sexta-feira, 2 de novembro de 2007

Iô Sô, um belo disco

Sérgio Santos é um mineiro, do sul de Minas, mais precisamente de Varginha. Esse mineiro, é um belíssimo compositor, músico e cantor. Ainda pouco conhecido do grande público brasileiro, esse músico é respeitado, pelos críticos e pelo público mais atento a música, que infelizmente não se toca na maioria das rádios brasileiras. No exterior trata-se de um músico já consagrado, tendo feita até mesmo um show para cerca de 16.000 pessoas na California.

Sérgio Santos começou sua carreira como cantor do espetáculo "Missa dos Quilombos" de Milton Nascimento. A partir daí aperfeiçoou-se como violonista, intérprete, arranjador e compositor. Venceu vários festivais de música do Brasil, como os de Avaré (SP), Juiz de Fora (MG), O Som das Águas, da Rede Manchete e o Festival Carrefour de MPB. Trabalhou como diretor musical, produtor e arranjador para vários artistas. Com o poeta Paulo César Pinheiro, Sérgio compôs cerca de 180 músicas, muitas delas interpretadas por artistas como Leila Pinheiro, Milton Nascimento, Sá e Guarabira, Pena Branca e Xavantinho e Joyce. Os 3 primeiros albuns do artista foram premiados: "Aboio"(1995), que foi indicado ao Prêmio Sharp; "Mulato" (1998), com suas parcerias com Paulo César Pinheiro; e "ÁFRICO – quando o Brasil resolveu cantar"(2002), com participações do Grupo Uakti, de Olívia Hime, Joyce e Lenine, que venceu o Prêmio Rival-BR, como o melhor CD do ano. Este álbum, "Áfrico" foi assim classificado pela Folha de São Paulo "é uma riquíssima coleção de frações melódicas carregadas de sentido e embaladas por batidas que aportaram por aqui junto com os navios negreiros."


Sérgio acaba de lançar seu quinto álbum, denominado Iô Sô, este album está centrado no congado, um ritmo de origem africana cultuado em Minas Gerais. As músicas foram feitas por Santos e as letras são também do artista, que em algumas delas divide a parceria recorrente em sua obra com o sempre afiado Paulo César Pinheiro. Segundo o artista, esse seu disco não é de Congado e sobre Congado, uma homenagem aos tambores religiosos mineiros; dessa forma o cantor, músico e compositor não canta nenhuma das canções entoadas nas festas de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, - a verdadeira devoção negra mineira, aliás se o Candomblé nos permite compreender um pouco da Bahia, o Xangô um pouco de Pernambuco, para se entender a negritude mineira necessitamos compreender o Congado, as Coroas do Reinado Negro das Minas - o autor opta por suas próprias composições, tal atitude demonstar o imenso respeito do autor por essa "religião"; nas palavras do mesmo, não teria cabimento ele gravar canções de Congado, sendo que os Congadeiros o fazem, muito melhor do que ele. Sua opção então, foi trazer um "olhar de fora" sobre os "tambores", que desde sua infância povoa seus pensamentos. Nesse sentido, ele se diferencia de outro compositor, músico, cantor e ator mineiro Maurício Tizumba que trás o "olhar de dentro" do Congado. Nesse sentido, sempre respeitoso, uma das canções é feita exatamente em homenagem a Maurício Tizumba.

Tudo isso para dizer trata-se, aliás como toda a produção desse artista, uma obra prima, uma maravilha sonora para nossos ouvidos. Vá correndo atrás, sinta toda a beleza da realeza mineira.

Para terminarmos mais uma das passagens da Folha de S. Paulo, sobre Sérgio Santos:

"Um mineiro de três discos e um talento comparável apenas à sua discrição e paciência"


Nenhum comentário: