quarta-feira, 9 de abril de 2008

Ausências

Estou viajando a trabalho, o famoso Trabalho de Campo, chamado também de etnografia.
Nos próximos 20 dias estarei ausente desse espaço. Mas espero que os poucos leitores desse blog continue por aqui após esse período de ausência.

Ps: como existe lan house, ainda que lá para os lados que vou a última em que fui ..é melhor nem comentar... mas quem sabe se aparecer algo bastante interessante, escrevo algo. Mas de forma geral só daqui a cerca de 20 dias. NO ENTANTO LEIAM ALGUNS TÓPICOS ABAIXO, SÃO MUITO BONS, até por que a maioria são ótimos textos, "roubados" de outros blogs.

O dia em que Perdemos a Razão

Abaixo um e-mail que enviei para a lista de alunos do mestrado em antropologia, do qual fui discente. Quero repartir com Vcs.

Colegas
queria fazer também alguns adendos ao que foi dito pelo Douglas, no entanto de fato essa minha viagem de campo não me permite. Envio abaixo um texto que de forma clara e correta expressa um bocado do meu sentimento. Aliás bem parecida no conteúdo não na forma (já que a minha é meio atabalhoada) com uma conversa que tive ontem com a Clarisse.Realmente sugiro a leitura do texto, ela é esclarecedora.

Mas para não dizer que não comentei de nada, quero chamar a atenção para alguns pontos:
- o movimento ora organizado tem suas fortalezas exatamente em suas fraquezas, ou seja não se trata do velho movimento estudantil que fica repetindo frases de chavão, ainda que esse tenha aderido ao atual movimento (o que é bom) . Isso é sua fortaleza pois trata-se de um movimento preocupado com as aflições de nossa Universidade e não necessariamente com as repercussões eleitorais, por exemplo. Nisso ele seria genuíno. Mas sua fraqueza advém exatamente dessa organicidade mínima enquanto movimento, daí em certos momentos a ausência de um discurso mais coerente. Isso ficou claro no "banho" que o movimento levou dos administradores da Universidade( por que sim, é isso que els são. Docentes jamais, verdadeiros docentes não permitiriam o descalabro do ocorrido) na audiência e mesmo na nota da reitoria.
- É impressionante e o texto abaixo, toca nesse tema de forma mais didática a ausência de um sentimento de grandeza a respeito da UFMG e do que é a vida acadêmica, a frase mais ouvida dos administradores é de que pasmem, eles não tem nada com isso. O Reitor foi claro, não houve erro daí não haver necessidade de uma retratação ou desculpas a comunidade acadêmica. E mais como não foi a Reitoria a responsável pela entrada da polícia, isso a redime de qualquer culpa. Esqueçamos então, um pouco desse nosso discurso de vida acadêmica e pensemos de forma meramente burocrática tal como eles fazem, em nada diminui o erro e a responsabilidade da reitoria, o fato de eles não tem chamado a polícia. Talvez em um certo ângulo só piora a situação. Talvez até do ponto de vista político (não concordo com isso), fosse aceitável que a reitoria convocasse a polícia; muito pior é essa versão agora que a polícia agiu a revelia. Nesse caso, então em qualquer lugar sério só restaria aos Reitores um gesto de nobreza, a Carta de Renúncia. Quem sabe diante desse gesto eles fossem até reconduzidos.
- ficou claro nas falas a insensibilidade com o drama, aqui não político, ideológico, teleológico, pedagógico do evento e sim a sensibilidade para com o drama humano dos que passaram por tal situação, isso ficou claro no depoimento do aluno que foi preso ( e que agora, pasmem!!!! responde por 4 processos) pelo simples fato de que queria sair da unidade onde ele estuda.
- por último, sei que muitas vezes tendemos a criar toda uma Mitologia em torno de certos lugares, que de certa forma são por nós sacralizados. Esse é o caso da Universidade, existe todo um mito que visa sacralizar e toda essa nossa reação é por que esse lugar sagrado foi profanado. Mas o que impressiona nesse evento todo, para mim é que a maior profanação vem dessa turma medíocre de burocratas que estão nos cargos diretivos da Universidade. Veja bem essa questão só foi mais uma gota. Talvez seja ai que resida o problema. Quando foi que perdemos a razão? Quando foi que passamos a permitir que alunos sejam processados por motivos políticos e continuamos calados? Quando foi que passamos a admitir como me foi dito por um burocrata da administração de que o prédio da reitoria é um prédio a parte do restante da universidade? Quando foi que perdemos a razão? E digo a Vocês foi quando na segunda-feira, um espião estava nos filmando e fotografando, isso não é brincadeira não. Aconteceu o Douglas que estava lá viu. Para mim com todo respeito ao trauma humano do colega preso e por favor ouça o depoimento dele para ver o quanto a coisa foi pior do que imaginávamos ( a tortura psicológica, sim levaram ele até um local ermo e disseram que iam matá-lo e desová-lo naquele local), com todo respeito ao trauma da colega que deu entrada no Pronto-socorro, mas isso não é nada ou melhor isso só é conseqüência do dia em que permitimos que a reitoria montasse dôssies de alunos. Me desculpe mas realmente estou abalado com o fato de que (fato este que não foi desmentido pela reitoria) existe na UFMG pessoas responsáveis por filmar e montar dôssies sobre os indesejados. Realmente a coisa é pior do que eu imaginava. Realmente teve um dia em que perdemos a razão e passamos a viver esses dias tão estranhos.
- para finalizar, agora mais do que antes desejo que todo esse movimento consiga no mínimo expor essas feridas, pois do contrário começamos a assistir o fim dessa Universidade e a vitória dessa gente medíocre que não entende a grandiosidade da nossa universidade, tanto não entendem que se recusam a debater (não é aplicar, somente debater) as questões das ações afirmativas: seja de indígenas, negros e homossexuais ( nesse caso a situação foi muito bem exposto por várias das lideranças do movimento Gay universitário na audiência). Ah Perdemos a Razão no dia em que grande parte dos discentes e praticamente todos os Docentes acharam normal ou como disse o Barbi, que um simples vestir de preto seria suficiente contra tudo isso relatado acima.

