terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Cassia Eller

Hoje faz 08 anos sem Cassia Eller. Pois é 08 anos sem a maravilhosa voz grave e o ecletismo musical de Cassia Eller. De Cassia como muitos dizem, também guardo a memória de um Show inesquecivel no Mineirão, coisa tipo de festival, mas que ela transformou como sempre em um recital (o piro deste show é que foi senão me engano o último em BH cidade de seu grande amor, foi em um mês de outubro, portanto, ceca de dois meses antes de se tornar estrela definitiva) e olha que a danada me sobe ao palco com a Camisa do Galo. Mas ela podia afinal nada como paixões verdadeiras. Corta a cena, 29 de dezembro, me lembro como se fosse hoje, um sábado de tarde e aquela notícia inacreditável Cassia aos 39 anos havia falecido. Para falar a verdade durante alguns anos não acreditei muito nesta informação. Sinceramente taí que eu me lembre a única pessoa que não conhecia intimamente que me fez ficar mal. Nem Renato Russo tinha conseguido me abalar. Mas a morte de Cassia foi um duro golpe. Lembro inclusive da reação da minha mãe tentando me consolar. Enfim, este post aqui é somente porque uma artista como Cassia deve ser lembrada sempre. Pois ela ao lado de Bethania, Elza, Clara, Elis, estão entre as maiores.
Desnecessário dizer que certa vez Renato Russo, muito cioso de suas canções disse algo do tipo, não gosto de corvers ou versões das minhas canções, a única excessão é Cassia que as executam melhor do que eu. É isso Cassia tal qual Bethania minha outra grande paixão, foi acima de tudo uma interprete fabulosa. E como interpretava, em francês imolou a própria Edith Piaf, em inglês fez para mim a melhor versão que já vi do Nirvana, melhor do que os próprios - SE VOCÊS ACHAM QUE SOU LOUCO, APÓS ESCREVER ISSO RESOLVI PESQUISAR SOBRE O TEMA E EIS QUE: DAVE GROHL, ELE MESMO O GENIAL EX-NIRVANA E FOO FIGTHERS DECLAROU Á IMPRENSA NA ÉPOCA DO ROCK IN RIO III QUE CÁSSIA ELLER E SUA BANDA FIZERAM A MELHOR INTERPRETAÇÃO QUE ELE CONHECERA ATÉ ENTÃO DA MÚSICA SMELLS LIKE TEEN SPIRIT DE SUA AUTORIA COM KURT COBAIN E KRIST NOVOSELIC - ou versões definitivas de Beatles e Rolling Stones (neste caso ousou em uma versão semi-dançante e semi- operistica), mas Cassia era mais e deste modo cantou samba como poucos, neste genêro aliás resgatou o grande sambista baiano Riachão. Mas também resignificou Chico sua grande paixão, Caetano, Gil, Wally Salomão, o baião, alguns clássicos da MPB. Cassia acima de tudo uma artista. Pois que de timida se transformava em uma entidade no palco. Cassia Forever.
Segundo a Wiki: Cassia iniciou a carreira em 1981 quando apresentava-se no teatro, também como cantora de um grupo de forró, fez parte (durante dois anos) do primeiro trio-elétrico de Brasília, denominado Massa Real, trabalhou na Capital Nacional cantando e tocando em vários bares - um deles era o Bom Demais.
Sua versatilidade artística era ainda mais abrangente: cantou ópera, tocou surdo em um grupo de samba. Contudo, apenas em 1989 sua carreira decolou. Cássia, ajudada por um tio seu, gravou uma fita demo com a música "Por enquanto" da autoria de Renato Russo. Este mesmo tio levou a fita à PolyGram, resultando na contratação de Cássia pela gravadora e sua primeira participação em disco foi em 1990, no LP de Wagner Tiso intitulado "Baobab".
Cássia Eller sempre teve uma presença de palco bastante intensa, assumia a preferência por álbuns gravados ao vivo e ela era convidada constantemente para participações especiais e interpretações sob encomendada, singulares, personalizadas.
Outra característica importante é o fato de ela ter assumido uma postura de intérprete declarada, tendo composto apenas três canções das que gravou: "Lullaby" (parceria com Márcio Faraco) em seu primeiro disco chamado
Cássia Eller (1990 - LP / vendagem: 60.000 cópias, devida ao sucesso da faixa "Por Enquanto" de Renato Russo), "Eles" (dela com Luiz Pinheiro e Tavinho Fialho) e "O Marginal" (autoria dela com Hermelino Neder, Luiz Pinheiro e Zé Marcos) no segundo disco intitulado O Marginal (1992).

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Neutralidade, Imparcialidade e Ideologia

Por que é terça-feira e estou assim assim....situação, no mínimo inusitada, nos últimos 11 meses:
- Cansei de ler por ai: o Filme Lula um filho do Brasil (esclareço que ainda não vi o filme e provavelmente não gostarei, mas isso tem haver com minha ideologia cinematografica, não gosto dos filmes simplórios e cheios de clichês do Fábio Barreto) é um filme político. Ora bolas. É um filme sobre um político....um político profissional na acepção weberiana do termo, lembremos antes de chegar a presidência Lula recebia um bom salário do PT. Posto isto durmamos com os idiotas do óbvio ululante...aqui nada ver com Lula.
- pior mesmo é só ter que aguentar um imbecis transvestidos de intelectuais, no fundo um bostas neocom tipo Ali "Não Somos Racistas" Kamel e seu indecifrável livro; "Dicionário Lula..." dei uma folheada nesta - bom não sei como classificar tal obtusidade- digamos assim obra. Nossa assustador....tudo bem que pelo autor já imaginávamos algo ruim, mas supera com louvor o prometido.
- Isto tudo me lembra minha luta acadêmica contra a neutralidade. Essa mentira moderna positivista. E crianças não confundam neutralidade com parcialidade. É totalmente possível ser imparcial e não ser neutro. Incrível como esta questão ainda rende no meu campo, as ciências sociais, quando já deveria ser algo dado como óbvio. Inclusive a Física, ela mesma chamada de ciência hard já deu várias provas de que não é possível falar em fazer absoluto. A relatividade de Einstein já nos mostrou com cálculos matemáticos tal realidade. Lembremos que estes cálculos são provas da inexistência da neutralidade.
- Portanto combinemos assim parcialidade, neutralidade e lógico sua prima-irmã a ideologia somente os outros possuem. Assim o filme sobre Lula é uma peça político ideológica, mas o livro de Kamel é uma obra científica(rs,rs,rs) neutra, imparcial e não ideológica. Aqui os risos não dizem respeito ao fato de Kamel não ter obras científicas e sim ao fato que a ciência é ela própria a expressão acabada da ideologia moderna, aquela que se quer pura e imaculada.

domingo, 20 de dezembro de 2009

Boas notícias da Fed. Quilombola N'golo

Boas notícias a Federação N'golo acaba de receber seu CNPJ e agora existe de forma jurídica, tal obtenção de CNPJ fortalece ainda mais a luta da Federação Quilombola. Parabéns a sua diretoria e apoiadores.

A segunda boa notícia é que em um documento oficial, a Federação foi comunicada de que a SPU -Secretária de Patrimônio da União aceitou a partir de pedidos da Fed. N'golo ceder a mesma um espaço no Centro da nossa capital para que a Federação instale sua sede. Agora caberá a Federação efetivar esta vitória, provavelmente a sede será no histórico Ed. Acaiaca. Lembremos que Minas Gerais é duas Alemanha e bm maior que a França a existência de uma sede com logistica é vital para a Federação. Novamente Parabéns a diretoria da Federação.

A acessoria do Deputado Estadual André Quintão do PT divulgou que o deputado fez várias emendas que chegam no valor próximo de 18 milhões de reais a partir das demandas da própria população na Comissão de Participação Popular da Assembléia Legislativa. O que nos interessa mais de perto é que existem duas emendas para a questão quilombola e indigena. FIQUEMOS ESPERTOS PARA COBRARMOS JÁ QUE SOMENTE ESTAR NO ORÇAMENTO NÃO GARANTE A LIBERAÇÃO DA VERBA.
(abaixo as emendas para a questão quilombola e indigena).
Atenção à saúde das comunidades indígenas e quilombolas R$ 1.000.000
Promoção do Esporte Indígena R$ 100.000

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

16 de dezembro

Felicidade se acha em horinhas de descuido

Lindo, lindo, lindo !!!!!
Yá Yá Massemba
Composição: Roberto Mendes/capinam

Inigualavelmente interpretada por Maria Bethania

Que noite mais funda calunga
No porão de um navio negreiro
Que viagem mais longa candonga
Ouvindo o batuque das ondas
Compasso de um coração de pássaro
No fundo do cativeiro
É o semba do mundo calunga
Batendo samba em meu peito
Kawo Kabiecile
Kawo Okê arô oke
Quem me pariu foi o ventre de um navio
Quem me ouviu foi o vento no vazio
Do ventre escuro de um porão
Vou baixar o seu terreiro
Epa raio, machado, trovão
Epa justiça de guerreiro
Ê semba ê Samba á
o Batuque das ondas
Nas noites mais longas
Me ensinou a cantar
Ê semba ê Samba á
Dor é o lugar mais fundo
É o umbigo do mundo
É o fundo do mar
No balanço das ondas
Okê aro
Me ensinou a bater seu tambor
Ê semba ê Samba á
No escuro porão eu vi o clarão
Do giro do mundo
Que noite mais funda calunga

No porão de um navio negreiro
Que viagem mais longa candonga
Ouvindo o batuque das ondas
Compasso de um coração de pássaro
No fundo do cativeiro
É o semba do mundo calunga
Batendo samba em meu peito
Kawo Kabiecile
Kawo Okê arô oke
Quem me pariu foi o ventre de um navio
Quem me ouviu foi o vento no vazio
Do ventre escuro de um porão
Vou baixar o seu terreiro
Epa raio, machado, trovão
Epa justiça de guerreiro
Ê semba ê ê samba á
é o céu que cobriu nas noites de frio minha solidão
Ê semba ê ê samba áé oceano sem, fim sem amor, sem irmão
ê kaô quero ser seu tambor
Ê semba ê ê samba á

eu faço a lua brilhar
o esplendor e clarão luar de luanda em meu coração
umbigo da cor

abrigo da dor
a primeira umbigada
massemba
yáyá massemba é o samba que dá
Vou aprender a ler

Pra ensinar os meu camaradas!
Vou aprender a ler

Pra ensinar os meu camaradas!

domingo, 13 de dezembro de 2009

Futebol...sempre ele

Algum tempo optei por parar de postar sobre futebol aqui no Blog. Tal opção me parece correta visto que, em geral, post sobre o jogo de futebol fogem das características do Blog. Assim sendo, durante o ano Futebol apareceu aqui de forma secundária, ou como um gancho para se discutir outros temas. No entanto, como indica o título do blog, ele, sempre ele, em nossas vidas. E principalmente após um campeonato como esse sensacional. Agora que fique claro sensacional pois foi nivelado na mediocridade.Mas mesmo assim sensacional em termos de emoção.
Assim sendo coloco abaixo uma lista (inicialmente elaborei esta lista para uma "conversa por e-mail" com alguns amigos também amantes do futebol) de reforços que penso ajudariam meu time a fazer uma campanha melhor. No fim coloco algumas sugestões do amigo Daniel do sempre ótimo Peramblogando.
Com o fim do Brasileirão. Pode-se eleger a lista de reforços para o seu time. Partindo do pressuposto de que no futebol mineiro os clubes nunca possuem reserva de caixa. Elaborei a lista abaixo de jogadores que ajudariam o meu time e custariam pouco ou praticamente nada em termos de direitos econômicos (ESTE FOI O CRITÉRIO- GASTAR POUCO COM INTELIGÊNCIA...MAS PARA ISSO NÃO SE PODE SER REFÉM DE EMPRESÁRIO...O QUE NÃO É O CASO, INFELIZMENTE DO MEU TIME...). Agora o pior é ver a pasmaceira reinando em Minas Gerais. Será que os clubes daqui repetirão os erros deste ano.
No caso do meu time pior ainda. Passei o ano vendo o iluminado e único –já que em sua ausência o clube desapareceria – Zezé (Alvimar, Geraldo, Gustavo, Paulinho) Perrela dizendo "perdemos a libertadores em detalhes e porque faltou experiência." “O time é bom falta experiência.” Primeiro não acho o time tão bom assim. Mas mesmo que concordemos com o guia supremo, falta então experiência.. Ai o iluminado me contrata Pedro Ken (não quero analisar o futebol do cara, mas a coerência da contratação) Ken esta há 04 anos no Coxa e não conseguiu ser titular absoluto. A verdade é essa não era titular este ano em boa parte do campeonato e tem 21 ou 22 anos e Jobson com seus 21 anos e a grande experiência do Brasiliense e de 07 jogos no Botafogo.
Para esclarecer na lista abaixo faltam alguns times. P. ex. Náutico, Sport, Vitória, Atlético Paranaense, Botafogo pois nenhum jogador me agradou nestas porcarias. Fla, Flu porque os que me agradam não cabe no critério bom e barato. E Palmeiras porque fica no misto acima, poucos jogadores bons e estes muito caro:

Inter: Andrezinho (tai um cara que ajeitaria o meio campo do meu time. Principal jogador do Inter na Copa do Brasil e na arrancada final do Brasileirão e é reserva lá no super elenco do Inter. Valeria um esforço).

Grêmio: Rever (fecharia bem a defesa de ambos os times mineiros esta em fim de contrato quando o Palmeiras, S. Paulo ou outro contratar começa a choradeira).

Avaí: Leo Gago (posso esta ficando doido mas é o volante que mais se aproxima do futebol do Ramires –defender e atacar – com eficiência. Se for verdade a notícia que esta indo para o Vasco. Ai eu paro com o futebol mineiro).
Muriqui: (ta longe, longe de ser um craque mas tem velocidade e finaliza razoavelmente. Seria um excelente opção tática).

Coritiba: Marcelinho Paraíba (este é craque desde os anos 90 no S. Paulo. Tai sem contrato, foi oferecido no começo do ano ao Cruzeiro. Mas os ditadores de plantão não devem gostar do empresário dele...fez falta este ano).

Sto André: Nunes (se é para ter camisa 09 que seja um de fato).

Barueri: Val Baiano (na linha dita acima).

S. Paulo: Borges (é outro que pode não ser craque mas é uma excelente arma tática no ataque e já foi bom finalizador. Sendo inclusive artilheiro do campeonato na época de Paraná).
Washigton: falem o que quiser mas de 1998 para cá ninguém faz tanto gol quanto ele. Já foi 3 vezes artilheiro do campeonato e este ano terminou na vice artilharia. O S.Paulo não o queria os outros times deram besteira e ele renovou recebendo bem menos só para ter um time para jogar.... desisto de novo do futebol mineiro...

Corinthians: Chicão outro que chegaria e arrumaria a defesa. Estava em fim de contrato.

Goiás: Vitor (tudo bem aqui assumo fui incoerente mas uma vez só vale....joga muito mas este deve ser bem caro).
Júlio César: (este já é do Cruzeiro, mas se depender do guia não volta sabe-se lá pq. Ou será que é muito o Cruzeiro ter os 02 melhores laterais do campeonato...o que na verdade é um engodo. POIS Juan e Leo MOURA SÃO INFINITAMENTE MELHORES E MAIS VENCEDORES...).

Atlético Mineiro: Márcio Araújo (esta sem contrato dando sopa...dos melhores a uns 5 anos volantes em Minas).


Opinião do Daniel do Peramblogando:

"Concordo com todos os jogadores. Incluiria o Eltinho, lateral esquerdo do Avaí e o Fernandinho do Barueri. Dois bons jogadores... Mas acho que o Fernandinho já deve estar inflacionado...E falou tudo... Pedro Ken? Quem?... É tipo Pedro Oldone... não é o cara que vai resolver... só vai inchar elenco... O Jobson eu não sei..."

PÓS-POST: acabo de ler o post abaixo do blog do Mauro Beting a respeito da campanha do meu time. Esclarecealgumas questões.

Em 2008, o Cruzeiro só não esteve na 14ª. rodada no G-4. Em 2009, só em 3 das 38 rodadas esteve entre os bambas. Justamente na que valeu o retorno para tentar o tri da Libertadores, em 2010. Título que escapou no Mineirão, na virada do Estudiantes. Tropeço que tirou o time de campo, o foco e o fogo no BR-09. Talvez tenha tirado a chance do bi brasileiro. Ainda assim, de terceiro em 2008 para quarto em 2009, o desempenho continua muito bom. Graças ao ótimo returno, armado por Gilberto, com os gols de Wellington Paulista, e o ótimo apoio dos laterais Jonathan e Diego Renan.

Se havia sido o melhor mandante no BR-08, em 2009 o Cruzeiro foi quem melhor mandou fora. Ganhou nove jogos, empatou cinco e perdeu cinco. Não perdeu como visitante no returno.
Ano passado, só havia faturado 35% dos pontos como visitante. Um dos cinco que menos empataram no campeonato (8 jogos). No BR-08, também havia sido – isoladamente – a equipe que menos empatou - apenas 4 jogos.

Teve o sexto melhor saldo entre os bambas. Fez os mesmos 58 gols do campeão Flamengo e do quinto colocado Palmeiras. Por seis rodadas chegou a ter o pior ataque da competição. Mas se recuperou brilhantemente no returno. Foi a nona melhor defesa. Com 1,4 gols em média.

Foi a segunda equipe que menos faltas cometeu – 17 por partida (em 2008, foi a quarta). A terceira equipe com menos cartões amarelos (em 2008, a segunda). Repetindo também em faltas cometidas o fair-play da temporada passada. Mas… em compensação… foi a terceira com mais vermelhos – 14. Novamente foi uma das que menos apanhou: a terceira (em 2008 foi a segunda).
Resumo da obra – os jogos mais corridos dos últimos anos envolvem o Cruzeiro. É dos times que menos fazem faltas e que menos as sofrem. O problema para Adilson é que, na prática, é também o time que menos desarma – apenas 22 bolas por jogo. Três a menos – em média – que o rebaixado Santo André. Em 2008, havia sido o quarto time com melhor desempenho no desarme.

Teve o segundo melhor passe – 89%.
Foi a sexta equipe que mais trocou passes. Mas apenas a oitava posse de bola.
Foi o time que mais virou a bola no BR-09. Mas com apenas o oitavo aproveitamento no fundamento.

O Cruzeiro cometeu 5 pênaltis. Teve 11 a favor.
Só o Náutico teve mais marcados.


APROVEITAMENTO: 54% (foi de 58% em 2008)
RODADAS NO G-4 – 3

RODADAS NO G MENOS 4 – 1


BASE: Fábio; Jonathan, Gil, Leonardo Silva e Diego Renan; Marquinhos Paraná; Fabrício e Henrique; Gilberto; Thiago Ribeiro e Wellington Paulista
(5 da base do BR-08)

TREINADOR – Adilson Batista


OS 42 DO CRUZEIRO NO BR-09 (foram 34 no BR-08)

GOLEIROS: Fábio (33), Andrey

LATERAIS-ALAS-DIREITOS: Jonathan (26), Jancarlos, Patric

LATERAIS-ALAS-ESQUERDO: Diego Renan (28), Gerson Magrão, Fernandinho, Sorín

ZAGUEIROS: Leonardo Silva (24), Gil, Thiago Heleno, Vinícius, Cláudio Caçapa, Leo Fortunato, Gustavo, Luizão, Neguete

VOLANTES: Marquinhos Paraná (32), Henrique (31), Fabrício (30), Elicarlos (24), Fabinho, Mateus, Rômulo, Anderson Uchoa

MEIAS: Gilberto, Guerrón, Athirson, Bernardo, Leandro Lima, Wagner, Ramires.

ATACANTES: Thiago Ribeiro (29), Wellington Paulista (23), Kléber, Dudu, Wanderley, Eliandro, Zé Carlos.


