terça-feira, 13 de novembro de 2007

Redes e Blogs

Como no post abaixo, mais um texto do Barba, igualmente bem escrito, bem articulado. Um grande prazer de ler.
Aliás uma reflexão bem bacana sobre blogs, afinal esses são diários pessoais ou fonte de trocas, ou ambas? Provavelmente, em minha opinião ambas, mas que diabos por que então fazer um diário público? (não sei se na época de Vocês era assim, mas na minha época os diários das meninas eram verdadeiros mistérios e como nós queríamos ter acesso àquelas palavras, vê os segredos mais recônditos de nossas amigas - vixe, que coisa antiquada acredito que nem exista mais essa tradição de diário - a minha única leitora do belo sexo, como também dizia os que tem mais de 60 anos, a nossa poeta favorita poderia nos esclarecer) Será narcisismo? Será vontade de se fazer ouvir, mesmo que saiba que seu blog não tem muitos leitores (o que não significa muita coisa, afinal mais vale a qualidade do que a quantidade, no caso desse blog pelo menos quatro amigos qualificadissímos de vez em quando dão uma passada por aqui).


O fato é que o Barba (que é um desses amigos que dão uma passada por aqui) toca em um tema interessante não seriam os blogs uma forma de se tornar bastante exposto?

De todas essas dúvidas para mim fica a sensação que tenho ao tentar escrever algo, por aqui no Blog; e a minha sensação é de que nesse espaço posso expressar o que penso (sem censuras). É o local que uso as vezes como cartase das ansiedades e receptório de minhas opiniões, muitas vezes angustias, alegrias. O lugar em que coloco as minhas opiniões sobre a imprensa ao invés de mandar uma carta para adita empresa em questão, o que aliás seria uma perda de tempo.


O fato é que, essas palavras mal rascunhadas e com pressa, querem colocar de fato uma outra questão a partir do texto do Barba, quando esse diz: "Um eventual professor, colega de trabalho, amigo, empregador ou namorada sempre vai ter acesso a tudo o que foi escrito aqui." Ele esta corretíssimo a pergunta é: poderia o Blog, ou seja algo como um diário pessoal ser usado contra seu autor? Seria isso justo? Na justiça o réu tem o direito de não produzir provas contra si mesmo. Como fica a questão da veiculação de opinião pessoal?

Redes e Blogs

Novembro 11th, 2007

Repensando algumas coisas nesse fim de semana completamente misantropo. Acabei não saindo pra canto nenhum e fiquei em casa escrevendo e lendo algumas coisas - deu pra produzir uma mixaria, mas o tempo foi bom pra colocar a cabeça em ordem.

Uma das coisas que vêm me martelando é o quanto eu me exponho blogando e como isso poderia ser bom ou ruim. Meu blog é pouco lido, isso não é uma questão de estar colocando minhas idéias na mesa pra milhares ou muitas milhares de pessoas lerem. Fora ocasionais visitas do Google, acho que tenho uns 2o ou 30 leitores - sendo otimista.

O problema real é outro. Como eu já disse antes, o Savoir-Faire é misteriosamente bem classificado no Google. Digitar meu nome e apertar o botão “Estou com sorte” traz qualquer um diretamente pra cá. Um eventual professor, colega de trabalho, amigo, empregador ou namorada sempre vai ter acesso a tudo o que foi escrito aqui. Basicamente, eu uso esse espaço pra discorrer sobre algumas coisas que eu penso, exercitar uma veia literária porca e, muito de vez em quando, fazer comentários pessoais - e mesmo assim procuro não me expôr tanto.

A diferença entre escrever sobre o que se pensa e escrever o que se pensa é enorme. Desde quando comecei a escrever blogar, em 2002, vi muitos blogs conseguir audiência promovendo um strip-tease da vida pessoal dos autores. Estes praticamente publicavam os próprios diários para todo mundo ler - e não era raro ver posts sendo deletados por conta disso ou os autores fazendo meta-análises como essa e se arrependendo de terem escrito algumas coisas. Hoje, com a introdução do microblogging, é possível enviar mensagens via celular e falar sobre o que estiver fazendo a qualquer hora. Ok, mas quem se interessa por isso? Quem vai ler esse tipo de coisa?

Quando os blogs viraram febre muita gente se perguntava sobre isso também. Ninguém achava que seria útil ler sobre o que outros pensavam ou mesmo acompanhar um “querido diário” eletrônico. Essa previsão de pouco interesse nos blogs se mostrou equivocada e em pouco tempo eles se tornaram a mais difundida forma de publicação pessoal na internet - seu formato foi incorporado a muitos sites.

O que estava por trás disso era uma idéia de publicação rápida e acessível. Enquanto num website você tinha que elaborar o texto e depois se desdobrar na frente de um editor de html, no blog a ferramenta de edição de texto já era incorporada e facilitava muito a vida de quem não queria gastar tempo editando páginas e fazendo uploads. Assim, os blogs foram os grandes responsáveis por democratizar a publicação na internet.

Apesar de seu uso por profissionais e a instituição dos pro-bloggers ter dado um ar de seriedade aos blogs como ferramentas de circulação de informações, eu penso que existe um pontecial nos blogs pessoais que parece pouco explorado. O que vejo hoje é a possibilidade deles como reforço de redes sociais já existentes ou criação de novas redes. Pessoas que se conhecem (de perto ou virtualmente) e se interessam mutuamente pelo pelo conteúdo que produzem, fabricando um novo espaço para o debate do que quer que seja.

Essas redes, de alcance limitado mas potencialmente amplo, não têm porque ganhar uma grande audiência. Seu objetivo primário mas a troca de idéias pura e simplesmente. Como inteligências coletivas, de membros completamente autônomos, elas são fluídas seus membros podem pertencer simultaneamente a várias delas. Seu poder de intercomunicação perpassa a simples publicação e leitura, inserindo a figura do comentário, da repetição, do questionamento de um leitor em seu próprio espaço - outro blog.

Assim é possível ter um outro modo de articulação e diálogo entre pessoas que se encontram todos os dias ou que não se conhecem - mas possuem quaisquer interesses em comum. Sem se expôr, ainda que em níveis mínimos, tudo isso seria impossível. Mais do que conseguir uma simples audiência, os blogs são uma possibilidade de encontrar colaboradores, parceiros, amigos, de construir idéias em conjunto.

Então, com a cabeça menos pesada, mantenho o Savoir-Faire até quando puder.

2 comentários:

Rafael e Angela disse...

A questão não se poderia, mas que vai ser, eventualmente. Agora, o ponto positivo é a possibilidade de articular opiniões e idéias e compartilhá-las, mesmo que seja pra um círculo próximo de pessoas.

Curti demais você ter repostado os dois textos cara : )

Abraço!

Carlos Eduardo disse...

é isso ai, pelo menos podemos nos expressar.