DEFESA DO RESPEITO AOS DIREITOS CIVIS NA UFMG

Prezado@s,

É cada vez mais difícil lecionar que o nosso direito
constitucional garante a livre manifestação do pensamento,
na forma do art. 5o, IV e, sobretudo, a liberdade de
expressão artística, "independentemente de censura ou
licença", no termos do art. 5o, IX, ambos da Constituição,
quando, dentro de
uma instituição concebida para o exercício
da crítica e da problematização, censura-se violentamente a
exibição de um filme distribuído no país por ninguém menos
dos que os notoriamente conservadores editores da revista Veja.

Aprendi um dia, na graduação que cursei na própria UFMG, que
a exigência de autorização/licença como pré-condição à
manifestação artística, científica e de comunicação se
configura, em nosso país, como repreensível vilipêndio aos
direitos humanos. Na mesma escola, contudo, em profunda
contradição performativa institucional, assume-se, sem
pudor, que é requisitada segurança para que se faça cumprir
a determinação de não exibição de uma obra audiovisual, em
face da ausência de licença para tal.

Discute-se o periférico (quem chamou os militares ou não),
quando o essencial, ou seja, o ato de lesão frontal e
inadmissível contra direitos fundamentais de estudantes já
ocorreu, à medida em que fora, um
dia antes da atividade
cultural violentamente interrompida, autorizado o emprego de
força como expediente para se impedir uma apresentação
audiovisual.

É igualmente ingrato constatar que o direito administrativo
se fundamenta em conceitos como competência funcional e
hierarquia, quando a alta administração de uma instituição
de ensino superior pretende convencer a todos de que os atos
de violência praticados em local sob sua gestão ocorreram ao
seu alvedrio. Onde estão os gestores que, se é verdade que
não determinaram a agressão aos acadêmicos, a permitiram
mediante conduta omissiva? Episódios ocorrentes em um
Campus universitário não podem, jamais, constituírem-se como
resultantes de determinações advindas de seguranças privados
ou de militares.

