sexta-feira, 27 de março de 2009

Ainda sobre sonzeira, rap + rock +psicodelia + hardcore +reggae + punk

Encerrando essa viagem iniciada pelo RUNDMC. Abaixo Planet Hemp e seu underground raprockandrollpsicodeliahardcorreggae. Isso mesmo um coquetel de sonzeira formado por rap, rock ro'll, psicodelia, hardcore, reggae e punk. Fantastico.
Ela bate no bumbo e você sente no peito
Não tá ligado na missão. FODA-SE.

Planet hemp raprockandrollpscodeliahardcoregga

Ainda sobre hip-hop

Abaixo um dos melhores exemplo do hip-hop brazuca. O grande Sbotage. Morto até hoje em circunstâncias não explicadas pela polícia. Aliá como acontece segundo as estatísticas com a maioria dos pobres pretos e favelados.

Sabotage - Um Bom Lugar

Nesta onda de hip-hop, saudades do Sabotage, morto como vários pretos quando estava indo para o trabalho...Saudades do Mano Sabotage, espero que ele esteja em Um bom lugar...essa música é um belo manifesto Hip-hop. E nos seguimos sobrevivendo sem pilatragem, como diaria outro Mano, o Brown, sobrevivendo no Inferno.

RUN-DMC - Beats To The Rhyme

Para aliviar e curtir um grande balanço e uma ótima viber. RUNDMC. A revolucionária dupla que mudou a história da black music ao ser pioneira em uma nova forma de se tocar e cantar o funk. Mais tarde batizada de Rap- Ritmo e Poesia que acompanhado de outros elementos formariam o Hip-hop. Mais tarde RunDmc revolucionariam mais uma vez ao samplear uma banda de rock. Na hoje lendária gravação com o Aerosmith em Walk this way. Viva RUNDMC. Viva o hip-hop. Linguagem verdadeiramente genuína da periferia.

RUN-DMC - Beats To The Rhyme

Para aliviar e curtir um grande balanço e uma ótima viber. RUNDMC. A revolucionária dupla que mudou a história da black music ao ser pioneira em uma nova forma de se tocar e cantar o funk. Mais tarde batizada de Rap- Ritmo e Poesia que acompanhado de outros elementos formariam o Hip-hop. Mais tarde RunDmc revolucionariam mais uma vez ao samplear uma banda de rock. Na hoje lendária gravação com o Aerosmith em Walk this way. Viva RUNDMC. Viva o hip-hop. Linguagem verdadeiramente genuína da periferia.

Mix

A correia de sempre só passo por aqui para dividir com Vocês um fato legal da minha vida. Cheguei hoje de Viçosa, mais precisamente da UFV. De fato, uma estrutura universitária invejável e quase inacreditável. Bem estive por lá essa semana participando de um concurso no qual fui aprovado. Mas que infelizmente não deverei tomar posse devido aos encargos docentes deles entrarem em choque com outros compromissos assumidos anteriormente. Tem certas coisas que acho que só acontecem comigo....mas vá lá...como diz o horóscopo de hoje: os problemas não são externos e sim internos. A angustia de não saber qual dos caminhos escolher.Na verdade poderia falar tanto do campus da UFV ou mesmo como as vezes esse tal de horóscopo é correto mas não tô com animo e espírito para nenhum deles.Só passo para dividir a alegria de ser aprovado e a tristeza de provavelmente não tomar posse.
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Hoje é dia do níver do Daniel lá do Permablogando. Parabéns para o Cara e Vida longa.

quinta-feira, 19 de março de 2009

A Chicana

A correria de sempre. Então passo aqui só para comentar a chicana que é o Brasil. É um tal de CPI dos grampos que só serve para defender, pasmem!!!ou não, abertamente um bandido flagrado em suborno. É um tal de Gilmar Dantas, digo Mendes o Supremo agora a ameaçar as liberdades individuais, é um tal de Daniel Mendes digo Dantas a comprar, expor e humilhar a todos no Executivo, Legislativo e Judiciário. A pergunta que fica é: todos foram a cama com o Dantas. Pelo jeito os únicos que não foram são os senhores De Santis, juiz de Direito e Protogenes Queiroz, delegado Federal. E alvo da ira do lamaçal formado pela mídia, políticos, advogados, lobistas e outros da mesma laia. Para continuar a chicana o Senado Federal tinha 181 diretores. É isso mesmo. Nem o presidente da Casa sabia, acredite se quiser. Segundo o Noblat existia diretor de garagem, diretor de ata, diretor de check in e Pasmem!!!aliás nem adianta pasmar,diretor de "autografos em atas"....tá lá no blog do Noblat essa informação.
Diante de tudo isso só nos resta saborear a resposta do Cidadão De Santis, juiz de Direito a chicana da CPI de defesa do Dantas. A resposta do juiz ao pedido da CPI do grampo para quebra do sigilo da Operação Satiagraha é uma aula inesquecível de direito aos membros da CPI.
1) O Juiz mostra que a CPI não só já recebeu, ilegalmente, os dados da Satiagraha como também já prejulgou estas informações, sem a devida análise.
2) Se o próprio STF julgou que a CPI não poderia quebrar o sigilo da Satiagraha, não seria ele, De Sanctis, a decidir em sentido contrário.
3) A CPI veio com um novo pedido de quebra de sigilo sem acrescentar fato novo.
4) A CPI, propositalmente ou não, mistura os grampos realizados pela Kroll (objeto da Operação Chacal) com a investigação da Satiagraha.
5) A Polícia Federal auditou o Sistema Guardião e listou os policiais que tiveram acesso aos registros da Operação Satiagraha. A Justiça verificou que todos os registros de interceptações ali existentes têm embasamento judicial.
6) Não houve, portanto, nenhum indício de “interceptações clandestinas” que tenham sido utilizadas na Operação Satiagraha, como afirma a CPI.
7) O pedido de quebra de sigilo da Satiagraha feito pela CPI, ao afirmar que houve interceptações clandestinas na operação policial, é contraditório com as conclusões do próprio relator da CPI em seu relatório parcial.
8) As possíveis irregularidades cometidas por autoridades durante a Satiagraha já são objeto de investigação pelos órgãos competentes.
9) CPI só existe sobre fatos determinados. A CPI do grampo surgiu muito antes da Satiagraha, não sendo este, portanto, seu objeto de trabalho. E o trabalho de uma CPI não se confunde com o trabalho da Justiça.
10) O trabalho de uma CPI visa o conhecimento do Ministério Público, o aperfeiçoamento do Executivo e do Legislativo. Se todas as questões colocadas com relação à Operação Satiagraha são de conhecimento do Ministério Público e objeto de investigação da própria Polícia (Poder Executivo), não há nada que a CPI possa acrescentar.
11) Os três supostos vazamentos de informação da Satiagraha ocorridos até aqui estão sob investigação por parte da Polícia. E a CPI é suspeita, agora, de ter sido parte de um quarto vazamento.
12) A CPI pressionou a Justiça para obter as informações sobre a Satiagraha.
No mais queria mesmo é recomendar a leitura dos posts abaixo. Estes sim bem mais interessantes.

