1- É hoje a quarta Escola a desfilar: a minha Mocidade Independente de Padre Miguel, entra na avenida para homenagear as belas letras brasileiras nas pessoas de Machado de Assis, Guimarães Rosa e Academia Brasileira de Letras, centenários de Machado e Guimarães: um deles de morte e outro de vida se fosse vivo. A Mocidade que nos últimos anos vem acumulando resultados bastante ruins. Vem esse ano com o retorno de algumas figuras emblemáticas da Escola como Vander Pires, no entanto aposta em uma carnavalesco novato. Vamos ver o que dá.
Mas o mais legal do Carnaval carioca é o chamado carnaval de rua, aquele formado por blocos são mais de 2000. Que beleza, que festa, o genuíno pular e brincar carnaval. Ontem por exemplo mais de duas dezena saíram as ruas com destaque para o Cordão da Bola Preta e seus 90 anos e cerca de 800 mil brincantes. É isso que chateia os que moram aqui em BH, o genuíno carnaval não necessita do poder público e sim de espírito brincante. Coisa aliás que acompanhei esses dias em Diamantina de famoso carnaval, a festa faz parte do ethos dos moradores. Para os que gostam de brincar só resta viajar e ir pular fora para os que não estão em condições financeiras, o negócio é ficar cabrunhado como estou por aqui. Para quem quiser ter uma ideia sobre o carnaval de rua do Rio tanto O Globo como o JB tem cadernos especiais, para essa festa eminentemente popular e divertida. Por aqui o silêncio continua a imperar solenemente.
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2- quando se homenageia dois gênios do quilate de Machado e Guimarães sinto falta de uma homenagem a outro gênio brasileiro do samba, faltou homenagem ao centenário de Cartola.
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3- Reproduzo abaixo, um texto que escrevi para um amigo e que tem haver com esse post. Fica a título de ilustração.
Sobre a música Coroação de um Rei Negro me lembro do Jair cantando ela em um dos discos Casa de Samba. Essa música trata-se do samba enredo do Salgueiro de 1971. Maravilhoso e campeão. Isso não é um mero detalhe: é necessário um pouco de história das escolas de samba para perceber a importância sócio-política dessa música. Vamos lá, de forma bem resumida:
A partir de fins dos anos 40 as escolas de samba já estavam ficando grandes e importantes, passaram então a entrar em contato com os acadêmicos da Escola de Belas Artes, primeiramente para a avaliação e produção dos desfiles e depois para a função que hoje conhecemos como de carnavalesco. O principal nome dessa primeira época é o revolucionário e genial Fernando Pamplona da Escola de Belas Artes. Acadêmico Pamplona se interessava pela temática negra tendo levado para o teatro erudito os elementos da semiótica afro-brasileira. No carnaval para se te ideia ele foi o iniciador de quase todos os grandes caranavalescos, incluindo os grandes: Arlindo Rodrigues, Joasinho Trinta. Veja a lista: Arlindo Rodrigues, Maria Augusta, Joãosinho Trinta, Rosa Magalhães, Renato Lage, Max Lopes. Como já adiantei acima, Pamplona era um acadêmico apaixonado pelas questões africanas e chegou mesmo a militar na esquerda brasileira, com isso ele revolucionou o carnaval das escolas ao chamar a atenção para o fato de que a festa devia voltar a suas origens africanas e para isso realizou uma série de carnavais históricos e campeões para o Salgueiro sempre com a temática de valorização do negro e de seus personagens perseguidos pela história oficial: são dessa época os lendários enredos (alguns destes desfiles feito pelos pupilos de Pamplona) Quilombos de Palmares, Festa para um Rei Negro, Xica da Silva, Aleijadinho, Chico Rei, Bahia de Todos os Deuses entre outros. São carnavais dentro de uma mesma temática a valorização do negro e da negritude. Para Pamplona os príncipes e princesas europeias que faziam parte do cenário carnavalesco nada tinha a ver com a nossa cultura. Após o Carnaval de 1960, a cultura afro-brasileira passou a ser valorizada. O negro como belo e de valor passou a ser a temática dos desfiles. Daí sua importância cultural, estética e política, unia assim suas convicções políticas como contestação do estado de coisa e também ao próprio movimento mais amplo da música e cinema novo. Por isso não se trata de uma música qualquer por um lado tinha que responder a esse projeto carnavalesco e por outro como qualquer samba enredo tinha que manter a harmonia da escola em desfile e o mais importante garantir o enredo. Para finalizar, uma curiosidade essa música nasceu sempre popular, Pamplona e sua equipe foram votos vencidos pois preferiam outro samba mas esse foi aclamado na quadra.
