domingo, 10 de janeiro de 2010

O Plano Nacional de Direitos Humanos, o jornalismo brasileiro e as eleições

Estamos a ver uma verdadeira celeuma, ou melhor, uma guerra contra o "monstro da censura". Senhoras e senhores não se enganem as eleições já começaram e a grande mídia ferozmente já tomou sua posição de guerra. A mesma mídia, que segundo um colaborador do site do Luís Nassif cometeu pelo menos 12 grandes (aqui são grandes mesmos) pataquadas durante o ano que se passou. A mesma mídia que se recusou através de seus órgãos representativos participar da democrática e cidadã Conferencia de Comunicação, a mesma imprensa que se chafurdou e bebeficou-se com os censores e a censura de outra época, esta mesma mídia vem agora golpear o Plano Nacional de Direitos Humanos discutido e debatido também de forma democrática e cidadão.
O que essa mídia quer é eleger aqueles que defendem seus interesses. No Jornal Nacional pelo menos tem-se o mérito de não esconder o jogo, as favas com as regras do bom jornalismo, as favas com o contraditório, as favas com parcimônia e o equilíbrio, lá o negócio é chumbo grosso mesmo. É atacar a todo custo o Plano Nacional de Direitos Humanos visto que este, como disse matéria do Jornal “é fruto de um Estado que é o maior violador destes mesmos direitos” ora tal afirmativa trata-se de truísmo. O que importa mesmo, para estes é o plano macula o direito – falta pouco para eles utilizarem tais palavras – sagrado e natural da propriedade privada, da família e da moral. Vê-se que no fundo eles ainda estão no começo dos anos 60 por isso mesmo tão familiarizzado pelo monstro da censura. E para se sentirem mais em casa além de torpedear tamanho abuso de um Plano que fala em negociação com movimentos sociais e ousa falar em regulação da atividade da mídia (regulação esta que existe nos EUA, Inglaterra, França, Itália, Alemanha...), a nova fixação desta mesma mídia são as crises militares, nos últimos 10 dias já foram pelo menos duas crises. O interessante é que tais crises não se sustentam e nem encontram ecos. A ironia maior de todo esse movimento é que segundo o Datafolha, o editor (e isto faz toda a diferença ele não é um ventríloquo a narrar notícias e sim o editor destas notícias) Willian Bonner é a personalidade que recebe da nossa população a segunda maior nota na escala de "confiabilidade" entre todos os brasileiros.
É por esas e por outras que o esperto Willian chama seus telespectadores de Hommer Simpson. O pior é que tal comparação encontra eco neste resultado. Faz todo sentido com o resultado desta pesquisa. É triste ou não é nossa sina. O Willian Bonner é tão confiável que no dia que o Le Monde, o principal Jornal da língua francesa, pela primeira vez em sua história escolhe uma personalidade para simbolizar o ano: Lula. Tal fato noticiado em todos os veículos de comunicação tornou-se uma não noticia no Jornal do Willian; isso mesmo o JN simplesmente ignorou tal notícia que não entrou na pauta do telejornal. Ora notícia é notícia e disso até eu que não sou jornalista sei. Tanto faz o que acho do LULA e quem lê o Blog sabe o quanto sou critico do governo Lula (critico a sua esquerda). O fato é que ser escolhido o homem do ano e os motivos para tal escolha em um respeitado Jornal referência em uma cultura como a francófona é notícia. Portanto não se preocupem com o monstro da censura pois ele tem um rosto simpático e confiável para os brasileiros.
Para finalizar nós os leitores como sempre censurados que somos pelo monstro da censura interna da grande mídia continuamos perdidos, pois até agora (sábado 09 de janeiro) não vi, ouvi ou li nenhuma matéria explicativa e expositiva sobre o Plano de Direitos Humanos. ouvi, li e vi somente a opinião da Confederação Nacional da Agricultura, do DEM, dos donos da mídia, etc. Espero que o jornalismo não se torne “o mais baixo da escala do trabalho", em homenagem a outro grande jornalista, editor e ancora do jornalismo brasileiro. Aqui a referência é propositalmente agressiva como foi o dito pelo jornalista, agressivo e preconceituoso, pois como ensinou Paulo Freire não importa a titulação que a pessoa possui, mas o que ela tem a oferecer a uma discussão.

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