domingo, 15 de março de 2009

Mulheres e sexualidade, preconceitos e tabus II

Aproveitando o embalo, a sexualidade feminina ainda segue os ditames do preconceito machista. E a velha ideia de que o corpo feminino não pertence a mulher que o ostenta. Senão vejamos, tal ideia se inicia com nosso mito fundador. Eva é parte de Adão é fruto da costela deste. Mais do que isso, seu corpo pelo mito bíblico traz em si a lascividade, a permissividade e o convite ao pecado. É o demônio a espreitar o homem. É por essas e outras razões, que muitos homens acham que podem passar a mão ou agarrar sem consentimento uma mulher que eles consideram atraentes. É por isso que ainda se registra com certa força, em nosso judiciário, a ideia de que em determinadas situações a vitima do estupro é que é culpada por manter determinados comportamentos, jeito e maneiras de se portar e vestir. E isso não é brincadeira, aliás analiso caso deste tipo, com meus alunos em uma disciplina que ministro em um curso de Direito (uma disciplina aliás que serve exatamente para combater os ismos pré-concebidos).
Digo tudo isso pois andamos a volta com o velho debate sobre o aborto e como sempre as menos ouvidas são as mulheres. Veja o caso da menina estuprada em Pernambuco: caso típico da mentalidade cristã romana, a mulher em si não tem valor algum. Seu papel é somente o de reprodutora, sua função primordial é a maternidade. Daí ela não merecer usufruir de prazer (sexo só para reprodução, ainda que a Igreja não condene o prazer sexual masculino). Daí não é de se estranhar que sua vida possa ser posta em risco. Afinal, a preocupação com a vida da mulher tratar-se-ia de extremo individualismo. Neste caso, a morte no parto deveria ser encarado com apenas mais um desígnio do Pai. Pai obviamente, já que na tradição ocidental judaico-cristã e mesmo no Islão nada de se pensar em deidades femininas. Mulheres não poderiam jamais ocupar esse espaço pois que não são criadoras apenas reprodutoras.
Deixo aqui registrado minha opinião sou a favor da descriminalização do aborto. Aliás já repararam a estratégia dos conservadores, tomar a parte pelo todo. Assim sendo, você deve ser a favor da vida ou então ser acusado de ir contra a mesma. Ora, ser a favor da descriminalização de um ato não significa praticar o mesmo ou fazer proselitismo do mesmo. Outra coisa que me intriga neste caso todo, é a máxima dogmática utilizada pela Igreja: a Vida é inviolável.
Bom primeiro deixemos claro algo: dogmas não se discutem. Ou você crer ou você não crer. É algo indiscutível e, portanto, não o faremos aqui. O que queremos levantar aqui é a coerência da Igreja Romana a respeito da inviolabilidade humana. Por exemplo, as leis canônicas reconhecem a legitimidade da “guerra justa” e da revolução popular em caso de tirania prolongada e inamovível por outros meios (Populorum Progresio). É o princípio tomista do mal menor. Em muitos países, a Igreja aprova a pena de morte para criminosos.
A este respeito, dois padres brasileiros (ontem a noite o Monsenhor Fisichella em uma atitude surpreendente para quem ocupa o cargo que ele ocupa na Santa Sé em Roma publicou no Observatore Romano, o Diário Oficial do Vaticano uma crítica contundente a atitude do bispo brasileiro e defendeu os médicos, a menina e a família dela) manifestaram com rara sensibilidade. Frei Betto disse corretamente "o debate sobre se o ser embrionário merece ou não reconhecimento de sua dignidade não deve induzir ao moralismo intolerante, que ignora o drama de mulheres que optam pelo aborto por razões que não são de mero egoísmo ou conveniência social."(...)"É a defesa do sagrado dom da vida que levanta a pergunta se é lícito manter o aborto à margem da lei, pondo em risco também a vida de inúmeras mulheres que, na falta de recursos, tentam provocá-lo com chás, venenos, agulhas ou a ajuda de curiosas, em precárias condições higiênicas e terapêuticas. Uma legislação em favor da vida faria este problema humano emergir das sombras para ser adequadamente tratado à luz do Direito, da moral e da responsabilidade social do poder público." (...)Se os moralistas fossem sinceramente contra o aborto, lutariam para que não se tornasse necessário e todos pudessem nascer em condições sociais seguras. Ora, o mais cômodo é exigir que se mantenha a penalização do aborto. Mas como fica a penalização do latifúndio improdutivo e das causas que levam à morte, por ano, cerca de 26 entre cada 1.000 crianças brasileiras que ainda não completaram doze meses de vida?"
Outra manifestação foi o Padre Alfredo Gonçalves que também na direção do pensamento social cristão defende a excomunhão, mas nesse caso a excomunhão do: latifúndio, "paraísos fiscais", da exploração do homem pelo próprio homem como sistema de produção, entre outros. Na verdade, ele defende a excomunhão de dezenas de fatos, em outras palavras, a excomunhão da injustiça essa sim incompatível com o dogma maior do catolicismo.

Mulheres e sexualidade, preconceitos e tabus

Com certo atraso, em razão de compromissos já explicitados, em outro post. Segue-se umas mal rascunhadas linhas a respeito da forma machista de tratamento a sexualidade feminina.
Na verdade pensei em escrever algo por causa do dia 08 de Março e assim sendo pensei em alguns temas: poderia escrever sobre algo que sempre me impressionou e é por mim pessoalmente vivido desde bem pequeno: as mulheres que são chefes da casa. Que sozinhas dão duro no serviço, em casa, na criação dos filhos e etc. São realmente heroínas no sentido lato desta palavra. Pois que além de chefes dos lares dividem o restante do tempo entre os mais diversos outros afazeres.
Poderia falar das mulheres suburbanas e suas lutas heróicas, das mulheres do lumpém-proletariado, das domésticas e etc. Das mulheres que, por exemplo, e vejo isso em um supermercado aqui perto de casa, acordam antes da 05:00hs da matina trabalham 8 hs ganham super mal e com isso, não podem oferecer educação e saúde dignas a seus filhos. Aliás para esse grupo decretou-se (ou para usar uma palavra da moda: excomungou-se) o direito a doença e a um tratamento digno. Vire e mexe ouço os dramas dessas mães que devem optar entre o emprego e o péssimo atendimento nos precários postos de saúde de nossa cidade. Mas não falarei disso. Fica somente como registro para que nossas C. Sociais voltem aos tempos heróicos e como ditava o grande F. Fernandes não se dissociem das lutas sociais. Fazem muito mal ao abandonar esses campos de pesquisa. Falarei aqui de mulheres, sexualidade e seu corpo especificamente das mais velhas.
Vocês já perceberam algo: os homens não envelhecem. É fato em nossa sociedade machista - ou seja, onde a masculinidade se confunde com a potência do Falo - os homens não envelhecem , a não ser somente bem perto de sua morte. Assim sendo é normal que o titio ou avô, ou aquele vizinho ou mesmo um conhecido qualquer no auge de seus setenta bem ou mal vividos anos se aposse de uma jovem bela ou não e saia desfilando com ela e ainda conte aos amigos, conhecidos e mesmo desconhecidos suas peripécias viris. Não vejo nada demais nessas atitudes no mais bastante saudáveis. Aliás criticar esse ato não passaria de um moralismo preconceituoso. O problema aqui é outro.
Ao conjugar a potência do Falo as ideia pré-concebidas de que prazer, beleza e juventude são sinônimos, o machismo - (e aqui é bom frisar, que esse pensamento como sistema dominante age também na psique das vítimas. Ou seja, tal como o racismo e, diga-se de passagem, qualquer sistema de pré-conceito dominante sua principal mazela é internalizar na vitima os preconceitos ao qual elas são submetidas e, desta forma, naturalizá-lo) - nos ensina a crer que qualquer mulher acima dos 50 anos não possuem mais sexualidade, libido, desejo e mesmo beleza. Pronto o preconceito torna-se regra e ai daquelas que ousarem a quebrar os termos ditados pela maioria. Aqui esta em jogo a velha ideia de que sexualidade se confunde com a genitalia, a mania fálica a assustar a maioria dos homens. Ou como dizem por ai, as partes pudorentas: classificação essa aliás uma graça, pois aqui também se confunde pudor com classificações morais. Quem disse que a nudez é despudorada? Ora as genitalias fazem parte da sexualidade, tal qual vários outros pontos no corpo da parceira (o). Aliás descobrir tais pontos e exercitá-los são de enorme prazer para ambas as partes. O que não se deve e, sempre com um olhar já pré-concebido é resumir um termo ao outro, ou seja transformar, por exemplo, a ideia de beleza, de juventude e corpo perfeito - todos estes obviamente pré-concepções- em sinônimo de frigidez as mulheres.
Aqui mistura-se esse caldo falístico com a ideia tão cara a nosso mundo judaico-cristão de que sexo é algo impuro e, portanto, inimaginável de acontecer com nossas queridas mães e avós. Caberiam a elas nessa fase da vida uma castidade que se confunde com uma santidade muito justa ao papel sacralizado que elas devem ocupar. Assim sendo, apesar de toda a revolução sexual, as mulheres mais maduras ou mesmo da terceira idade (após os 60 ou 65 dependendo da classificação) precisam dar seu grito e afirmar que elas também possuem, sexualidade, libido, desejo e isso não se resume apenas a forma física e uma suposta demonstração de potência.

