sábado, 31 de maio de 2008

O Pantera Negra, John Carlos

“A América branca diz que somos
americanos quando vencemos
e que somos negros
quando fazemos algo que
julga errado.”
John Carlos


O pantera negra John Carlos faria tudo outra vez,
mas França diz não.

Redação Sport Marketing
Postado por New Gap Productions -
Soluções em Mídia às 11:50 AM

O mundo fervia, com manifestações por toda parte.
Na Tchecoslováquia o governo tentou se afastar de
Moscou veio a “Primavera de Praga”. A União Soviética
invadiu Praga. O líder negro Martin Luther King foi
assassinado. O mundo queria mudanças e esse desejo
não era diferente noesporte. México, 1968! Na própria
cidade sede dos Jogos Olímpicos, cerca de dez mil
estudantes ocuparam a Plaza las Tres Culturas em protesto
contra a ocupação de militares em duas universidades
públicas. A prova dos 200 metros foi vencida pelo
afro-americano Tommy Smith, dono de 11 títulos mundiais
em corridas de curta distância, assombrando o mundo. Era
a primeira vez, que se alcançava esse recorde em menos de
20 segundos. O bronze ficou com John Carlos, afroamericano
e aluno do San Jose State College, da Califórnia, mesmo
college de Smith, que liderava a prova, mas desconcertou-se
com a performance de Smith e acabou abrindo espaço para o
australiano Peter Norman conseguir o segundo lugar. Na hora
de subir ao pódio para receber as medalhas, o que aconteceu
ali ficou na história do esporte e marcou as imagens dos anos
60. Dois negros americanos de punho erguido, cabisbaixos e
descalços, em protesto contra o racismo.“O protesto foi
planejado pelos americanos ainda no campus da faculdade, na
Califórnia. Caso um deles conquistasse medalha, usaria o pódio
como palco para denunciar a desigualdade racial nos Estados
Unidos. O público que lotava o Estádio Nacional não percebeu de
imediato o que se passava. Foi com o semblante carregado que os
atletas acompanharam o içamento das bandeiras. Aos
primeiros acordes do hino nacional, Smith ainda pareceu
entoar a
letra. Depois se calou e abaixou a cabeça. Começou,então,
a erguer o
braço direito enluvado, em sincronia com o braço esquerdo
de Carlos.
A saudação "black power" tinha invadido os Jogos Olímpicos.
Norman foi crucificado pela imprensa de seu país e recebeu
reprimenda do Comitê
Olímpico Australiano. Para Smith e Carlos as conseqüências
foram
implacáveis e duradouras. De imediato, o Comitê Olímpico
Internacional
– COI –, proibiu que os dois velocistas tivessem outras
participações
(ambos estavam escalados para integrar a equipe americana de
revezamento) e exigiu a expulsão da dupla da Vila Olímpica.
Smith e
Carlos retornaram aos Estados Unidos como párias, acusados de
introduzir
política no olimpismo e de querer destruir o tecido social
de seu país.
“Mas qual país?”, perguntavam em uníssono. “A América branca
diz que
somos americanos quando vencemos e que somos negros quando
fazemos algo
que julga errado.” Apesar dos ataques e do ostracismo, nem
Carlos nem
Smith mudaram de posição. Quem mudou foi o curso da história.
Às vésperas
da Olimpíada de 1984, John Carlos foi ressuscitado pelo Comitê
Organizador
dos Jogos de Los Angeles para promover o esporte junto à
juventude negra. Smith foi chamado a treinar uma equipe de
atletismo. Em 1999, a faculdade San Jose State, de onde
ambos tinham saído três décadas antes,inaugurou uma estátua
comemorativa ao gesto dos ex-alunos. Quarenta anos
depois, quando questionado se os atletas devem ou não usar
os Jogos Olímpicos para protestar contra a repressão chinesa
a manifestações de monges no Tibet, John Carlos disse ao
jornal francês Le Monde que se ele fosse competir, encontraria
uma forma de expressar oposição à China.
"Se eu fosse um atleta hoje, eu saberia como ser criativo e eu
faria uma declaração para mostrar que discordo do que está
acontecendo", disse ele ao jornal. "Quando você faz esse tipo
de declaração pública, você manda uma mensagem de coragem ao
mundo." Carlos carregou uma "tocha pelos direitos humanos"
durante protesto em San Francisco no dia 5 de abril,
poucos dias antes de manifestações pró-Tibet terem causado
transtorno à passagem da tocha olímpica de Beijing pela cidade.
Ele disse ao Le Monde que o Comitê Olímpico Internacional estava
errado por escolher Beijing como sede dos Jogos. "Um dos
pontos-chave no caráter olímpico é a não violência. Como podemos
falar sobre não violência em um clima tão violento quanto o da
China?" Pois bem, mas o Comitê Olímpico Francês não
pesna da mesma forma. O presidente Henri Serandour, frustrou as
expectativas dos atletas franceses que pretendiam utilizar um
broche(pin) com a inscrição “Por um Mundo Melhor” durante os
Jogos de Beijing como uma forma de expressar uma visão de
respeito aos direitos humanos e a repressão chinesa ao Tibet.
Segundo Serandour, os broches, pins ou insígnias foram desde já
vetadas porque o estatuto olímpico deve ser respeitado,
com nenhuma demonstração de propaganda política, religiosa ou
racional podendo ser registrada. “Há mais de 200 países nos Jogos,
alguns deles com atletas que têm causas próprias. Não podemos
tomar partido por esta ou aquela causa” - afirmou o dirigente
ao L’Equipe. As declarações do presidente do Comitê tiveram
grande repercussão entre os atletas. “Nós estamos provavelmente
em um momento crucial. Se estivermos nos inclinando para o lado
de
todo o marketing, nós perderemos um pouco dos fundamentos dos
Jogos” - afirmou Romain Mesnil, atual vice-campeão mundial do
salto com vara. Um coisa é certa, se em 1968, os "Panteras
Negras" tivessem avisado que iriam protestar, talvez também
tivessem sido impedidos. O segredo, continua sendo sempre o
segredo do sucesso.

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