É PORRADA.
O ano era 1986, e o Rock brasileiro jamais seria o mesmo após o lançamento de Cabeça de Dinossauro, um dos 10 maiores discos de Rock do Brasil, na minha opinião. Veja bem Eu disse Rock e não Pop e nem mesmo BRock. Sim Rock em sua vertente crua e suja do Punk.
Segundo o músico e poeta Arnaldo Antunes, ex-titã "Ele foi o primeiro disco em que a gente conseguiu realizar plenamente nosso anseio sonoro". "Com ele, a gente conseguiu definir um público", acrescentou Nando Reis. "É até hoje o disco mais importante da gente", avaliou Tony Bellotto.
O estopim da criação deste álbum redentor na carreira dos Titãs foi a prisão de Arnaldo e Bellotto por porte de drogas, no caso heroína. "Polícia e Estado Violência são respostas bem diretas ao acontecimento da prisão", depôs Arnaldo. Insuflados pelo fato, os Titãs fizeram um disco de idelogia punk que questionava com letras corrosivas instituições tradicionais como Igreja, família e - claro - a polícia. Uma porrada! Para entendermos melhor, vamos aos títulos das músicas, poucas vezes elas foram tão diretas e objetivas. "Cabeça dinossauro" fez uma revolução na música brasileira, ninguém tinha feito ainda algo tão pesado e demolidor e mais que isso, o disco conseguiu um alto índice de vendas:
Cabeça de Dinossauro
AA UU
Igreja
Polícia
Estado de Violência
A Face do Destruidor
Porrada
Tô Cansado
Bichos Escrotos
Família
Homem Primata
Dívidas
O Que
Uma a uma todas as sacro-santas instituições da Sociedade foram sendo dinamitadas. Não se engane, os caras não estavam para brincadeira, cada uma das grandes instituições são expostas com uma crueza admirável, aos poucos o que sobra é uma genuína crítica a Sociedade burguesa, seus afetamentos, modos, comportamentos, mesquinhez e sonhos idiotizados. Não sobra nada de humano após a audição do disco, a humanidade que nos resta é sempre animalizada: assim somos primatas, não dignos de um banquete com os bichos escrotos, afinal escroto mesmo é o sistema financeiro e seus asseclas nos poderes constituídos. Escroto são os senhores capitalistas, afinal primatas selvagens, que entre outras coisas não compreendem a arte. Prova disso foi a recusa inicial da imprensa ao disco, só aceito após o mesmo tornar-se um fenômeno de vendas apesar dela. Na sequencia os Titãs ainda lançariam outro grande disco: “Jesus Não Tem Dentes no País dos Banguelas”, lançado no final de 1987, é uma continuidade de Cabeça Dinossauro.
Um pouco mais do disco
Em "Cabeça Dinossauro" os Titãs, que estrearam com a fama de bons moços, o genro que toda sogra queria ter, jogavam essa fama no lixo quando o vocalista Arnaldo Antunes e o guitarrista Toni Belloto foram presos por se envolver com heroína. Este fator somado a uma estética que o grupo já vinha procurando desde o disco anterior Televisão de 1985 (neste temos já uma semente do disco posterior com músicas como Televisão e Massacre), estes três discos Televisão, 1985; Cabeça de 1986 e Jesus de 1987 reune o que temos o melhor dos Titãs do Iê, Iê...
Cabeça é sem dúvida um dos mais primal, selvagem, brutal e pesado disco da história do Rock brasileiro (aqui consideramos as bandas do main stream). Seu peso não advém de distorções gravíssimas de guitarras ou bateria hipersônica; mas por que tal como a bestialização que o álbum busca denunciar sua sonoridade soa como uma captação do que o ser humano pode produzir de mais pré-histórico em forma de música moderna, e com uma lírica áspera e violenta que combina com a sonoridade: como já afirmei acima, os Titãs atacavam abertamente pilares considerados sagrados pela sociedade, como a Igreja, o Estado, a Segurança Pública, a família, o sistema bancário... A destruição que o homem causa ao seu próprio planeta também era atacada abertamente, todas críticas que soam terrivelmente atuais. Nenhuma perdeu o valor de crítica.
O ano era 1986, e o Rock brasileiro jamais seria o mesmo após o lançamento de Cabeça de Dinossauro, um dos 10 maiores discos de Rock do Brasil, na minha opinião. Veja bem Eu disse Rock e não Pop e nem mesmo BRock. Sim Rock em sua vertente crua e suja do Punk.
Segundo o músico e poeta Arnaldo Antunes, ex-titã "Ele foi o primeiro disco em que a gente conseguiu realizar plenamente nosso anseio sonoro". "Com ele, a gente conseguiu definir um público", acrescentou Nando Reis. "É até hoje o disco mais importante da gente", avaliou Tony Bellotto.
O estopim da criação deste álbum redentor na carreira dos Titãs foi a prisão de Arnaldo e Bellotto por porte de drogas, no caso heroína. "Polícia e Estado Violência são respostas bem diretas ao acontecimento da prisão", depôs Arnaldo. Insuflados pelo fato, os Titãs fizeram um disco de idelogia punk que questionava com letras corrosivas instituições tradicionais como Igreja, família e - claro - a polícia. Uma porrada! Para entendermos melhor, vamos aos títulos das músicas, poucas vezes elas foram tão diretas e objetivas. "Cabeça dinossauro" fez uma revolução na música brasileira, ninguém tinha feito ainda algo tão pesado e demolidor e mais que isso, o disco conseguiu um alto índice de vendas:
Cabeça de Dinossauro
AA UU
Igreja
Polícia
Estado de Violência
A Face do Destruidor
Porrada
Tô Cansado
Bichos Escrotos
Família
Homem Primata
Dívidas
O Que
Uma a uma todas as sacro-santas instituições da Sociedade foram sendo dinamitadas. Não se engane, os caras não estavam para brincadeira, cada uma das grandes instituições são expostas com uma crueza admirável, aos poucos o que sobra é uma genuína crítica a Sociedade burguesa, seus afetamentos, modos, comportamentos, mesquinhez e sonhos idiotizados. Não sobra nada de humano após a audição do disco, a humanidade que nos resta é sempre animalizada: assim somos primatas, não dignos de um banquete com os bichos escrotos, afinal escroto mesmo é o sistema financeiro e seus asseclas nos poderes constituídos. Escroto são os senhores capitalistas, afinal primatas selvagens, que entre outras coisas não compreendem a arte. Prova disso foi a recusa inicial da imprensa ao disco, só aceito após o mesmo tornar-se um fenômeno de vendas apesar dela. Na sequencia os Titãs ainda lançariam outro grande disco: “Jesus Não Tem Dentes no País dos Banguelas”, lançado no final de 1987, é uma continuidade de Cabeça Dinossauro.
Um pouco mais do disco
Em "Cabeça Dinossauro" os Titãs, que estrearam com a fama de bons moços, o genro que toda sogra queria ter, jogavam essa fama no lixo quando o vocalista Arnaldo Antunes e o guitarrista Toni Belloto foram presos por se envolver com heroína. Este fator somado a uma estética que o grupo já vinha procurando desde o disco anterior Televisão de 1985 (neste temos já uma semente do disco posterior com músicas como Televisão e Massacre), estes três discos Televisão, 1985; Cabeça de 1986 e Jesus de 1987 reune o que temos o melhor dos Titãs do Iê, Iê...
Cabeça é sem dúvida um dos mais primal, selvagem, brutal e pesado disco da história do Rock brasileiro (aqui consideramos as bandas do main stream). Seu peso não advém de distorções gravíssimas de guitarras ou bateria hipersônica; mas por que tal como a bestialização que o álbum busca denunciar sua sonoridade soa como uma captação do que o ser humano pode produzir de mais pré-histórico em forma de música moderna, e com uma lírica áspera e violenta que combina com a sonoridade: como já afirmei acima, os Titãs atacavam abertamente pilares considerados sagrados pela sociedade, como a Igreja, o Estado, a Segurança Pública, a família, o sistema bancário... A destruição que o homem causa ao seu próprio planeta também era atacada abertamente, todas críticas que soam terrivelmente atuais. Nenhuma perdeu o valor de crítica.
