segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Chapa que combatia cotas apanha (no voto) na UFRGS


A chapa que combateu as cotas com algumas manifestações consideradas racistas pelos adversários foi derrotada na maior eleição da História recente no Diretório Central de Estudantes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

A chapa 1 obteve 55,3% dos votos, contra 31,6% da chapa 3, formada pelas juventudes de partidos como o PFL, PSDB, PMDB, PPS, PDT, PP e um estudante que se dizia fascista. A chapa 2, "Quem vem com tudo não cansa", teve 3,9% dos votos e a chapa 4, "Roda Viva", obteve 9,2%. Houve 5.042 votos.

"Eles cresceram muito durante o período em que foram aprovadas as cotas na UFRGS com um discurso que abria larga margem a manifestações racistas, que de fato ocorreram com frequência: desde pichações no campus da Universidade a declarações de trote segregado ano que vem, estudantes que queiram cartão 'personalité' e diploma vip", explicou um integrante da chapa vencedora, a "Todos Iguais, Braços Dados ou Não", que consegue sua quarta vitória consecutiva.

Segundo Rodolfo Mohr, a eleição mostra que "estudantes de todos os cantos do país estão rechaçando a burocracia e o retrocesso dos DCEs, como vimos nas recentes vitórias de chapas comprometidas com a Educação Superior Pública e de Qualidade na Universidade Federal de Santa Catarina, Universidade Federal do Paraná, Universidade Estadual de Maringá, Universidade Federal do Rio de Janeiro e Universidade Federal de Minas Gerais.

Publicado em 26 de novembro de 2007

Embora não haja relação direta entre os dois assuntos, é bom ficar de olho na ascensão dos extremistas na universidade brasileira.

Vem lá de trás e está crescendo. A "Folha de São Paulo", no dia 08/06/2005, publicou o seguinte texto de Léo Gerchmann:

"A atuação de grupos neonazistas no Rio Grande do Sul, detectada e apurada pela polícia gaúcha há dois anos, chegou à universidade pública federal. Sindicância da UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) investiga o aluno de ciências autuariais Gabriel Marchesi Lopes pela disseminação do anti-semitismo e intenção de usar a presidência do diretório acadêmico para ajudar a financiar um clandestino Partido Nacional-Socialista Brasileiro.

A suposta agremiação, que se autodeclara nazista e atua em Porto Alegre (RS), costumava se reunir informalmente em uma pizzaria no bairro Menino Deus -- mudou de endereço após ter sido descoberta, passando a não manter um local fixo para seus encontros.

Lopes era candidato à presidência do diretório. Renunciou quando seus oponentes apresentaram à direção da faculdade e-mails que assina com conteúdo anti-semita. O aluno reconhece ter redigido e-mail no qual fala em "deter esses odiosos vermes judeus". Nega, porém, o que fala em conseguir fundos.

Segundo a UFRGS, a mensagem é a seguinte: "Caso consiga obter o cargo que estou pleiteando, sei que poderei dar um apoio concreto ao NS [Nacional-Socialista] de Porto Alegre, pois me será disponibilizada uma gama de recursos".

O procurador-geral da UFRGS, Armando Pitrez, cogita a possibilidade de, após a sindicância de 30 dias, o aluno ser expulso, além de processado criminalmente --o caso seria levado ao Ministério Público Federal.

Outros casos

A Folha apurou que há pelo menos quatro grupos de diferentes vertentes fazendo apologia da discriminação étnica, religiosa, racial, contra comunistas, ciganos e deficientes físicos e mentais. "Eles se movem com eficiência. Vem gente do exterior, grupos musicais que tocam para 20 pessoas. Essa rede vem pregando pela internet", disse Jair Krischke, do Movimento de Justiça e Direitos Humanos, que ajuda a subsidiar a polícia com informações.

A reportagem teve acesso a trechos de diálogos no Orkut. Exemplo: "Aqui [Porto Alegre] tem o bairro Bom Fim, onde 70% [pelo que eu sei] dos moradores são de origem judaica. (...) Dá vontade de largar uma bomba nesse bairro."

"Em SP tinham que explodir com aquele maldito Shopping Higienópolis e exterminar todos esses ratos do bairro também, malditos judeus (...)."

"Camaradas, vocês estão muito visados... excluam isto [as mensagens] logo."

"Verdade, duvido que não tenha um judeu lendo tudo aqui... melhor combinar por fora."

No mês passado, também em Porto Alegre, foram indiciados e presos quatro rapazes que se declaram neonazistas, suspeitos de esfaquear três judeus --que já tiveram alta do hospital. Eles negam que tenham participado das agressões. Nas casas deles, a polícia encontrou cartilhas, reproduções de fotos de Adolf Hitler e uma bandeira nazista."

Publicado em 26 de novembro de 2007
Fonte: http://viomundo.globo.com/site.php?nome=OndeTrabalho&edicao=1542

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