A partir de fins dos anos 40 as escolas de samba já estavam ficando grandes e importantes, passaram então a entrar em contato com os acadêmicos da Escola de Belas Artes, primeiramente para a avaliação e produção dos desfiles e depois para a função que hoje conhecemos como de carnavalesco. O principal nome dessa primeira época é o revolucionário e genial Fernando Pamplona da Escola de Belas Artes. Acadêmico Pamplona se interessava pela temática negra tendo levado para o teatro erudito os elementos da semiótica afro-brasileira. No carnaval para se te ideia ele foi o iniciador de quase todos os grandes caranavalescos, incluindo os grandes: Arlindo Rodrigues, Joasinho Trinta. Veja a lista: Arlindo Rodrigues, Maria Augusta, Joãosinho Trinta, Rosa Magalhães, Renato Lage, Max Lopes. Como já adiantei acima, Pamplona era um acadêmico apaixonado pelas questões africanas e chegou mesmo a militar na esquerda brasileira, com isso ele revolucionou o carnaval das escolas ao chamar a atenção para o fato de que a festa devia voltar a suas origens africanas e para isso realizou uma série de carnavais históricos e campeões para o Salgueiro sempre com a temática de valorização do negro e de seus personagens perseguidos pela história oficial: são dessa época os lendários enredos (alguns destes desfiles feito pelos pupilos de Pamplona) Quilombos de Palmares, Festa para um Rei Negro, Xica da Silva, Aleijadinho, Chico Rei, Bahia de Todos os Deuses entre outros. São carnavais dentro de uma mesma temática a valorização do negro e da negritude. Para Pamplona os príncipes e princesas europeias que faziam parte do cenário carnavalesco nada tinha a ver com a nossa cultura. Após o Carnaval de 1960, a cultura afro-brasileira passou a ser valorizada. O negro como belo e de valor passou a ser a temática dos desfiles. Daí sua importância cultural, estética e política, unia assim suas convicções políticas como contestação do estado de coisa e também ao próprio movimento mais amplo da música e cinema novo. Por isso não se trata de uma música qualquer por um lado tinha que responder a esse projeto carnavalesco e por outro como qualquer samba enredo tinha que manter a harmonia da escola em desfile e o mais importante garantir o enredo. Para finalizar, uma curiosidade essa música nasceu sempre popular, Pamplona e sua equipe foram votos vencidos pois preferiam outro samba mas esse foi aclamado na quadra.
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4- Atentem-se para o desfile da Império Serrano. Algo me diz que o império da Serrinha vai rememorar seus momentos de auge. Para quem não sabe a Império junto a Portela e Mangueira formam o trio de ferro do carnaval do Rio. Mas ao contrário destas duas a Império apesar de ser reconhecida como a Academia do Samba e berço entre outros do maravilhoso Silas de Oliveira, D. Ivone Lara, Tia Clementina e outros grandes nomes do samba carioca sempre foi a prima pobre da turma e praticamente desde os anos 70 não figura entre as escolas favoritas. Mas esse ano a escola da Serrinha de volta a Elite promete muito, principalmente por que conta com o melhor samba-enredo - regravação do samba-enredo de 1976 (aliás não poderia ser diferente na Escola de Silas) trata-se de um samba que mescla bela poesia com trechos de um enorme sucesso popular quando regravado por Clara Guerreira Mineira Nunes adepta da Portela escola geograficamente vizinha da Serrinha. Portanto fiquemos atento, pois acho que a homenagem as Iabás (ou seja as órixas femininas) do mar vai dar samba. Uma coisa é certa toda a avenida vai cantar e encantar com o belo samba, os moradores da Serrinha terão a garra de sempre, a garra de uma Escola formada na estiva (o primeiro sindicato independente deste país), o problema é sempre a grana...Mas to cravando Império da Serrinha de volta no desfile das campeãs e se isso acontecer ficarei bastante feliz.
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5- A Mangueira irá bastante desfalcada esse ano a Avenida, trata-se do designo de Olorum que chamou a sua morada entre outros três nomes essenciais de Mangueira: Jamelão, Carlos Cachaça e Xango, sobre os dois primeiros muito já foi dito, sobre o terceiro nem tanto: Xango foi interprete da Escola antes de Jamelão e depois se dedicou a organizar a Harmonia da Escola .
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6- Todo nosso Axé ao grande Neguinho da Beija-Flor que mesmo em sua luta contra o Câncer decidiu não se afastar de sua Beija Flor ameaçando até mesmo abandonar o tratamento, decisão da qual foi persuadido por seus amigos. Viva Neguinho, a própria encarnação do samba de Nilopolis (homem de uma Escola só tão raro nos dias atuais). O fato é que apesar da doença Neguinho anda feliz que nem pinto no lixo e aliás vai se casar em plena avenida tendo como padrinho entre outros o Presidente Lula. Os demais cantores de samba prometem uma surpresa para Neguinho e seus quase 40 anos de Beija Flor. Como diz o samba desse ano "Salve as aguas de Oxalá embala eu Baba". Aliás a Beija-Flor tem sido ultimamente a Escola mais a dedicar a temática negra, tendo aliás a pouco tempo ganho um caranaval em homenagem aos Quilombolas.
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