Em uma dessas muitas eleições e listas que costuma fazer, Cabeça em 1997 foi eleito o maior disco nacional da historia.
Só mais uma coisisnha que me chama a atenção nesse disco, a brutalização que os Titãs buscam denunciar, o terrível sistema, não perdoa ninguém e nem mesmo seus críticos, assim por um lado toda a podridão, hipocrisia, sujeira e barulho enlouquecedor que o disco busca denunciar se encontra fielmente na própria manifestação artística do grupo. Assim o crítico e o criticado acabam por se confundir. Por outro lado, e após o lançamento do disco, o sistema como que para vingar de seu algoz torna este disco um sucesso de mercado, ou seja, uma música para se consumir na "família", para gerar dividendos para o sistema capitalista, para enriquecer o "homem primata", para alegrar "a face do destruidor"... enfim, nada mudou. Mas "tô cansado" e endividado, pensar enlouquece então "Porrada nos caras que não fazem nada", inclusive nos Titãs. Rá,rá porrada neles também e Viva Cabeça, coloque o som no talo e grite bem alto, junto pois esta este álbum te liberta.
Só mais uma coisisnha que me chama a atenção nesse disco, a brutalização que os Titãs buscam denunciar, o terrível sistema, não perdoa ninguém e nem mesmo seus críticos, assim por um lado toda a podridão, hipocrisia, sujeira e barulho enlouquecedor que o disco busca denunciar se encontra fielmente na própria manifestação artística do grupo. Assim o crítico e o criticado acabam por se confundir. Por outro lado, e após o lançamento do disco, o sistema como que para vingar de seu algoz torna este disco um sucesso de mercado, ou seja, uma música para se consumir na "família", para gerar dividendos para o sistema capitalista, para enriquecer o "homem primata", para alegrar "a face do destruidor"... enfim, nada mudou. Mas "tô cansado" e endividado, pensar enlouquece então "Porrada nos caras que não fazem nada", inclusive nos Titãs. Rá,rá porrada neles também e Viva Cabeça, coloque o som no talo e grite bem alto, junto pois esta este álbum te liberta.
Agora com Vocês uma análise música a música, com ajuda do pessoal do Punk's 76 do Dangerous:
A percussão inicial da faixa Cabeça Dinossauro, adaptada de um ritual "Cerimonial Para Afugentar Maus Espíritos", dos índios do Xingu, anuncia o começo do fim. Letra concretista vociferada por Mello e que nos faz imaginar o que ainda há por vir.
A sequência é AA UU, sucesso de rádio e nos shows. Rotina e esquizofrênia em ritmo frenético. Os neurônios saem do transe e começam a se mover.parece uma reunião de macacos ensadecidos, gritando ferozmente o nome da música. A letra demonstra que eles estavam cansados da rotina proporcionada por um sistema sufocador, em versos como "Estou ficando louco de tanto pensar/Estou ficando louco de tanto gritar" e "Estou ficando cego de tanto enxergar/Estou ficando surdo de tanto escutar"
Igreja abre as portas para a redenção do rock. Se diziam que o rock estavam em ruínas, esta canção mostra o caminho das pedras para os descrentes.rápida e furiosa, mas ainda assim com bastante melodia em suas bases, nitidamente influenciadas pelo Punk Rock. Nando Reis, com uma voz bem diferente da habitual, está furiosíssimo, um animal, proferindo versos como "Eu não gosto de terço/Eu não gosto do Berço/De Jesus De Belém" e "Eu não gosto do papa/Eu não creio na graça/Do milagre de Deus". Um protesto contra as religiões elitistas e manipuladoras
Quando Polícia chega é como uma blitz mental. O som, a letra e o refrão chegam dando de cassetete nos tímpanos. A essas alturas os neurônios já estão rebelados e não conseguem mais ficar parados. A letra denuncia abusos de autoridade feitos pelas forças policiais, que culminam no gritado refrão "Polícia para quem precisa/Polícia para quem precisa de polícia"
Estado Violência traz primeiro a cozinha da banda: bateria e contrabaixo dão as caras primeiro. E quando se pensa em por ordem na mente, um grito precede o refrão e é como uma chibatada na espinha dorsal. Não tem mais volta, os neurônios estão em choque.é, digamos, uma das mais elaboradas do álbum. tem uma das letras mais ásperas do álbum com versos como "Estado violência/Estado hipocrisia/A lei que não é minha/A lei que eu não queria" (...) "Atrás de portas frias/O homem está só" (...) "Homem em silêncio/Homem na prisão/Homem no escuro/Futuro da nação!"
Um silêncio, dois segundos e A Face do Destruidor traz um hardcore de 38 segundos. O suficiente para fazer qualquer um se enxergar na capa do disco."O destruidor não pode mais destruir porque o construtor não constrói (...) A face do destruidor!"
Porrada chega para deixar claro que todos merecem alguma coisa, nem que seja porrada. E tome mais porrada nos neurônios. Arnaldo Antunes começa elogiando o sistema de ensino, o sistema judiciário, as pessoas ricas, o Estado, o Exército, o sistema bancário... Até que a banda toda grita contra todos esses que propõem uma sociedade conformista: "Porrada/Nos caras que não fazem nada!"
É nesse momento do disco que a mente pede um copo de água. Talvez por isso Tô Cansado tenha sido colocada no final do Lado A do disco. Mas que cansado que nada, os neurônios que se explodam. É hora de virar o disco e ver do que essa banda ainda é capaz. Cansada de tudo, o 'eu' da música não quer mais saber de si mesmo, de coisas comuns, de coisas raras, do moralismo amoral da sociedade, cansado de tanto levar ferro no cobre por parte dos governantes.
O riff inicial de Bichos Escrotos afirma que os neurônios não terão paz novamente. Bichos muito tocou nas rádios, apesar de ser uma canção com radiofusão e execução pública proibidas. É uma canção atualíssima ainda. "Oncinha pintada/Zebrinha listrada/Coelhinho peludo/Vão se foder!/Porque aqui na face da Terra só bicho escroto é que vai ter!". Analogicamente, retrata a destruição que o homem causa a si próprio, destruindo tudo que é belo e deixando tudo... escroto.
Família deixa clara a afirmação acima. E cá entre nós, quem nunca passou pelas situações descritas nessa música? "Família, família/Almoça junto todo dia/Nunca perde essa mania" soa cáustica na voz animada e sarcástica de Nando Reis
Assim regredimos no tempo e nos encontramos em Homem Primata. Os neurônios já não sabem mais para onde correr. Flashes de ontem e hoje efervescem e borbulham na mente fervilhante e voltamos à realidade. Focaliza a destruição causada pelo homem ao próprio planeta e a si mesmo. Versos polêmicos como "Desde os primórdios/Até hoje em dia/O homem ainda faz/O que o macaco fazia" e "Eu aprendi/A vida é um jogo/Cada um por si/E Deus contra todos/Você vai morrer e não vai pro céu/É bom aprender... A vida é cruel!",
Só assim para lembrar que a vida continua. Dívidas nos coloca novamente no lugar nos fazendo lembrar da evolução do homem primata ao homem capitalista. Na verdade são mimeses um do outro."Meu salário/Desvalorizou (...) Senhores, senhores, senhores/Tenham pena de mim!".
O disco encerra com O Quê. Uma das canções mais especutaculares entre as executadas nos shows da banda. O mais engraçado é que 'o quê' é a pergunta que se faz na maioria das faixas do disco. Os neurônios voltam ao mesmo transe enigmático do início do disco.
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