sábado, 17 de novembro de 2007

Reflexões a partir de "Diferentemente igual"


Engraçado essa coisa de lermos um texto e este logo nos obrigar a refletir e quem sabe escrever sobre o impacto deles. Isso é sinal de que um texto é muito bom. E ultimamente é isso que acontece quando visito blog de alguns amigos. Grande privilégio. As reminiscências abaixo, e portanto, enquanto reminiscências bastante vagas... reflexões são fruto do ótimo texto "Diferentemente igual" do blog Diverjo. Esta cada vez melhor ser um divergente.

"Diferentemente igual" é um texto bem legal. É engraçado essas coisas do tempo, ainda esses dias estava invadido por uma certa nostalgia, pois no último sábado fizemos um encontro de formandos do estadual Central, 1999. Nossa, pqp já faz tanto tempo, a maioria das pessoas não se via desde então, desde o dia da missa de colação... isso sim é incrível, como essa cidade grande nos torna também pedra. Na verdade dos amigos, amigos mesmos da época de colégio praticamente não foi nenhum (a não ser um, mas esse é amigão então não conta), mas a verdade é que amigos, amigos mesmos eu tive muitos poucos no Estadual, no entanto amizades nossa fiz muitas (e não me pergunte essa incoerência, pois agora não tenho tempo de explicar a diferença entre elas); mas que bom encontrar os conhecidos, mas o melhor mesmo foi relembrar o Estadual, foram sete anos lá, uma vida e que vida... o Estadual esse sim era uma Escola, para a vida (me desculpem o cliche, mas é verdade). As pessoas as vezes falam da Fafich, da liberdade, da diversidade, quanta besteira, o Estadual era muito mais diverso e foi lá que aprendi a viver e respeitar o diferente. Aliás foi lá que senti grande parte das alegrias, aflições e ... por que não hormônios. O fato é que o tal encontro foi muito bom, me permitiu, por exemplo encontrar um colega com quem havia estudado da quinta a oitava série... e que no segundo grau acabamos nos afastando pela imensidão do Estadual, sim por que o estadual são duas imensas quadras completas (o colégio começa no Santo Antônio e termina no Lourdes, rs,rs,rs) e ao longo das muitas, muitas cervejas fomos relembrando nossa história no velho e bom Estadual Central de guerra, que já foi o celeiro de políticos, esportitas, artistas, bohemios da nossa capital... ah bom isso nos velhos tempos, mas eram esses espectros que nos acompanhavam enquanto estivemos lá os vultos do ex-governadores, dos importantes médicos e advogados, escritores que por lá passaram, a imponência da obra arquitetônica de Oscar Niemayer, enfim as suas 7 quadra, piscina olímpica. Ah como era boa aquela época e sabíamos que ela era boa. E a Savassi, a sensação de estarmos nos descobrindo ao descobrir a cidade... por isso até hoje gosto de ver os moleques na praça da Savassi já fui um deles... ainda que não existisse naquela época essa coisa Emo. A nossa rebeldia era roubar chocolates e gulosemas nas lojas de doces da Savassi, andar de ônibus sem pagar, sim pq na minha época de 11 e 12 anos se entrava pela porta dos fundos e por lá mesmo descíamos para não pagar o ônibus... descíamos, as vezes com o ônibus andando ou então o motorista ou o trocador fechavam a porta... grande adrenalina, hj é engraçado más na época era super divertido...
Hoje quando já estou a terminar a dissertação, durante essa semana fiquei um tanto quanto assim,assim, assado misturado com essas lembranças e olhando para o futuro. Fiquei pensando no quanto tudo isso tem haver com o Estadual e fiquei pensando no quanto tudo isso é fortuito, afinal ... vamos e venhamos até meu terceiro ano não fazia mínima idéia do que seria Ciências Sociais e hoje sou um verdadeiramente apaixonado por essa tal de antropologia. Mas no fundo o tanto que isso tem haver com o estadual, sei lá tem um tanto de Estadual na antropologia que faço... um tanto de rebeldia que eu aprendi lá.
Assim vagueando entre as boas lembranças o presente e o futuro que sei lá como vai ser só posso dizer que fui muito feliz na E.E.G.M.C!! Sim essa era a alcunha do famoso Estadual Central. Foi muito bom ter estudado em uma escola com formas de régua, borracha, auditório mata borrão, caixa dágua giz; mas melhor mesmo era começar jogar bola as oito da manha e só parar por volta das três da tarde, isso mesmo...
Ah para os curiosos essas lembranças todas me levaram a uma pesquisa no Orkut e lá se encontra cerca de 10 comunidades sobre o Estadual, no mais vale pelo menos a visita a obra arquitetônica, já que os grandes professores lá já não mais estão, mas foi muito bom ter tido aula de basquete com o Papagaio, ele mesmo que foi membro da comissão técnica da seleção brasileira de basquete, ex dirigente da confederação brasileira de basquete, ex-presidente da federação mineira de basquete, sim era esse o nível de alguns professores, isso por que o Estadual já estava na decadência.
E para terminar como não citar uma das minhas maiores emoções, a peça Morte e Vida Severina em pleno sábado de discussão promovido pelo Grêmio, do qual era simpatizante. Afinal parece é que eles tinham razão votar para que. Era a galera da Rebelião.

Um comentário:

Anônimo disse...

O mais legal destas "voltas" ao passado é que estas reminiscências se tornam apenas uma referência parcial para reflexões, muitas vezes desconexas. Elas já não são mais as mesmas, claro, pelo simples fato de que as vemos com os olhos do presente, do que somos hoje. E mais tarde as veremos, novamente, de outras formas.

Gosto destas viagens...

Muitas vezes, durante nossos processos de pesquisa, ficamos estimulando nossos interlocutores a fazerem estas viagens e cobrando deles uma reflexividade quase que instantânea. Por isso é que o ideal é que o tempo de pesquisa seja o mais longo possível. As pessoas não só não se lembram de tudo ao mesmo tempo, como não conseguem processar muito bem o pouco que lembram. Pelo menos não da forma como, ingenuamente, gostaríamos.

Lembrar junto, apesar de um tanto quanto caótico para um processo de pesquisa, muitas vezes é bastante interessante. Em minhas parcas experiências, recordo bem que as vezes que tive esta oportunidade, de colocar, por exemplo, diversos irmãos em uma mesma mesa, com inúmeras fotografias antigas, ocorreu um orgasmo coletivo no meio da euforia incontida, com todos falando ao mesmo tempo, sorrindo, chorando, enfim, revivendo.

Quando me encontro com meus amigos de infância ocorre mais ou menos a mesma coisa. E aí eu sinto isso na pele.

E o mundo segue rodando...