domingo, 29 de agosto de 2010

Sobre Lula, eleições e ...

Que o Governo Lula seja um marco na história deste país não temos muitas dúvidas. Que seu governo tenha cumprido algumas metas importantes idem. No entanto, e falo como um eleito deste governo, pelo menos no pleito de 2002, bom 2006 já não me aprazia mais a miscelânea que havia transformado o outrora governo da Esperança. Hoje, pelo menos pessoalmente soa estranho para mim a tamanha euforia que fomos tomados naquele outubro de 2002, ou mesmo quem sabe, naquele primeiro de janeiro de 2003. Como não esquecer de que saímos em pleno dia 30 a noite de BH com dois ônibus lotdos de C. Sociais, ao todo só da UFMG foram dezenas de ônibus. Tempos interessantes aqueles em que a esperança havia vencido o medo e, ainda tínhamos um espírito jovem que entre festejar com amigos e familiares o Revellion preferíamos as multidões fazê-los nos alojamentos da UnB, na Esplanada dos Ministérios, na rodoviária ou em lugares perdidos de Brasília. Mas i mais importante e notável. Fizemos campanha, votamos e estivemos lá na Posse do primeiro operário brasileiro a assumir a presidência. Ainda hoje me lembro com cenas verdadeiramente épicas daquele dia 01 de janeiro, ou mesmo antes, no dia da vitória (festas em várias partes de BH) e outrora Sapo Barbudo dizendo entre outras coisas:

“(...) Nós precisamos garantir que cada homem ou que cada mulher, por mais pobre que seja, tenha o direito de tomar café de manhã, almoçar e jantar todo santo dia. Nós temos que garantir às pessoas o direito de morar. (...) Nós temos que garantir às pessoas o direito de conquistar a sua cidadania. Somente nós iremos fazer a reforma agrária tão sonhada por milhões e milhões de brasileiros.”

Olhando hoje em agosto de 2010, qual foi à esperança que perdemos. Por que o medo venceu? Qual foram os nossos erros, os da esquerda socialista, qual foram os nossos desvãos. Pois se garantimos a quase todos os direitos humanos a alimentação. Falhamos enormemente em transformar este país em um império da cidadania?

Mas uma coisa para mim é certa, Lula é o atraso. Dias desses Daniel Cohn (um dos lendários lideres do maio de 68) disse que o Lula representa a esquerda atrasada, discordo dele, Lula não é de esquerda, se um dia foi não é mais; a rigor para mim Lula não é nem mesmo social democrata. O seu partido, outrora dos trabalhadores, ate pode ser chamado de social democrata, mas mesmo estes já são minorias. Se discordo de Daniel Cohn pois Lula não é de esquerda concordo quando ele chama a atenção para o fracasso das sociais democracias (no mais discordo da visão eco-capitalista eurocentrada). Fracassaram as sociais democracias no controle do capital, na promiscuidades com as benesses do poder, e o produtivismo a qualquer custo. Essa é a nossa real derrota, nós os socialistas democráticos que defendemos o pluralismo, a diversidade, a cidadania e os direitos humanos cada vez mais vemos desrespeito aos bagres, bugres, negros e outras minorias.

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Falando nisso, para onde caminhará o PSDB? Parece claro que a ala liderada por Serra-FHC sairá bastante fragilizada. Por outro lado, o PSDB de Alckmim deve sair fortalecido. Aqui temos um problema, pois se por um lado, este PSDB não representa necessariamente a ultra-direita econômica representa a ultra-direita comportamental. Se Aécio conseguir eleger Anastásia seu poder de cacife cresce e ele irá desafiar Alckmim no comando do partido. Neste caso qual será o PSDB desta liderança, a se tomar os discursos de Aécio seria o PSDB do pós-lula e não do anti-lula ainda que na prática não difira muito do PSDB de Serra ou Alckmim. Por outro lado o DEM que chamo de DEMO dever ficar mais pálido e branco ainda, mais radical, mais ruralista, mais sectário, menos plural e mais tradição família e propriedade. Basta saber qual será o espaço deste partido de direita ideológico. No mais será aquela salada de sempre abraçando os novos amigos do poder.

Queria falar do PMDB mais neste balaio de gato talvez coloque minha mão em um outro momento.

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Falando em esquerda socialista, uma possível conseqüência positiva da vitória de Dilma será o desmascaramento da relação nefasta do governo federal com os movimentos sociais e, se isso for possível, podemos perseverar novamente um partido de massas ligado aos movimentos sociais modernos pela cidadania, direitos humanos, diversidade e reforma agrária, urbana e econômica. É preciso acabarmos com o neo-liberalismo na prática e não apenas no discurso, como lembra Conceição Tavares se o neo-liberalismo perdeu sua hegemonia como discurso continua a gracejar nas práticas, como aliás mostra os lucros cada vez maiores dos bancos, empreiteiras, siderúrgicas, metalúrgicas e outras. Aliás já repararam que os sucessos do Lula é o retorno aos anos 50 e 60, realmente é o Brasil do atraso, aquele do latifúndio (através do agronegócio) do setor primário (altamente destrutivo de vidas, culturas, patrimônios e natureza) e o setor econômico parasita de sempre. Com LULA a maior invenção brasileira no campo econômico gracejou como nunca: me refiro ao que chamo de invencionice brasileira, o capitalismo sem risco. Capitalismo sem risco é aquele comum aqui no Brasil: ex. Você constrói mega obras com dinheiro público e recebe depois o direito de explorá-la por 30 anos e com preço mínimo garantido pelo governo, este é o caso p. ex do setor elétrico. Ou quem sabe aquela negociata chamada privatização: aquela em que a TELEMAR saiu de graça para seus atuais proprietários. Veja o que disse o Estadão:

Nos últimos 12 meses, o banco emprestou R$ 300 milhões ao francês Carrefour e R$ 400 milhões à italiana TIM para capital de giro.A alemã Mercedes-Benz também levantou R$ 1,2 bilhão para ampliar sua fábrica em São Bernardo do Campo (SP).A também alemã Volkswagen recebeu R$ 642 milhões nos últimos 12 meses. Entre 2009 e 2014, a montadora investirá R$ 6,2 bilhões, 38% com dinheiro do BNDES.A americana Cargill conseguiu R$ 160 milhões no banco estatal - o equivalente a um quarto do que a empresa de alimentos vai investir em novas fábricas em Primavera do Leste (MT) e Uberlândia (MG).



sábado, 14 de agosto de 2010

Sobre a persistência do Racismo e o caso do Ministro Joaquim Barbosa

Publiquei também este pequeno texto do Blog do Nassif:

O grande, para muitos, historiador Evaldo Cabral de Mello disse em 1996 “(...) Palmares era uma república negra, foi destruída e eu prefiro para ser franco, que assim tenha sido. Por uma razão muito simples. Se Palmares tivesse sobrevivido, teríamos no Brasil um Bantustao, um Estado Independente e sem sentido.” Ou seja, em pleno 1996 o historiador demonstrava seu preconceito, seu racismo e seu medo diante da diferença. É o medo da diferença e do plural que justifica a persistência do discurso racista e elitista.

Pois bem, agosto de 2010, o Jornal o Estado de S. Paulo, publica em manchete: “Com licença médica Joaquim Barbosa vai à festa de amigos e a bar em Brasília”. No corpo da matéria explica-se que o ministro Joaquim Barbosa apesar de afastado do trabalho desde abril por licença médica, freqüenta festas de aniversários e bares. Explica-se na matéria que o referido ministro com sua licença emperra o STF e que o mesmo se mostrou bastante irritado com a invasão de privacidade feita pelo jornalista autor da matéria. Bom a se ter pelo tom da matéria devemos crer que o ministro Joaquim prevarica em suas funções e utiliza-se do soldo público para se divertir. Aliás, trata-se da opinião do presidente da OAB Ophir Cavalcanti na mesma matéria. Boas lembranças da OAB de outrora. Caberiam algumas perguntas:

• O Fato de o Ministro Barbosa ser negro influência esse tipo de policiamento? Quantas festas freqüenta o ex-presidente do STF Gilmar Mendes ou o Ministro Peluso, quem sabe quantas e quais festas freqüenta o Min. Lewandowski?

• Qual outro ministro teve sua intimidade invadida a este ponto?

• Qual é a média de tempo dos processos no STF? Qual é a média do número de processos com cada Ministro do STF? Assim saberíamos o quanto o Ministro emperra a corte suprema e se diverte à custa do erário público?

• É justo como lembra o próprio Ministro que matérias como essas (e como outras publicadas no mesmo veiculo e a respeito do mesmo ministro) sejam feitas sem ouvir sua versão dos fatos?