Fico igualmente confuso ao me lembrar de que os atos
administrativos, tais como a celebração de convênios,
possuem na motivação e na finalidade
elementos
imprescindíveis. Ora, qual a motivação e proporcionalidade
teleológica de um convênio com a Polícia Militar,
concomitante à presença de seguranças particulares, dentro
do espaço acadêmico? Em que se fundamenta tal
duplicidade/sobreposição? Por que não há, em duplicidade,
contratação de docentes, abertura de vagas em cursos,
repasse de verbas para a assistência estudantil,
pró-reitoria de assistência, fomento à pesquisa, ou
programas de extensão?

Já não sei o que dizer quando, inquirido sobre as
conquistas normativas da Carta de 1988, escuto que, sob o
aspecto fático, nunca, sequer sob o sombrio tempo do AI-5, a
UFMG fora objeto de invasão orientada à repressão contra a
exibição de um vídeo. Ao menos em nossa escola, lírios e
republicanismo, de fato, não nascem das leis ou de
investigações científicas.

Não devemos subestimar o ocorrido. O autoritarismo se
instalou na UFMG. Processos disciplinares para
punição de
alunos, censura violenta a debates culturais, proibição de
encontros estudantis em que discentes se alojam no Campus,
reuniões de órgãos decisórios hermeticamente isoladas do
pensamento e das razões públicas da comunidade acadêmica,
sob paredes cercadas por militares. É difícil crer que a
UFMG é a instituição onde, outrora, me ensinaram que o
artigo 206, inciso VI, da Constituição Cidadã, prescreve a
"gestão democrática do ensino público", como cimento
deontológico da educação neste país.

Também na UFMG, em 1999, quando ainda cursava os primeiros
períodos do curso de Direito, tive a oportunidade de
entrevistar, para o jornal do Centro Acadêmico Afonso Pena,
o escritor Frei Betto. Inquirido sobre a crise da academia,
o teólogo foi sucinto e preciso em sua resposta. Disse-nos
que a diferença, em instituições de ensino, sempre será obra
do movimento estudantil. Lembro-me, precisamente, da
seguinte frase: "sem
um movimento estudantil forte,
independente e combativo, a academia será sempre
conservadora e autoritária". Felizmente, a ocupação ocorrida
ontem demonstra que ainda podemos depositar esperanças na
democracia, na liberdade e no cumprimento de direitos
constitucionais em nossa escola.


Atenciosamente,

Franck Mata Machado

sábado, 5 de abril de 2008

Eu tenho um sonho... (parte 2)

Para ilustrar o post abaixo. Um dos maiores discursos já proferidos em todos os tempos.

Eu tenho um sonho... (parte 1)

Para ilustrar o post abaixo. Um dos maiores discursos já proferidos em todos os tempos.

Martin Luther King Day

É hoje, dia 04 d abril um dos raríssimos feriados nacionais dos EUA. Hoje é o Matin Luther King Day. Nesse dia a exatos 40 anos ocorria o assassinato do pastor batista e líder máximo da ala pacifista do movimento negro e anti-racista norte-americano (em razão dessa militância foi merecedor do Prêmio Nobel da Paz. Concedido por sua atuação pacifista em favor da extensão dos direitos civis a todos os americanos, sem distinção). O assassinato, ocorreu em Memphis, no Tennessee. Em sua homenagem, foi instituido no EUA em 1986 o feriado nacional The Martin Luther King Day e fundado The Martin Luther King, Jr, Research and Education Institute, com a missão de manter vivos os ideais de King para as futuras.

Pastor batista, Luther King se tornou conhecido em 1955, ao incentivar um boicote ao transporte rodoviário de Montgomery, no Alabama. Persuadiu os negros de que era preferível andar a pé a viajar em ônibus segregados. Mesmo preso durante a campanha, obteve o almejado êxito. Por decisão da Suprema Corte Americana tornou-se ilegal a segregação em qualquer transporte público. Emergia, então, o respeitado líder.

Luther King foi seguidor das idéias de desobediência civil não-violenta preconizadas por Gandhi, aplicadas com inteligência em suas manifestações. Organizou marchas contra o sistema de segregação, reivindicando igualdade sócio-política, entre outros direitos básicos. Conquistou progressivo espaço na mídia e apoio da opinião pública pelo cumprimento dos direitos civis, transformando essa numa das mais discutidas questões dos EUA nos anos 60.

Luther King Jr, tinha um sonho "I have dream". Nós continuamos esse sonho.

Ministro do STF dá 1º voto a favor do sistema de cotas

Diante do absurdo relatado no post abaixo. Ando bastante atarefado ao ler tantas informações a respeito. Já tive a chance de posicionar nos vários grupos que participo formado por membros dessa que é também minha casa. Quem quiser ler um texto provocativo, vá ai ao lado e clique no Blog do nosso amigo Barba, Savoir-Faire. Por cansaço emocional não os repetirei aqui. FICA SOMENTE O MEU PROTESTO E INDIGNAÇÃO.

Mudemos pois de assunto e para algo agradável. Estou acrescentado na parte de links o endereço para um novo Blog Afirmamtivo, o aldeia griot. Blog bastante interessante e informativo. Foi de lá que tiramos a ótima notícia baixo:

Ministro do STF dá 1º voto a favor do sistema de cotas

Britto relatou Adins que contestam Prouni; outro ministro pediu vista e julgamento não tem data para acabar

FELIPE RECONDO - Agencia Estado

BRASÍLIA - O sistema de cotas raciais e socioeconômicas recebeu nesta quarta-feira, 2, o primeiro voto favorável em julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF). O ministro Carlos Ayres Britto, relator de duas ações diretas de inconstitucionalidade (Adins) que contestam o Programa Universidade para Todos (ProUni), afirmou ser legal a reserva de bolsas de estudo integrais e parciais. Em seguida, porém, o ministro Joaquim Barbosa pediu vista, o que adia por tempo indeterminado a conclusão do julgamento.

A lei, de 2005, obriga universidades e faculdades que aderirem ao ProUni, programa que concede benefícios fiscais, a reservarem parte das vagas para alunos que se declararem "indígenas, pardos ou pretos", portadores de necessidades especiais, estudantes de escolas públicas ou que tenham concluído o ensino médio em colégios privados com abatimento nas mensalidades.

No voto, Britto afirmou que a lei serve para combater a desigualdade de condições provocada pela "trajetória cultural" do Brasil, que teria posto esses alunos em situações inferiores de disputa. "O típico da lei é fazer distinções, diferenciações, ''desigualações'' para combater renitentes ''desigualações''. A lei só existe para, diante de uma ''desigualação'', impor uma ''desigualação'' compensatória", afirmou. "É pelo combate a situações de desigualdade que se concretiza o valor da igualdade", disse.

Esse tratamento diferenciado foi dado pela legislação brasileira, de acordo com ele, quando se definiu um prazo de licença-maternidade maior do que o previsto para a licença-paternidade. Outro exemplo seria as idades distintas para aposentadoria de homens e mulheres. O ministro lembrou que a Constituição define, logo de início, que os objetivos fundamentais do Brasil devem ser a erradicação da pobreza e marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais. As cotas, portanto, estariam em consonância com esses objetivos.

Além disso, afirmou que a forma de mudar a situação desses grupos, que classificou como "injusta e humilhante exclusão da vida humana em comum", é melhorar a condição de competitividade e colocá-los lado a lado com os demais setores da sociedade. "Não se pode rebaixar os favorecidos. O que se pode é elevar os desfavorecidos", defendeu. "O que se proíbe não é a distinção, é a discriminação. A diferenciação não, ela é inerente às normas legais", continuou.


Argumentação


Com essa argumentação, Britto considerou constitucional a medida provisória (MP) que criou o ProUni, aprovada pelo Congresso em 2005, e rejeitou as ações da Confederação Nacional dos Estabelecimentos de Ensino (Confenen) e do DEM.

Somente quando ele concluir o voto, que deverá ser favorável às cotas, o assunto voltará à pauta do plenário. Além desses dois processos, há outra Adin que contesta uma lei do Rio que estabeleceu o sistema de cotas no Estado. Não há data para que essa ação seja julgada pelo STF.

