1989, anualmente a ONU aprova uma moção e um documento em que defende a existência de dois estados: Israel e Palestina. Desde 1989 essa moção é aprovada por maioria absoluta do Plenário da ONU, no entanto desde 1989 insistentemente 3 países votam contra essa solução: Israel, EUA e Dominica. Mas terrorista e radicais são os outros, os islâmicos. Ocorre que os 22 países da Liga Árabe sempre votam a favor desse acordo. Ou seja, os árabes reconhecem a existência de Israel. Quem não reconhece, não aceita o outro? Novamente Finkelstein nos explica: "o ponto mais importante de tudo isso é que, em todas as ocasiões em que se discutiram essas questões, os palestinos sempre aceitaram fazer concessões. Fizeram todas as concessões. Israel jamais fez qualquer concessão."
Dados esses confirmados pela Universidade de Tel Aviv e pela European University, que afirmam: a violência do exército israelense já foi responsável pela interrupção ou violação de 79% de todas as tréguas firmadas na região desde a II Intifada; o mesmo estudo constatou que o Hamas e outros partidos palestinos só podem ser declarados responsáveis por 8% das violações e interrupções. Mas o horror macabro se regojiza-se sempre que surge a notícia de que Israel impediu que os feridos palestinos recebessem atendimento médico e estar a impedir a circulação de médicos e paramédicos, em um contexto em que existem feridos e crianças presas em casa, sem alimentação e remédios, ao lado de cadáveres de familiares, fato que foi noticiado em matéria pela rede CNN, para todo o mundo.
O horror macabro dança e tripudia quando Israel com seus altos comandos militares e civis mente e comete seus crimes de guerra. Quando atacam escolas com a bandeira azul da ONU e alegam ser um covil de terroristas e apresentam como provas fotos tiradas dois anos antes. Mas feliz mesmo, o horror macabro fica quando o exército israelense vem a público e assume que as fotos eram antigas e que se for preciso destruirá cada aldeia Palestina. Ou então, quando as lideranças civis como o primeiro ministro israelense comemora (está no Yahoo dos EUA) a abstenção dos EUA no Conselho de Segurança da ONU. Nas palavras do primeiro ministro israelense tudo se passou da seguinte forma: Cond Ricce foi a New York elaborou um Plano de Cessar Fogo, convenceu a comunidade internacional de aprová-lo e ai nas vésperas da votação ele ligou para Bush, que não podia atendê-lo então ordenou que Bush fosse ao telefone e lá comunicou, ao Macabro do Horror Bush II, vocês não podem aprovar esse Plano. Mas o horror macabro realmente se vangloria ao saber que tudo isso foi dito pelo primeiro ministro em um comício eleitoral. Afirmou ainda, o primeiro ministro, que Cond Rice teria ficado digamos assim, com cara de boba. Sim, pois a cada ataque um novo comício e o aumento na taxa de votos.
Mas o horror macabro deve estar a tremer, pois o dia 20 se aproxima rapidamente e ai nem tanto pelos seus verdadeiros sentimentos mas em nome de sua popularidade espera-se que o senhor Obama se entenda com os verdadeiros sionistas como Avnery (já aqui transcrito em 2 belíssimos textos) o professor Avi Shlaim, da Oxford University,que classificou o seu estado de Israel como “Estado terrorista” e “Estado gângster, entregue a políticos completamente inescrupulosos” (citados em The Guardian). Ou então Neve Gordon, professor de política na Universidade Ben Gurion, disse que as ações de Israel contra Gaza são “como matar animais num abatedouro” e manifestam “mais um novo bizarro elemento amoral” nas guerras. Ou, Gideon Levy do Haaretz(que também já publicamos aqui)“Calaram à força todas as vozes da contenção moral. Hoje, tudo é permitido”, Amira Haas, também colunista do Haaretz e filha de sobreviventes do holocausto “Sorte que meus pais já não estejam vivos e não precisem ver a Israel de hoje”, escreveu ela.
Mesmo acabrunhado o horror macabro volta a dançar, rir e regojizar quando lembra que suas atitudes têm como conseqüência o aumento do ódio e a formação de dezenas de movimentos radicais, do fortalecimento dos xiitas e quem sabe da Al Quaeda na Palestina. Assim se pode repetir anualmente tão macabro horror.
Carlos Eduardo Marques- Antropologo e Professor Universitário

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Somos todos Gaza XIV

Quando os números da matança de Palestinos de Gzza chega ao fatídico número de mais de 1000 mortos e se fala em mais de 200 crianças. Só nos resta publicar um novo texto de Uri Avnery, um bravo judeu que escreveu uma carta aberta a Obama pedindo que esse condene seu próprio país e desta vez disse corretamente: "Gente que sofra de insanidade moral não pode, mesmo, entender os motivos que regem a ação de gente normal."

Quantas divisões?
Uri Avnery
Há quse 70 anos, durante a II Guerra Mundial, cometeu-se um crime de ódio em Leningrado. Por mais de mil dias, uma gang de extremistas, chamada "o Exército Vermelho" sequestrou e manteve sob sítio os milhões de habitantes da cidade, o que provocou ação de retaliação pela German Wehrmacht, que teve de agir em áreas superpovoadas. Os alemães só tiveram essa escolha: bombardear e encurralar a população e impor total bloqueio, o que matou centenas de milhares. Pouco antes disso, crime similar foi cometido na Inglaterra. A gang de Churchill infiltrou-se entre os moradores de Londres, servindo-se de milhões de seres humanos como escudo humano. Os alemães foram obrigados a despachar para lá sua Luftwaffe e muito relutantemente reduziram a cidade a ruínas. Chamaram de "a Blitz".
Essa seria a narrativa da história, que veríamos hoje nos livros escolares – se os alemães tivessem vencido a guerra. Absurdo? Tão absurdo quanto o que se lê diariamente nos jornais em Israel, repetido ad nauseam: os terroristas do Hamas "sequestraram" os habitantes de Gaza e exploram mulheres e crianças como "escudos humanos". Não deixam alternativa ao exército de Israel, que é obrigado a bombardear furiosamente, processo durante o qual, Israel lamenta muito, Israel mata e mutila milhares de mulheres, homens desarmados e crianças.
Na guerra em curso em Gaza, como em todas as guerra modernas, a propaganda desempenha papel de protagonista. A disparidade entre as forças, entre o exército de Israel - aviões de última geração, metralhadoras, fuzis, lança-granadas, navios de guerra, tanques, carros blindados de todos os tipos - e uns poucos milhares de combatentes do Hamas, que só têm armas leves, é disparidade absoluta: de um, para mil, talvez de um, para um milhão.
Na arena política a diferença é ainda mais ampla. Mas na guerra de propaganda, a diferença é quase infinita. Praticamente toda a imprensa ocidental só fez repetir, de início, a linha oficial da propaganda de Israel. Ignoraram completamente o outro lado, o lado palestino da história, para não dizer que jamais noticiaram as manifestações diárias que acontecem, feitas pelos militantes israelenses dos grupos pela paz. O mundo aceitou como verdadeiro o argumento de propaganda do governo de Israel ("O Estado tem de defender os cidadãos contra os foguetes Qassam"). Nenhum jornal lembrou que os Qassams são reação ao sítio, cerco, bloqueio que mata de fome 1,5 milhão de seres humanos na Faixa de Gaza. Só depois que as televisões ocidentais começaram a exibir cenas horrendas, imagens da Faixa de Gaza, então, a opinião pública gradualmente começou a mudar. É verdade que as televisões ocidentais e israelenses só mostraram uma pequena porção dos horrores que aparecem, 24 horas por dia, mostrados ao mundo árabe pelo canal árabe da Al-Jazeera, mas uma única imagem de um bebê morto, nos braços de um pai alucinado é mais poderosa do que o infindável palavrório de frases bem construídas do porta-voz do exército israelense. No final, aquele pai e aquele bebê comprovaram-se mais poderosos que o exército e o porta-voz do exército de Israel.
A guerra - qualquer guerra - é o império das mentiras. Chamem-nas "propaganda", ou "guerra psicológica", aceita-se em geral que muitos mintam a um país inteiro. E quem tente dizer a verdade corre o risco de ser acusado de traição.O problema da propaganda é que ela sempre convence mais o propagandista, que o resto do mundo. E depois de alguém passar a crer que uma mentira é verdade, que o falso é real... já ninguém é capaz de tomar decisões racionais. Exemplo desse processo viu-se no episódio mais chocante, até agora, da guerra de Gaza: o bombardeio da Escola Fakhura, da ONU, no campo de refugiados de Jabaliya. Imediatamente depois de o mundo tomar conhecimento do crime que ali se cometeu, o exército de Israel "revelou" que combatentes do Hamas estariam disparando granadas de área próxima à entrada da escola. Como prova, exibiram uma foto aérea na qual, sim, se via uma escola e uma granada. Minutos depois, o mentiroso de plantão no exército teve de admitir que a foto era antiga, de mais de um ano. Em resumo: a foto foi falsificada. Depois, outro mentiroso armado 'declarou' que "nossos soldados estavam sendo atacados a tiros, de dentro da escola". Dia seguinte, o exército foi obrigado a reconhecer frente aos funcionários da ONU, que também a segunda 'declaração' era mentira. Ninguém foi atacado a tiros, de dentro da escola, nem havia combatentes do Hamás dentro da escola. Dentro da escola só havia refugiados desarmados e apavorados. De qualquer modo, o desmentido não fez grande diferença. Àquela altura, a opinião pública já estava cegamente convencida de que "estavam atirando de dentro da escola" - o que jornalistas continuaram a 'noticiar' pela televisão, como se fosse verdade. E assim por diante, a cada nova atrocidade, uma nova mentira. Cada bebê metamorfoseava-se, no momento de morrer, em terrorista do Hamas. Cada mesquita bombardeada convertia-se instantaneamente em base do Hamas. Cada prédio de apartamentos, em esconderijo de armas; cada escola, em posto de comando do terror; cada prédio da administração pública, em "símbolo do poder dos terroristas do Hamas". Assim, o exército de Israel travestiu-se, mais uma vez, de "o mais moral exército do mundo".
A verdade é que as atrocidades são consequência direta do plano de guerra. Refletem a personalidade de Ehud Barak - homem cujo modo de pensar e agir são exemplo do que se conhece como "insanidade moral", desordem sociopata. O objetivo real da Guerra de Gaza (além de conquistar algumas cadeiras nas eleições próximas) é destruir o Hamas na Faixa de Gaza. Na imaginação dos estrategistas sociopatas do exército de Israel, o Hamas é um invasor que controla um país estrangeiro. Claro que a realidade é outra.O movimento Hamas venceu eleições perfeitamente legais e democráticas realizadas na Cisjordânia, em Jerusalém Leste e na Faixa de Gaza. Venceu, porque os palestinos chegaram à conclusão de que a abordagem pacífica do Fatah nada obtivera, que prestasse, de Israel - sequer foi interrompida a construção de novas colônias; nenhum prisioneiro político foi libertado; nenhum passo significativo foi dado para pôr fim à ocupação ilegal e criar o Estado da Palestina. O Hamas está profundamente enraizado na população, não só como movimento de resistência que combate a ocupação ilegal, como foi, no passado, o movimento Irgun e o Grupo Stern, mas também como corpo político e religioso que oferece serviços de assistência social, educacional e serviços de saúde. Do ponto de vista da população da Palestina, os combatentes do Hamas não são um 'corpo estranho': são os filhos das famílias que vivem na Faixa e em outras regiões da Palestina. Eles não são nem estão "infiltrados na população", nem "usam a população como escudos humanos". A população da Palestina vê os combatentes do Hamas como os seus, como os seus soldados, como os seus defensores. Portanto, toda a operação que levou a essa guerra baseou-se em premissas erradas.
Transformar o dia-a-dia da Palestina em inferno jamais levará os palestinos a levantar-se contra o Hamás. Acontecerá exatamente o oposto: a população unir-se-á cada vez mais firmemente em torno do Hamas; a cada dia aumentará a decisão de não se render. Os habitantes de Leningrado não se levantaram contra Stalin. Nem os ingleses de Londres levantaram-se contra Churchill.Quem ordena que os soldados façam o que têm feito, mediante os métodos que o exército de Israel tem usado em área densamente povoada, sabe que massacrará civis. Aparentemente nada disso o perturba. Ou, então, ele pensa que "mudarão de opinião" e "acordarão para o bom-senso", de modo que, no futuro, nunca mais se atreverão a resistir contra Israel. A prioridade do exército de Israel era minimizar o número de soldados mortos, porque sabem que a opinião dos eleitores mudará, no instante em que Israel comece a enterrar seus filhos. Aconteceu exatamente assim, nas duas guerras do Líbano. Essa consideração teve papel particularmente importante, porque toda a guerra é item da campanha eleitoral. Ehud Barak, que chegou ao topo das pesquisas nos primeiros dias da guerra, sabe que despencará de lá, se as televisões começarem a mostrar imagens de soldados israelenses mortos.
Portanto, Israel implementa hoje outra doutrina: evitar baixas; para tanto, destruir tudo o que apareça à frente dos tanques ou abaixo dos aviões ou na mira dos canhões dos barcos. Os estrategistas estão trabalhando, não só para matar 80 palestinos para salvar um soldado, como está acontecendo; estão preparados para matar 800 palestinenses, por israelense. Evitar baixas é, hoje, o primeiro mandamento em Israel. Para tanto, estão matando número recorde de civis palestinenses. O que aí se vê é a escolha consciente de um tipo particularmente cruel e injusto de estratégia de guerra. Esse erro é o calcanhar de Aquiles do exército de Ehud Barak.Um homem sem imaginação como Barak (seu slogan eleitoral é "Não um bom sujeito. Um líder!"), não faz idéia de como gente de bem, em todo o mundo, reage ante assassinatos de famílias inteiras, destruição de casas, soterramento de mães e filhos, pilhas de cadáveres de meninos e meninas envoltos em mortalhas brancas, a relatórios que informam sobre feridos que sangram até morrer, porque o exército de Israel impede o trânsito de ambulâncias; ante assassinatos médicos e paramédicos que tentam cumprir seu dever; ou de motoristas de caminhões da ONU que dirigem caminhões que transportam farinha. O mundo está horrorizado com o que está vendo. Nenhum argumento eleitoral ou estratégico terá jamais qualquer força, ante a imagem de uma menina ferida, no chão, procurando a mãe. Os estrategistas de Israel supuseram que impediriam o mundo de ver essas cenas; que bastaria impedir o trabalho dos jornalistas.
Os jornalistas israelenses, para sua perpétua vergonha, deram-se por satisfeitos com os releases e imagens oficiais, fornecidas pelo porta-voz do exército, como se fossem notícia e fato; ao mesmo tempo, preservaram-se, a quilômetros de distância de qualquer perigo. A imprensa estrangeira também foi proibida de trabalhar, mas os jornalistas estrangeiros, pelo menos, protestaram. Conseguiram ser levados em tours rápidos pelas cidades, em grupos pequenos, selecionados e fiscalizados. Fato é que, nas guerras modernas, esse tipo de noticiário estéril e manufaturado já não exclui completamente outras vias de obter e distribuir informação. Há máquinas fotográficas e filmadoras com a população, na Faixa, no meio do inferno. E, essas, não podem ser controladas.
As equipes da rede Al-Jazeera distribuem imagens e boletins 24 horas por dia. E todas as casas recebem as imagens.Essa batalha, pelas telas de televisão, é hoje uma das mais decisivas de toda a guerra de Gaza. Centenas de milhões de árabes, da Mauritânia ao Iraque, mais de um bilhão de muçulmanos, da Nigéria à Indonésia vêem e horrorizam-se. Não se subestime o impacto dessas redes, sobre o desenrolar da guerra de Gaza. Milhões de pessoas estão assistindo ao que fazem e dizem os políticos do Egito, da Jordânia e da Autoridade Palestina. Para muitos, todos esses aparecem como colaboracionistas, como parceiros de Israel, nas atrocidades de que são vítimas, hoje, seus irmãos palestinos. Os serviços de segurança de vários regimes árabes já registram uma fermentação perigosa em vários países. Hosny Mubarak, de todos os líderes árabes o que está mais exposto, por ter fechado a passagem de Rafah, praticamente diante de multidões de refugiados apavorados, está sendo forçado a pressionar Washington, que, até há pouco tempo recusava-se a cogitar de qualquer tipo de acordo para o cessar-fogo. Todos já começam a pressentir algum tipo de grave ameaça aos interesses vitais dos EUA no mundo árabe.
De fato, já mudaram de atitude, o que causou consternação entre os complacentes diplomatas israelenses. Gente que sofra de insanidade moral não pode, mesmo, entender os motivos que regem a ação de gente normal. "Quantas divisões tem o Papa?" perguntou Stálin. "Quantas divisões têm os seres humanos decentes?" - deve estar-se perguntando, agora, Ehud Barak.Fato é que os seres humanos decentes têm, sim, algumas divisões. Não muitas. Nem capazes de reação muito rápida. Nem são muito poderosas, nem muito bem organizadas. Mas num determinado momento, quando as atrocidades cometidas por Israel começaram a vazar por todos os lados, começaram a surgir protestos em massa, de grande envergadura. Esses protestos podem decidir uma guerra. O erro, o fracasso, a incapacidade para perceber a real natureza do Hamas levou a outros erros, de resultados previsíveis. De um lado, Israel é incompetente para vencer. De outro lado, o Hamas não perderá essa guerra. Ainda que Israel conseguisse matar todos os combatentes do Hamas, até o último homem, ainda assim o Hamás venceria. Os combatentes do Hamas passarão a ser vistos como exemplos para o mundo árabe, heróis do povo da Palestina, exemplo a ser copiado para todos os jovens árabes. A Cisjordânia cairá no colo do Hamas, como fruta madura. O Fatah naufragará num mar de escárnio, vários regimes árabes estarão sob risco de colapso. Se, ao final dessa guerra, ainda houver Hamas, dilacerado, que seja; em frangalhos, que seja, mas ainda vivo, sobrevivente à fuzilaria da máquina militar de Israel, será a mais prodigiosa das vitórias, será fantástico, será como o espírito que derrotou a matéria.Na consciência do mundo estará fixada a imagem de uma Israel sedenta de sangue, pronta para, a qualquer momento, cometer os mais atrozes crimes de guerra, que nada detém, nenhuma rédea moral. As conseqüências serão muito severas, para o futuro de longo prazo de Israel, para nossa existência no mundo, para as chances de Israel algum dia poder viver em paz e sossego. No fim a guerra de Gaza é, sobretudo, guerra contra Israel, também. É crime contra o Estado de Israel.
Tradução: Caia Fitipaldi
Uri Avnery é jornalista, membro fundador do Gush Shalom (Bloco da Paz israelense).

Somos todos Gaza XIII

Até que enfim Pedro Dória começa dar o ar de sua graça. Até mesmo por que já estava pegando mal um dos principais blogs de política do país segundo diversos levantamentos e que tem como uma de suas finalidades a política internacional permanecer em silêncio obsequioso. Compreende-se que seja dificil a um judeu comentar sobre seu próprio estado, que na verdade é sua própria origem e religião- lembremos Israel é a promessa de Deus ao Patriarca, sem terra não existe judaísmo- mesmo assim demorou-se demais o Pedro. Mas enfim ele escreveu. Trechos de um texto onde condena as atitudes de Israel. Para ver texto completo http://pedrodoria.com.br/
"(...) Israel têm líderes covardes e ineptos, à esquerda e à direita. Eles simplesmente não têm coragem de tomar decisões difíceis, morrem de medo da opinião pública, consequentemente não inspiram segurança. O resultado é que, inseguro, o povo reage como povos reagem: se tudo está perdido, às armas. Os políticos sabem que isto não resolve. Mas sentem-se eles próprios acuados eleitoralmente e lançam-se às armas. Após mil palestinos mortos, o problema de Israel continua lá e tem o mesmo tamanho. Terão ganho alguns meses sem foguetes? Talvez. Provavelmente não. Certamente terão ampliado o ódio e distanciado qualquer possibilidade de paz.
Alguns dizem: ‘mas a paz não é possível de qualquer jeito.’ É evidente que a paz é possível. Porque, se a paz não é possível, Israel não vale a pena. Se cada pai israelense pensar que a vida toda de seus filhos e netos será o eterno defender-se dos ataques externos, um eterno construir muros, um eterno ocupar da terra dos outros e temê-los para sempre, para que Israel? Para que viver assim? Ou se acredita que a paz é possível, ou é melhor se mudar.
A paz é difícil. E ela só virá com uma negociação complicada na qual ambas as partes terão que ceder. Onde Israel errou? Errou no momento da eleição do Hamas.
Israel não escolhe com quem conversa do lado palestino. Aceita o que tem ou não há conversa. Os palestinos são o que são e é com eles que a paz deve ser negociada. Mas a maioria, lá, quer paz assim como a maioria dos israelenses. E eles também não têm grandes líderes. Nem Yasser Arafat o foi. Se tivesse sido, já haveria Palestina. Assim como os atuais líderes israelenses, morria de medo de dizer para o povo algo impopular.
O Hamas não existiria se Israel não tivesse enchido o grupo de dinheiro nos anos 1980. Agora o Hamas existe. O Hamas não é apenas um grupo terrorista. É também um grupo terrorista. Mas é uma filantropia e é um partido político. Margaret Thatcher negociou com os políticos do IRA. Não é agradável, mas faz parte do processo que leva ao fim da violência. Como lembra o jornalista palestino Daoud Kuttab,
o Hamas são muitos. Políticos querem poder. Extremistas querem morte. Os políticos do Hamas não podem dizer que não desejam mais a destruição de Israel. Poderão dizer um dia, quando já houve Palestina; agora, não podem.
O importante é que, a portas fechadas, podem dar garantias de cessar-fogo a diplomatas israelenses. A Guerra da Coréia ainda não terminou. Mas o cessar-fogo dura já tanto tempo que ninguém lembra disto. O que querem em troca são condições de exercer seu poder. Poder, diga-se, outorgado pela população palestina através do voto. E um poder, é importante sempre lembrar, que eles estavam quase perdendo legitimamente. Tanto em Gaza quanto na Cisjordânia o Hamas estava a caminho de uma estrondosa derrota eleitoral ainda no primeiro semestre deste ano. Israel não permitiu que o processo político democrático punisse o Hamas. Mais alguns meses de foguetes que não matam ninguém e a situação palestina seria outra.
Quando o Hamas foi eleito, Israel e EUA se recusaram a reconhecê-lo. Isto deu forças para que o Fatah criasse problemas, trouxe instabilidade ao governo, golpe em Gaza. Ações têm conseqüências. O braço político do Hamas tinha que ter alguma força e alguma prova de que política traz resultados. Em caso contrário, os extremistas sempre vencerão a queda de braço interna."

Somos todos GAZA XII

Continuamos e continuaremos enquanto continuar a barbarie. Um ótimo texto da médica carioca Ilanna Polistchuck. Consta que os textos de Ilanna não foram publicados nos principais jornais brasileiros. Por que será essa censura. Como resposta, tanto para violência bélica quanto a simbólica do silenciamento só me vem a cabeça, a bela poesia de Chico Buarque sob o terrorismo brasileiro da ditadura que serve para o terrorismo israelense. Principalmente quando cantada por Milton e Chico.
Trechos selecionados de Cálice ou seria cale-se
Pai Afasta de mim esse cálice de vinho tinto de sangue (...)
mesmo calada a boca resta o peito (...)
outra realidade menos morta tanta mentira tanta força bruta (...)
quero lançar um grito desumano que é um jeito de ser escutado
esse silêncio todo me atordoa
Para ajudar Israel, vamos dizer: não concordamos com sua política!
por Ilana Polistchuck
E por que não podemos escutar as vozes dos soldados israelenses que se recusam a lutar ou servir em territórios ocupados? Por que não podemos considerar que bombardear hospitais, casas, universidade para “caçar terroristas” é um delírio militar? Por que não podemos ficar estarrecidos como fato de o governo israelense não ter reconhecido o Hamas como representante eleito pelos palestinos e ter imposto um embargo econômico, na verdade um cerco de guerra, deixando a região sem água, sem comida, sem direitos civis, políticos, sem nada? Por que aceitamos que Israel não cumpra os acordos diante de manifestações bélicas de quinta categoria (não por isso menos letais e assassinas) do ponto de vista militar, como homens bomba e mísseis mambembes? Se fosse assim, guerras jamais terminariam.Isto não tem nada a ver com ser ou não sionista e muito menos com preconizar o fim do Estado de Israel. Outro delírio. Invasões e ocupações estão na história, não costumam ser revistas, mas não se abafa esta história com o extermínio dos que foram desocupados ou expulsos. Lamento se palestinos reivindicam o fim do Estado de Israel, é um direito, e uma posição ideológica ou fundamentalista, uma estratégia de propaganda ou um desejo coletivo, sei lá, mas não muda os fatos estabelecidos. O Estado de Israel é um fato estabelecido. Entretanto, na verdade, quem está pondo em prática o fim do suposto Estado Palestino é Israel. De fato, com todas as cores e, o que é mais importante, com todas as armas, inclusive os bumerangues: mísseis e homens-bomba.Vamos tentar ajudar Israel a parar com isso. Conclamo os judeus - sionistas, progressistas, religiosos, leigos, laicos, chassidim, ashkenazim, sefardim, seja lá o que forem - a não aceitarem a política de Israel. Reivindico que todos tenham o direito de dizer não. Não aceitamos a matança do povo palestino. Não aceitamos o embargo. Queremos que os acordos sejam cumpridos. Queremos que a Onu condene as ações bélicas de Israel e, agora, envie forças militares para conter o exército de Israel enlouquecido. Vamos ouvir as vozes isralenses que dizem não ao seu governo. Que elas possam chegar urgente ao poder, com nosso apoio judaico. Com certeza, um dia, quando houver respeito às deliberações da cultura palestina, os atentados de homens-bomba serão história.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Somos Todos Gaza XI

