Faço minha as palavras do amigo Ricardo, e assim presto também minha homenagem aos que estiveram conosco na organização do evento na assembléia legislativa de Minas Gerais (veja os post abaixo) e esperamos (Nós do GT e aqui nomeadamente Ricardo, Eu, Marcos, Ana Tereza - TT, Lilian, Alexandre, Pablo e outros que por motivos profissionais não exporei aqui) que de fato esse seja um momento de divisão de aguas nesta questão apesar dos contras. Aproveito para reforçar também o agradecimento ao CEDEFES, ao deputado Durval Ângelo e aos demais amigos da questão quilombola, que de uma forma ou outra estão historicamente e estiveram com a gente nesse evento. Por fim agradecer aos nossos convidados, como o Prof. Dr. Alfredo Wagner do longínquo Amazonas, a Dra. Deborah Duprat coordenadora da 6° Camara de Minorias do MPF/Brasília, Carlos Henrique do Itesp/SP, os companheiros quilombolas José Carlos Galiza do Pará, a grande liderança quilombola do Piauí Antônio Bispo, a defensora pública estadual Ana Claudia, o procurador Marcos Paulo Souza Miranda, o promotor e coordenador de Conflitos Agrários de Minas Gerais Afonso Henrique de Miranda Texeira, o defensor público federal Estevão Couto, a Profa. Mariza Rios. Uma certeza ficou e isso nos alegra as diferentes promotorias, procuradorias e defensorias não faltarão aos quilombolas. Mais uma vez estes verdadeiros funcionários públicos mostraram a diferença entre a frieza dos técnicos -aqueles que se aferram as velhas posturas e colocam seus cargos e vaidades acima da realidade - e queles que vivem com paixão seus afazeres, colocando a vida humana a frente. Viva esses profissionais que mostram porque o direito pode e deve ser usado a favor das minorias e em acordo com a constituição. Ontem definitivamente podemos perceber a constitucionalidade e a necessidade das políticas afirmativas.
Além dessas autoridades acima, tivemos ainda a presença de outros apoiadores desta questão como o Prof. Sandro Silva da UFES que por sua conta veio prestigiar o evento. Alguns companheiros do NUQ-UFMG. Por fim e mais importante, nossos irmão quilombolas, que como tive a chance de dizer ontem os verdadeiros atores dessa história, principalmente representados por aquela dignas e belas senhoras (como diz o grande Bispo o cabelo de negro é bonito, mas isso não significa que o cabelo da loira não seja- eis algum dos aprendizados que podemos e necessitamos ter com esses quilombolas) com mais de 80 anos de alegria no sofrimento e que viajaram durante toda a noite do dia 29 de novembro, por 12 horas estiveram bravamente por mais 10 horas no plenário da assembléia e viajaram novamente a noite por mais de 12 horas para suas diferentes comunidades. Ontem foram mais de 26 Comunidades representadas na assembléia e cinco caravanas de diversas partes do Estado de Minas.
Para terminar nosso velho e mais do que nunca atual slogan
VALEU ZUMBI
Ps: realmente eu não sou nada fotogênico, rs,rs...
“Divisor de águas”
Ouvi dizer, por mais de uma vez, e por pessoas diferentes, ainda durante o Debate Público que ajudamos a organizar na Assembléia Legislativa de Minas Gerais, que hoje era um “divisor de águas” na questão quilombola de Minas Gerais.
Sinceramente, não sei bem se estavam se referindo às “águas” vertidas por nossos irmãos quilombolas, às do Carlos, às dos outros colegas do GT ou, mesmo, às minhas.
Eu, um típico bobo que não gosta de expressar seus sentimentos em público, confesso que chorei. E chorei por mais de uma vez.
Chorei, sozinho em meu canto, logo no início do Debate Público, ao perceber que aquilo era realidade, e que nós contribuímos diretamente para essa realidade, ao lado dos amigos e irmãos quilombolas.
Chorei, em público e sem conseguir conter ou esconder, ao escutar o canto, em tom de lamento, de Dona Tiana, guerreira quilombola que tão bem ilustra, como tantas outras e outros, a luta dos quilombolas de Minas Gerais e do Brasil. Sua voz ecoou em meu âmago, pois percebi, mais uma vez, que tudo que fizermos será pouco, será quase nada, frente ao sofrimento e à luta destes povos batalhadores.
Por isso, e por muito mais, quero aqui, neste espaço que, de certa forma, é meu confessionário público, acessado por alguns poucos, mas ótimos amigos, deixar registrado meu agradecimento em primeiro lugar ao quilombolas, pela persistência na luta diária, apesar de todos os percalços.
Aos colegas e amigos do GT, que aqui não quero nominar para não expô-los sem necessidade, registro meus sinceros agradecimentos pela “cumplicidade e conivência”, neste triplo crime de querer fazer chegar a informação correta à sociedade mineira em especial e à brasileira de um modo geral; de querer “forçar” a atuação concreta do Governo de Minas Gerais naquela que é o cerne da questão quilombola, ou seja, a regularização territorial e, por fim, mas mais importante, de defender e assegurar, com toda a esperança que isso representa, os direitos fundamentais garantidos pela Constituição da República, e que não vêm sendo respeitados, às comunidades quilombolas deste estado.
Isto está virando um discurso, mas nada mais importante que registrar, também, o papel absolutamente fundamental do Deputado Durval Ângelo (e também do Deputado João Leite), para a realização deste Debate Público e para a tramitação do Projeto de Lei 1839/2007, que precisa e será melhorado.
Às entidades e demais pessoas que colaboraram, homenageio a todas através de um agradecimento ao CEDEFES, parceiro histórico dos quilombolas deste estado.
O “divisor de águas”, assim, pode efetivamente não ser as lágrimas que vertemos, mas sim o avanço da questão quilombola em Minas Gerais, através da aprovação deste projeto de lei e de sua efetiva implementação.
Esse é o sonho que tivemos a ousadia de sonhar, ao lado dos quilombolas.
Um comentário:
É isso aí, Carlos. Vamos seguir em frente, rumo à garantia dos direitos fundamentais das comunidades quilombolas de MG. O caminho é longo, a estrada sinuosa, mas não vamos só, disso já temos certeza.
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