MÍDIA DE PORRE
JORGE KAJURU
ESPECIAL PARA A FOLHA
Como é bom recordar artigos do Tostão. Em "Papai Noel eletrônico", vibrei quando ele imortalizou: "No mundo moderno ou pós-moderno, da cultura, da vulgaridade e do exibicionismo, vende-se de tudo, principalmente a própria imagem. Quem não aparece não se vende, não tem prestígio, nem fatura. O importante não é fazer bem e sim vender bem. Às vezes, percebendo ou não, vende-se também a alma. São jornalistas virando garoto-propaganda, exercendo dupla função".
A lembrança do que definiu Tostão deve-se a outro artigo, de Marcos Augusto Gonçalves nesta mesma Folha. Mag, do time ético de Tostão, discute o papel de Ronaldo como garoto-propaganda de cerveja. Proponho o debate sobre a mistura de jornalismo com publicidade na TV. Há diferença entre jogador e jornalista na venda de cerveja? Sim, o jornalista não é artista e sobrevive de sua opinião e credibilidade.
O jogador vive dos pés, não da boca. Tem algo mais antiético ou imoral do que chamar o conhecido Parque Antarctica de Parque Schincariol só porque sua emissora tem patrocínio da Schin? Infelizmente jornalismo esportivo de verdade é raridade na TV. Muitos se embebedaram de vez, e os poucos que recusam esse tipo de porre logo poderão ser chamados de estranhos ou de dinossauros, como concluiu Tostão.
Prefiro a pré-história.
Jorge Kajuru, 43, é apresentador do "Esporte Total" da TV Bandeirantes
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