quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

China, Obama e a América Latina, Venezuela

Andamos sumidos daqui do blog, viagens e reuniões coisa de começo de semestre. Mas vamos ao fato que vem chamando minha atenção, as questões internacionais negligenciados pela grande mídia brasileira. Primeiramente, a visita essa semana do vice-presidente da China, sabiamente a maior ditadura capitalista do mundo e em vias de ser o país número 1 do mundo em termos econômicos. Aliás para alguns já é, visto que grande parte da economia norte-americana já depende da China e não é só no setor de comércio mas e principalmente porque os chinesses já são os maiores credores dos norte-americanos, ou seja, a divida trilionária norte-americana tem na China o credor. Além disso, parece que a grande mídia desconhece que desde 2004 pelo menos o presidente ou o vice-presidente ou outro grande funcionário administrativo do Brasil e China se visitam mutuamente, e desconhece também que a China já é o segundo maior parceiro do Brasil no comércio internacional, com um crescimento de mais de 30% ao ano e ao que tudo indica em poucos anos ultrapassará posição dominante dos EUA.
Além disso, a mídia também não registra as mudanças de Obama em relação a América Latina, por exemplo, essa semana o Departamento de Estado norte-americano disse a respeito da vitória de Chaves na Venezuela: “totalmente coerente com o processo democrático”. O Washigton Post por sua vez ecoando os novos ares foi mais longe e afirmou que as novas constituições de Venezuela, Bolívia e Equador são "processos pacíficos” que se destinam a “refundar aquelas nações para corrigir injustiças históricas”. O governo Obama além de reconhecer como legitimo e limpo o processo venezuelano encorajou um grupo de congressistas norte-americanos a apresentar o Ato Pela Liberdade de Viajar a Cuba que restabelece o direito de norte-americanos viajarem para Cuba e vice-versa. Desse jeito, desse jeito, só falta OBAMA ser acusado de acabar com a liberdade imprensa brasileira, afinal como ficará a grande mídia com a trinca do mal Venezuela, Cuba e Bolívia sendo aceita pelo governo pragmático de Obama. Não ficará pois a imprensa brasileira continua na guerra fria. é só ver os comentários do Waack no Jornal da Globo ou a página internacional de O Globo, por exemplo.
Ps: acho o tal socialismo bolivariano de Chaves um tanto confuso, mas reconheço também que nunca me dediquei com afinco para entender esse socialismo chavista. Mas uma coisa é inegável A Venezuela é uma democracia. Chavez é um líder popular. Nos últimos 10 anos de Chavez tiveram 15 eleições, em que a oposição teve direito e liberdade de atuar em todas, inclusive de forma violenta (diga-se de passagem os dois lados são bastante violentos fruto do grande tensionamento existente e alimentado pela mídia dominada pela antiga oligarquia branca venezuelana). Segundo o jornalista Rodrigo Vianna, aquele que foi demitido da Globo por discordar da posições racistas da emissora (em relação a questão das cotas) e políticas em relação a cobertura do governo Lula: "A Venezuela, com Chavez, eliminou o analfabetismo, investiu pesado em Saúde, criou programas sociais bem-estruturados, levando o Estado para perto do povo (são as “missiones”, ou “Barrio Adentro”, como eles dizem aqui). Esses são fatos concretos." O mesmo jornalista disse também Chávez é "personalista, e que comanda um processo de renovação em que sua figura pessoal está no centro de tudo. Não acho isso positivo, acho que fragiliza o processo de mudança, na medida em que passa o seguinte recado: tudo depende de Chavez." Para variar vou elogiar a Record News, mais uma vez a única a transmitir ao vivo no domingo a noite no começo de nossa madrugada parte do discurso da vitória de Chavez e a cobrir efetivamente o plebiscito.

Nenhum comentário: