segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Poesia para toda parte

Áfricas: Do Berço Real à Corte Brasiliana Beija-Flor (RJ)

Composição: Cláudio Russo, J. Velloso, Gilson Dr., Carlinhos do Detran



Olodumarê, o deus maior, o rei senhor
Olorum derrama a sua alteza na Beija-flor
Oh! Majestade negra, oh! mãe da liberdade
África: o baobá da vida ilê ifé
Áfricas: realidade e realeza, axé
Calunga cruzou o mar
Nobreza a desembarcar na Bahia
A fé nagô yorubá
Um canto pro meu orixá tem magia
Machado de Xangô, cajado de Oxalá
Ogun yê, o Onirê, ele é odara

É Jeje, é Jeje, é Querebentã
A luz que bem de Daomé, reino de Dan (bis)
Arte e cultura, Casa da Mina
Quanta bravura, negra divina

Zumbi é rei
Jamais se entregou, rei guardião
Palmares, hei de ver pulsando em cada coração
Galanga, pó de ouro e a remição, enfim
Maracatu, chegou rainha Ginga
Gamboa, a Pequena África de Obá
Da Pedra do Sal, viu despontar a Cidade do Samba
Então dobre o Run
Pra Ciata d`Oxum, imortal
Soberana do meu carnaval, na princesa nilopolitana
Agoyê, o mundo deve o perdão
A quem sangrou pela história
Áfricas de lutas e de glórias

Sou quilombola Beija-Flor
Sangue de Rei, comunidade (bis)
Obatalá anunciou
Já raiou o sol da liberdade

Pena que não é possível nessa poesia senti todo o swing de Neguinho e a maravilha de show da bateria da Beija-Flor: detalhe para quem for ouvi a gravação desse samba-enredo (que deu o título a Beija Flor, no ano passado) prestem atenção na bateria. Na parte em que a poesia fala É Jeje, é Jeje abateria bate rapidamente em ritmo Jeje, atenção também para as paradinhas na parte referente aos nomes dos orixás e na seqüência final da gravação quando a bateria faz uma série de paradas e viradas em seqüência de forma que nos versos: " Agoyê, o mundo deve o perdão/
A quem sangrou pela história/Áfricas de lutas e de glórias", a mesma acaba por tocar em um ritmo mais baixo (c0mo que em lamentação, ao sofrimento dela própria, afinal como bem diz a poesia, a Beija-Flor em si mesma é um Quilombo). O que torna os versos ainda mais cortantes.

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