sábado, 14 de março de 2009

Terras Quilombolas: o balanço 2008

Apesar de um probleminha aqui e outro acolá. O texto abaixo, trata-se na minha opinião de um dos melhores já publicados na grande mídia a respeito da questão quilombola. Digo isso, pois é sabido por quem milita nesta área seja academicamente, profissionalmente ou politicamente que a mídia brasileira de forma geral optou por desconhecer essa questão. E desta forma, se sente mais livre para poder escrever suas pré-concepções (preconceitos) sobre a temática e sua cantilena pró-agrobussines e desenvolvimento a qualquer e todo custo. Portanto, não deixa de ser uma saudável surpresa este texto da Terra Magazine (ainda que contenha algumas pequenas imprecisões como já disse, a começar pelo título apelativo):
Quilombolas têm quase um milhão de hectares no Brasil
O levantamento Terras Quilombolas:Balanço 2008, divulgado recentemente pela Comissão Pró-Índio de São Paulo, revela que os territórios quilombolas regularizados no Brasil estão chegando à marca de um milhão de hectares. Essa área - mais precisamente, 980 mil hectares - está distribuída em 96 territórios quilombolas e 185 comunidades. Se considerarmos todos os títulos já concedidos (incluindo os não regularizados, cujo valor legal ainda pode ser questionado) , a conta passa de um milhão de hectares (1.171.213 até setembro de 2008). Embora os números pareçam significativos, a própria Comissão Pró-Índio ainda os considera pequenos em relação à quantidade de comunidades quilombolas existentes no país, estimada em três mil. A luta pela titulação das terras dos remanescentes de quilombos no Brasil é antiga e ganhou força a partir da Constituição Federal de 1988, que garantiu às comunidades o direito a suas terras. "Aos remanescentes das comunidades dos quilombos que estejam ocupando suas terras é reconhecida a propriedade definitiva, devendo o Estado emitir-lhes os respectivos títulos" (Artigo 68 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias - Constituição Federal de 1988)Em 2008, o movimento pela titulação e regularização das terras quilombolas sofreu um grande revés, quando foi publicada a Instrução Normativa no. 49, que vincula a abertura de processo para titulação das terras a uma certidão emitida pela Fundação Cultural Palmares.Na prática, segundo a Comissão Pró-Índio, a nova regra desrespeitaria o direito à auto identificação, garantido pela Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e no Decreto 4887/2003. Entenda o longo processo para titulação de terras quilombolas. O documento divulgado pela Comissão Pró-Índio também alerta para a queda da titulação das terras quilombolas pelo governo federal. Nenhum território foi titulado em 2008 e apenas dois em 2007.No ano passado, as titulações foram decorrentes de processos estaduais, emitidos pelos governos do Pará, Piauí, e Maranhão. No total, foram beneficiadas 1225 famílias em 23 comunidades e 16 territórios quilombolas. A área titulada passou de 36 mil hectares, sendo 25 mil apenas no Pará. Segundo o relatório, um dos entraves à concessão mais ágil dos títulos é a pouca capacidade do Incra em atender à demanda. "Dados de dezembro de 2008 indicam que dos mais de 600 processos abertos pelo Incra somente 220 tiveram algum andamento. O restante apenas recebeu um número de protocolo", indica o texto.O documento também faz um apanhado das disputas judiciais envolvendo os territórios quilombolas, no qual observa que as ações tentando paralisar os processos atingem apenas 14 terras quilombolas, pouco se considerarmos os 600 processos em curso. A primeira comunidade a receber o título de terra na condição de remanescente dequilombola no Brasil foi a comunidade de Boa Vista, no município de Oriximina (PA), concedido pelo Incra em 1995. Na ocasião, 112famílias receberam 1.125 hectares de terra. Geralmente associados no imaginário popular a núcleos de resistência de negros fugidos contra a escravatura, estudos recentes as comunidades de quilombo se constituíram a partir de uma grande diversidade de processos. Esses processos incluiriam as fugas com ocupação de terras livres e geralmente isoladas, mas também as heranças, doações, recebimentos de terras como pagamento de serviços prestados ao Estado, simples permanência nas terras que ocupavam e cultivavam no interior de grandes propriedades, bem como a compra de terras, tanto durante a vigência do sistema escravocrata quanto após sua abolição. "O que define o quilombo é o movimento de transição da condição de escravo para a de camponês livre" (texto da Comissão Pró-Índio de São Paulo)O que caracterizava o quilombo, portanto, não era o isolamento e a fuga, mas a resistência e a autonomia. Ou seja, para além de um passado de rebelião e isolamento, a classificação de comunidade como quilombola dependeria de como aquele grupo se compreende e se define - daí a importância da auto-identificação, na perspectiva da Comissão Pró-Índio. Para a Comissão, entretanto, a principal motivação da Instrução Normativa nº 49/2008 não é conceitual e, sim, um mecanismo de impor "novos empecilhos burocráticos ao processo destinado a identificar e titular as terras quilombolas" . Em texto publicado no seu site, a entidade se posiciona claramente:- O recuo é uma clara tentativa de contemporizar com os interesses contrários de grupos econômicos e de parlamentares da base aliada do governo que vêem questionando na imprensa e no legislativo a legitimidade dos direitos quilombolas.