E essa outra:

Após 26 anos no corredor da morte, Mumia Abu-Jamal consegue reverter sentença por matar policial branco.
Comentário do Abanjá: Essa notícia foi comemorada até mesmo pelo Vaticano e consiste em uma vitória de centenas de movimentos e milhares de pessoas no mundo todo. Munia Abu Jamal jamais teve um julgamento considerado de fato justo, ou seja que levasse em conta o porque do cometimento do crime. ou seja o condenado era vítima de violência policial por motivo racista.


sexta-feira, 4 de abril de 2008

Autorizada pela Reitoria a PM-MG espanca estudantes.

Reproduzo abaixo e-mail que enviei para vários colegas.

Colegas peço desculpa por enviar a mensagem abaixo, que não diz respeito ao nosso tema no NUQ. No entanto, já recebi diversos e-mails hoje pela manhã, sobre esse fato lamentável ocorrido no campus ontem a noite. Até mesmo o Jornal Estado de Minas já publicou uma matéria. Antes do e-mail e da matéria só um pequeno comentário meu.

É muito triste para mim que vivo intensamente essa universidade por 07 anos perceber a que ponto chegamos. É campus policiado, proibição de festas, calouradas, manifestações, debates, banheiros e estacionamentos privativos, medidas autoritárias sem discussão com movimentos estudantis e sociais. E agora agressão ao que pensa diferente.
Pessoalmente só resta muita tristeza diante das sucessivas reitorias autoritárias e sem comprometimento com uma educação de qualidade, inclusiva e democrática. Sempre apoiada pela complacência e silêncio de todos nós comunidade acadêmica: alunos, professores e funcionários.
Para os que como Eu entraram em 2001 e tiveram o prazer e o privilégio de participar de um movimento estudantil LIVRE (gestões do CACS) fica pelo menos uma saudade gostosa de um tempo em que se podia tomar vinho, fazer sarau de poesia, debates acadêmicos e políticos e mesmo um tempo em que uma assembléia de estudante podia se declarar em greve em apoio a realização de concursos para professores e aumento de salário para os docentes.
Bom o texto é ruim e sem nexo mas é reflexo da barbaridade ocorrida e do sentimento desconexo que sinto. Detalhe toda essa barbaridade foi cometida por que alunos ousaram a exibir um filme da Revista Super Interessante (desse que qualquer um adiquire em banca de revista) a respeito do debate sobre a legalização da maconha. Imaginem então debates para discutir a implantação por exemplo de ações afirmativas em nossa Universidade?

Autorizada pela Reitoria a PM-MG espanca estudantes.

Ditadura
de Ronaldo Pena/ Heloísa Starling impede sessão de cinema na UFMG.

Hoje dia 03 de abril de 2008, às 19:30 hrs, cerca de 50 homens da Polícia Militar de Minas Gerais, em várias viaturas e até um helicóptero, cercaram o Instituto de Geociências da UFMG impedindo a entrada e saída de trabalhadores e estudantes do prédio. A PM-MG foi convocada e autorizada a agir pela Reitoria da Universidade Federal de Minas Geraes nas pessoas do reitor ,o democrata, Ronaldo Tadêu Pena e a vice reitora ,a republicana e defensora das liberdades democráticas Heloísa Maria Murgel Starling. Ao tentar sair do prédio do IGC um estudante recebeu "voz de prisão" com a "justificativa" de desacato à autoridade. Indignados, estudantes, professores e demais trabalhadores presentes, gritaram palavras de ordem pedindo a soltura do estudante. A PM exaltou se e começou a enfrentar os manifestantes, agredindo-os com cacetetes e "coronhadas" . Durante o tumulto causado pela Reitoria/PM uma das viaturas avançou em marcha-ré sobre os manifestantes derrubando alguns deles. O objetivo da ação era reprimir uma sessão comentada de cinema, na qual seria apresentado um filme sobre a legalização da Maconha. Uma estudante de medicina precisou ser levada ao Pronto Socorro João XXIII. Cerca de 30 estudantes foram levados para fazer exame de corpo- delito.

Perguntamos: É esta Universidade que a sociedade precisa? Uma Universidade onde evita se o debate convocando a POLÍCIA? Armas, botas, camburões impedindo a arte , o saber. Lembra alguma coisa? Lembra algum estado de coisas? Mas não passou? Não! Hoje o filme não passou no IGC!!! Os militares voltaram a interferir na autonomia da Universidade.

A Reitoria da UFMG(devidamente amparada pela PM-MG) repete sua prática autoritária, ditatorial. Encontros estudantis não podem ser realizados na UFMG, pois estudantes de outras Universidades não podem alojar-se nos prédios de nossa Universidade. A reitoria pratica a "política do pires". Ou as administrações das unidades concordam com a Reitoria ou não têm recursos para os seus projetos. Com essa política a Reitoria tem conseguido um impressionante "consenso". Apenas duas diretorias "ousam" manifestar se contra ações propostas pela administração central. Na UFMG, vários estudantes estão sendo ameaçados de jubilamento por Lutarem por uma Pró - Reitoria de assistência estudantil. O DCE e alguns DA'S receberam "multas"
por causa de suas posições políticas.
No dia 28 de março comemoramos 40 anos da morte do estudante Edison Luís morto em manifestação contra a ditadura militar. A reitoria da UFMG comemora a data convocando os militares novamente a invadir o campus.

Não podemos e não vamos nos calar. Convocamos a Toda(o)s a comparecer amanhã, às 07:00hrs, na praça de serviços do campus Pampulha. Para organizarmos as manifestações que ocorrerão durante o dia. A Universidade não pode seguir como se nada tivesse acontecido.




DCE-UFMG/DA- ICB/DA-FISIO/ DA-T.O/DAMAR/ CONLUTE/
ESPAÇO-SAÚDE/
CIRANDA-LIBERDADE/
Estudantes agredidos durante debate na UFMG
Estado de Minas
Pelo menos uma estudante universitária ficou ferida e outro foi detido, na sexta-feira à noite, durante um debate no Instituto de Geociências, no câmpus da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). O evento, organizado por alunos da escola, discutia a legalização da maconha, com base na exibição de um filme sobre o assunto.

Pelas informações iniciais, policiais militares entraram no câmpus, cercaram o prédio, no qual estariam cerca de 200 alunos, alguns em aula, gerando clima de tensão. A estudante que teria sido atingida sofreu ferimento na cabeça e foi socorrida no Hospital de Pronto-Socorro João XXIII.

quinta-feira, 3 de abril de 2008

George W. Bush e a suspensão momentânea da democracia

Para variar, do ótimo blog do Pedro Dória.

George W. Bush e a suspensão
momentânea da democracia

Em fevereiro, o governo norte-americano levou à Justiça acusações formais contra Khalid Sheikh Mohammed e mais cinco homens presos na Base de Guantánamo. Todos fazem parte da cúpula da al-Qaeda e estão diretamente relacionados com o planejamento e a execução dos ataques de Onze de Setembro, alega Washington. Um tribunal irá decidir.

Enquanto isso, o Reino Unido já julgou e sentenciou quatro homens ligados a um ataque frustrado ao metrô de Londres em julho de 2005. Outros três homens que, no mesmo mês, concretizaram outro ataque ao metrô estarão agora em março perante um juiz. Demorou apenas porque foram presos no fim do ano passado. Dos 28 indiciados como participantes dos ataques aos trens espanhóis em março de 2004, 21 foram já condenados. A Indonésia já julgou e condenou os quatro homens presos pelos ataques a Bali, em outubro de 2002.

Até a Justiça da Indonésia parece mais eficiente do que a norte-americana – neste caso.

A questão é importante porque uma Justiça eficiente e rápida é um dos pilares básicos da democracia. A partir do momento em que alguém é preso, uma acusação formal deve ser produzida pelo Estado e um julgamento posto em marcha. É verdade que os Estado precisa de tempo para uma investigação que possa levantar provas. Mas é justamente aí que entra a eficiência da Justiça: a capacidade de investigar rápido e levar provas ao tribunal. Quando alguém é preso indefinidamente e o Estado leva todo o tempo que deseja para angariar provas, a democracia fracassou.

Na última edição da New York Review of Books, o veterano repórter e advogado Raymond Bonner lembra que não são ongs ou grupos de direitos civis que cobram esta eficiência em relação aos homens presos em Guantánamo. São os próprios advogados militares. Pelo menos um deles, o coronel Lawrence Morris, sugeriu ao governo Bush produzir julgamentos públicos no estilo Nuremberg para toda a alta-chefia da al-Qaeda. Revelaria ao mundo a extensão exata da conspiração para produzir ataques mortais.

Mas deixar claro o que a al-Qaeda fez e faz e o que nada tem a ver com ela não está, nem jamais esteve, entre as prioridades do governo Bush.

A primeira tentativa de julgar os acusados pelo Onze de Setembro foi a criação de comissões militares instituídas pelo Pentágono que ouviriam cada caso e o julgariam. Os juízes encarregados poderiam considerar como provas o que bem entendessem e descartar o que não quisessem. (Boato valeria se o juiz quisesse.) Nenhum condenado teria autorização de recorrer a uma corte superior. O governo britânico se recusou a colaborar – era patente que não havia Justiça formal ali. As comissões chegaram a iniciar seu trabalho. Foram interrompidas pela Suprema Corte dos EUA. Inconstitucional. Evidentemente.

Há duas novidades na praça. A primeira é que, pelo menos para os seis homens da cúpula da al-Qaeda presos, enfim haverá um julgamento. A segundo é que uma nova pessoa estará ocupando o Salão Oval na Ala Oeste da Casa Branca em janeiro de 2009. Aí, saberemos mais sobre como agiu, e com que métodos, o atual governo entre o ataque às Torres Gêmeas e hoje. Khalid Sheikh Mohammed, por exemplo, foi preso no Paquistão em março de 2003, transferido para algum lugar misterioso e, em setembro de 2006, levado a Guantánamo. Onde esteve durante todo esse período? Por quem foi interrogado? Com que métodos?

Bonner entrevistou Mamdouh Habib, um egípcio de cidadania australiana preso no Paquestão, em outubro de 2001. Ele contou que, no Paquistão, foi interrodado por ‘uma mulher de trinta e tantos que falava inglês com sotaque dos EUA’. Foi torturado com choques elétricos. Transferido para o Egito, apanhou de seus captores. Após uma temporada em Guantánamo, foi liberado sem que jamais alguém lhe tenha feito alguma acusação formal. Esteve preso por quatro anos.

Guantánamo é uma tragédia. Representa o momento em que o governo do país que inventou a democracia contemporânea decidiu que, em alguns casos, democracia não se aplica. Lei atrapalha. Justiça burocratiza. Ele suspendeu o Estado de direito.

George W. Bush está para sair. Durante seu governo, fez muitos discursos sobre a idéia de espalhar a democracia pelo mundo. Vai demorar muitos anos até que tenhamos total dimensão do mal que ele fez à idéia de democracia.

quarta-feira, 2 de abril de 2008

Recadinho para o Noblat, reportér ou será um dos porta-vozes da impressa golpista

Chega ser patética o fecho da nota do Noblat, segundo ele o senador Alvaro Dias saiu vencedor. Oh Noblat, como diria o nobre Mão Santa, decida: o dossiê circulou para constranger a oposição (ou seja, um recado que o pior viria). Ou ele circulou como bem diz a própria fonte para impedir esse mal, orquestrado por aquela quadrilha alojada no Planalto, comanda pelo nazista Lula e pela galinha Dilma. Sou jovem, mas de tanto ler sinto saudade da época que mesmo a direita reacionária e golpista tinha mais classe para agredir seus adversários. Aliás a incompetência desse governo dá a medida da incompetência da oposição e nisso concordamos.

LEMBRANDO AQUI QUE NÃO VOTEI NO LULA, EM 2006 E TENHO IRRITAÇÃO, SEI QUE A PALAVRA PARECE FORTE MAS É ISSO QUE DE VERDADE SINTO DESSE GOVERNO. MAS A MÍDIA GOLPISTA ME IRRITA MAIS AINDA.
PS:para quem não esta entendendo. Hoje o jornalista Ricardo Noblat, um dos porta-vozes da tucanagem pefelista, ao perceber que cada vez mais o outro lado, cada vez mais raro da imprensa brasileira, o lado sério denunciaria a farsa do famoso dossiê contra FHC. Ele se antecipou e divulgou que na verdade, tudo foi obra do senador Tucano Alvaro Dias (isso mesmo o tucano Alvaro Dias, divulgou um dossie contra seu chefe-mor FHC; tudo como sabemos agora combinado: para desgastar o governo, a ministra Dilma, salvar uma CPI falida, fazer capa na Revista Veja- Revista???? e lógico coloca FHC na mídia novamente e como vítima). O ridículo é que no texto Noblat transforma o algoz em vítima, dá os parabéns ao senador entre outras coisitas. Ocorre que esse elogio vai contra a própria lógica do texto do Noblat e a fala do senador. Uma graça, ai não aguentei e tive que mandar a mensagem acima para o dito repórter e aproveitei para citar outra nota dele referente a uma fala do magnanimo Mão Santa que chamou uma ministra de estado de galinha e o presidente de nazista. Ainda bem que o senado existe ...afinal não existe sociedade sem o riso.

Algumas palavrinhas sobre futebol e poesia para toda parte

Hoje assisti Fernebach da Turquia versus Chelsea de Londres, os Blues. E é ótimo perceber que o Cruzeiro de 2003 continua dando alegrias e esbanjando futebol. Pena mesmo é pensar que Dracena, Maldonado, Alex e Deivid, ou seja a espinha dorsal do Ferner poderia ter continuado por aqui sendo a espínha daquele maravilhoso time.
Dá-lhe ALEX 10, o maior jogador do Cruzeiro pós Dirceu Lopes e Tostão e devido ao tamanho atual da torcida, o mais amado de todos os jogadores da história do Cruzeiro.
ABAIXO EXATAMENTE A EMOÇÃO QUE SINTO CADA VEZ QUE ENTRO NO MINEIRÃO. NO BELO TEXTO DE BRUNO QUIRINO.


Emoção

Por BRUNO SILVA QUIRINO


Já ouvi e li muita gente comentando a emoção de ver um gol do seu time no estádio.

A festa da torcida, a corrida do jogador em direção à arquibancada, o festejar das bandeiras etc.



Como frequentador do Mineirão, não contesto o posto do gol como momento maior da emoção do torcedor.

Mas ouso alertar: quase tão impactante é um outro instante.



Refiro-me àqueles últimos segundos antes de ganhar as arquibancadas. Os derradeiros degraus...


É necessário retornar um pouco no tempo da narração para evidenciar o quão intenso é este instante, sob pena de ninguém compreender.


O primeiro disparar do coração ocorre, para quem vem do interior, quando se faz aquela curva do shopping, pegando a Avenida Catalão, reta final pra chegar na Pampulha.

Ali, você sente que está indo pro jogo.

Os carros em fila, torcedores buzinando, acenando, balançando bandeiras e gritando o nome do time. Enquanto isto ouve-se os comentários esportivos no rádio.


Daí pra frente você respira futebol.

Nada, no mundo, é mais importante que seu time.

Pelo menos durante aquele trajeto.

Você só quer chegar logo, estacionar o carro, caminhar até o portão de acesso. Você entra, passa pela revista da PM, sobe os primeiros lances de escada.



É aí que começa a coisa.


Você não pára de andar, mas o mundo pára.

Seus olhos estão vidrados ante a expectativa do que há porvir em tão pouco tempo.

Degrau por degrau, você já sabe o que o espera.

Ainda assim, mesmo sabendo que não há surpresa na imagem que verá, o coração não entende.

Para ele, é a primeira vez.


Primeiro você vê a torcida do lado de lá, fazendo festa.

O gramado vai surgindo aos poucos.

Se o jogo é noturno, tudo é mais bonito ainda.

O contraste da grama verde com o céu negro é de arrepiar.

Sobe mais um pouquinho e agora, sim, a visão é completa.

O retângulo está todo visível.

Você, estático, só sabe olhar para o verde, para o negro.

Acima, o círculo da cobertura do estádio realça o mar de estrelas.


É um longo, divino, inexplicável momento de contemplação antes de tomar seu lugar nas arquibancadas