Abaixo minha resposta a um post no Blog do Nassif contra as cotas raciais:
Nassif, uma das coisas que mais me admira em sua crítica aos grandes meios de comunicação, ou melhor nas empresas jornalísticas é o fato de a mesmas serem maniqueistas e só darem espaço para um dos lados da questão, ou mesmo quando dão espaço para o outro lado é somente para desmoralizá-lo ou para se ter um verniz de democracia. Verdadeiramente espero que o senhor não aja dessa forma em relação as políticas de ações afirmativas. Já começa por ai para se discutir esse assunto de forma séria e sem pré-concepções, devemos falar em ações afirmativas das quais a cota é uma modalidade específica dentre outras. É necessário fazer um debate mais aprofundado sobre as idéias de equidade ao invés de igualdade, pois que a primeira respeita a diferença enquanto a segunda busca a unificação, sob o prisma da cultura dominante; sobre a idéia de reparação histórica (só para exemplificar essas reparações ocorreram com os judeus); sobre os conceitos étnico-racial ao invés do conceito de raça, mais correto do ponto de vista antropológico pois introduz na conversa outros parâmetros para além da cor da pele (ainda que essa não seja desprezível como bem sabe os negros brasileiros); sobre a idéia de uma dívida secular da classe dominante (e nesse caso sem nenhum racismo, todos sabemos que nesse país, a classe dominante é em sua maioria de origem européia ou se comporta como tal).
Bom o assunto é bem mais complexo do que o dito acima. Somente peço que não seja tratado de forma simplista,como se como se fosse uma simples disputa entre racistas e não-racistas. Definitivamente não se trata disso. Repetir esses chavões seriam incorrer no risco, de por um lado não discutirmos com a seriedade que o assunto merece e por outro, o que é bem pior tentar internalizar no outro uma culpa que não é sua, ou seja seriam então agora os afro-descendentes (aqueles trazidos a força para o trabalho escravo) os responsáveis por tornar o Brasil um país racista. Sinceramente seria engraçado se não fosse uma mentira deslavada. Veja bem esse são os riscos de uma discussão em termos maniqueistas, a alguns anos todos nós concordávamos que o Brasil era um país racista (ora isso não nos torna melhor e nem pior do que outros países, ainda que essa chaga deva ser combatida em toda parte). Agora diante do maniqueismo regredimos ao ponto de tentarmos negar centenas de estudos técnicos-científicos que apontam a discriminação por cor em nosso país.
Grato por sua atenção.
Carlos Eduardo
Graduado em Ciências Sociais e mestre em Antropologia.
Nassif, uma das coisas que mais me admira em sua crítica aos grandes meios de comunicação, ou melhor nas empresas jornalísticas é o fato de a mesmas serem maniqueistas e só darem espaço para um dos lados da questão, ou mesmo quando dão espaço para o outro lado é somente para desmoralizá-lo ou para se ter um verniz de democracia. Verdadeiramente espero que o senhor não aja dessa forma em relação as políticas de ações afirmativas. Já começa por ai para se discutir esse assunto de forma séria e sem pré-concepções, devemos falar em ações afirmativas das quais a cota é uma modalidade específica dentre outras. É necessário fazer um debate mais aprofundado sobre as idéias de equidade ao invés de igualdade, pois que a primeira respeita a diferença enquanto a segunda busca a unificação, sob o prisma da cultura dominante; sobre a idéia de reparação histórica (só para exemplificar essas reparações ocorreram com os judeus); sobre os conceitos étnico-racial ao invés do conceito de raça, mais correto do ponto de vista antropológico pois introduz na conversa outros parâmetros para além da cor da pele (ainda que essa não seja desprezível como bem sabe os negros brasileiros); sobre a idéia de uma dívida secular da classe dominante (e nesse caso sem nenhum racismo, todos sabemos que nesse país, a classe dominante é em sua maioria de origem européia ou se comporta como tal).
Bom o assunto é bem mais complexo do que o dito acima. Somente peço que não seja tratado de forma simplista,como se como se fosse uma simples disputa entre racistas e não-racistas. Definitivamente não se trata disso. Repetir esses chavões seriam incorrer no risco, de por um lado não discutirmos com a seriedade que o assunto merece e por outro, o que é bem pior tentar internalizar no outro uma culpa que não é sua, ou seja seriam então agora os afro-descendentes (aqueles trazidos a força para o trabalho escravo) os responsáveis por tornar o Brasil um país racista. Sinceramente seria engraçado se não fosse uma mentira deslavada. Veja bem esse são os riscos de uma discussão em termos maniqueistas, a alguns anos todos nós concordávamos que o Brasil era um país racista (ora isso não nos torna melhor e nem pior do que outros países, ainda que essa chaga deva ser combatida em toda parte). Agora diante do maniqueismo regredimos ao ponto de tentarmos negar centenas de estudos técnicos-científicos que apontam a discriminação por cor em nosso país.
Grato por sua atenção.
Carlos Eduardo
Graduado em Ciências Sociais e mestre em Antropologia.
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