• Será que se o Ministro Joaquim Barbosa não tivesse dito certas palavras ao então poderoso Gilmar Mendes ele seria alvo desta campanha?

• Será que se o Ministro Joaquim, não tivesse acusado os advogados de boa fama na Praça de agir de maneira coativa, a OAB teria a mesma posição?

• Será que se o Ministro não tivesse acusado outros ministros aposentados do STF de agirem como lobistas a reação seria a mesma?

• Será que se o Ministro ainda que negro, filho de negros lavradores do interior de Minas, não tivesse um título de Doutor por Sorbonne e tivesse sido professor de Pricenton e Havard antes de assumir a cadeira no STF ele seria também atacado desta maneira?

• Por fim será que se o ministro não apresentasse uma coerência de votar sempre com a postura denegada a favor da coisa pública, da diversidade, da pluralidade ele também seria atacado? Ou melhor, será que se o Ministro fosse um negro de alma branca as coisas seriam mais fáceis? Mas ele teimou em se doutorar entre outras coisas demonstrando a Constitucionalidade a luz da CF/1988 da aplicação de políticas afirmativas às minorias.

Todas são perguntas que acredito validas. Visto que como disse o nobre Evaldo Cabral que se destruam os Bantustões e não seria no STF que um deles poderia sobreviver. Ao Ministro Joaquim meu singelo, humilde, desimportante e desnecessário apoio.

ps: o Ministro esta afastado do STF por problemas na coluna que o impendem de ficar por muito tempo sentado. Eis que o Estadão ao invadir a privacidade do ministro duas vezes, na festa e no bar, nos brinda com fotos e, em todas elas o ministro se encontra: DE PÉ!!!.

Carlos Eduardo MARQUES, antropólogo e professor universitário

sábado, 7 de agosto de 2010

Das coisas da Justiça

Como alguns sabem sou (agora em licença) professor em um curso de Direito.Portanto, as coisas que dizem respeito a idéia (ideologia) de justiça muito me interessam. Principalmente a um olhar sócio-cultural das questões judiciais.

Assim sendo, mais uma vez, assisto estupefato que dois juizes superiores (desembargador e ministro) foram aposentados compulsoriamente por cometerem gravissimos crimes de corrupção, formação de quadrilha, e outras coisitas do genêro. E olhe que tal "punição" já é um avanço se comparado há alguns anos atrás. Assim sendo estejam punidos os dois magistrados. Punição: cada um vai para casa recebendo cerca de 25 mil reais.

Repito aqui então a pergunta de um comentarista de um blog:

Tenho uma duvida - se a lei é para todos - e estamos no mesmo pais - ou seja BRASIL.Trabalho há 12 anos numa grande empresa - se eu der un desfalque ou robar meu patrão, ele vai me aposentar com o meu atual salario????


Por favor me ajudem…
Comentário por Flavio — 4 de agosto de 2010

sábado, 24 de julho de 2010

Porque apoio Plinio Arruda Smapaio 50 para Presidente

Uma alternativa socialista: nossas tarefas e diretrizes

Para isso, o PSOL apresenta as seguintes diretrizes gerais e tarefas, que serão assumidas por todas as nossas candidaturas majoritárias e proporcionais:



Auditoria da dívida pública, com suspensão do pagamento dos juros e amortizações, controle do fluxo de capitais e do câmbio, com subordinação do Banco Central (BC) ao Estado e taxação progressiva das grandes fortunas (acima de R$ 2 milhões).

Defesa da reestatização da Vale; contra as privatizações, em especial a dos Correios (não à transformação da EBCT em Correios do Brasil S/A).

Defesa da soberania nacional, fim da privatização das florestas, revogação da MP 458, que legaliza a grilagem no campo; desmatamento zero.

Apoio aos povos indígenas, ribeirinhos e das populações tradicionais, contra a construção da hidrelétrica de Belo Monte.

Pela revitalização e contra a transposição das águas do Rio São Francisco; contra obras que inviabilizam a permanência das comunidades tradicionais da região; defesa da revitalização e implantação de projetos para combater os efeitos da seca.

Defesa da Petrobrás 100% estatal; com monopólio estatal da produção e exploração de petróleo; controle estatal e social sobre o pré-sal; transição para fontes de energia renováveis.

Reforma agrária, defesa dos movimentos sociais sem-terra e das suas ocupações; limitação do tamanho da propriedade rural ao tamanho máximo de mil hectares, com expropriação de todas as terras que utilizem trabalho escravo e infantil.

Pela segurança alimentar da população, contra os alimentos transgênicos.

Reforma urbana: defesa dos movimentos sociais de sem-tetos e das ocupações urbanas; pelo direito à moradia digna, contras as remoções forçadas e por um plano de utilização de imóveis vazios que hoje servem à especulação imobiliária como ponto de apoio fundamental em uma política de habitação popular.

Fim da criminalização dos movimentos sociais e da pobreza; anistia a todos os militantes e dirigentes dos movimentos perseguidos com mandatos de prisão, condenações e processo judiciais.

Manutenção do direito de greve e fim dos interditos proibitórios. Defesa do direito de greve dos servidores públicos; contra o arrocho salarial e o congelamento de salários do funcionalismo; contras as medidas e projetos que visam precarizar, privatizar e destruir os direitos dos servidores e os serviços públicos.

Fim do fator previdenciário e defesa da previdência pública.

Apoio à demarcação, homologação, titulação e garantia de inviolabilidade dos territórios indígenas, quilombolas e os territórios de matriz africana; combate ao racismo ambiental.

Redução da jornada de trabalho de 40 horas, sem redução de salários; fim da flexibilização da jornada e dos direitos trabalhistas, fim dos bancos de horas.

Defesa do Plano Nacional de Educação da Sociedade Brasileira e destinação de 10% do PIB para garantir educação pública em todos os níveis.

Fim do modelo de gestão por Organizações Sociais na Saúde e extinção das Fundações privadas na gestão pública; defesa da saúde pública universal, integral e com controle social.

Auditoria da dívida ecológica decorrente dos passivos ambientais provocados pelas grandes indústrias e o agronegócio; utilização do dinheiro do resgate dessa dívida para pesquisa e transição para matrizes energéticas limpas e renováveis.

Reforma política com participação popular, baseada no financiamento público exclusivo de campanha.

Em defesa da legalização do aborto, pelo fim da criminalização das mulheres.

Contra o racismo, a homofobia e o machismo.

Pela democratização dos meios de comunicação; auditoria de todas as concessões das emissoras de rádio e TV; fim da criminalização das rádios comunitárias; anistia aos comunicadores populares; proibição da propriedade cruzada dos meios de comunicação; banda larga universal operada em regime público; criação do Conselho Nacional de Comunicação como instância deliberativa de definição das políticas de comunicação com participação popular; políticas públicas de incentivo à implementação de softwares públicos e livres, ampliando o acesso e a democratização.

Apoiar as experiências e investir em novas iniciativas de economia solidária, cooperativas e associativas.

Retirada das tropas militares do Haiti e sua substituição por contingentes de médicos, técnicos e professores.

Política externa referenciada na soberania brasileira, no combate ao imperialismo e no apoio às lutas e à autodeterminação dos povos.

Combate sem tréguas à corrupção institucionalizada no Brasil - defendendo a punição de todos os envolvidos em denúncias de desvios de verbas, cassação de mandatos de parlamentares corruptos, financiamento público exclusivo de campanha.

Por um Brasil Socialista e Democrático

Oficialmente as eleições já começaram. As candidaturas estão colocadas e registradas. Mas há algo de estranho, de muito estranho, nestas eleições. A ausência de propostas e a ausência forçada dos eleitores. Ora, quais são as propostas dos candidatos oficiais. Sim pois se depender do combinado entre as eleites dominantes, esta será, ou melhor é uma eleição plebiscitária. Entre o candidato da situação e o da oposição, que inclusive no fundo não diferem tanto assim. Talvez por isso tanta baixaria, tanta valentia visto que no que concerne a uma visão de país pouco ou nada diferem. Ou será que não? Como saber se uma das novidades desta eleição é a ausência de planos, programas e quetais. Ora o que pensam DILMA E SERRA sobre Educação, Saúde, Reforma Agrária, Sistema Financeiro, Meio Ambiente, etc. O que pensam a longo prazo não frases vazias e imbecis que eles andam distribuindo aqui e acolá...aliás na ausência de um programa fala-se o que a platéia quer ouvir.... e dá-lhe um festival de incoerência é um tal de defender movimento aqui e acusá-lo ali, tudo ao gosto da platéia. Mas pior do que esse fenômeno é a consolidação nestas eleições da ausência do eleitor. Você e Eu, todos Nós somos meros joguetes. Não existe espaço para o eleitor, este é a massa amorfa que deverá ficar inanimado até o dia das eleições. Neste dia como boi deverá se dirigir a sua seção e escolher entre a situação e a oposição. Como se estivéssemos fadados a somente este caminho. Urge que saiamos do marasmo e que retomemos o processo democrático. Urge que debatamos que país queremos. Que sociedade queremos. Que desenvolvimento queremos.

