quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

LAMENTÁVEL, mais uma morte de um quilombola

Lamentável e os canalhas continuam por ai rindo da nossa cara.
TOMBOU HOJE A PRINCIPAL LIDERANÇA QUILOMBOLA DO RECÔNCAVO BAIANO
Sr. Altino da Cruz faleceu hoje pela manhã, aos 60 anos de idade,enquanto trabalhava na sua roça. Ele não resistiu à notícia de que ojuiz Fábio Rogério França, da 11ª vara da justiça federal, concedeu umaliminar de reintegração de posse solicitada pela fazendeira Rita deCassia Salgado de Santana exigindo que este retire a roça que cultiva amais de 40 anos e foi herdada de seus pais. Utilizando-se de má fé, afazendeira levou o juiz a concluir que trata-se de uma ocupação recentequando é notória pela comunidade e pelos dados apresentados nos autosque trata-se de uma comunidade tradicional.Na Segunda e terça feira desta semana, o Sr. Altino da Cruz, acompanhadode outros membros da comunidade quilombola, esteve fazendo uma romariapor diversos órgãos públicos denunciando a situação e exigindoprovidências. Na segunda feira os representantes da comunidade estiveramno INCRA, na SEPROMI e no IBAMA. Na terça, voltaram ao INCRA eestiveram na Polícia Federal, entidade encarregada de cumprir areintegração de posse. Na quarta feira Altino voltou pra casavisivelmente abatido e inconformado com a ameaça de sair da roça queherdou dos pais e na qual trabalha por mais de 40 anos.Hoje pela manhã, enquanto trabalhava em sua roça, Sr. Altino da Cruz deuum forte grito e tombou no chão. Foi Levado em um carro de mão por seuscompanheiros até o posto de saúde da vila de São Francisco do Paraguaçue já chegou morto.QUEM MATOU ALTINO DA CRUZ?A comunidade de São Francisco do Paraguaçu é um grande sà­mbolo daresistência do povo quilombola no Brasil. Historicamente explorada porgrandes fazendeiros do Recôncavo Baiano, especialmente pela famíliaSantana, tem sido vítima dos mais violentos ataques desde que foireconhecida como comunidade remanescente de quilombo.As agressões são originadas também pela família Diniz que recentementeimplantou uma RPPN dentro do território da comunidade Remanescente deQuilombo. Esta família tem usado a RPPN para captar recursos de órgãosestaduais e federais e tem sido alvo de investigação sobreirregularidades, o que levou a suspensão de projetos em andamento eimpediu a liberação de mais recursos.Assim, as agressões e ataques foram concentrados sobre Sr. Altino daCruz, a principal liderança da comunidade remanescente de quilombo. Acomunidade foi vítima de várias ações de pistolagem e violênciapolicial como constatado em relatório oficial do Polà­cia Federal.Policiais armados invadiram a casa de Sr Altino da Cruz causandoconstrangimento e indignação a toda comunidade. A alianà§a entre osSantana e os Diniz, em conjunto com interesses ruralistas nacionais,articulou uma reportagem produzida pela rede globo de televisão que foiprovada ser fraudulenta através de sindicâncias de à³rgãos oficiais comoIBAMA, INCRA e Fundação Cultura Palmares. Desde então, a luta dacomunidade Remanescente de Quilombo Sà£o Francisco do Paraguaçuevidenciou-se como um símbolo da luta quilombola no Brasil e acomunidade tem sido alvo de freqüentes processos judiciais. A atualestratégia adotada pelos fazendeiros é impetrar sucessivas ações individuais de reintegração de posse para confundir o judiciário.O que o Movimento dos Pescadores e Quilombolas do Recôncavo tem a dizerpara Elba Diniz, Lu Cachoeira e sua família Santana que a morte de Sr.Altino da Cruz não trará desânimo para a luta do povo quilombola. Pelocontrário, fecundará a terra onde nascerão muitas flores para embelezara grande mesa no dia da festa da titulaçà£o no nosso território.

2 comentários:

Daniel disse...

Olá. Estou aqui para lhe informar que você ganhou o selo do PRÊMIO DARDOS! Passe no blog peramblogando.blogspot.com para retirar o selo, parabéns!

Reilustrando disse...

Caro Carlos... emocionada com final de seu texto, me lembro dos vários casos lamentáveis que vivenciei no segundo sementre de 2008 aqui no estado do Tocantins junto a 14 comunidades quilombolas reconhecidas, que visitei por estar vinculada a um projeto de educação nutricional... um povo que resiste a essa covarde pressão do latifúndio regional, pressão essa que ganha "força" com bancadas ruralistas estaduais e a nacional,sem falar das multinacionais(de celulose por exemplo) que engrossam o caldo dessa sopa nojenta! É uma luta desleal! Eu vi de perto o sofrimento e a dor... familias que não podem plantar, que tem suas casas queimadas e suas vidas ameaçadas... familias que já foram embora, foram expulsas... tiveram e estão tendo suas terras e dignidade tomadas pela ganancia dos que acumulam... as terras boas para plantar já não estão mais com seus verdadeiros donos, assim como não estão a mina de água pura... perde-se totalmente o fator social da terra! Muitos Senhores Altinos estão foram assassinados e estão sendo...mas muitos ainda resistem e com uma luz no olhar que ofusca e incomada... e isso fortalece a luta.
abraços
renatanutricao2000@yahoo.com.br