terça-feira, 27 de janeiro de 2009

A catedral do Soul faz 50 anos

Nesse janeiro, a lendária gravadora fundada por Berry Gordy comemora seu cinquentenário. Como vocês sabem, a Motown virou sinonimo de boa música negra e do movimento soul e funk, graças a um elenco de artistas como Marvin Gaye, Stevie Wonderful (mais tarde resumido para Wonder) Diana Ross, os Jacksons. A Motown Records fez música e política, ou política e música desde seu surgimento em Detroit, isso por que em uma cidade com mais de 70% de negros o mercado ainda era dominado pelos brancos e apesar de ser uma cidade nortista mesmo lá a segregação insistia em aparecer. Pelo menos, é essa inferência que se tira das palavras de Duke Fakir, único integrante do quarteto vocal Four Tops ainda vivo em entrevista a BBC: " (...)(Gordy) criou o selo, pediu ao Four Tops para trabalhar com ele. Nós casualmente respondemos que não, claro (...) Nós o conhecíamos, mas não achávamos que um negro tivesse qualquer chence em Detroit, na indústria fonográfica, com uma gravadora".
Apesar desta resposta inicial posteriormente o Four Tops aceitaram o convite e se tornaram um dos grandes nomes da Motown. Inicialmente as músicas gravadas tinha como público a comunidade negra, ocorre que a Motown estava oferecendo uma música nova, diferente a princípio inclassificável. Mistura de muito balanço e temas amorosos. Originalmente a Motown tinha seu coração no lendário Studio A, nada mais lógico em se tratando de uma gravadora o que tornava esse estúdio diferente era sua localização na garagem da casa de Gordy. Não só a localização mas o próprio clima do estúdio refletia essa ideia de família: sendo comum a troca musical, artistica, amorosa entre as várias feras da Motown, Fakir lembra que era comum os artistas se encontrarem para jogar basquete ou para jantar e se reunir na casa de Mary Wilson da The Temptatinos. Enfim uma grande família musical que produziu além do já citados o genial Smokey Robinson, a ex-secretária da gravadora Martha Reeves, aliás Diana Ross também fora secretária da casa antes de assumir os microfones.
Com o grande sucesso da gravadora, em 1972 Gordy transferiu a sede da gravadora para a cidade quente, LA - Los Angeles. Para muitos músicos, especialistas e fãs a mudança foi prejudicial para todos: para a cena musical negra, para Detroit e para a gravadora que não conseguiu reproduzir a áurea do Studio A em sua sede nova e moderna. Para alguns a própria violência dos guetos da city se explicam um pouco por essa perda que ajuda a manter a baixa estima dos moradores da cidade. Vá se saber, o fato é que o antigo Major (prefeito) de Detroit um negro, digamos assim um jovem negão com jeito de cantor de rapper (brincões, aneis e colares) foi cassado por acusões sérias de assassinato em briga de gangues. Isso dá a medida de Detroit... Para a gravadora que chegou a colocar 200 hits em primeiro lugar na parada musical norte-americana os anos de LA nõ foram nada bons e em 1988 Gordy vendeu sua gravadora para as majors. Hoje, a Motown Records é uma subsidiária do Universal Music Group e nem lembra a lendária gravadora negra de Detroit, mas não se desepere assim que for em Detroit visite a antiga casa de Gordy transformada em museu e conheça o lendário Studio A, intacto, com instrumentos e gravadores.

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