quarta-feira, 10 de setembro de 2008

A Ciência, a origem de tudo e minha empolgação


Para começo de conversa não tenho muita paciência com a ciência. Não tenho paciência com a falácia da neutralidade da ciência. Da idéia de que o fazer científico é objetivo. Por outro lado me desgosta bastante a arrogância da ciência com sua idéia de verdade única, ou melhor dizendo como se a sua verdade fosse mais válida do que as outras verdades. De modo que, apesar de historicamente rivalizar com a religião, a ciência, ela própria se comporta como uma religião.

Acredito que por trás do palavrório de neutralidade, objetividade, verdade veríficavel etc a verdadeira característica da ciência é ideológica. Em minha dissertação escrevo que "Os cientistas (atores) e seus discursos encontram-se sempre em um contexto de luta, quer no campo teórico quer no campo político.(...) Tal como afirmou Bourdieu (1989), trata-se de lutas de classificação pela legitimação de uma posição. Com base nessa afirmativa, verifica-se que conflitos epistemológicos são sempre políticos, isto é, as lutas classificatórias são lutas de poder transmutadas em questões epistemológicas, e as epistemes são os diferentes modos políticos de se lidar com um tema."

A idéia de autenticidade da ciência deve ser revista e não pode ser entendida como a verdade absoluta, deve ser questionada, pois trabalha-se com “ficções”, não no sentido de falsidade, mas no sentido de algo feito, construído.

Mas tudo dito acima, só serve para mostrar minha desconfiança em relação ao discurso dominante na ciência ou mesmo sua crítica a religiosidade quando na verdade ela própria trata-se de uma. Para ser honesto, não gosto nem mesmo desses programas científicos da TV a Cabo. Até me sentia mal quando era mais novo, pois ao contrário da maioria dos amigos nunca me empolguei com astronomia e coisas do tipo. No entanto, agora me pego a percorrer o caminho oposto? Nunca antes (dando uma Lulada) tinha me empolgado tanto com uma possível descoberta científica como essa da origem de tudo, chamada tão apropriadamente de a partícula de Deus. E agora refletindo sobre esse avivamento dos últimos dias com essa possível descoberta chego a conclusão de que não estou indo em caminho contrário, na verdade todo o meu empolgamento como bem percebeu Durkheim e Mauss tem um que de religiosidade. Ou seja, o que me empolga nessa possível descoberta científica não tem nada de racional, portanto de científico se entendermos a ciência tal qual a maioria que crítico acima, é puramente mágica. O que me empolga é a possibilidade de descobrir a origem de tudo, tão bem nomeado de partícula de Deus. Ou seja no fundo no fundo é mesmo de fé que estamos falando e de suas lutas de classificação pela legitimação de uma posição. No fundo, no fundo a nossa existência é mágica, eja ela criada por uma deidade, seja ela criada através de um big ben. Afinal qual a diferença entre o big ben e a criação do mundo em sete dias, ou da reunião da separação entre ceus e terras promovidas por Olorum?

Nenhum comentário: