domingo, 19 de dezembro de 2010

Dezembro

Quanto tempo sem aparecer por aqui. Quantas coisas aconteceram. Sendo assim, abaixo, algumas coisas significativas deste processo:

Dois poeminhas de minha autoria (primeiro e terceiro)e um POEMA de Carlos Drumond de Andrade:

Poeteiro em Campinas

My Peter,

nestas horinhas que não chegam

para ir ao matadouro de idéias que é a academia

para submeter a graça e a liberdade a ortodoxia

para recomeçar o eterno ciclo das vaidades humanas

- minhas e deles -

para começar o exercício da falsa modestia e de verdadeiro narcisismo

elaboro como poeteiro, estas troças, verdadeira mistura de poema com ...

Carlos Eduardo Marques

 
Agora um poeta de verdade
Carlos Drumond de Andrade e logo abaixo o poema Nossa Relação ou seria Nosso Poema? e não vale a resposta problema é seu...

 
poemas de dezembro, Drumond



Fazer da areia, terra e água uma canção

Depois, moldar de vento a flauta

que há de espalhar esta canção

Por fim tecer de amor lábios e dedos

...que a flauta animarão

E a flauta, sem nada mais que puro som

envolverá o sonho da canção

por todo o sempre, neste mundo
Carlos Drumond de Andrade




Nossa Relação, ou poeminha de horinhas feliz no RU



Eu: Amar, verbo intrasitivo como Você

Quando resolver transitoriar o verbo amar

me procure!!!!!!

viver é infeliz

e você são horinhas de felicidade

em meu dia

Ela: "Vai tomar no Cu".

Carlos Eduardo Marques

Um texto para os companheiros de viagem na disciplina de Patrimônio Cultural que ministrei no curso de Antropologia da UFMG:

Caros colegas de caminhada (é preferível ao termo latim alumnus)
Dirijo este texto também a Ângela Murakami, Igor e a Profa. Deborah Lima.


Donner, recevoir, rendre, Au commencement était le Verbe. Et peu importe qui commence quand les actes et les mots qui les disent ou les font être viennent de si loin, de toute éternité humaine. Jusqu’à nos jours remplis tant de furieux échanges boursiers que de généreux dons du cœur ou du sang.
TRADUÇÃO LIVRE: Dar, receber, produzir. No princípio era o verbo, e não importa quem começa e quando começa as ações e as palavras, elas tentam dizer aquilo que é distante de qualquer eternidade humana. Até hoje preenchida por presentes generosos do coração e de sangue.

Prezadas(os),
Tenho recebido de alguns de vocês, mensagens tão carinhosas e tão generosas, ainda que as vezes tão irreal que não me resta, como nos ensinou o Mestre Mauss, a contra dádiva. Aliás o Dom, dar e recber é exatamente o que fizemos nestes últimos e prazerosos meses. Dei um pouquinho do que me afeta e fui afetado por muito do que aprendi com vocês. Fizemos neste período, um pequeno Kula – “as coisas passam por mim”- nas belas palavras de um colega de vocês, deixamos que os nossos dons circulassem e poderíamos ter feitos mais, poderiamos ter aderido a grandes Potlatch, afinal poucas coisas são tão agonísticas como a festa da troca dos saberes (no plural) como tanto discutimos a respeito do patrimônio.

Desta nossa festa, deste nosso afetar-se ficou não resta dúvida faltando muita coisa, mas “un certain regard” em perspectiva não buscamos o conhecimento totalizante, como nos ensinou o Mestre Weber, este é irreal e mais ainda desnecesário. No fundo penso que caminhamos um pouquinho mais na utopia de uma realidade menos bruta, nos resta como propos outro Mestre K. Marx é modificar o mundo - Os filósofos se limitaram a interpretar o mundo de diversas maneiras; o que importa é modificá-lo.

Para finalizar espero continuar a encontrá-los, como colegas e como amigos. Pois “Quero amigos sérios, daqueles que fazem da realidade sua fonte de aprendizagem, mas lutam para que a fantasia não desapareça.” Oscar Wilde.