Apesar do cessar-fogo aprovado pela ONU. O massacre continua. E os dados são cada vez mais perturbadores. Na contagem macabra o número de mortos já chega a quase 1000. Repito mil vidas humanas perdidas. E não me venham com esse papo de 1/4 de civis. Ora como disse tenazmente o deputado norte-americano Denis Kuchner (um dos 5 bravos deputados norte-americanos que ousarem discordar de Israel) não existe Estado Palestino e nem exercito Palestino, portanto não há de se falar em vitimas civis. E começa-se a perder também a guerra da mídia. É estranho a banalização do mal. A imprensa brasileira, que cobria com voracidade o que eles denominam de "conflito" ou "guerra", - ambas denominações erradas, pois trata-se de um massacre - agora já não trata o "conflito" com a mesma intensidade, como-se com o passar dos dias a violência se torne algo aceitável. Além disso, percebe-se uma mudança no próprio tratamento da mídia. Se no começo a mesma falava em conflito e guerra, no sub-texto se via críticas, algumas até mais virulentas a Israel. No entanto, desde meados da semana passada o tom mudou. Bem ao gosto das reações diplomáticas israelense. Fruto óbvio do lobby pró-israel. Nós aqui nos recusamos a aceitar a banalização do mal e continuamos em nossa luta pró fundação do Estado Palestino e pela convivência pacífica entre Israel e Palestina.
Ps: nosso post a favor dos jovens israelenses e contra a intolerância foi recomendado em uma grande lista de debates do movimento negro. Ou seja, essa é a mensagem: denunciamos o racismo israelita, pois ele vai contra os melhores sentimentos israelenses; e exatamente, por isso nos recusamos a cair na lei do dente por dente e defendermos o anti-sionismo. Não. Não defenderemos nem um décimo do sofrimento Palestino para os Israelenses.
Já corre na blogosfera uma denúncia bastante séria. Israel estaria praticando o Escolaticidio. Ou seja, a destruição proposital de todo o sistema educacional Palestino. Já foram destruídas dezenas de escolas, universidades e mesmo o ministério da educação. Lamentável tal fato, em si mais uma violação das leis internacionais de guerra. Parece-me que nessa loucura moral e ética que Israel mergulhou voltamos a época das trevas, a perseguição ao saber. Israel assim repete a velha máxima de que a ignorância é a maior parceira da dominação (aliás alguns documentos e pronunciamentos das das autoridades belicosos desse país demonstram descontentamento com o alto nível educacional dos Palestinos e sua influência na luta pela criação do Estado Palestino), já vimos isso na escravidão brasileira e mesmo nas camadas mais pobres da nossa população até os anos noventa do século passado. Detalhe, NADA INSIGNIFICANTE apesar da ocupação, o povo Palestino é um dos mais educados do mundo. Com parte da população com nível superior, com destaques na área da engenharia e medicina; fato reconhecido mesmo na Europa. Eis outra das contradições do massacre: Israel empurra uma das populações mais educadas (incluindo ai uma maioria de mulheres) e secularizadas do Islã falante além do árabe do inglês para o lado dos fundamentalistas. Esta cada vez mais claro e, mesmo jornais conservadores e pró-Israel começam a comentar: mais importante do que destruir o Hamas, Israel pretende mesmo é impedir a existencia do Estado Palestino. Daí sucessivas "guerras cirúrgicas" que em nada contribui para um processo de paz duradouro, muito pelo contrário serve para aumentar o ódio de parte a parte.

sábado, 10 de janeiro de 2009

Somos todos Gaza X

Para aqueles que pensam o problema da Palestina, como algo recente e uma causa de radicais e esquerdistas inconsequentes. Como começa a ser dito em certos setores esclarecidos ou que produzem esclarecimento. Um texto antigo de 1978, de um dos maiores filósofos do século passado, que definitivamente contribuiu para uma nova filosofia. Trata-se de Deleuze a denunciar a situação da Palestina (impressionante a atualidade do texto, quando relata a questão do Líbano parece até uma análise do massacre perpetrado por Israel sobre o sul desse país a 02 anos,bom tal atualidade só serve para demonstrar que tal prática faz parte da estratégia política de dominação israelense).

Gilles Deleuze sobre a Palestina (1978)
8–01–2009
Publicado originalmente no Le Monde (7/4/1978) e, depois, em
Deux régimes de fous: Textes et entretiens, 1975-1995 (Minuit, 2003), org. de David Lapoujade.
Como os palestinos poderiam ser “parceiros legítimos” em conversações de paz, se não têm país? Mas como teriam país, se seu país lhes foi roubado? Os palestinos jamais tiveram escolha, além da rendição incondicional. Só lhes ofereceram a morte.
No conflito Israel-Palestina, as ações dos israelenses são consideradas retaliação legítima (mesmo que seus ataques sejam desproporcionais); e as ações dos palestinos são, sem exceção, tratadas como crimes terroristas. Um palestino morto jamais interessa tanto, nem tem o mesmo impacto, que um israelense morto.
Desde 1969, Israel bombardeia sem descanso o sul do Líbano. Israel já disse, claramente, que a recente invasão do Líbano não foi ato de retaliação pelo ataque terrorista em Telavive (11 terroristas contra 30 mil soldados); de fato, a invasão do Líbano é o ponto culminante de um plano, mais uma, numa sequência de operações a serem iniciadas como e quanto Israel decida iniciá-las. Para uma “solução final” para a questão palestina, Israel conta com a cumplicidade quase irrestrita de outros Estados (com diferentes nuances e diferentes restrições).
Um povo sem terra e sem Estado, como o palestino, é como uma espécie de leme, que dá a direção em que andará a paz de todos que se envolvam em suas questões. Se tivessem recebido auxílio econômico e militar, ainda assim teria sido em vão. Os palestinos sabem o que dizem, quando dizem que estão sós.
Os militantes palestinos têm dito que teriam conseguido arrancar, no Líbano, alguma espécie de vitória. No sul Líbano, só havia grupos de resistência, que se comportaram muito bem sob ataque. A invasão israelense, por sua vez, atacou cegamente refugiados palestino e agricultores libaneses, população pobre, que vive da terra. Já se confirmou que cidades foram arrasadas e que civis inocentes foram massacrados. Várias fontes informam que se usaram bombas de fragmentação.
Essa população do sul do Líbano, em exílio perpétuo, indo e vindo sob ataque militar dos israelenses, não vê diferença alguma entre os ataques de Israel e atos de terrorismo. Os últimos ataques tiraram 200 mil pessoas de suas casas. Agora, esses refugiados vagam pelas estradas.
O Estado de Israel está usando, no sul do Líbano, o método que já se provou tão eficaz na Galileia e em outros lugares, em 1948: Israel está “palestinizando” o sul do Líbano.
A maioria dos militantes palestinos nasceram dessa população de refugiados. E Israel pensa que derrotará esses militantes criando mais refugiados e, portanto, com certeza, criando mais terroristas. Não é por termos um relacionamento com o Líbano que dizemos: Israel está massacrando um país frágil e complexo. E há mais.
O conflito Israel-Palestina é um modelo que determinará como o ocidente enfrentará, doravante, os problemas do terrorismo, também na Europa.
A cooperação internacional entre vários Estados e a organização planetária dos procedimentos da polícia e dos bandidos necessariamente levará a um tipo de classificação que cada vez mais incluirá pessoas que serão consideradas “terroristas”. Aconteceu já na Guerra Civil espanhola, quando a Espanha serviu como laboratório experimental para um futuro ainda mais terrível que o passado do qual nascera.
Israel inteira está envolvida num experimento. Inventaram um modelo de repressão que, devidamente adaptado, será usado em vários países.
Há marcada continuidade nas políticas de Israel. Israel crê que as resoluções da ONU, que condenam Israel verbalmente, são autorizações para invadir. Israel converteu a resolução que o mandava sair dos territórios ocupados em direito de construir colônias!
Achou que seria excelente idéia manter uma força de paz no sul do Líbano… desde que essa força, em vez do exército israelense, transformasse a região em área militar, sob controle policial, um deserto em matéria de segurança.
Esse conflito é uma estranha espécie de chantagem, da qual o mundo jamais escapará, a menos que todos lutemos para que os palestinos sejam reconhecidos pelo que são: “parceiros genuínos” para conversações de paz. De fato, estão em guerra. Numa guerra que não escolheram.
Tradução a partir do inglês por Caia Fittipaldi. Original
http://lapointe.blogsome.com/2006/08/07/gilles-deleuze-on-palestine/

Bom sobre Deleuze: atualizou ideias como as de devir, acontecimentos, singularidades, enfim conceitos que nos impelem a transformar a nós mesmos, incitando-nos a produzir espaços de criação e de produção de acontecimentos-outros. Trata-se de uma filosofia do acontecimento, uma filosofia da multiplicidade, cujas bases rompem com a filosofia do sujeito, da consciência.

Somos Todos Gaza IX

O José Ricardo, grande companheiro das lutas pelas questões negras e, excelente articulista editor do blog Atabaque. Ao qual recomendo, principalmente as análises do Zé Ricardo sobre a questão midia e racismo e um texto imperdível sobre a polêmica do Caetano Veloso e as cotas raciais. Pois bem, o José Ricardo passou por aqui e deixou o seguinte recado:
Fui lá vi e recomendo, é uma série de cartões (cards) que denunciam o massacre.
Bom continuando nosso giro, mais uma contribuição agora de Frei Betto que como nós (no primeiro post sobre esse massacre o fizemos, bem como em outros posts, como por exemplo no apelo que enviamos também por e-mail para o apoio aos Israelenses contrários ao massacre) vem chamando a atenção para o fato de que não se coíbe ódio com mais ódio, racismo com mais racismo. A lei dos olhos por olhos dente por dente só causara mais violência. É necessário e urgente nosso repudio, denuncia e Oxalá punições ao Estado de Israel, belicista e racista, no entanto isso não nos autoriza a agir na mesma medida e com sinais trocados, ou seja sermos também racistas: no caso anti sionista.
CARTA AOS JUDEUS
Frei Betto

"Por mais que o governo de Israel e todos os que o apoiam tentem, não irei odiar a vocês, irmãos judeus. Ainda que as tropas israelenses matem centenas de crianças e pessoas inocentes, não irei desejar a morte de suas crianças nem jogar a culpa na totalidade de seu povo.

"Mesmo que manchem a Faixa de Gaza com o sangue de um povo, que também corre em minhas veias, metade árabe, não irei revoltar-me contra nenhuma etnia nem julgar que há raças melhores ou com mais direitos que outras, como quer nos fazer acreditar o governo israelense.

"Embora eu também queira ouvir as vozes judaicas de protesto contra o massacre dos palestinos, não deixarei de condenar os que se calaram diante do holocausto judeu. E mesmo que tomem à força a terra do povo árabe, não irei jamais apoiar o confisco dos bens do povo judaico, praticado há tempos pelo governo nazista.

"Por mais que o governo de Israel e todos que o apoiam traiam a tradição hebraica dos grandes profetas que clamaram por justiça e paz, ainda quero manter viva a esperança que eles anunciaram. Mesmo que joguem sua memória na lata de lixo, faço dos profetas do antigo Israel os meus profetas, pois o anúncio da justiça não distingue credos, nações ou etnias.

"Sei que muitos de vocês condenam a violência, não apóiam o massacre dos árabes palestinos, e gostariam que o governo de Israel respeitasse as decisões da ONU e o clamor da comunidade internacional pelo cessar-fogo imediato. Mas, gritem! Se sua voz não for ouvida, acreditar-se-ão com razão aqueles que ainda falam mal de seu povo.

"Mesmo que sejam deploráveis todos os anti-semitas, o silêncio dos judeus diante do massacre perpetrado pelo país que ostenta a estrela de Davi na bandeira pode ser usado como reforço para os argumentos torpes da superioridade racial.

"Há mais de 60 anos seu povo clamou ao mundo por solidariedade. Chegou o momento de retribuir, de mostrar que a solidariedade é um sentimento universal e não restrito a uma etnia. Não deixem o governo de Israel fazer esquecer o quanto vocês sofreram como vítimas, só porque agora ele é algoz e está protegido pela maior potência mundial, os EUA.

"Não permitam que a ação de Israel faça parecer que, apesar das manifestações mundiais de condenação, seu Estado se acredita o único que possui razão, pois era assim que o governo alemão pensava no tempo do nazismo.

"Estejam certos de uma coisa: independentemente do resultado da absurda campanha israelense ou qualquer que seja a posição de seu povo diante da violência e injustiça cometida por aquele país, não irei ceder à tentação do pensamento racista; não irei apagar da minha memória a catástrofe do nazismo e o sofrimento do povo judeu; não irei pensar que há povos que não merecem nação e que devem ser eliminados; não deixarei de condenar o anti-semitismo ou qualquer tipo de preconceito étnico.

"Continuarei defendendo a idéia de que todos, sem distinção, somos iguais, e temos os mesmos direitos: judeus, negros, árabes, índios, asiáticos etc. Manter-me-ei firme em minhas convicções, pois jamais quero me igualar aos governantes de Israel e àqueles que o apóiam."

Faço minhas as palavras de meu querido amigo Maurício Abdalla, companheiro no Movimento Fé e Política, professor de filosofia da Universidade Federal do Espírito Santo e autor de reconhecida qualidade, como o comprova o texto acima, que tão bem traduz a indignação e a dor de tantos que testemunhamos a guerra do Oriente Médio.

Vários intelectuais judeus têm manifestado indignação frente às operações do Estado de Israel. Tom Segev, historiador e cientista político, escreveu no "Haaretz" que "Israel sempre acreditou que causar sofrimento a civis palestinos os faria rebelarem-se contra seus líderes nacionais, o que se mostrou errado várias vezes". O escritor Amos Oz sublinhou: "chegou o tempo de buscar um cessar-fogo", com o que concorda o escritor David Grossman e o ex-chanceler israelense Shlomo Ben-Ami.

Frei Betto é escritor, autor de "A mosca azul – reflexão sobre o poder" (Rocco), entre outros livros.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Somos todos Gaza VIII