(levando em conta os que jogaram ao menos 20 jogos, pelas contas do Footstats)

O ASSISTENTE – Gilberto (6, em 19 jogos – igualou Fabrício, no BR-08)

DESARMES – Henrique (2,6 em média –inferior a T.Heleno, em 2008)

DRIBLADOR – Jonathan (2,1 por jogo – menos que Jadilson, em 2008)

O FALTOSO – Leonardo Silva (2,5 por jogo)

A VÍTIMA – Kléber sofreu 5,9 faltas por partida – o dobro de Wagner, no BR-08.

O FINALIZADOR – Wellington Paulista acertou 55 % das conclusões.

PASSE CERTO – Leonardo Silva acertou 94,0% dos passes – como Thiago Heleno, em 2008

DONO DA BOLA – Jonathan a dominou por 1min43s em média, a cada jogo. – menos que Jadilson, no ano passado.

MELHOR DO TIME NO BR-08– Gilberto

REVELAÇÃO – Diego Renan

DECEPÇÃO – Athirson (pelas contusões)
EXPECTATIVA PARA O BR-09 - Libertadores. Confirmada.


GOLEADORES PRINCIPAIS –

Wellington Paulista (13 gols; média 0,5);
Thiago Ribeiro (8 gols, média 0,2);
Gilberto (7, média 0,3).

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Abre Caminho - Mariene de Castro

Ainda porque é dia do samba. Apresentamos a grande Mariene de Castro, uma voz linda e um rosto idem, essa filha de Oxum e de Salvador é o exemplo da vivacidade do Samba. Principalmente o Samba de Roda com seus toques em ijexás e afochés.

Mariene se declara apaixonada pela tradição popular. Em seu site: " O que faz de sua arte é pela história do seu povo, pelo respeito pelos negros que sofreram, pelos índios que foram exterminados dessa terra chamada Brasil. Enfim, pelo respeito àqueles que nos legaram a música, o swing de cantar e de sambar. Pela a herança do povo brasileiro que precisa ser preservada
Um pouco de Mariene
Mariene Bezerra de Castro, chamada carinhosamente por sua família de Ninha ou Mari. Apresentou-se para mim em uma foto em uma matéria de internet: Inegavelmente linda, com suas marcantes florzinhas no cabelo, os braços pintados de dourado e repletos de pulseiras largas também douradas. O dourado intenso tem explicação: é típico das filhas de Oxum. E Mariene é uma filha devota da Mãe dos rios, riachos, cachoeiras, fontes. É sabido que as Filhas de Oxum tem prazer em se enfeitar, principalmente com cores amarelas e douradas. É capaz de centralizar as atenções. Na arte da sedução, não pode haver ninguém superior a Oxum. Estas moças de OXUM como Mariene são um perigo para os filhos de Xangô (como este que escreve estas linhas). Oke Aro Oke Kabecile meu pai. Oxum é a desrazão do arazoado Xangô.
No seu site, Mariene afirma “O samba vem da minha infância”. Segundo ela o primeiro disco que ganhou foi de Luiz Gonzaga e logo em seguida um disco de Beth de Carvalho. PRONTO. Como mostra seu disco de estréia essas influências bem como sua infância em Andaraí na Chapada Diamantina seria definitiva na sua música e na sua arte. Mariene afirma, em seu site que ouvia bastante o disco de Beth e que sambava dentro de casa, se vestia de baiana. Além disso segundo ela o samba de roda, era de costume na sua casa "preparar o caruru de São Cosme e Damião. Essas músicas que eu canto hoje estão no registro da memória da minha infância. Eu me lembro do gosto e do cheiro do caruru”.
Seu disco de estréia imperdível se chama: Abre Caminho. Como, é sabido dos iniciados do Candomblé somente Exu abre os Caminhos. Então que Exu continue abrindo o caminho para mais essa voz de Oxum e para essa excelente cantora. Que em alguns momentos lembra Clara Nunes e em outros a grande Bethânia quando esta canta os maravilhosos sambas de rodas.
O disco abre com a música que dá título ao CD: Abre Caminho. Uma belo samba de exaltação ritmado com toques para Oxum. A múscia é uma declaração de amor ao Samba e a Oxum. Não custa lembrar que Samba é Semba, e Semba é o dono do corpo, uma das formas de Exu. A letra de Mariene diz tudo: Diga a mãe que eu cheguei...Cheguei. tô chegada. Esperei, bem esperado. Nessa minha caminhada. Sou água de cachoeira. Ninguém pode me amarrar. Piso firme na corrente,que caminha para o mar. Em água de se perdereu não me deixo levareu andei. Andei lá, andei lá, andei lá,eu já sei. O caminho andei lá. Eu nasci e me criei no colo das iabás. Andei por cima da pedras. Pisei no fogo sem me queimar. Andei onde mãe Clementina andou, E o samba mandou me chamar. Eu faço o que o samba manda. Eu ando onde o samba andar. Com a força da minha fé,Eu ando em qualquer lugar. Na beira do mar. Andei lá no Gantois andei. No samba de Edithandei lá no tororó. Andei no cortejo do Bonfim andei, andei, andei lá Na festa do Divino. Cantei pro menino, me Abençoar Ainda vou caminhar.
Na sequência Ilha de Maré também de autoria de Mariene, excelente letrista, em um ritmo mais próximo de um samba de gafieira com direito a naipe de metais. Diz trecho da música "Ah! Eu vim de ilha de Maré. Minha senhora. Pra fazer samba. Na lavagem do Bonfim. Saltei na rampa do mercado e segui na direção. Cortejo armado na Igreja Conceição."
Na terceira música, uma bela homenagem a outra baiana a grande Gal Costa, Mariene recria Raiz, que novamente soa como metalinguistica ao talento da moça: "Tá na beira do mar Nas folhas de sultão Nos metais de Ogun Iê Vento, raio e trovão Tá na voz mais bonita Que tem graça nas mãos Orumilá bem disse Será a voz da canção." Na quarta música Poema para uma Tribo novamente Mariene comunica ao mundo que só podemos ser universais na medida que somos raízes. Ela é universal porque essencialmente é de Andaraí.
Na música 05 Cantiga de Cangaceiro um lindissimo xote e uma letra idem, com direito ainda a Mariene declamar um cordel. É puro xamego, aquele tipo de música feita para sair dançando "É Lampi, É Lampi, É Lampi, É Lamparina É Lampião Meu nome é Virgulino". Eis ai a influência do primeiro disco ouvido pela moça e uma bela homenagem a Luiz Gonzaga ao exaltar Lampião: "Homem nenhum nasceu para ser pisadoÉ Lampi, É Lampi, É Lampi, É Lamparina É Lampião Meu nome é Virgulino, apelido, Lampião Passarinho avisou relampiou é lampi Passarinho avisou relampiou é lampiPassarinho avisou relampiou é lampiBendito louvado seja Menino Deus na estradaTrês vez salve o Cálix bento e a hóstia consagradaTambém salve a casa santaOnde Deus fez a moradaEo rosário de Maria Minha mãe ImaculadaPassarinho avisou relampiou, é lampiPassarinho avisou relampiou, é lampiSe o chão não mata a sedeA Sede não mata o chãoFere, corta, rasga e furaMas matar não mata nãoBicho de morte, é volanteQue mata sem precisãoCom a mão que balança o santo embala a rede do cãoPassarinho avisou relampiou, é lampiPassarinho avisou relampiou, é lampiMeu coração é o raso da CatarinaPé de saudade na duraDor que não quebra inclinamas na paixão meu coração é CajuínaPassarinho avisou relampiou, é lampiPassarinho avisou relampiou, é lampiMaria Bonita alumia o trançado do chineloCom bala de riflePapo Amarelo é o dito que corre no marteloA viola temperada, enfeitada de fit a e póNão toca mais em angico, foi tocar em mossoróFicou meu borná de balaQue eu chamo de curió."
Sua voz grave denota a personalidade forte herdada de Oxum. Disse a moça: “Hoje, eu sei que eu sou de Oxum, sei da minha relação com a Andaraí rodeada de rio, mas naquela época, não sabia. Só sentia que eu gostava muito dali onde eu tomava banho desde pequeninha”, Mariene foi criada nas águas do Rio Paraguassú.
Mas a maior supresa do disco chega com a música 07 Planeta Agua, novamente em homenagem ao seu firmamento - as aguas- Mariene recriou, isso mesmo, reinventou a música de Guilherme Arantes. A maior surpresa do disco, pois com os novos arranjos, inclusive com pequenas modificações na letra, em nada lembra a música de Arantes - assumo que só depois da metade da música fui sacar que era a velha Planeta Agua de Arantes. Mariene conseguiu transformar a a música de Arantes em uma belo Samba, com uma dignidade que a versão original não possui.
Mas a surpresa não para por ai pois a música 08 é uma Embolada de Coco. Eta menina nordestina arretada. Não ficou de fora nenhuma de suas influências de menina que cresceu entre Salvador e o interior da Bahia. Senão bastasse ser uma cantora formidável (com domínio pleno sobre a voz e o canto e por isso com segurança para cantar vários ritmos) com um sotaque gostoso Mariene definitivamente é uma grande letrista: "Garaximbola Peixe do MarEmbola, embolaQuero ver desembolarEmbola tu, embola euEmbola aqui, embola láEmbolador, no coco de embolarEmbolador dá soco no ganzáEmbolador tá louco pra embolarPega no garaximbolaVamos ao garaximbolarOlha bala emboladeiro, que o baleiro embalaEmbolador de balaEmbala bem bala de coco como quem no coco embolaChama o embalador de bala, emboladeiro pra embolarEmboladeiro, eEmboladeiro, aEmbala a bola na ladeira pra bola embolarEmbola o bolo da boleira que o baleiro dáBole no bolo de coco, molha um pouco o paladarEmbala a bola na ladeira pra bola embolarEmbola o bolo da boleira que o baleiroBole no bolo de coco, molha um pouco paladarEmbala a bola, embola o bolo, bala é pra desembalarO que embola é coco nesse coco de embolar, Embola a rede embolaO peixeEmbola o rio, embola o marEmbolador, de peixe euvou falar emboladorRemexe esse ganzáEmbolador me deixa começarPega no garamximbola e vamos garaximbolarCocoroca, candiru, pacu, caranguejolaSurubim, carapicu, cará, siri-patolaPirambú, xaréu, garoupa, carapau, garaximbolaPescador conhece o peixeEmbolador sabe embolarLeva o balaio ali, traz o balaio cáTem carapeba, pirará, tem curimatáCurvina, congo, xerelete, tem carapiáTem piaba, atum, linguado, tem pintado, aruanáTucunaré, cação, tainha, tambaqui, tamboatáTem peixe com cocoNesse coco de embolar."
E assim segue o disco com Nonô, e sua triste letra a respeito da tragédia das chuvas. Na decima música: Prece de Pescador, de novo a Bahia profunda e tão bem representada por Mariene em nova letra da moça: "Que luz é essa que vem lá do mar?É a Senhora das Candeias Mãe dos Orixás (...) Inaê por cima do mar prateoupor cima do mar mariô por cima do mar incandiou (...) Ê nijé nilé lodô Yemanjá ô Acota pê lê dêIyá orô miô. Com direito a backvocals em falsete tão comum nas sessões de Umbanda. Como não lembrar da minha querida Guananbi no Sertão Baiano...
O disco segue com Flor de Muçambe, onde a voz de Mariene explora todo os tons desta moda de viola. E nos lembra, aliás tal característica aparece em várias músicas, que viola também é instrumento essencialmente negro como mostra os belos violeiros do nosso interior e que de viola também se faz o samba. Ainda que no caso desta música se sobressaia mesmo uma viola cabocla.
Em Quebradeira de Coco, a presença de Mariene é um acontecimento agora sim !!!! Será Bethania do Brasileirinho ou então uma entidade com voz imponente e respeitosa de uma senhora. Acontece que Mariene é tão moça. "A dor é um coco ruim de quebrar Menino assustado no meio do mundo Busquei refúgio em teus braços (...) quem quiser ver a tristeza do jeito que Deus criou (...) e a voz de falsete no fundo: "São Jeronimo e Santa Barbara (...) tocando zabumba e dando viva ao senhor (...)" Quebradeira de coco Ê babaçue yá A dor é um coco ruim de quebrar". E de fundo a voz de falsete como dos pedintes do sertão miseravel: "Coitadinho de quem pede por grande necessidade. " A letra é de Roque Ferreira, aliás autor de quase todas as músicas que não são da Mariene.
Em Cantigas de São Cosme e São Damião a decima-quarta música do disco Mariene novamente retorna a sua memória de criança. Aliás o disco todo é uma grande homenagem a suas origens “Essas músicas que eu canto hoje estão no registro da memória da minha infância. Eu me lembro do gosto e do cheiro do caruru”. Portanto a letra de Mariene lembra, a beleza da Umbanda e seu sincretismo: "Ê Cosme, ê Cosme. Damião mandou chamar Que viesse nas carreiras Para brincar com Iemanjá Cosme e Damião Vem comer seu caruru Cosme e Damião Vem que tem caruru pra tu. Cosme e Damião cade Dou. Dou foi passear no Cavalo de Ogum. Vadeia dois-dois Vadeia no mar A casa é sua dois dois Eu quero ver vadiar. Vamos levantar o cruzeiro de Jesus Pro céu, pro céu Pro céu da Santa Cruz".
Segundo Mariene, ela foi escolhida pela religião. “Eu fui conhecendo pessoas do Candomblé ainda na minha infância. Eu tinha até uma amiga da escola, que a mãe dizia que eu era de Oxum”. Para ela em sua crença o que ela gosta é da sabedoria, de cultuar a natureza, de respeitar ao tempo e às pessoas mais velhas. “Coisas do Candomblé”. Para ela, que depois da infância não teve o costume durante sua vida de freqüentar muitos terreiros, quando chegou no Gantois há mais de dez anos, houve uma relação muito forte com a casa, sempre recebeu um reconforto grande.
A decima quinta música e o samba denominado Samba de Terreiro. Que serve de preludio para a última música do disco. Uma gira: O ponto dos Caboclos, mais uma da Umbanda. "Eu já vou me embora Para a minha aldeia Eu já vou me embora, camarada, Para a juremeira Lá são sete estrelas, São sete os caminhos Todos levam a deus, camarada, Eu nunca estou sozinho Ô zazi ê Ô zazi a Ô zazi ê Maiangolê maiangolá(Louvado seja nosso Senhor Jesus Cristo) ... Um abraço dado, de bom coração É o mesmo que uma bênção, Uma bênção, Uma bênção." Com essa música Mariene fecha seu disco indo embora, lembremos que a música que inicia o disco é Abre Caminho.
Mariene Abriu com certeza mais um belo caminho da música brasileira.
Falta o devido reconhecimento:
Sua passagem pela França em uma série de 21 shows foram bastante exitosa. Segundo Mariene aonde ia, na França, havia rios por perto. “Não tinha um show que eu fizesse que não houvesse água por perto, que não tivesse rio por trás do palco, rio por perto do palco, aí eu me sentia em casa”. Para Mariene, isso é decorrente da espiritualidade, de sua relação de fé para com Oxum. Segundo o seu site "Ao voltar para o Brasil com uma pasta de matérias e elogios, procurou à imprensa baiana para mostrar a repercussão positiva que causou na mídia francesa. Entretanto, não houve interesse pelo seu trabalho e pelo reconhecimento que obteve internacionalmente. Apenas um ano depois, uma jornalista se interessou pela sua música e publicou uma reportagem com o título “Baiana lança carreira na França”. Desta viagem para a França até hoje, Mariene continuou sua labuta de conquista de platéia, de entregar release pessoalmente em jornal e até de panfletar na rua."

Dia do Samba

É hoje, dia 02 de dezembro, o Dia Nacional do Samba. Dele sim senhor, a Voz do Morro. Falando em Voz do Morro, chega de mansinho Zé Keti:
Salve o samba, queremos samba.
Quem está pedindo é a voz do povo de um país.
Salve o samba, queremos samba.
O Dia Nacional do Samba surgiu por iniciativa de um vereador baiano, Luis Monteiro da Costa, para homenagear Ary Barroso. Esta foi a data que ele visitou Salvador pela primeira vez. Hoje a data é feriado nacional.
No Rio e em Salvador a data é bastante comemorada. No estado Rio, hoje é dia de festa em trocentas rodas. Com destaque para o Samba do Trem -belo evento quando os sambistas do subúrbio de Osvaldo Cruz - para os não iniciados na região de Madureira berço de duas das maiores Escolas de Bambas: Portela e Império Serrano - tocam durante a viagem do ramal de trem que sai da central do Brasil até Osvaldo Cruz , antes porem uma grande festa e roda de samba na Central do Brasil. Além desse evento várias rodas como a famosa Roda de Samba do Quilombo da Pedra do Sal, na prainha região da Saúde e do Gamboa, no Porto 9qualquer dia desse posto uma pequena historieta desta região do Rio, a Congo Square brasileira nas palavas de Muniz Sodré). Aliás este que vos fala honrosamente recebeu o convite para este evento -e incrível tinha até financiamento para ir- mas outros compromissos nos impediu de comparecer. Para quem tá de bobeira na Cidade Maravilhosa, veja ai os dados da Festa: Projeto SAL do SAMBA, convida para a Festa “Pedra do Sal – 25 anos de tombamento como patrimônio afrobrasileiro”, que seria realizado de 25 de novembro a 02 de dezembro de 2009 no largo João da Baiana - Quilombo Pedra do Sal – Saúde – RJ. Como roda de samaba, afoxés e palestras de vários estudiosos e apoiadores da causa quilombola.
Aqui em BH rola festa hoje no Palácio das Artes em homenagem ao grande sambista mineiro Ataulfo Alves e, sexta-feira, tem grande festa com a Velha Guarda do Samba de Belo Horizonte, a partir das 18:30 hs no Centro Cultural da UFMG (nesta eu quero esta presente). Ambas gratuitas. Falando nisso a correria não me permitiu registrar mas participei a cerca de um mês de uma festa de samba maravilhosa. Linda mesmo, aqui pertinho de casa, na Barragem Santa Lúcia. Que roda de bambas magnifica com direito entre outros ao lendário Mestre Conga da Cidade Jardim, do alto dos seus quase 90 Conga cantou, encantou, dançou e como dança o verdadeiro samba. Conga era daquela época que o verdadeiro sambista fazia de tudo: compunha, cantava, dançava, dirigia a escola, tocava todo os instrumentos, e corria muito da polícia. Além disso a roda teve a Wonderful voice D. Jandira (sobre ela tentarei um dia se a emoção permitir escrever um post especifico - somente a registro a maior voz do Brasil depois dela Bethania - supera até mesmo a magnifica Elza Soares). A roda foi ótima e reuniu tanto a moçada nova como o 02 do Samba, Dudu Nicacio, Mestre Jonas entre outros vários bambas, afinal roda de samba é assim não se anuncia, pede se a vez senta na mesa toma uma loira gelada e canta-se e a memória viva e o samba mais bem dançado desta cidade com seus antigos mestres. Viva o Samba !!!!
Abaixo Mestre Affonso fala um pouco mais do samba de BH
Embora Belo Horizonte seja um celeiro de bambas na música em geral, na área do samba, diante da grandiosidade dos nossos intérpretes e compositores da atualidade, as oportunidades para despontar para o cenário nacional foram poucas. E quando falo do samba da atualidade é porque no passado existiu aqui uma turma da pesada. Turma que freqüentava a Rua da Bahia, que teve até a participação do inesquecível NOEL ROSA, o poeta da Vila Isabel, quando por algum tempo ele morou no bairro da Floresta, em BH: “A vida é esta, subir Bahia descer Floresta”.
Na primeira metade da década de 50, após o fechamento dos bares do Ponto e do Trianon, começara a funcionar a Gruta Metrópole, que foi sem dúvida, o ultimo reduto da vida boêmia daquela rua. De Rômulo Paes a Gervásio Horta, entre outros grandes nomes, a música invadia a cidade.
Voltando aos tempos atuais, alguns dos nossos intérpretes e compositores de tempos em tempos aparecem no cenário nacional, dando-se destaque ao Toninho Geraes, que é até agora o único que se firmou e, graças a Deus, vai a cada dia nos enchendo mais e mais de orgulho.
De repente a nossa força feminina começa a invadir o maior reduto do samba brasileiro, e aí começamos a quebrar paradigmas, samba mineiro invadindo com força o Rio de Janeiro. Minas Gerais sai em busca do tricampeonato na 4ª Mostra de Novos Talentos do Carioca da Gema, que é um dos maiores redutos de sambistas, na região da Lapa. Seguindo os passos de Aline Calixto e Janaina Moreno, vencedoras do concurso respectivamente em 2007 e 2008, a cantora Michelle Andreazzi foi selecionada para disputar a final no dia 11 de novembro.
Mas a história não é simples como pode parecer. Por estarmos fora do eixo Rio/São Paulo, tudo fica muito difícil e o investimento é altíssimo. A luta é árdua porque na maioria das vezes somos considerados estranhos no ninho. Mas o importante é saber e sentir que através das meninas estamos alcançando objetivos e conseguindo a notoriedade tão sonhada. Elas estão dando banho de seriedade, de profissionalismo e dedicação em muito marmanjo que às vezes se considera dono da cocada preta... e da branca também. Nossas meninas fazem seu trabalho de peito aberto sem aquela preocupação – muito comum por aqui – de esconder o jogo.
E assim, através das nossas valorosas guerreiras, vamos aprendendo, nós os marmanjos, principalmente os da minha geração, que a luta sem competições desnecessárias é que nos leva ao sucesso. Importante não é a erudição, importante é a dedicação à causa. O samba é de todos aqueles que se dedicam a ele com amor, carinho e respeito.
Tocar e cantar muita gente sabe; o que a maioria ainda não aprendeu é dedicar-se de corpo e alma à causa, à bandeira do samba, sem deixar que a vaidade ou o egoísmo tomem conta da vontade de cada um.
Um cronista da década de 30, Francisco Guimarães, O Vagalume, que publicou o livro “Na Roda do Samba”, em 1933, falava que no samba existem os sambistas e os sambestros. O sambista é aquele que veste a camisa, participa verdadeiramente do samba defendendo-o como causa nobre.
O Sambestro é aquele que vive do samba, ganha dinheiro através dele, mas não se envolve, não defende, não faz nada pelo seu crescimento. Nossas meninas são sambistas e fazem acontecer. Mas que aqui em BH tem muito sambestro, isso tem!
Obrigado, meu Deus, pela honra e a glória de ter nascido sambista.

*Afonso Marra Filho, o Mestre Affonso, é natural de Belo Horizonte. Músico, produtor, radialista, colunista, está imerso no mundo do samba há 50 anos. Como diretor de Bateria, é detentor de dezoito notas dez e vários Tamborins de Ouro, maior premiação individual no Carnaval de Belo Horizonte. Atualmente, é colaborador do Programa Acir Antão, como repórter do samba, na Rádio Itatiaia, todos os domingos.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

A questão Quilombola: legislação e orçamento

Na semana passada estivemos, na bela e aprazível cidade do Serro-MG para participarmos do IV Encontro da Fed. Quilombola de Minas Gerais N'golo e também do I Congresso Nacional de Direitos Quilombolas eventos que aconteceram simultâneamente na Pontifícia Universidade Católica daquela cidade. Foi um evento ao mesmo tempo belo e tenso como não poderia deixar de ser uma reunião com esta temática. Mas ficou mais uma vez, a certeza de que os Quilombolas continuam fortes na luta por seus Direitos. Inclusive passamos o dia 20 de novembro neste evento.
No entanto, ao retornar a Belo Horizonte encontrei uma série de e-mails preocupantes a respeito da questão quilombola. De modo resumido dois e-mails me chamaram mais a atenção. O primeiro é um levantamento dos projetos que tramitam no Congresso Nacional tendo como temática a questão territorial quilombola: são seis projetos mais relevantes, cinco têm como efeito dificultar a titulação dos territórios quilombolas, reduzindo acesso aos direitos territoriais. Desnecessário afirmar que para a efetivação de um país mais justo, solidário, republicano e cidadão o acesso ao território para comunidades quilombolas é indispensável que esses cinco projetos de lei não virem lei. Desnecessário também lembrarmos que titulação territorial quilombola é obrigação constitucional em consonância não somente com o art. 68 do ADCT que se refere diretamente a territorialidade quilombola, mas também em consonância com os arts. 215 e 216 do capítulo da Cultura, e os arts. 1° e 5° que fala em dignidade humana entre outros.
Conheça os principais projetos de lei em tramitação:
1) Projeto de Lei 6264/2005 Estatuto da Igualdade Racial ( o unico favorável aos quilombolas)
Autor: Senador Paulo Paim (PT-RS)
Efeitos para a titulação dos territórios: A aprovação do texto na Câmara dos Deputados, tal como veio do Senado, poderia ajudar a consolidar um marco legal mais eficaz sobre a questão territorial quilombola.
2) Projeto de Lei 3654/2008
Autor: Valdir Colatto (PMDB-SC)
Efeitos para a titulação dos territórios: Se aprovado, este projeto irá retirar o direito de auto-identificação da comunidade. Também não prevê a desapropriação para titulação do território e o quilombola só teria direito à área que estivesse efetivamente ocupando e não a área necessária para a sobrevivência da comunidade.
3) Projeto de Decreto Legislativo 326/2007
Autor: Valdir Colatto (PMDB-SC)
Efeitos para a titulação dos territórios: O Ministério da Cultura seria o responsável pela titulação dos territórios quilombolas, sendo que este órgão não dispõe de estrutura, capacidade técnica e experiência de trabalho em questões territoriais.
4) Projeto de Decreto Legislativo 44/2007
Autor: Valdir Colatto (PMDB-SC) e outros
Efeitos para a titulação dos territórios: Caso fosse aprovada a proposta, não haveria mais nenhum marco normativo capaz de orientar o Estado a fazer os processos de titulação dos territórios. Muitos trabalhos que já estão em andamento perderiam a validade e teriam que ser refeitos. A titulação ficaria muito difícil, pois não se saberia quem deveria fazer e nem mesmo qual as regras do processo.
5) Projeto de Emenda à Constituição 161/2007
Autor: Celso Maldaner – PMDB/SC
Efeitos para a titulação dos territórios: O projeto, se aprovado, irá tirar do Poder Executivo a competência para realizar a titulação dos territórios quilombolas.
6) Projeto de Emenda à Constituição 190/2000
Autor: Senado Federal – Lúcio Alcântara (PSDB-CE)
Efeitos para a titulação dos territórios: O projeto prevê uma pequena alteração no texto original. Mas essa alteração, na prática, impede a aplicação do decreto 4887/03, pois obriga o Congresso Nacional a ditar as regras sobre o processo de titulação das comunidades quilombolas invalidando o Decreto 4887/03.
*****
Outro e-mail diz respeito a aplicação, ou melhor, a não aplicação das verbas destinadas as políticas públicas quilombolas, o famoso e inócuo Programa Brasil Quilombola. Segundo esta notícia: "O governo federal pretendia investir mais de R$ 2 bilhões, entre 2008 e 2011, em ações que viabilizassem o acesso à terra, melhoria da saúde, cultura, educação e infraestrutura nas comunidades remanescentes de escravos – os quilombos. As intenções, entretanto, esbarram em obstáculos para o repasse de verbas. O Brasil Quilombola, por exemplo, principal programa voltado a estas comunidades, gastou menos de R$ 13 milhões dos R$ 56,6 milhões previstos no orçamento deste ano. Desde sua implementação, em 2005, o programa já desembolsou R$ 57,6 milhões. Neste mesmo período, no entanto, deixou de aplicar R$ 178,7 milhões"
Ainda segundo a matéria elaborada pelo site Contas Abertas "Desde sua criação, no entanto, o programa (Brasil Quilombola) sofre com a baixa execução. Logo no primeiro ano de sua implementação, 2005, o programa contou com R$ 28,6 milhões previstos, dos quais somente 25% foram efetivamente aplicados. Em 2006, o orçamento aprovado teve um incremento de mais de R$ 23 milhões em relação ao ano anterior, totalizando R$ 52,3 milhões. Apesar disso, menos da metade foi executado – 31%. No ano seguinte o orçamento previsto caiu para R$ 45,4 milhões, dos quais apenas R$ 13,3 milhões foram efetivamente gastos. Foi no ano passado, no entanto, que as comunidades foram menos favorecidas com os recursos do Brasil Quilombola. De um orçamento de R$ 53,4 milhões, somente R$ 8,5 foram desembolsados, batendo o menor índice de execução do programa (16%)."
A baixa execução ainda segundo a matéria atinge aos mais diversos órgãos da adiministração direta e indireta, seja nos ministérios responsáveis por políticas públicas universais, que no entanto, recebem verbas específicas para a questão quilombola como Educação, Saúde, Cidades, etc. No entanto, por incrível que pareça os piores executores são os ministérios que trabalham diretamente com a questão: a SEPPIR (dados mostrados acima) e o MDA. Segundo o site Contas Aberta: "cerca de 76% do previsto no orçamento do programa Brasil Quilombola fica sob responsabilidade do Ministério do Desenvolvimento Agrário, que, por meio do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), coordena o reconhecimento, demarcação e titulação das áreas remanescentes de quilombos. De R$ 42,7 milhões, foram pagos R$ 6,4 milhões, ou 15%. Com este recurso, o Incra também indeniza os donos de pouco mais de 3% das áreas a que têm direito as comunidade quilombolas. Até o fechamento da matéria, o órgão não esclareceu os motivos para a baixa execução do Brasil Quilombola."
Ou seja, nem mesmo esta baixa verba (em se tratando de desapropriação de terras) é utilizado pelo INCRA, o que em nossa opinião prova que o governo federal esta na prática abandonou a política de titulação territorial quilombola em claro ataque a Constituição Federal Brasileira.
Para finalizar, voltemos a matéria do site Contas Abertas: "Em média, Orçamento Quilombola desembolsa apenas 26%. Faltando pouco mais de um mês para o fim do ano, os quilombolas ainda aguardam R$ 76 milhões previstos no chamado “orçamento quilombola”, um extrato do orçamento da União contendo as ações que afetam diretamente as comunidades remanescentes de quilombos. Estruturado sobre quatro grandes programas - Brasil Quilombola, Cultura Afro-Brasileira, Comunidades Tradicionais e Promoção de Políticas Afirmativas para a Igualdade Racial – o quarteto já desembolsou quase R$ 193 milhões desde 2004. Apesar disso, no mesmo período deixou de aplicar um montante de R$ 405,6 milhões. (...) Ricardo Verdum, assessor de políticas indígena e socioambiental do Inesc, avalia que no programa Brasil Quilombola não se conseguiu gastar, em média, mais do que 26% do orçado entre 2005 e 2008. Para Verdum, as políticas públicas para acs comunidades quilombolas dependem muito do desempenho de terceiros – ONGs, associações locais, secretarias estaduais e municipais. “Quando não há o compromisso político e falta interesse, só procedimento burocrático movendo as pessoas, tudo fica muito mais difícil. Considerando os desafios, é pouco o orçamento e lamentável o gasto efetivamente realizado”, avalia.

domingo, 15 de novembro de 2009

Hoje é dia da Republica

Hoje são 15 de Novembro e marca os cento e vinte anos (120) da Proclamação da República do Brasil. Considero uma pena que esta data seja solenemente esquecida em nosso país. O que é uma pena. Não pelo processo brasileiro em si, que na verdade foi um golpe militar-civil das elites (o primeiro de vários). Mas pela importância da ideia republicana. A Res-Publica é uma das ideias mais nobres do pensamento político ocidental. E, de fato, o que o Brasil mais precisa e sempre precisou foi de ser uma República - ou seja um governo voltado para a Coisa Pública e para a decisão publica e debatida por seus cidadãos. Falta urgentemente ao Brasil ser República e ter consciência republicana, aquilo que o professor Cardoso de Oliveira também chama de consciência cidadã. Assim, por exemplo, não jogaríamos lixo no chão ou mesmo desrespeitariamos uma fila no banco. Ser republicano de fato é não jogar papel no chão pois trata-se do espaço de TODOS e não o de NINGUÉM como erradamente faz crer este senso comum não cidadão. Ser republicano significa considerar que o favorzinho que eu peço a um funcionário público amigo é tão ou mais grave do que as tramoias do Sarney. São da mesma natureza a diferença é o grau de prejuízo. Então ficamos assim Viva o dia da República.
Lembremos ainda que o dia 15 de Novembro, é bastante importante também pois foi nesse dia, que em 1989 o BRASIL FOI AS URNAS. A PRIMEIRA ELEIÇÃO DEMOCRÁTICA PARA PRESIDENTE EM 40 ANOS. ALÉM DISSO FOI A PRIMEIRA e VERDADEIRA ELEIÇÃO COM SUFRÁGIO UNIVERSAL. Para falar a verdade em 1989 tinha 07 anos e não tenho tantas lembranças assim desta eleição. O pouco que me resta na memória diz respeito a um vizinho petista daqueles que se eu escrever aqui os mais jovens duvidarão e acharão que se trata de um personagem teatral por mim inventado. Mas é verdade existiu um tipo especifico de brasileiro, que ouso a dizer, que naquela época era um modelo de cidadania e civismo para todos nós: os militantes petistas. Então a estes e as suas lutas minha homenagem. Até porque estes não tem nada haver com esse Partido que os mais jovens conhecem. Aliás eu e o amigo Daniel do Peramblogando, inclusive já fizemos um trabalho acadêmico demonstrando que o PT do inicio de 2003 (que era infinitamente melhor do que o de hoje - haja decadência) não tinha nada haver com o grandioso partido de massas e de esquerda socialista e democrática que existia nos anos 80. Tenho comigo que a maior derrota das esquerdas brasileiros se deu em 1989. Aquela derrota do Lula marca o que é o governo Lula hoje. Foi ai que o PT foi apresentado ao saco de maldade e resolveu ser mais do mesmo e fazer como os outros.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Quilombolas IV - Apoio aos funcionários do Setor QUILOMBOLA DO INCRA

Agora uma Carta minha endereçada ao Senhor Presidente do INCRA-Brasil, a respeito da questão Quilombola e em apoio aos funcionários do INCRA que apesar da mávontade política do governo insistem em servir a Coisa Pública e a política Constitucional de Regularização Territorial das Comunidades Quilombolas.
Prezado Sr. Rolf Hackbart,
Não sou funcionário do INCRA, no entanto, na condição de cidadão brasileiro, antropólogo e estudioso da temática quilombola (inclusive já tendo prestado serviço ao INCRA-MG por ocasião dos RTID'S das Comunidades de MUMBUCA E MARQUES) venho através desta mensagem me solidarizar com os funcionários em geral do Setor Quilombola desta Instituição e, em particular, com os colegas antropólogos que iniciam saudável, necessário, ético e republicano processo de mobilização em busca de melhorias na condição de trabalho e um posicionamento efetivo deste órgão em relação a uma política ativa de regularização dos territórios quilombolas. Política esta que além de cidadã, e republicana é um Direito das Comunidades Quilombolas e um dever do Estado, conforme determina o Art. 68 da ADCT da CF/1988.
Senhor Presidente, na quinta-feira próxima passada tive oportunidade de participar de uma mesa de debates a respeito do Programa Brasil Quilombola, em Montes Claros no Norte-Mineiro com a presença de dois ministros de Estado tive a oportunidade, em minha fala, de rememorar a todos presentes que tais políticas além de insuficientes não são dádivas ou não deveriam ser dádivas deste ou daquele governo, pois regularizar os territórios quilombolas e mesmo realizar uma série de políticas públicas de melhorias é questão de Direito e uma Política de Estado. O Art. 68 da ADCT não deixa dúvida ao obrigar o Estado a emitir os títulos às comunidades quilombolas.
Assim sendo o movimento, ora iniciado pelos funcionários desta autarquia nos renovam as esperanças de que o INCRA continue vigilante em sua função e que não fraquejará diante de sua missão precípua ainda que esta desagrade interesses poderosos e reacionários.

Acompanho mais de perto a situação da SR de MINAS GERAIS, e tenho presenciado esforço abnegado, no entanto, infrutífero destes funcionários uma vez que sua atividade ainda que respaldada pela Constituição Federal, por decretos e mesmo por uma, ou melhor por várias Instruções Normartivas (diga-se de passagem, o episódio da IN 56, ou melhor, IN 57 exemplifica didaticamente os perigos aos quais os funcionários que ora iniciam este movimento querem e necessitam escapar) não encontram a devida resposta dentro do próprio órgão e deste em relação aos demais órgãos da administração federal. Da minha parte como cidadão espero que o INCRA continue a manter o compromisso com a Coisa Pública e com a legislação como deve ser a um órgão de cunho republicano. Espero, por fim, que tal movimento sensibilize as hostes diretivas do órgão para a necessidade de que se reiniciem a política de regularização territorial que a rigor nos últimos 03 anos praticamente inexiste.

Ps: as opiniões emitidas nesta mensagem são pessoais não refletindo necessariamente o posicionamento dos órgãos aos quais sou vinculado, seja na posição de membro ou funcionário.
Carlos Eduardo Marques - Professor da Faculdade de Ciências Jurídicas da FEVALE/UEMG. Membro do Núcleo de Estudos em Populações Quilombolas e Tradicionais da UFMG (NUQ/UFMG). Sócio da ONG CEDEFES- Centro de Documentação Eloy Ferreira Silva referência na área de pesquisa e documentação da questão quilombola em Minas Gerais.
Belo Horizonte, Terça-feira, 3 de Novembro de 2009.

Quilombolas III

Para contrabalancear um pouco. Uma bela matéria de um outro nosso amigo, Daniel Martins, do sempre aqui citado e ótimo Peramblogando. Trata-se de um a bela exposição nos metros de Sampa. Lá no finalzinho da matéria ele dá uma colher de chá e cita nosso blog. O que significa centenas de potenciais novos leitores. Amigos são para essas coisas.
quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Quilombolas - Tradições e Cultura da Resistência
Passando ontem pela estação da Sé em São Paulo me deparei com uma exposição intitulada: "Quilombolas - Tradições e Cultura da Resistência". Fotos e textos em vários painéis. Já havia passado inúmeras vezes por ali sem no entanto ter percebido a presença da exposição. Para minha surpresa a mesma está lá desde 10 de outubro e deveria ter sido encerrada no último dia 30. Talvez por conta do feriado os painéis ainda se encontravam por lá... Sorte minha.
A exposição contempla o registro fotográfico realizado por André Cypriano, resultado da pesquisa de campo em 11 comunidades negras remanescentes dos quilombos no Brasil.

A mostra pretende divulgar a realidade das comunidades quilombolas brasileiras e incentivar o diálogo entre as comunidades afro-descendentes de cada região do país por onde passa, dando-lhes visibilidade e enfatizando as questões sociais, culturais, reconhecimento e participação social. A ressemantização do conceito de quilombo também é tratada, de forma simples mas suficiente para apresentar ao público o novo significado do conceito.
Acredito que logo a exposição será desmontada (se já não tiver sido). A boa notícia é que seguirá em São Paulo, dessa vez na estação Paraíso do metrô.

A exposição é composta por 27 fotografias em preto-e-branco, no formato 50 cm x 75 cm; sete fotografias panorâmicas, no formato 40 cm x 110 cm, seis fotografias em preto-e-branco 30 x 40 cm, dois mapas, cinco painéis de textos e legendas. O trabalho já circulou por 15 cidades brasileiras e seis cidades da América Latina - Assunção, Buenos Aires, Montevidéu, La Paz, Lima e Bogotá.

A curadoria da exposição é de Denise Carvalho, produtora cultural e diretora da Aori Produções Culturais, empresa realizadora do projeto. O material original faz parte do livro Quilombolas - Tradições e cultura da resistência, com fotografias de André Cypriano e pesquisa de Rafael Sanzio Araújo dos Anjos.
Exposição Quilombolas - Tradições e Cultura da Resistência Local: Estação Paraíso do Metrô - São Paulo - SP Visitação: 10 a 30 de novembro de 2009 Diariamente, no horário de funcionamento do Metrô.
Para saber mais sobre quilombos, quilombolas e afins a dica é o blog abanjá do amigo Carlos Eduardo Marques, estudioso do assunto e militante da causa.

Quilombolas II

Em consonancia com o post anterior, abaixo um texto, do nosso colega e amigo Alexandre Sampaio (publicado no outro blog do qual sou um dos editores). Estive também como convidado neste evento que ele relata abaixo e, em linhas gerais, assino embaixo de seu texto. Para o Gov. LULA só existe uma política, o desenvolvimentismo a qualquer custo, fora disso não existe vida inteligente e nesta todada, me perdoem o linguajar que se danem o meio ambiente e as populações tradicionais.

O que não é PAC, emPACa
Alexandre Sampaio
Ocorreu em Montes Claros, entre os dias 28 e 30 de outubro, o “Seminário Integrado de Políticas para Comunidades Quilombolas”, realizado pela SEPPIR. Foram convidados para este evento: lideranças das comunidades quilombolas mineiras, gestores públicos municipais e representantes de algumas organizações do 3º. Setor.
O Seminário tem uma proposta interessante que é a de apresentar um conjunto de políticas públicas que podem ser acessadas por comunidades quilombolas. Este evento deve se repetir em outros 4 estados que foram priorizados pela SEPPIR, segundo informações dos realizadores, pelo maior número de comunidades reconhecidas, sendo eles: Maranhão, Bahia, Pernambuco e Pará. A abertura contou com a presença do Ministro Edson Santos, da SEPPIR e de Patrus Ananias, do Desenvolvimento Social.
Apesar do nome “seminário integrado de políticas”, as políticas apresentadas foram basicamente vinculadas a apenas 3 ministérios, Saúde, Educação e Desenvolvimento Social. Das ausências, uma foi especialmente sentida, a do Ministério do Desenvolvimento Agrário. Em 3 dias de discussão, nada se falou de prático sobre a regularização fundiária dos territórios quilombolas, apesar das faixas da Federação Quilombola Mineira que exigia a regularização imediata das mais de 100 processos abertos junto ao INCRA-MG. Por parte do governo, os únicos a mencionar a questão, os ministros, em seus discursos de abertura, falaram sobre a importância de tal regularização, indicaram a dificuldade deste processo, inclusive pelo questionamento do decreto 4887 de 2003 junto ao STF, ou seja, “choveram no molhado”. Ao final, tangenciaram o assunto sem indicar possibilidades de solução para a questão. Também fora mencionada a “mítica” reunião de cobrança do presidente Lula pela aceleração da regularização fundiária, tão divulgada pelas nossas listas de e-mails, mas os resultados obtidos continuam os mesmos, a questão continua emPACada.
A impressão que se tem é que o governo não pretende atuar de forma significativa na questão antes da eleição de 2010, ou seja, deve continuar tudo “à banho maria” para o próximo governo. Diante das opções de forças políticas que se apresentam com maiores possibilidades de se elegerem, dificilmente a regularização fundiária de comunidades quilombolas se desenvolverá por boa vontade pública, sem pressão social.
Pelas palavras do Ministro Edson Santos, a questão de regularização fundiária ocorrerá com “muita responsabilidade”. Mas que responsabilidade é esta que pela omissão deixa milhares de famílias em situação precária de subsistência e risco de vida diante do pouco acesso aos bens e políticas públicas e até mesmo expostos a situações de conflito agrário em seus territórios? Em um dos momentos do evento, quando se discutia uma política de acesso a “sementes crioulas”, uma liderança da comunidade da Lapinha perguntou: E nós vamos plantar estas sementes aonde?
Outra questão perceptível é a dificuldade em dar um contorno mais focalizado, no atendimento às comunidades quilombolas, em políticas públicas generalistas. Em um dos casos apresentados, o programa “Minha Casa, Minha Vida”, o fato da comunidade ser quilombola parece criar mais burocracia do que facilidades, pois, além da comprovação de adimplência do beneficiário particular (da família a ser beneficiada), há todo um processo que passa pela associação da comunidade, algo que não existe para os beneficiários não quilombolas.
Outra ausência sentida foi a de representantes do Governo do Estado de Minas Gerais, o que nos deixa uma questão, foi por falta de convite ou por omissão mesmo? Falando em omissão, se formos considerar os 5 estados priorizados por esta atuação da SEPPIR, ou seja, os 5 estados com maior números de comunidades quilombolas reconhecidas, Minas Gerais é um o único que tem se omitido em discutir, de forma propositiva, políticas públicas para as comunidades quilombolas. Segundo o secretário do Instituto de Terras de Minas, Manuel Costa, “por falta de pressão política do movimento”.
Como dissemos antes, consideramos a proposta do seminário interessante por permitir um maior acesso à política pública, mesmo que pelo acesso a informação, destas lideranças quilombolas, além de criar uma agenda pública nos municípios, mas muito tem que se avançar para garantir um acesso mais igualitário dos quilombolas mineiros às políticas públicas, principalmente ao acesso a seu território que deveria ser a política transversal quando se trata de populações tradicionais.

Quilombolas I

Todo nosso apoio aos quilombolas baianos em particular e a todos os quilombolas do Brasil em geral. NESTE MOMENTO DE REFLUXO TÃO GRANDE E PERIGOSO DA QUESTÃO.

Manifesto em Defesa das Comunidades Quilombolas do Estado da Bahia

Nós representantes de diversas entidades do movimento negro organizado vimos explicitar solidariedade às Comunidades Quilombolas da Bahia que estão na luta pela garantia de seus territórios tradicionais. Denunciamos e repudiamos a ação governamental racista do Estado que quer passar pela tradição, diretos conquistados, cultura e autodeterminação deste povo que resiste ao processo escravista a mais de quinhentos anos.

As comunidades quilombolas do Estado da Bahia vem denunciar as ações que o Governo do Estado vem implementando em parceria com grandes empreiteiras, grupos empresariais estrangeiros e grandes grupos econômicos nacionais. Esta parceria faz a opção por um Modelo de desenvolvimento Racista e Concentrador de riqueza que tem como perspectiva a inviabilização do modo de vida, a expulsão dos seus territórios e conseqüentemente o extermínio destas comunidades.

Na Baía de Todos os Santos, lugar de ocupação das comunidades negras rurais que foram abandonadas desde o "final" do processo escravista, parece até que resolveram atacar de todos os lados de uma só vez:

Querem implantar um Pólo Industrial Naval na Reserva Extrativista do Iguape, lugar de maior preservação da Baía de Todos os Santos, que abriga mais de 30 Comunidades Quilombolas, cerca de 20 mil pescadores e marisqueiras, e que tem como modelo de economia, o extrativismo marinho e da floresta, a agricultura familiar, e não o modelo da industrialização... As promessas são de geração de empregos. A pergunta é: para quem?
Com a implantação deste projeto pretendem deslocar uma Comunidade Quilombola inteira, utilizando-se de praticas desrespeitosas, perseguindo lideranças, ameaçando a auto-sustentação das famílias, chantageando e perseguindo lideranças e entidades. Por trás disso estão as grandes empresas ODEBRECH, OAS e UTC.

Querem privativar a Ilha de Cajaíba, que oficialmente localiza-se ao município de São Francisco do Conde, mas que é espaço comum dos pescadores e Quilombolas de Santo Amaro, Saubara, São Francisco do Conde e até dos pescadores de outras áreas como Ilha de Maré, Madre de Deus, Candeias. A Ilhas de Cajaíba é formada 60% por manguezais, de onde esta população tira os caranguejos, ganhamuns, mariscos e possui uma diversidade de recursos como cipós para o artesanato, frutas silvestres como a cajá, o jenipapo, a goiaba, entre outras que são vendidas nas beiras das estradas ao longo do Recôncavo. O uso tradicional da Ilha garante a segurança alimentar e nutricional, bem como a geração de renda.
Tomar para quem?
Para um grupo de empresários Europeus chamado PROPERT LOGIC que quer implantar um grande Resort para o turismo Internacional predatório.

Querem duplicar o Porto de Aratu.
A Comunidade Quilombola, de pescadores e marisqueiras de Ilha de Maré está assustada com esta notícia, pois foi constatado no sangue das crianças, altos índices de Chumbo e Cádmio. Estas comunidades sofrem com as poluições atmosféricas e do mar causada pelo Porto de Aratu, o que tem aumentado o número de mortes por câncer, de crianças com asma e a diminuição do pescado.
Há estudos no Instituto do Meio Ambiente-IMA (antigo CRA) que constataram a alta concentração de poluição na região do entorno do Porto de Aratu, não havendo ainda nem perspectivas de solução. Contraditoriamente pretendem ampliar o Porto de Aratu e fazer uma dragagem dos sedimentos que guardam grandes quantidades de poluição química, inclusive os metais pesados.

A comunidade do São Francisco do Paraguaçu está ameaçada por 13 fazendeiros e grupos poderosos com grandes interesses para tomarem o território Quilombola. Dentre os quais estão Marcos Medrado, a família Santana, Marcelo Guimarães, os Diniz, etc. Os ataques têm se organizado dentro e fora do Congresso Nacional, no judiciário e até no executivo. Esta Comunidade, é hoje um símbolo de resistência aos diversos lobbys que vão desde o questionamento da constitucionalidade do Decreto 4887/03, que regulamentou a demarcação das Terras, até a manutenção e ampliação das políticas.