sexta-feira, 13 de março de 2009

Viva as açoes afirmativas

Deu no Estadão: "Inclusão muda perfil de curso da USP. Medicina tem recorde de egressos da rede pública; nenhum aluno dos 3 melhores colégios privados obteve vaga"
Segundo o Jornal "o número de estudantes de escolas públicas convocados para o curso foi o recorde das últimas décadas - na USP Pinheiros chegou a 37,7% do total de aprovados." Além disso a matéria desmente outro mito de que alunos que entram por meio de programas afirmativos teria desempenho ruim ou abaixo de seus colegas, esse mito é desmentido pelo coordenador de graduação do curso de Medicina: "Os alunos que entraram em anos anteriores pelo Inclusp tiveram o mesmo desempenho que os outros. Nossa preocupação é oferecer condições para que eles concluam o curso", diz o presidente da comissão de graduação da Faculdade de Medicina, Milton Arruda Martins. Segundo ele, deve haver aumento no número de bolsas, de R$ 400. O unico senão é não se conjugar a questão social com a questão racial, mas essa é uma peleia que ainda temos que lutar muito.

De volta e o judiciário

Falta de tempo + crise de criatividade = 8 dias sem postagem, com quase certeza o mais longo período de não postagem na história desse blog (logicamente que estou abstraindo os períodos de trabalho antropológico de campo, pois nessas épocas fico até 30 dias sem postar por justa causa já que não temos acesso a net as vezes nem mesmo a eletricidade).
Para não dizer que não escrevi nada, essa semana o judiciário justo, o pleonasmo aqui é necessário, até porque Erhlich, Geiger, Gurvitch, Weber, Pontes de Miranda, Boaventura Sousa Santos entre outros já nos mostraram que de justo a justiça só tem mesmo a proximidade linguística (que dizer falar isso eles não falaram - isso é uma leitura livre e licenciosa) absolveu uma série de ...digamos assim tucanos acusados de irregularidades na privatização do sistema telebras. Viva a justiça brasileira sempre lenta, falha e elitista, enquanto isso hoje recebi minha conta Telemar....que dizer Oi...que dizer Oportunity...que dizer qualquer coisa nessa salada ....Para quem não se lembra tal processo adveio da publicação de conversa de vários ministros do governo FHC com o conhecimento e consentimento do mesmo em que eles armavam para que a Telemar fosse vencedora do leilão de privatização. Era a época em que ministro se orgulhava de andar no limite da ilegalidade. Segundo o blog do Fred "com o conhecimento do então presidente Fernando Henrique Cardoso, Mendonça de Barros, Lara Resende, Pio Borges, além de Jair Bilachi (ex-presidente da Previ, o fundo de pensão do Banco do Brasil) e Pérsio Arida (ex-sócio do Opportunity) se articularam para tentar garantir que o Opportunity, que comandava a Telemar, disputasse a compra da Tele Norte Leste.". O melhor mesmo, a cereja do bolo foi a frase de Medonça de Barros comemorando a absolovição "a decisão vai se tornar jurisprudência sobre como deve agir o agente público em todo processo de venda de ativos". Faz sentido.
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Já que estamos no campo do Direito e cada vez ando mais por essas searas, tive um artigo que faz um debate sobre a questão quilombola, a constituição federal de 1988 e a relação antropologia e direito aceito para publicação em uma revista acadêmica.
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Ainda nesse campo lembram-se do Caso Madoff: Bernard Maddof deu um golpe de US$ 65 bilhões no mundo. Foi preso, pagou fiança de 10 milhões de dolares para ficar em liberdade. Menos de um ano depois de descoberto foi preso de novo. Ontem houve uma audiência e ele saiu de lá algemado até uma cela pequena. O juiz distrital Denny Chin considerou que Madoff poderia fugir, já que é prevista uma pena de 150 anos para ele. Como deve ser ruim morar nestes países atrasados e pouco civilizados.
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Para finalizar o ralo que a justiça se encontra vamos a listinha Daniel Dantas (que como bem previu a Revista Carta Capital um dia seria "O Dono do Brasil". A listinha é de autoria de Paulo Henrique Amorim em seu blog
. Desmoralizou o Supremo Tribunal Federal.
. Por extensão, desmoralizou a Justiça brasileira, que só prende ladrão de galinha, como diz o Senador Pedro Simon.
. Desmoralizou o Conselho Nacional de Justiça, que se tornou uma extensão do arbítrio do Presidente Supremo do Supremo.
. Fechou a Abin.
. Desmoralizou a Polícia Federal.
. Desmoralizou o BNDES.
. Desmoralizou a CVM.
. Desmoralizou a Anatel.
. Desmoralizou o Congresso, onde só Pedro Simon se levanta para pôr a mão no câncer.
. Desmoralizou o Congresso, que monta CPIs de fancaria para desqualificar e humilhar os investigadores e beneficiar o investigado.
. Desmoralizou o PiG (*), que se tornou cúmplice do Golpe de Estado de Direita, desfechado quando Dantas entrou em cana.
. Desmoralizou o Presidente da República, que se deixou chamar às falas pelo Supremo Presidente do Supremo; assinou a patranha da BrOi, na esperança (vã) de calar a boca de Daniel Dantas com US$ 1 bilhão; demitiu pessoalmente dois servidores públicos íntegros – Protógenes Queiroz e Paulo Lacerda; e mantém como Ministro da Justiça um subserviente que ratifica, sempre que pode, a tese da defesa de Daniel Dantas: a Operação Satiagraha não presta.
. Por que Dantas tem tanto poder, amigo navegante ?
. Porque ele comprou o Brasil.
. O recibo está nos 12 HDs que a equipe do ínclito delegado Protógenes Queiroz apreendeu atrás da parede falsa do apartamento de Dantas.

quinta-feira, 5 de março de 2009

Ditatômetro Savoir-Faire 0.1 beta

O título deste post é na verdade o título de um post do Barba do Blog Savoir-Faire, link ai do lado, mas para facilitar sua vida leitor, clique aqui: http://faire-savoir.info/2009/03/05/ditatometro-savoir-faire-01-beta/. Tal post é um dos prazeres do mundo blogisticos: 1- porque bem escrito (alias já em vários posts recomendamos esse ótimo escritor - inclusive no Blog encontram-se algumas de suas crônicas e contos. Outro que sempre recomendamos é o Peramblogando, ambos de excelentes escritores e o que é melhor são chapas - rs,rs palavrinha antiga hein - desse blogueiro aqui que ao contrário não é nada bom escritor ) e 2- porque o post do Barba foi fruto da leitura de um outro post (neste caso postado aqui neste nosso Abanjá) Valeu Barba.
Para terminar já que esse post é só para recomendar a leitura do post do Barba, algo que disse a ele em uma das nossas últimas conversas a respeito do assunto do post, para quem ainda não foi lá trata-se do escárnio da Folha ao classificar a D I T A D U R A brasileira como ditabranda e não assumi a parternidade dessa aberração, pois que segundo a Folha esse seria um temo comum para classificar esse período histórico, coisa que é uma crassa mentira antes da Folha ninguém falara em ditabranda para classificar esse período. Só nos resta agora concordar com o Barba: nem ditadura conseguimos ter... Ao que completo eta espírito de vira lata.