Abaixo dois textos que explicam muito da ocupação israelense sobre o território Palestino. E sobre o Holocausto da população palestina.
O primeiro é um texto definitivo sobre a cobertura da mídia e sua "isenção" na cobertura do massacre. Isenção essa que se fosse verdadeira já seria absurda, por que cumplice desse vergonhoso epsódio. E o segundo é uma declaração de Jimmy Carter, ex-presidente norte-americano e observador da ONU. Não é por outro motivo que Carter o maior presidente dos EUA no último meio século é tão odiado pelo establishment.
BBC: sem olhos em Gaza
7–01–2009
Muhammad Idrees Ahmad,
na Electronic Intifada/6 de janeiro
Dia 29 de fevereiro do ano passado, a
página da BBC na internet mostrou um dos assessores do ministro da Defesa israelense, deputado Matan Vilnai, ameaçando Gaza de “um holocausto”. Com manchete em que se lia “Israel ameaça Gaza de ‘holocausto’”, a matéria passou por nove revisões nas 12 horas seguintes. Antes do fim do dia, a manchete dizia “Militantes pró-Gaza ‘arriscam-se a sofrer um desastre’”. (Depois, a matéria continuou a ser modificada, acrescida de uma nota de desculpas). Um funcionário do governo de Israel que ameaça alguém de “holocausto” pareceu inadmissível, até para quem rotineiramente invoca o mesmo espectro para afastar qualquer crítica que apareça contra o comportamento criminoso do Estado de Israel. Mas a nova versão da manchete jogou toda a responsabilidade e a culpabilidade claramente sobre os “militantes pró-Gaza”.
Poder-se-ia argumentar que a radical alteração que a BBC promoveu na história refletiria a sensibilidade da rede ao tipo de pressão pela qual é bem conhecida a bem azeitada máquina do lobby israelense. Mas, como se pode demonstrar com vários exemplos, essa história só é excepcional porque, na primeira versão, o fato foi corretamente noticiado – e divulgou-se informação correta que poderia arranhar a imagem de Israel. A BBC autocensurou-se. Mais uma vez, censura reflexa.
Para encontrar provas do jornalismo vicioso que a BBC pratica, basta recolher amostras do noticiário sobre a guerra em curso entre Israel e Palestina que se vê hoje na internet. Em momento de conflito declarado, a cobertura da BBC acompanha invariavelmente o ponto de vista de Israel. Mais do que em qualquer outro aspecto, vê-se isso nos aspectos semânticos e no enfoque da reportagem. Mais do que o viés quantitativo (aspecto que foi meticulosamente examinado pelo Glasgow University Media Group, em estudo intitulado “Más notícias de Israel”), é o viés qualitativo que, de fato, encobre a realidade da situação. Isso se faz, quase sempre, construindo-se uma falsa paridade, um falso equilíbrio, falsificando-se uma isenção jornalística que iguala tudo, o poder, as culpas, a legitimidade, também do jornalismo. No atual conflito, tudo se repete.
“Líder do Hamas morto em ataque aéreo” foi a manchete da página da BBC, na quinta-feira. À parte a manchete que “legaliza” uma morte, são 14 parágrafos e mais a necessária referência a quatro israelenses mortos, antes da informação de que “pelo menos mais nove pessoas morreram, entre as quais quatro membros da família do líder assassinado, no bombardeio contra sua casa, no campo de refugiados de Jabaliya.”
Na verdade, houve 16 mortos, 11 dos quais crianças; 12 feridos, 5 dos quais crianças; 10 casas foram destruídas e mais 12 ficaram abaladas e ainda podem desabar. Na verdade, foi um massacre, uma carnificina.
Se o Hamas bombardeasse e matasse 28 cidadãos israelenses, dos quais 16 crianças… a cobertura seria diferente. Seria infindável. Seria o que foi a cobertura da BBC para a evacuação dos colonos israelenses legalmente instalados em Gaza, em 2005, em terra roubada. Mike Sergeant, da BBC, baseado em Jerusalém, não é homem de sentimentalismos. Então, não há civis mortos na Palestina. A tragédia da Palestina é uma massa de corpos sanguinolentos que Sergeant coroa com “é clara indicação de que os militares israelenses sabem onde estão escondidos os líderes do Hamas.”
“Israel reage ao ataque do Hamas” foi a manchete obscena do dia seguinte, na primeira página. Com a palavra Hamas sempre antecedida de “terroristas do” ou “militantes do” e sempre sobre imagens de corpos mutilados e destroços, o leitor médio facilmente aceita que não pode haver nada pior do que o Hamas. “Deu na internet” que a quarta mais poderosa máquina de matar do mundo está enfrentando um exército muito maior, mais cruel, mais poderoso, chamado Hamas, na Palestina. Depois, a BBC informou que, dentre outros “alvos”, Israel bombardeou uma mesquita e uma família que dormia em casa.
A manchete da BBC, no mesmo dia, horas mais tarde – “Gaza enfrenta ‘emergência crítica’” – foi ainda melhor. No texto, cita-se Maxwell Gaylard, coordenador do auxílio humanitário da ONU na região, que fala da extensão da crise humanitária. Depois, o alerta da Oxfam: a situação piora dia a dia; não há água potável, combustível, comida; os hospitais estão sobrecarregados e os esgotos vazam nas calçadas.
Em seguida, vem “o outro lado”: Israel declarou, informa a BBC, que “não faltam nem comida nem remédios”. Não seria difícil verificar quem mente e quem diz a verdade. Mas a investigação, nesse caso, provavelmente violaria “o reconhecido padrão de isenção da BBC.”
Há outro motivo, mais mundano, pelo qual a BBC não investigou, mas está escondido na linha do artigo.
Israel, lemos ali, “recusa-se a permitir a entrada de jornalistas internacionais em Gaza” (incluídos na proibição, é claro, jornalistas da BBC). Qualquer boa ética jornalística obrigaria a informar, na primeira linha, que ninguém sabe o que está acontecendo em Gaza. Que o jornalismo mundial alimenta-se hoje dos folhetos de propaganda distribuídos pelo exército de Israel.
O ato final da chicana vem em forma de barra lateral, na qual se contabiliza o número de Qassam disparados pelos palestinos por dia no conflito. Inacreditável, mas em matéria jornalística que se oferece como análise das consequências do bloqueio e dos bombardeios feitos por Israel, não se contabilizam os mísseis e bombas de fragmentação e de fósforo e a artilharia pesada, de Israel, que chove sobre a Palestina.
A fonte da qual a BBC recolhe suas informações isentas é o Intelligence and Terrorism Information Center, de Israel. A BBC não noticia que se trata de um instituto “privado” (um think tank), órgão do cinturão militar de propaganda israelense que, de acordo com o The Washington Post, “é diretamente ligado às lideranças militares israelenses e mantém escritório no prédio do ministério da Defesa.” Falas de palestinos, por sua vez, jamais são confiáveis e sempre aparecem entre aspas… por mais que seja facílimo verificar se são fato, ou se são propaganda comprada.
As aspas são sinal muito útil para mostrar que ali pode haver alguma mentira, algum interesse ocultado, alguma opinião pela qual a BBC não se responsabiliza. É recurso útil, se for aplicado com critério. Na BBC, não é.
Para ficarmos só num exemplo: depois da guerra do Líbano, quando a Anistia Internacional acusou os dois lados, Israel e o Hezbolá, de terem praticado crimes de guerra, a acusação feita a Israel apareceu, na página da BBC, entre aspas. A acusação feita ao Hezbolá… foi publicada sem aspas.
Assim, com manipulação sutil – e também com manipulação nada sutil – da linguagem, a BBC está ocultando de seus leitores a horrenda realidade da Palestina ocupada.
No léxico da reportagem da BBC, os palestinos “morrem”, os israelenses “são mortos” (”morrer” implica causas naturais; “ser morto” implica ser assassinado… pelo Hamas); os palestinos “provocam”, os israelenses “respondem”; os palestinos “alegam”, os israelenses “declaram”.
Além disso, escolas, mesquitas, universidade e postos de policiamento de trânsito são órgãos da “infra-estrutura do terror do Hamas”; os “militantes” “enfrentam” aviões F-16s e helicópteros Apache. O “terrorismo” é item presente no DNA dos palestinos; os israelenses “defendem-se” – sempre, todos os dias, fora das fronteiras de Israel.
Todos os debates, comecem onde começarem e sejam quais forem os fatores ou as circunstâncias, estão relacionados com a “segurança” de Israel – os palestinos não precisam de segurança. Se se fala do muro que cerca terra anexada na Cisjordânia, só se fala da “efetividade” da barreira (de segurança). Nos casos, muito raros, em que se ouça alguma voz palestina articulada, o debate é introduzido por matéria pré-editada, que visa a pô-la na defensiva. Quando tudo falha, sempre há o excelente argumento da “isenção”. Quando a BBC não consegue acomodar os fatos em imagens, então recorre aos recursos de linguagem.
E há os contextos: a violência praticada por Israel sempre é analisada em termos de “objetivos”; a violência palestina é sempre “absurda”. O leitor médio é manipulado. E a palavra “ocupação” praticamente jamais apareceu na cobertura feita pela BBC. Nas últimas 20 matérias publicadas sobre Gaza, na página da BBC, ela não aparece nem uma vez. E, se “ocupação” apareceu alguma vez, a expressão “resoluções da ONU”, essa, jamais foi ouvida ou lida. Na televisão é ainda pior, e o ponto de vista de Israel predomina absolutamente.
(…)
* Muhammad Idrees Ahmad é militante da
Spinwatch.org. Seu blog está em Fanonite.org. Para ler o artigo acima na íntegra e no original, clique aqui. Tradução: Caia Fittipaldi.
Do blog Biscoito Fino e a Massa: http://www.idelberavelar.com/
Jimmy Carter conta como Israel rompeu o cessar-fogo
O escalão superior do Hamas em Damasco, no entanto, concordou em considerar um cessar-fogo em Gaza desde que Israel prometesse não atacar e permitisse a entrega de ajuda humanitária aos cidadãos palestinos.
Depois de extensas discussões, os líderes do Hamas também aceitaram qualquer acordo de paz que pudesse ser negociado entre os israelenses e o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, que também lidera a OLP, desde que fosse aprovado pela maioria dos palestinos em um referendo ou por governo de unidade eleito.
Uma vez que éramos apenas observadores, não negociadores, passamos a informação aos egípcios e eles buscaram uma proposta de cessar-fogo. Depois de cerca de um mês, os egípcios e o Hamas nos informaram que a ação militar dos dois lados e os foguetes iam parar em 19 de junho, por um período de seis meses, e que a ajuda humanitária seria restaurada ao nível normal que existia antes da retirada de Israel em 2005 (cerca de 700 caminhões por dia).
Fomos incapazes de confirmar isso em Jerusalém por causa da decisão de Israel de não admitir qualquer negociação com o Hamas, mas os lançamentos de foguetes logo pararam e houve aumento na entrega de comida, água, remédios e combustível. Ainda assim o aumento foi para cerca de 20% do nível original [de 700 caminhões]. E esse cessar-fogo frágil foi parcialmente rompido em 4 de novembro, quando Israel lançou um ataque em Gaza (
fonte em português; original em inglês aqui).
Nesse ataque, Israel assassinou sete palestinos. A posição do Biscoito Fino e a Massa é de que jamais houve “trégua” nenhuma, pois não se pode falar de trégua quando uma população vive enjaulada, sem ter sequer o direito de recolher seus impostos ou controlar suas fronteiras. Mas mesmo que usemos o termo “trégua” no sentido em que a mídia, em geral, utiliza-o para se referir à
Palestina Ocupada -- ou seja, “trégua” consiste em que os palestinos continuem vivendo calados, como escravos, nas suas próprias terras --, mesmo assim, o fato, a verdade, é que a trégua foi rompida por Israel, quando invadiu Gaza no dia 04 de novembro e assassinou sete palestinos, depois de meses inteiros em que o Hamas não havia lançado rojões Qassam sobre território israelense.
Stephen Zunes, especialista da Universidade de San Francisco, disse com todas as letras: foi uma enorme, enorme provocação, e agora me parece que o objetivo era mesmo fazer com que o Hamas rompesse o cessar-fogo. Amigo leitor: nada, nada, nada disso foi relatado pela mídia ocidental. É como se a invasão do 04 de novembro não tivesse acontecido.
Por que Israel escolheu o dia 04 de novembro para romper a trégua? Ora, caro leitor, lembre-se do que
acontecia nos EUA no dia 04 de novembro. Não é difícil adivinhar. O obviedade

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Somos todos Gaza VII

Manifeste sua solidariedade com os Jovens israelenses presos por se recusarem a partiipar do massacre e genocídio de Palestinos. Veja a mensagem abaixo e vá oa site indicado e conheça a história desses jovens que ousaram encarar o Estado de Israel, suas famílias e sua religiosidade e por razão de consciência se negar a alistar no Exercito Israelense e participar de combate contra os Palestinos. Essa guerra pelo menos tem servido para mostrar que uma parte da juventude, dos intlectuais e dos trabalhadores israelenses não comungam com o sentimento de seus lideres.
Os “shministim” são jovens estudantes israelenses, todos com idade entre 16 e 19 anos, que ainda estão cursando o segundo grau. Eles recusam o alistamento no exército de Israel por “objeção de consciência”. Esses estudantes defendem a paz entre judeus e palestinos e negam-se a pegar em armas. Estão presos por isso.
Além da prisão, enfrentam enorme pressão da família, de amigos e do governo de Israel. No dia 18 de dezembro foi iniciada uma campanha mundial pela libertação desses jovens. Os valentes garotos judeus são uma inspiração ética e moral para todos nós. E mostram que o conflito entre Israel e Palestina tem solução.
Esses meninos sabem que a ocupação militar e a escravização dos palestinos não tem nada a ver com a segurança de Israel. Eles sabem do que estão falando. Cheguei a essa notícia por meio do excelente e j´´a recomendado blog do Idelber Avelar. Fui até o site da Jewish Voice for Peace, Ong que apoia o movimento e participei da campanha mande um a mensagem a favor dos shministim. Mandei além da carta padrão, uma mensagem para esses jovens. Faça isso também. O endereço é esse aqui http://december18th.org/ Um belo exemplo de parte da Juventude israelelnse. Ao final da campanha todas as mensagens serãom entregues aos governantes de Israel e utilizado na campanha a favor da não condenação desses jovens. Recebi logo após a mensagem abaixo que divido com Vocês.
Dear carlos,
Thank you for taking the time to send a letter to Israel's Minister of Defense, Ehud Barak, about the Shministim. The Shministim are confident that tens of thousands of letters demanding their release will make a real difference.
We've generated 22,000 letters so far. The day of the action in Tel Aviv has happened, and it was featured on all three major news sites in Israel while generating news around the world. It's impossible to convey the full scope of the impact this campaign has had in just a few weeks.
We even sent teams to Israeli consulates in major cities in the United States, though in one case, they refused to even accept our letter!
Far from being the end, December 18th marks the beginning. As long as there are Shministim in jail, we will need your letters of protest.
It has been a wonderful experience for us at Jewish Voice for Peace to work with the Shministim. They are real-life heroes, strengthened in their resolve to stand up against overwhelming pressure and all too aware that their counterparts in the Occupied Territories must endure far worse on a daily basis.
Please continue to tell your friends and family about http://www.December18th.org. You can put the web address in your email signature, post a web badge on your blog, tell your Facebook friends, put a poster on your door and more. Go to http://december18th.org/do-more/ for ideas.
Let the world know that for the sake of both Israelis and Palestinians, Israel's occupation must end, and that a new generation of young people is willing to go to jail to stand up and say NO.
On behalf of the countless people and groups working to free the Shministim,
Cecilie SuraskyJewish Voice for Peace
PS Join JVP's Facebook group: http://www.facebook.com/reqs.php#/group.php?gid=25987424652&ref=ts

Somos todos GAZA VI

Aderimos ao Manifesto:

MANIFESTO DE SOLIDARIEDADE AO POVO PALESTINO


Os Movimentos Sociais, Entidades de Classe e Partidos abaixo assinados, vem a público manifestar seu repúdio ao massacre criminoso e genocida que está ocorrendo na Faixa de Gaza, promovido pelo Estado sionista (racista) de Israel, que, sob o pretexto de combater o terrorismo do grupo palestino Hamas, assassina pessoas indefesas, em sua grande maioria, crianças e mulheres.

O Governo Israelense promove, mais uma vez, a tática de "ataques preventivos" adotadas pelo Governo Bush, como tem sido no Iraque e no Afeganistão, aumentando a violência contra o povo palestino, que há décadas, tem sua nação dividida e usurpada pela partilha imperialista de seu legítimo território e, que no caso da Faixa de Gaza, vem a agravar o estado de privações, de todo o tipo, devido ao criminoso embargo promovido pelo governo israelense, levando a um confinamento total da população.

Os ataques ocorridos nessas últimas semanas já mataram e feriram milhares de pessoas. Toda a infraestrutura foi destruída, afetando o funcionamento de hospitais, escolas, comunicações e as demais necessidades básicas.

Pela dimensão do ataque e a generalização inescrupulosa do bombardeio, este já é um dos maiores genocídios praticados por armamento de guerra nesse século, utilizando-se de armas condenadas por convenções internacionais, como bombas de fósforo e urânio empobrecido.
O terrorismo de Estado promovido pelo governo israelense, financiado pelo EUA, longe de por fim à crise estabelecida na região, apenas a aprofundará. Deve-se ressaltar que parte da população israelense não concorda com essa política do seu Governo.

As entidades abaixo assinadas condenam veementemente a carnificina promovida pelo Estado de Israel contra a população palestina exigindo:
1- Cessar fogo imediato e abertura da fronteira para a entrada de remédios, alimentos e de ajuda médica na Faixa de Gaza.
2- Pela autodeterminação do povo palestino e o reconhecimento de seus legítimos representantes eleitos.
3- Pela criação do Estado da Palestina e o fim das ocupações de Israel em seu território.
4- Pelo rompimento diplomático e comercial do Governo brasileiro com o Estado terrorista de Israel.

Dia 15/01/2008 – 15 h – Participe!
Concentração na Praça Afonso Arinos

CONTATO
Prof. Kaled Amer Assrany (FEARAB)
Fábio Bezerra (Intersindical)
Heitor Reis (Abraço)
(31) 3337 2389
(31) 9183 3762
(31) 3243 6286
prof.kaled@superig.com.br
fambez@ig.com.br
heitorreis@gmail.com

COMITÊ MINEIRO DE SOLIDARIEDADE AO POVO PALESTINO

Abraço (Assoc. Brás. Radiodifusão Comunitária)
Associação dos Universitários do Prouni
Comitê Mineiro de Solidariedade a Palestina.
Consulta Popular
CTB (Central dos Trabalhadores do Brasil)
Conlutas (Coordenação Nacional de Lutas)
CUT-MG (Central Única dos Trabalhadores)
DCE- UFMG
FSM (Fórum Social Mineiro)
Força Sindical/ MG
FEARAB (Federação Entidades Árabe-Brasileiras)
Fetaemg
Fórum Mineiro de Saúde Mental
INTERSINDICAL / MG
LIGA OPERÁRIA
MST (Movimento dos Trabalhadores Sem Terra)
PCB (Partido Comunista Brasileiro)
PCO (Partido da Causa Operária)
PSTU (P. Socialista dos Trabalhadores Unificado)
PSOL (Partido do Socialismo e Liberdade)
Sindicato dos Jornalistas de MG
Sindicato dos Securitários de MG
Sindicato Único Trabalhadores em Educação
SindREDE
Sintect
Sindieletro-MG
Senalba-MG
Sind-Saúde-MG
Sindpol-MG
Sinfarmig-MG – Sindicato dos Farmacêuticos
Sindicato dos Correios e Telégrafos
Sinpro-MG – Sindicato dos Professores
UBES – União Brasileira Estudantes Secundários
UJC
UJS

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Somos todos GAZA V

Um comentarista do blog do Pedro Dória que se intitula Bitt, especialista em armamentos traz algumas informações interessantes sobre o massacre israelense.
bitt // 5/January/2009 às 10:18