E, contraditoriamente, as Políticas Públicas para as Comunidades Quilombolas andam a passos de cágado...

No início do Governo LULA foi grande a expectativa de avanços na implementação dos DIREITOS DAS COMUNIDADES QUILOMBOLAS. O Decreto 4.887 de 2003 foi saudado como uma sinalização positiva de que o governo iria agilizar o cumprimento do PRECEITO CONSTITUCIONAL. No entanto, os resultados em termos de titulações foram muito limitados: apenas seis Títulos em cinco anos de governo.

Neste ano, o INCRA não tem sequer uma equipe completa para a principal ação do processo de regularização do território das Comunidades Quilombolas, que é a elaboração do Relatório de Identificação e Delimitação/RTID, etapa inicial do processo. O INCRA Bahia tem 1 antropóloga e 297 comunidades, que aguardam o desenvolvimento deste relatório, que pelas exigências da última instrução normativa de número 49, é um verdadeiro tratado antropológico. A desaceleração no ritmo já moroso do INCRA é mais um sinal da posição de recuo do governo frente à massiva campanha contra os Quilombolas. Intensificada a partir de 2007, a campanha envolveu além de materiais difamatórios que circularam na imprensa, iniciativas legislativas de integrantes da base aliada do Governo contra os DIREITOS QUILOMBOLAS.

Conclamamos a toda sociedade baiana e ao povo em geral, para apoiarem as COMUNIDADES QUILOMBOLAS DA BAHIA, repudiando aos grandes projetos que ameaçam diretamente as suas vidas e, mais ainda, a qualidade de vida do povo baiano. Esta luta não é apenas das marisqueiras e pescadores que encontram há centenas de anos o sustento de suas famílias com a pesca de peixes e mariscos. Não é apenas dos Quilombolas, povo nativo que respeita e protege a natureza. Não é apenas do Povo Negro, que enfrenta os diversos tipos de preconceitos.

Diante desta ação de Racismo Institucional e Ambiental, exigimos a efetivação dos direitos territoriais, sociais, econômico, ambientais, culturais e políticos das comunidades quilombolas e exigimos a preservação e integridade física de seus territórios, bem como a qualidade de vida de todos.

Neste momento, que a representação do INCRA visita a Bahia, exigimos:

· O FIM DA CRIMINALIZAÇÃO DAS COMUNIDADES E SUAS LIDERANÇAS;
· QUE A ILHA DE CAJAÍBA, TERRITÓRIO QUILOMBOLA, NÃO SEJA PRIVATIZADA;
· QUE O RACISMO AMBIENTAL SEJA CONTIDO NA COMUNIDADE DE ILHA DE MARÉ;
· QUE A AMPLIAÇÃO DO PORTO DE ARATU NÃO SE REALIZE COM A VIOLÃÇÃO DOS DIREITOS DAS COMUNIDADES QUILOMBOLAS;
· QUE OS GOVERNOS SEJAM MONITORADOS DIANTE DA ATITUDE DO DESCASO COM A CONTAMINAÇÃO POR CHUMBO DAS COMUNIDADES QUILOMBOLAS DE SANTO AMARO;
· QUE O GOVERNO BAIANO ESTABELEÇA O DIÁLOGO COM AS LIDERNÇAS QUILOMBOLAS, POIS O PÓLO NAVAL AMEAÇA A REPRODUÇÃO FÍSICA E CULTURAL DAS COMUNIDADES QUILOMBOLAS DO VALE DO IGUAPE;
· O FIM DO ATAQUE AO TERRITÓRIO DAS COMUNIDADES QUILOMBOLAS DO IGUAPE;
· QUE AS COMUNIDADES NÃO SEJAM PUNIDAS COM A FALTA D`ÁGUA, POIS AS LAGOAS ESTÃO SECAS NOS QUILOMBOS DE PARATECA E PAU DARCO, POR CONTA DA CONSTRUÇÃO DE BARAGENS E PROJETOS DE IRRIGAÇÃO DO AGRONEGÓCIO, QUADRO QUE SE AGRAVARÁ COM A TRANSPOSIÇÃO DO RIO SÃO FRANCISCO;
· O CUMPRIMENTO DA LEI 10639 NAS ESCOLAS DAS COMUNIDADES QUILOMBOLAS;
· POLÍTICAS PÚBLICAS EFETIVAS PARA AS COMUNIDADES QUILOMBOLAS;
PELA TITULAÇÃO URGENTE DOS TERRITÓRIOS QUILOMBOLAS, COM A FORMAÇÃO DE EQUIPES COMPLETAS NO INCRA;


Comitê em Defesa das Comunidades Quilombolas da Bahia

domingo, 25 de outubro de 2009

A favor do MST e contra a violência do latifundio

Manifesto em defesa do MST Contra a violência do agronegócio e a criminalização das lutas sociais .
As grandes redes de televisão repetiram à exaustão, há algumas semanas, imagens da ocupação realizada por integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) em terras que seriam de propriedade do Sucocítrico Cutrale, no interior de São Paulo.
A mídia foi taxativa em classificar a derrubada de alguns pés de laranja como ato de vandalismo. Uma informação essencial, no entanto, foi omitida: a de que a titularidade das terras da empresa é contestada pelo Incra e pela Justiça. Trata-se de uma grande área chamada Núcleo Monções, que possui cerca de 30 mil hectares. Desses 30 mil hectares, 10 mil são terras públicas reconhecidas oficialmente como devolutas e 15 mil são terras improdutivas. Ao mesmo tempo, não há nenhuma prova de que a suposta destruição de máquinas e equipamentos tenha sido obra dos sem-terra.
Na ótica dos setores dominantes, pés de laranja arrancados em protesto representam uma imagem mais chocante do que as famílias que vivem em acampamentos precários desejando produzir alimentos. Bloquear a reforma agrária Há um objetivo preciso nisso tudo: impedir a revisão dos índices de produtividade agrícola – cuja versão em vigor tem como base o censo agropecuário de 1975 – e viabilizar uma CPI sobre o MST. Com tal postura, o foco do debate agrário desloca-se dos responsáveis pela desigualdade e concentração para criminalizar os que lutam pelo direito do povo.
A revisão dos índices evidenciaria que, apesar de todo o avanço técnico, boa parte das grandes propriedades não é tão produtiva quanto seus donos alegam e estaria, assim, disponível para a reforma agrária. Para mascarar tal fato, está em curso um grande operativo político das classes dominantes objetivando golpear o principal movimento social brasileiro, o MST. Deste modo, prepara-se o terreno para mais uma ofensiva contra os direitos sociais da maioria da população brasileira.
O pesado operativo midiático-empresarial visa isolar e criminalizar o movimento social e enfraquecer suas bases de apoio. Sem resistências, as corporações agrícolas tentam bloquear, ainda mais severamente, a reforma agrária e impor um modelo agroexportador predatório em termos sociais e ambientais como única alternativa para a agropecuária brasileira. Concentração fundiária A concentração fundiária no Brasil aumentou nos últimos dez anos, conforme o Censo Agrário do IBGE. A área ocupada pelos estabelecimentos rurais maiores do que mil hectares concentra mais de 43% do espaço total, enquanto as propriedades com menos de 10 hectares ocupam menos de 2,7%. As pequenas propriedades estão definhando enquanto crescem as fronteiras agrícolas do agronegócio.
Conforme a Comissão Pastoral da Terra (CPT, 2009) os conflitos agrários do primeiro semestre deste ano seguem marcando uma situação de extrema violência contra os trabalhadores rurais. Entre janeiro e julho de 2009 foram registrados 366 conflitos, que afetaram diretamente 193.174 pessoas, ocorrendo um assassinato a cada 30 conflitos no primeiro semestre de 2009. Ao todo, foram 12 assassinatos, 44 tentativas de homicídio, 22 ameaças de morte e 6 pessoas torturadas no primeiro semestre deste ano.
Não violência
A estratégia de luta do MST sempre se caracterizou pela não violência, ainda que em um ambiente de extrema agressividade por parte dos agentes do Estado e das milícias e jagunços a serviço das corporações e do latifúndio. As ocupações objetivam pressionar os governos a realizar a reforma agrária. É preciso uma agricultura socialmente justa, ecológica, capaz de assegurar a soberania alimentar e baseada na livre cooperação de pequenos agricultores. Isso só será conquistado com movimentos sociais fortes, apoiados pela maioria da população brasileira. Contra a criminalização das lutas sociais Convocamos todos os movimentos e setores comprometidos com as lutas a se engajarem em um amplo movimento contra a criminalização das lutas sociais, realizando atos e manifestações políticas que demarquem o repúdio à criminalização do MST e de todas as lutas no Brasil.
Ana Clara Ribeiro
Ana Esther Ceceña
Boaventura de Sousa Santos
Carlos Nelson Coutinho
Carlos Walter Porto-Gonçalves
Claudia Santiago
Claudia Korol
Ciro Correia
Chico Alencar
Chico de Oliveira
Daniel Bensaïd
Demian Bezerra de Melo
Fernando Vieira Velloso
Eduardo Galeano
Eleuterio Prado
Emir Sader
Gaudêncio Frigotto
Gilberto Maringoni
Gilcilene Barão
Heloisa Fernandes
Isabel Monal
István Mészáros
Ivana Jinkings
José Paulo Netto
Lucia Maria Wanderley Neves
Luis Acosta
Marcelo Badaró Mattos
Marcelo Freixo
Maria Orlanda Pinassi
Marilda Iamamoto
Maurício Vieira Martins
Mauro Luis Iasi
Michael Lowy
Otilia Fiori Arantes
Paulo Arantes
Paulo Nakatani
Plínio de Arruda Sampaio
Reinaldo A. Carcanholo
Ricardo Antunes
Ricardo Gilberto
Lyrio Teixeira
Roberto Leher
Sara Granemann
Sergio Romagnolo
Virgínia Fontes Vito Giannotti
e atpe o momento mais de 4000 mil cidadãos comprometido com as lutas sociais
Link para assinar o manifesto:
http://www.petitiononline.com/boit1995/petition.html