Retorno ao tema do massacre na Palestina, agora sem numera-lo no título do post, pois acredito que o fim do mesmo não pode significar o silêncio diante dos crimes cometidos. Este blog fez um acompanhamento de perto do tema senão me engano cerca de 20 posts e, portanto, na medida do nosso tempo prometemos continuar acompanhar essa questão.
É Gabriel Kolko historiador e especialista renomado em guerras que pergunta: "Como a história falará da guerra contra os palestinos em Gaza? Outro holocausto, dessa vez perpetrado pelos filhos das vítimas do anterior? Um golpe eleitoral, montado por ambiciosos políticos israelenses, para ganhar votos nas eleições do dia 10 de fevereiro próximo? Um teste para os novos modelos de armamento fabricados pelos EUA? Ou como uma tentativa de encurralar o novo governo Obama numa posição anti-Irã? Ou como tentativa para estabelecer a “credibilidade” do exército de Israel, depois da vergonhosa derrota na guerra contra o Hezbolá no Líbano em 2006? Tudo isso, provavelmente. E muito mais."
Ao que ele mesmo responde
A ONU e grupos de Direitos Humanos já exigem que Israel seja julgado por crimes de guerra, pelo número oficial de 1.300 mortos em Gaza, assassinados por descomunal poder de fogo e com munições como a bomba de fósforo, proibida e ilegal. Israel já avisou seus principais oficiais para que se preparem para defenderem-se contra a acusação de prática de crime de guerra. O Procurador Geral de Israel, General Menahem Mazuz, disse que o governo já espera “uma onda de processos internacionais.”
Durante todo o massacre e agora no pós-massacre existem vozes minoritárias de israelenses condenando tal barbárie, estes são chamados estranhamente em Israel e pelos sionistas de dissidentes. Estes precisam ser fortalecidos.
O maior dos problemas, por qual Israel passa é o que Gideon Levy denomina de perda de um senso e de massa crítica. É dessa perda ética e moral que Levy (destacado dissidente) fala em entrevista a Folha de S. Paulo, de hoje. Tal perda atingiu até mesmo antigos pacifistas e membros da esquerda israelense (seja lá o que isso signifique, afinal esquerda em Israel tem Ben Guryon e Erhud Barack - atual ministro da defesa e maior responsável por essa barbaridade), de forma que até mesmo antigos e notórios pacifistas mudaram de lado, fato aliás comprovado na mesma Folha em entrevista a um dos expoentes do antigo pacifismo agora favorável a guerra. Visto cá de fora uma palavra resume as posições desses antigos pacifistas e, o que é mais preocupante já que vinda de um intelectual: a alienação.
A perda a que se refere Levy é explicitado pelo antigo pacifista, a sociedade de Israel como um todo encontra-se em um processo de lavagem cerebral que desumanizou (palavras de Levi) os palestinos. É neste ponto em que a insanidade domina, quando para grande parte dos israelenses as mortes de Palestinos são aceitáveis visto que estes pertencem a outra espécie. Sem querer fazer comparações inúteis e descabidos, mas como uma provocação para pensarmos: não era isso que pensavam os arianos de outros grupos? Não é isso que pensam algumas tribos a respeito de outras na África? Ou nas guerras étnicas na Europa, Ásia, África? Se a comunidade internacional, que efetivamente uma solução para a questão Palestina/Israel sua primeira contribuição passa pela identificação deste problema. De forma a criar uma nova massa crítica dentro de Israel.
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