(...) do ponto de vista estritamente militar, o Hamas não tem a menor condição de fazer correr “sangue sionista”. Irá matar alguns soldados israelis, mas é só.
As condições entre essa operação e a de 2006 são totalmente diversas. O Hesbolá (que é sempre posto como termo de comparação) tem uma estrutura militar q transcende uma mera organização de guerrilha, acesso a fronteiras amigáveis e abertas e apoio de uma potência regional - o Iran. Utilizou mto bem a “defesa em profundidade” e “neutralização de choque por absorção”, o q indica q tinham treinamento de primeira. Dispunham de armamento “estado da arte”. Resultado: o combate lá era convencional, entre forças mais-ou-mns equilibradas (é meio longo explicar os motivos, mas é fácil encontrar boas análises na Internet).
Não é o caso em Gaza: região altamente urbanizada e, pior, segundo as formas de cidade árabe tradicional; densamente povoada (parece que 15000 habs/km2; seviços públicos mto conectados com os de Israel (fornecimento de energia, água potável e alimentos). Pode parecer vantagem para o defensor, mas nem sempre é. Será se os milicianos tiverem treinamento e equipamento. Tenho dúvidas se tem um e outro.
O Hamas não é um exército propriamente dito - não tem existência formal, estrutura intercontectada e bases e depósitos permamentes (os tais foguetes só são usados porq podem ser escondidos facilmente e tranportados no lombo de uma mula). São uma milícia, uma tropa leve, com unidades altamente descentralizadas, capazes de alto grau de iniciativa e sem armamento pesado. Numa situação do tipo dessa, grupos com 15 até 200 elementos perdem o contato entre si, e passam a agir de forma descoordenada (uma das características do Hesbolá em 2006 era a posse de mto equipamento móvel de comunicação e o uso da rede local - que Israel tentou anular, sem conseguir).
Uma outra característica interessante é q, em 2006, os israelis pareciam realmente tentar evitar atingir a população civil. Desta vez, a intenção parece contrária - parecem querer, de forma deliberada, atingir todo mundo. Se o caso fosse de “destruir a infra-estrutura do Hamas”, bastaria organizar “operações especiais aéreas” - no q eles são mestres. Existem equipamentos (”vetores”, na linguagem da área) capazes de, literamente, “entrar” num prédio. Porq não estão usando essas coisas? Israel é dos maiores fabricantes mundiais de armamento inteligente (o material disponível pela FAB, nessa área, é, na maior parte, de origem israeli); o equipamento aéreo é de primeira (os tais F16D lote 52 “Soufa”) e a inteligência militar, também. Ninguém em juízo perfeito (bem, o chesterton, mas esse não conta…) diria q Israel é uma “vítima”. É a quinta ou sexta maior potência militar do mundo.
Gabriel - leve isso em consideração - o tal video pode ser hoax, mas o método q está sendo usado pelos israelis, não. A não ser q TODA a imprensa mundial seja “anti-sionista”, o exército passou a, nos últimos dias, utilizar tiros balísticos de artilharia disparado por blindados e artilharia autopropulsada. Não espero q um leigo saiba (tvz vc saiba) o q é isso, mas posso garantir: e de extrema crueldade, e é intencional.
E digo isso pq um tiro de artilharia não tem controle algum. Um FROG, como os foguetes do Hamas, pode ser visto, um tiro de canhão, não: cai de maneira aleatória sobre uma área ampla, um quadrado numa grelha, posta sobre um mapa. O cara só escuta um assobio e… BUM! A potência da explosão derruba tudo, num raio de 20 até 50 metros, dependendo do explosivo. Provoca estilhaços de tudo qto é tipo. Mata mesmo. Mata quem estiver perto.
Não é coisa de “mitologofilos” (seja lá o q isso for). Não existe comparação possível entre os foguetes do Hamas e a máquina militar israeli. Admitamos que os foguetes já mataram 40 pessoas nos últimos anos (acho q é por aí), q não é aceitável atacar civis, e que um estado constituído tem direito (eu diria, o dever) de defender seus cidadãos). Mas a gradação na aplicação de força deve ser levada em consideração.
(...) Certamente existem os argumentos de que os palestinos elegeram o Hamas, q “apoiam o terrorismo”, e tal. Pode ser parcialmente verdade, mas existem meios de lidar politicamente e militarmente com uma população antipática.
Se pusermos a memória para funcionar, é o q Rabin, Begin e Meir sabiam fazer. Usavam inteligentemente o capital politico q tinham. Combinavam, de forma sempre inteligente e por vzs brilhante, o uso da força, a propaganda e a negociação (Camp David, por exemplo). Porq o Estado de Israel q deveria ser herdeiro dessa tradição, resoveu lançá-la no ralo, ao longo dos últimos 20/30 anos. (...) Mas minha opinião é q já é tempo de dizer do governo do Estado de Israel o q deve ser dito - são anões políticos, e anões assassinos. E estão levando o povo de Israel por uma via q autoriza o resto da humanidade a estabelecer, ainda q não queira (eu pelo mns, não quero…) as piores comparações possiveis.

Somos Todos Gaza IV

Antes do texto de Gary Young, do The Guardian de Londres. Sugiro a todos uma visita ao sempre ótimo blog do professor Ildebar Avelar. No atual momento esse se tornou mais um campo de resistência Palestina: http://www.idelberavelar.com/
"Enquanto a situação em Gaza for de massacre do exército invasor israelense sobre a população civil, este blog deverá funcionar como central de tradução e disseminação de textos, vídeos e informações sobre a matança, com um ritmo bem mais acelerado de postagem e caixas de comentários fechadas. Esta última escolha tem sido, com exceções ocasionais, a mais comum neste blog para o tema da Palestina Ocupada. Ela não está em discussão. "
Preconceito não traz segurança Israelenses, a guerra ao terror fracassou
Gary Young*

No dia de ano-novo, Atif Irfan e sete membros de sua família embarcaram em um voo da AirTran, em Washington. Caminhando pelo corredor, Irfan questionou se a parte traseira do avião não seria o melhor lugar para se sentar. Sua cunhada disse que a considerava a parte mais segura da aeronave, "caso algo aconteça". A conversa foi ouvida por duas adolescentes que repararam nas barbas dos homens e nos lenços das mulheres e viram uma família de terroristas suicidas - com três criancinhas de 2 a 7 anos. As mocinhas contaram a seus pais; seus pais, ao comissário de bordo; o comissário de bordo, a agentes federais a bordo; os agentes ligaram para o FBI. A família foi detida para averiguações e depois liberada.
Mas o avião decolou sem eles. O suplício da família Irfan seguiu uma lógica própria e humilhante. E , no entanto, sete anos após o 11 de Setembro, esse não foi um incidente isolado. Preventivo, desproporcional e discriminatório, ele diz muito sobre os valores da sociedade em que essas adolescentes americanas viveram durante boa parte de suas vidas. Um mundo que iguala muçulmano a terrorista, e confunde o civil e o combatente pegando o medo e o preconceito e os entregando ao Estado. A única coisa que não fez desse particular incidente uma metáfora perfeita da guerra ao terror é que ninguém foi morto ou desapareceu. Mas não há nada de exclusivamente americano nisso.
Como a Nike e o McDonald?s, a guerra ao terror pode ter começado aqui, mas rapidamente tornou-se global. Logo após os ataques de 2001, o presidente George W. Bush viu-se em companhia de gente como o presidente do Zimbábue, Robert Mugabe, e o ex-primeiro-ministro da Índia Atal Bihari Vajpayee. No entanto, poucos países o acompanharam como Israel. "Vocês, nos EUA, estão numa guerra contra o terror", disse Ariel Sharon após sair da Casa Branca depois dos atentados suicidas em Haifa e Jerusalém, em dezembro de 2001. "Nós, em Israel, estamos numa guerra contra o terror. É a mesma guerra." O problema é que nos últimos sete anos, essa guerra foi completamente desacreditada - não só moralmente, mas militar e estrategicamente. Ninguém dá ouvidos a moderados, e menos ainda à razão, quando bombas estão caindo e pessoas morrendo. Isso vale tanto para os foguetes que mataram um punhado de israelenses como para a barragem de bombas e agora tanques que mataram centenas de palestinos. Ao eliminar qualquer perspectiva de negociação, a violência fortaleceu os extremistas. A intenção de Israel pode ter sido alçar a facção moderada Fatah que hoje governa a Cisjordânia. Mas a vitória do Hamas nas urnas foi uma consequência direta do desprezo que os israelenses mostraram por eles.
Enquanto isso, a guerra no Iraque deixou o Irã - patrocinador do Hezbollah e do Hamas - com muito mais influência na região. Em quase todo lugar, incluindo nos Estados Unidos, a guerra ao terror é vista hoje como um erro colossal. Só Israel não percebe - e está fadado ao fracasso pelas mesmas razões que os EUA fracassaram. Diplomaticamente, os esforços israelenses para vender seus bombardeios e a atual invasão de Gaza como uma extensão direta da guerra ao terror têm sido clamorosos. O bombardeio de casas, mesquitas e postos policiais foi descrito como a destruição da "infraestrutura do terror". A despeito da condenação internacional, a chanceler e líder do Partido Kadima, Tzipi Livni, vem dizendo que as ações de Israel o colocam firmemente na comunidade de nações e deixam os moradores de Gaza e seus governantes, democraticamente eleitos, de fora. "Israel faz parte do mundo livre e combate o terrorismo. O Hamas, não", disse ela. A partir daí, estamos a um passo de informar o mundo de que ou "vocês estão conosco ou estão com os terroristas". "Cada um precisa escolher um lado", disse Tzipi. Ela está certa, as pessoas precisam escolher lados. Até agora, porém, não tem sido o seu. Sete anos após o 11 de Setembro, o mundo tem uma boa ideia do que virá em seguida e não quer fazer parte disso. A guerra ao terror acabou. Ela foi perdida.
Pela primeira vez, depois de muito tempo, isso parece ser claro até nos EUA. Uma pesquisa de Rasmussen mostra uma opinião pública americana menos indulgente com a agressão israelense do que muitos acreditavam. A opinião sobre o bombardeio de Gaza está dividida quase pela metade, 44% apoiando a ação de Israel e 41% dizendo que o governo devia ter tentado uma solução diplomática. Na falta de um debate franco sobre o Oriente Médio, cresce o espaço de manobra para o presidente eleito Barack Obama buscar uma política mais imparcial para a região. Isso aumentaria a influência dos EUA. Maiorias em sete nações árabes dizem que sua opinião sobre os EUA melhoraria se Washington pressionasse Israel a obedecer as leis internacionais no tratamento dos palestinos - mais do que aqueles que dizem o mesmo sobre o fechamento da prisão de Guantánamo, segundo o Gallup. Essa é a mudança de que os Estados Unidos e o Oriente Médio precisam. É também a mudança em que a maioria do restante do mundo quer acreditar.
*Garry Young é colunista do jornal britânico The Guardian