quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Dúvidas sobre a crise

A crise, a crise. A malfadada crise chegou. Enfim!!!chegou. Tanto a quiseram que ela veio. Sobre essa crise me paira uma dúvida de leigo. Como pode se estar em crise quando a maioria da empresas e todos os bancos fecharam o ano com superavit financeiro, em alguns casos com recorde de produção e comercialização? Tal como Eremildo, continuo idiota e sem entender nada.
Vejo na TV, ouço no rádio, leio nos jornais e na net que a industria automobilística esta em crise. Resultado da crise: férias coletivas, acordos trabalhistas e demissões. Mas como assim, pois li, ouvi e vi nestes mesmos órgãos que ano passado foi o melhor ano da história da industria automobilística brasileira, nunca se vendera tanto carro. O mesmo ocorre com a Vale, anos e anos batendo recordes de produção e de lucro, a maior mineradora do mundo!!! e coisa e tal, e recorde, e mais recorde de lucro, costumamos com notícias como essa, mas assim que se pronuncia a crise, a Vale é assim que ela deve ser chamada segundo seus proprietários, demite só em Minas mais de 3000 funcionários.
Ainda sobre a crise leio que esta em curso uma série de medidas e acordos entre patrões e empregados. Acordo, como manda a nossa boa tradição de civilidade e de povo cordato: ou seja, aquele em que os patrões (maldito modo demode de denominar essa classe, perdão, perdão duplo não é patrão é empresário e não se trata de uma classe e sim de uma família. Família Vale, Família Usiminas e assim sucessivamente) dizem aos empregados (desculpem-me de novo, é o cachimbo que faz a boca torta, digo sócios, familiares, ou no máximo no caso daqueles empresários antiquados: funcionários): ou vocês aceitam cortar os salários, perder benefícios ou então serão demitidos. Que dizer, dizer, dizer mesmo eles num dizem a coisa é toda mais cordata. Mas esse tipo de negociação, atenção para os termos são muito importantes nestes quesitos, negociação faz todo sentido. Se Eremildo e Eu não entendemos é porque somos mesmo idiotas. Tanto que o Simon Schartwman (que não se escreve asim, faltou nesse caso dezenas de consoantes) afirmou, sendo porta-voz da tucanagem acadêmica - aquela que nunca erra e mais iluminada do que as outras, pois fa especializações na América-que estamos diante de um excelente momento para fazermos reformas dolorosas mas necessárias*. Afinal família serve é para que? Para ajudar os seus nos momentos de crise. Pois bem, apesar de idiota aprendi que perguntar não ofende? Então vamos lá: em uma sociedade ou em uma família não deveria ser tudo na camaradagem? Poderia funcionar assim: os lucros exorbitantes das épocas de vacas gordas, como nos últimos 06 anos, poderiam ser utilizados agora no momento de crise, afinal família é para isso mesmo.
Mas como sou idiota continuo não entendendo nada, por que será que o governo não aplica em atividades produtivas e que criem empregos ? Por que o governo ao invés de salvar empresas pesadas e antiquadas não investe em setores mais dinâmicos e menos predatórios? Ou será que é outro negócio de família? Li um dia desses que primeiro o governo do operário Lula, que dizer do membro da família Wolks, resolveu dar duas maozinhas para a Votorantim. Segundo dizem, por ai, pelo menos li isso no blog do Noblat (que todos sabemos ser um esquerdista radical e revolucionário) que: " É assim. Um grande agente econômico privado administra mal suas contas, mas fecha o balanço devido a salvadores e generosos aportes dos cofres públicos. No dia 9, o Ministro Guido Mantega anunciou a compra de 49,99% do Banco Votorantim pelo Banco do Brasil. E, nesta terça-feira, o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, revelou que injetaria R$ 2,4 bilhões para a Votorantim Papel e Celulose (VCP) comprar a Aracruz Celulose, que de forma secreta contraiu uma dívida de 2,13 bilhões de dólares porque apostou no dólar barato e fez desastradas transações com derivativos cambiais."
Pois bem, como além de idiota gosto de perguntar, lá vão mais duas: Por que o governo não obriga os bancos a emprestarem suas imensas reservas frutos de negócios mais lucrativos do que a dos estelionatarios? Assim ao invés de especularem e ganharem burras e mais burras no mercado financeiro que não distribui renda e emprego e, que somente concentra mais renda nas mãos de poucos, os banquerios ajudariam a enfrentar a tormenta da crise. Mas seria pedir demais para o setor financeiro. Nunca se sabe nesse setor quem é quem. Por exemplo, quem é banqueiro e quem é mafioso. Dantas é o que mesmo? Desse setor só confio nos especialistas neutros que dão opiniões isentas no Jornal Nacional, ainda que funcionários de grandes bancos investidores no cassino chamado bolsa e com interesses cruzados e legítimos em dividir sua opinião conosco os leigos. Lá fora, os Estados Unidos Socialistas da América (Você já leu vários textos aqui no blog a respeito) inventou o processo, que logo foi seguido pela Europa, de socialização do prejuízo e privatização do lucro. Mas como o espírito criativo do brasileiro, que alguns chamam de jeitinho, não poderia falhar já fizemos nossa adaptação: aqui como lá privatizamos o lucro e estamos a socializar o prejuízo, mas nossa peculiaridade é que nem se precisa efetivamente estar em crise para dividir os prejuízos. Aliás pensando bem, no Brasil privatizar o prejuízo é coisa antiga, coisa nossa, tradição igual o samba, a feijoada,etc.
*Fico a pensar comigo como são geniais estes meus colegas sociólogos, o caso do Simon é exemplar ele é especialista em educação, renda, trabalho, sindicalismo, reforma da previdência, questões afirmativas e etc. E ainda sobra tempo de tomar chá junto com o restante da intelectualidade paulista, os tucanos bem pensantes. Turma das boas que conta ainda com outro mineiro-paulista Bolivar Lamounier, Eunice Durham e etc,etc. Tutto bona gente, tutto multiespecialistas e principalmente suas opiniões caem como luva para o eixo Fiesp-Estadão-Folha de S. Paulo.

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