sexta-feira, 23 de novembro de 2007

midia e a questão racial

Ótima matéria do site do Azenha. Link ai do lado. Detalhe selecionei trechos da matéria, bem como o título acima não é o do original. Para vê a matéria inteira, vá ao site do Azenha.

Onde é que a Fox e a TV Globo se cruzam? Na questão racial, por exemplo. A repórter Tatiana Farah, de "O Globo", publicou a seguinte reportagem:

"Situação do país choca relator da ONU
Tatiana Farah
O Globo
26/10/2005
A combinação de racismo, violência e pobreza provocou espanto no relator especial da ONU para Formas Contemporâneas de Racismo, Discriminação Racial, Xenofobia e Intolerância, o senegalês Doudou Diène, que está no país há mais de uma semana para elaborar um relatório.

— O choque que tive ao me encontrar com comunidades afrodescendentes e indígenas foi o vínculo entre racismo, pobreza e violência — disse ele.

O relator vai propor que o Brasil crie um plano de combate ao racismo, em que as ações afirmativas, como as cotas para negros nas universidades, estendam-se a todos os setores, inclusive na política. Hoje, os partidos são obrigados a reservar vagas para mulheres se candidatarem.

— O Brasil vive dois mundos. Tem o mundo da rua, multicultural, vibrante e multirracial, que é a imagem que temos do país no exterior. Mas no que se refere às estruturas de poder, político, econômico, social e midiático, o país é diferente, caracterizado pela ausência das comunidades afrodescendentes e indígenas— afirma o relator.

Em Salvador, não há negros na estrutura de poder

Como exemplo de um país de dois mundos, o relator citou Salvador, onde não há negros na estrutura do poder, mas que faz uma verdadeira apologia à cultura negra e à diversidade cultural nas ruas.

Hoje, Diène se encontra com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em Brasília, para repetir as três perguntas que fez às comunidades afetadas pelo racismo e aos dirigentes políticos, judiciários e policiais de São Paulo, Rio, Brasília, Recife e Salvador: existe racismo no Brasil? Quais as manifestações do racismo? Quais as soluções?

O relator contou que altas autoridades disseram que o Brasil é uma democracia racial e que essa é uma questão superada, bastando olhar os campos de futebol para ver os jogadores negros. Ele afirmou ter ficado assustado com parte das autoridades que tenta mascarar a realidade, embora a maioria tenha admitido o racismo.

Diène citou uma pesquisa brasileira em que negros afirmaram ser brancos para explicar a gravidade do racismo.
— Quando há a negação de si mesmo é porque a ferida do racismo é muito profunda— lamentou Diène, que apresentará seu relatório em março, na 60 Sessão da Comissão de Direitos Humanos da ONU.

Boa vontade não garante soluções para o problema

Para Diène, a boa vontade do governo, da Justiça e da Constituição em promover a igualdade racial esbarra na falta de engajamento dos segundos e terceiros escalões de poder.

— Somente as ações afirmativas podem corrigir a invisibilidade promovida pelo racismo — observou o relator.
Diène lançou perguntas:

— Nas comunidades indígenas, as pessoas não acreditam em mais ninguém. Só em Deus. Porque seus líderes foram eliminados impunemente. E vendo o número de jovens negros exterminados, eu fico espantado: como pode ter tanta violência e tanta impunidade?"

Porém, as posições de Dodou Diène divulgadas por "O Globo" foram suprimidas na TV Globo. A reportagem sobre as constatações que ele fez no Brasil foi censurada no Jornal Nacional, uma vez que não combinava com a política editorial da emissora, segundo a qual não existe racismo no Brasil e as cotas raciais podem contribuir para o acirramento das disputas entre brancos e negros.

[Diène é formado em Direito pela University de Caen, na França; é doutor em Direito pela Universidade de Paris e tem diploma em Ciências Políticas do Institut d'Études Politiques, de Paris; Barack Obama é formado em Direito pela Universidade de Harvard, nos Estados Unidos]

William Waack, Carlos Alberto Sardenberg, Monica Waldvogel, Elaine Bast, Ernesto Paglia, Arnaldo Jabor, Lúcia Hippólito, Demétrio Magnoli, Renato Machado e Miriam Leitão fazem parte do grupo que faz propaganda de diferentes aspectos da política editorial da família Marinho. Alguns, por convicção ideológica. Outros, para garantir o emprego. E há os que são casados com o "mercado tucano" ou com "o futuro profissional", ou com o promissor mercado de palestras "para falar mal do Lula".

Não importa a realidade, a TV Globo se atribuiu o direito de "selecionar" as notícias e opiniões que se enquadram na visão classe média Zona Sul do Rio de Janeiro, segundo a qual não existe racismo no Brasil, nem violência policial contra favelados.

Olhem aqui como a Fox americana atua, para entender melhor como a TV Globo, com as devidas sutilezas de uma emissora que tem muitos negros e mestiços como telespectadores, atua no Brasil.

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