Os leitores de nosso blog já conhece o texto, na verdade no blog do Cruzeirense é um resumo dos vários textos publicados aqui sobre o Cruzeiro, com editoração do pessoal do Blog. Fica aqui novamente como registro. O legal é a repercussão, até o momento em que recolhi o texto já havia 105 comentários. Vou ler alguns.
O X da Questão
24 Janeiro 2008Carlos Eduardo Marques
Vamos a um balanço do Cruzeiro neste começo de ano:
- Não é possível criticarmos nem elogiarmos jogadores desconhecidos. Isto seria futurologia. Como diz o Chico Maia, não existe reforço, existe contratação. Só no campo, se poderá aferir o acerto da aquisição. Isto vale até para os melhores jogadores do mundo. Acredito, no entanto, que podemos analisar os currículos dos contratados e, com base neles, fazermos inferências, que, obviamente, poderão ser corretas ou não. Deste ponto de vista, é imperioso afirmar que as contratações do Cruzeiro, com raríssimas exceções, como Apodi e Jadilson, estão abaixo da tradição celeste.
- Não tenho nada de pessoal contra os novos atletas. Aliás, me irrito quando a torcida vaia jogadores. Eles são os menos culpados. Não obrigaram ninguém a contratá-los ou a escalá-los. Esclarecido isto, que fique claro: minha questão não é com esses jogadores e sim com a explicação para suas contratações que, segundo a diretoria, obedecem a limtações financeiras. Ou seja, não ocorrem por motivos técnicos. Não se trata de opção deliberada por jogadores bons e desconhecidos. Os dirigentes, contudo, deveriam saber que a glória do sucesso e a injúria do fracasso recairão sobre eles. Aos sócios insatisfeitos, resta odireito de mostrar sua contrariedade nas instâncias apropriadas. Certo é que o X da questão é o critério econômico das contratações. Como pode um clube, que foi entregue à atual diretoria sanado e que esta mesma diretoria fez milhões com a venda de jogadores e com bons patrocínios, estar em crise financeira? E não adianta cairmos na esparrela da grande mídia de que o futebol é deficitário. Todos sabemos disso. E daí? Se é deficitário era obrigação da diretoria não gastar mais do que podia. Contratar melhor. Todos dizem que os Perrelas são bons vendedores. Mas são também bons contratadores? Há uma enorme lista de más contratações. E uma outra de boas vendas de pratas da casa. Foi isso que afetou o patrimônio, como disse o Luiz Chaves, economista e administrador, comentarista do Minas Esporte, um dos poucos independentes da mídia esportiva. E o pior é que essa série de times caros do Cruzeiros, que dão prejuízo de cerca de 15 a 20 milhões por ano, são ruins. Como se justifica gastar tanto por tão pouco? Como pode, apesar dos 23 milhões que o clube recebe da televisão e de patrocinadores, dar prejuízo desta monta?! Que me desculpem os áulicos da imprensa, mas está havendo é incompetência, mesmo. E esta crítica não tem nada de pessoal contra os Perrelas. É baseada em dados. Como em qualquer empresa, excesso de funcionários, estrutura para garantir poder e falta de foco são sintomas de má administração. Grande parte dos recurso são gastos nas categorias de base, o que deve ser elogiado. Afinal, nelas se faz um belo trabalho de formação de cidadãos. Jovens atletas saem do Cruzeiro diplomados, falando várias línguas, tendo recebido os melhores tratamentos médicos, odontológicos, psicológicos, alimentares etc. A diretoria está de parabéns por isto. Mas, convenhamos, é muita falta de foco tanto investimento e tantas conquistas para ter que investir em Eltinho, Marquinhos, Henrique etc. Não é possível que, em uma base tão vencedora, não existam jogadores melhores do que esses. Ou se gasta muito na base para se aproveitar seus melhores quadros ou então que não se invista tanto para se montar bons times profissionais com os recursos economizados. Ruim é investir para fornecer jogadores a outros clubes.
- Ao (meu) time atual: Fábio, Apodi, Martinelli, Welligton e Jadílson; Leo Silva (Charles) [Leo seria meu titular. A imprensa comeu mosca ao não associar sua saída à queda técnica do Cruzeiro. Ele era fundamental no esquema do Dorival], Ramires, Vagner e Fabrício (Leandro Domingues) [neste caso, depende do adversário e da proposta da nossa proposta. Quando for necessário postura mais defensiva, vai de Fabrício; mais ofensiva, de Domingues]. No ataque, Guilherme e Marcelo Moreno. Bom time, de forma geral. Mas bons times não ganham campeonatos. Bons times fazem boas competições, dão algumas alegrias, mas não conquistam títulos. Será que nossa sina é ficar entre o 5º e o 10º lugar? Outro problema que vejo neste conjunto e que já se repete há 4 anos é que ele será o time do se: Se o Fábio não falhar feio; se o Apodi não sentir o peso da camisa; se o Martinelli voltar a ser o do São Caetano; se o Welligton jogar no time de cima o que joga na base; se o Jadilson for o mesmo do Goias; se o Vagner quiser jogar bola e não ficar com dorzinha aqui e acolá; se o Guilherme de fato quiser ser um grande jogador e não um brilhante sem garra. Este é problema. Se tudo der certo, teremos um bom time, capaz de ficar nas posições intermediárias. Mas se tudo der errado, corremos sérios riscos.
Para finalizar, espero que Adilson Baptista não cometa muitas besteiras. Ainda não consigo confiar nele como técnico. Suas entrevistas falando em jogador de confiança ou comparando o Maior de Minas com times do Japão ou de Santa Catarina não são animadoras.
Carlos Eduardo Marques, 26, cruzeirense, mestrando em Antropologia na UFMG, membro do Grupo de Trabalho sobre Regularização de Territórios Quilombolas de Minas Gerais e do Núcleo de Estudos em Populações Quilombolas e Tradicionais da UFMG, nasceu e mora em Belo Horizonte.
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