Urge para os de esquerda, da esquerda socialista e democrática, não da esquerda da Natura (eis que um novo paradoxo, um dos brasileiros citados na lista dos homens mais ricos do mundo o Sr. Leal da Natura é de esquerda) que recuperemos o discurso que construamos uma alternativa, uma frente anticapitalista. Estive na Amazônia e a Utopia se encontra nos movimentos chamados Tradicionais e seus novos direitos. Para aqueles que acreditam que a história chegou ao fim: a Amazônia e seus movimentos sociais de base darão a resposta. Cabe a nós da cidade  caminharmos junto a estes movimentos para o fortalecimento de uma nova época. A época não mais do capital e sim a era dos direitos autóctones, da diversidade, da pluralidade, da defesa da diferença. De uma diferença que é ela mesma fruto do combate a desigualdade. Eis uma era que não confunde equidade com igualdade.

Enfim necessitamos de unir nossas bandeiras em prol da sustentabilidade ambiental, a liberdade de expressão, a participação popular e o respeito aos direitos humanos sem concessões, a defesa da Reforma Agrária.





De volta

Depois de uma semana em Manaus estou de volta. Queria escrever muito aqui sobre Manaus, mas sinto, que alguns lugares são intraduziveis. Fica então o convite para que todos possam conhecer Manaus e Amazonia. Afinal lá é possível ter um sentimento de isso é Brasil porem. Aliás é algo que realmente marca essa idéia de Brasil uno, efetivamente mesmo em Manaus estamos no Brasil.....

Bom mas fico por aqui se consegui organizar  melhor as idéias faço um post sobre Manaus. Mas de todo modo vá lá. Abaixo fotos, ruinzinhas pois de celeular. Mas o que importa é o sentimento. ABAIXO COM O LENDÁRIO MANOEL DA CONCEIÇÃO!!!!!! VIVA A RESISTÊNCIA CAMPONESA BRASILEIRA!!!!


TEATRO AMAZONAS

TEATRO AMAZONAS

Bar com nome super interessante African House

quarta-feira, 14 de julho de 2010

O PT e as bases católicas

Um grande texto que ajuda a entender porque não voto no PT, não votei no Lula e não votarei em Dilma.Com a declinada a direita de Marina e como não sou um cidadão do muro. Vou e com muit gosto em Plinio Arruda Sampaio.

O PT e as bases católicas

Enviado por luisnassif, ter, 13/07/2010 - 10:40

Do Valor
Era Lula mitiga adesão de bases católicas ao PT
Maria Inês Nassif, de São Paulo

13/07/2010
O PT foi fundado, em 1980, de uma costela dos movimentos populares ligados à Igreja da Teologia da Libertação. A ligação entre ambos, todavia, não é mais a mesma. Houve uma "despetização" desses movimentos. O setor progressista católico botou o pé para fora do partido que hoje está no governo da União e se move com mais desembaraço nos movimentos sociais do que fora do circuito de poder, e nos movimentos políticos suprapartidários, como o que resultou na aprovação do projeto Ficha Limpa, no dia 19 de maio.

As bases católicas progressistas ainda votam de forma majoritária no PT, mas não se misturam com o partido e são proporcionalmente menores que nos anos 80 e 90. Primeiro, porque a própria instituição perdeu a sua centralidade, com a redemocratização. "Nos anos 70 e 80, a Igreja era o guarda-chuva para a sociedade civil na defesa de direitos, um abrigo para os movimentos sociais e um centro de atividade política. Quando abriu o regime, não precisou mais exercer esse papel, porque floresceram outras institucionalidades", analisa o padre José Oscar Beozzo, da Teologia da Libertação - o veio de reflexão da Igreja de esquerda latino-americana que foi condenado à proscrição nos papados de João Paulo II e Bento XVI, acusado de tendências materialistas, mas que resiste nas bases sociais católicas de forma mais tímida e "de cabelos mais brancos", segundo Beozzo, e com mais dificuldades de reposição de quadros, na opinião de Carlos Alberto Libânio Christo, o Frei Betto, um de seus teóricos.
Na democracia, a atividade partidária não precisa estar mais abrigada na Igreja, nem a Igreja tem a obrigação de ser o grande protagonista de movimentos políticos civis: "No movimento do Ficha Limpa, houve um trabalho conjunto com setores laicos. É melhor trabalhar assim", afirma Beozzo. "Sem a capilaridade da Igreja, dificilmente o movimento conseguiria reunir 1,6 milhão de assinaturas para a proposta de iniciativa popular", relativiza o juiz Márlon Reis, um dos organizadores do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral.
e outro lado, também foi gradativamente se reduzindo o espaço de atuação da Igreja progressista nas bases sociais. Isto se deve à evasão dos setores mais pobres das igrejas católicas, que rumam celeremente para templos evangélicos, e à política sistemática de esvaziamento dos setores católicos progressistas por Roma. A igreja da Teologia da Libertação ocupa um espaço, junto às classes menos favorecidas, a que os tradicionalistas não conseguem acesso. Quando esse setor tem seu acesso reduzido a estas bases, a adesão ao catolicismo também diminui. Segundo o Censo Demográfico do IBGE, 89,2% declaravam filiação ao catolicismo em 1980; em 2000, eram 73,8%. Em 1990, esse índice era de 83% - um ritmo de queda muito aproximado a 1% ao ano nos dez anos seguintes. As religiões evangélicas eram a opção de 6,7% da população em 1980; já trafegavam numa faixa de 15,4% dos brasileiros em 2000. Segundo dados do Censo, subiu de 1,6% para 7,3% os brasileiros que se declaram sem religião.

O IBGE parece confirmar a teoria de Frei Betto em relação à origem dos que saem do catolicismo em direção às igrejas evangélicas: enquanto, na população total, 73,8% se declaravam católicos no Censo de 2000, esse número subia para 80% nas regiões mais ricas e entre pessoas de maior escolaridade.

Segundo Beozzo, a Igreja Católica encolheu nas comunidades onde viscejava o trabalho pastoral da igreja progressista. "Hoje a igreja é minoritária nas comunidades. Para cada três igrejas católicas, existem 40 pentecostais." Além da perda de fiéis para as igrejas católicas nas periferias urbanas, a Igreja católica tem perdido também para os que se declararam sem religião. É a "desafeição no campo religioso" a que se refere Beozzo.

Para Frei Betto, todavia, as perdas respondem diretamente à ofensiva da hierarquia católica contra a Teologia da Libertação. Essa é uma posição que foi expressa também pelo bispo emérito de Porto Velho, dom Moacyr Greghi, na 12ªInterclesial, no ano passado, quando as comunidades eclesiais de base surpreenderam ao reunir cerca de 3 mil delegados num encontro cujo tema era "CEBs: Ecologia e Missão - Do ventre da terra, o grito que vem da Amazônia". "Onde existirem as CEBs, os evangélicos não entram e os católicos não saem de nossa igreja", discursou dom Moacyr.
Segundo teólogos, padres e especialistas ouvidos pelo Valor, processos simultâneos mudaram as feições da ação política da igreja. A alta hierarquia católica fechou o cerco contra a Teologia da Libertação, quase que simultaneamente à redemocratização do país e à emergência de instâncias livres de participação democrática - partidos, sindicatos, organizações não-governamentais e movimentos organizados.

O PT, principal beneficiário dos movimentos de base da Igreja, se autonomizou e absorveu quadros originários das CEBs, das pastorais e das ações católicas especializadas (JEC e JUC, por exemplo). Ao tornar-se poder, pelo voto, incorporou lideranças católicas, mas também decepcionou movimentos que estavam à esquerda do que o partido conseguia ir administrando o país e mediando interesses de outras classes sociais. "As bases estão insatisfeitas, mas têm medo de fazer o jogo da oposição, que está à direita do governo", analisa Frei Betto. "Tem uma parte dessa militância que tem pavor da volta do governo tucano", relata o candidato do P-SOL à Presidência, Plínio de Arruda Sampaio.
O espaço do PT nas bases católicas ficou menor depois da ascensão do partido ao poder e da crise do chamado Escândalo do Mensalão, em 2005 - quando foi denunciado um esquema de formação de caixa 2 de campanha dentro do partido. Hoje, a relação dos católicos progressistas com a legenda não é mais obrigatória e os militantes de movimentos católicos de base são menos mobilizados e em menor número. Os partidos de esquerda acabaram incorporando um contingente da base católica que continua partidarizada, embora o PT ainda seja majoritário.

"O PT continua sendo o partido que tem mais preferência dos militantes das Comunidades Eclesiais de Base, mas existem partidários do P-SOL e tem gente que saiu do PT para militar com a Marina Silva, do Partido Verde", conta o padre Benedito Ferraço, um ativo militante . Em alguns Estados, como o Maranhão, onde existia uma militância histórica do antigo MDB autêntico, da época da ditadura, ainda se encontram bases católicas progressistas pemedebistas, segundo padre Ferraço. O candidato do P-SOL, Plínio de Arruda Sampaio, que milita junto a setores da Igreja na defesa da reforma agrária - e assessora a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) sobre o tema - tem a adesão de líderes de movimentos da Igreja ligados à questão agrária. Contabiliza o apoio do ex-presidente da Comissão Pastoral da Terra, o bispo emérito Dom Tomás Balduíno. Marina - que, embora tenha abraçado a religião evangélica, tem na sua origem política a militância nas CEBs - recebeu a adesão do guru da Teologia da Libertação, Leonardo Boff.

Na avaliação do ex-vereador Francisco Whitaker, membro da Comissão Brasileira de Justiça e Paz, as bases da igreja progressista têm saído da militância petista, mas engrossam mais as fileiras dos "sem-partido" do que propriamente as legendas mais à esquerda ou opções mais radicais pela ecologia, embora isso aconteça. "Hoje, a militância partidária é apenas uma das possibilidades", afirma Whitaker, que foi um dos líderes do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral que esteve à frente da campanha pelo projeto dos Ficha Limpa.
Whitaker e Frei Betto - este, junto com Boff, é um dos expoentes da Teologia da Libertação - apontam também um outro fator para a "despetização" das bases da Igreja: a absorção de quadros originários das CEBs e das pastorais sociais pelo próprio governo. "O movimento de base foi muito desarticulado, ou porque os seus líderes foram cooptados pelo governo do PT, ou porque foram incorporados à máquina partidária", diz Frei Betto. Isso quer dizer que o militante católico absorvido pelas máquinas partidárias e do governo deixou de ser militante e passou a ser preferencialmente um quadro petista.

A incorporação à máquina não é apenas a cargos de confiança em Brasília. "As representações estaduais do Incra e da Funasa, por exemplo, absorveram muita gente que veio dos movimentos de base da Igreja Católica", conta Frei Betto. Também a máquina burocrática do partido atraiu os militantes que antes atuavam nas bases comunitárias de influência católica.

A "laicaização" do PT foi mais profunda, todavia, após 2005. "O mensalão bateu forte nas bases católicas", avalia Whitaker. Sob o impacto do escândalo, centenas de militantes petistas aproveitaram o Fórum Social Mundial, que naquela ano acontecia em Porto Alegre, para anunciar a primeira debandada organizada de descontentes, que saíram denunciando a assimilação, pelo PT, das "práticas e a maneira de fazer política usuais no Brasil", conforme carta aberta divulgada por Whitaker. "Eu tomei a decisão de integrar o partido dos sem-partido", conta o ex-vereador. A aposta, naquele momento, era que esses dissidentes criassem um forte partido ligado à esquerda católica. O P-SOL nasceu, mas pequeno e fraco - uma reedição, em tamanho reduzido, da aliança entre esquerda católica e grupos marxistas que, 15 anos antes, havia criado o PT.
Os "sem-partido", no cálculo de quem saiu, são em maior número. Whitaker chama essa "despetização" de "saída para a sociedade": o contingente se incorporou ao movimento dos Ficha Limpa, agora reforça a briga pela aprovação da Emenda Constitucional de combate ao trabalho escravo e tem atuação na luta pela reforma agrária. Tem forte atuação também - e quase definitiva - na organização dos Fóruns Sociais Mundiais (FSM) que ocorrem todo ano, de forma quase simultânea ao Fórum Econômico Mundial de Davos, como uma opção de debate econômico dos excluídos das generosidades do capitalismo mundial. Exercem uma militância de certa forma invisível na política institucional, mas muito atuante nas bases, de questionamento da legitimidade das dívidas interna e externa.

O secretário-executivo da Comissão Brasileira de Justiça e Paz, Daniel Seidel, afirma que esse setor católico vive hoje em estado de ebulição, depois de um período de recuo, imposto especialmente pela ofensiva de Roma contra os setores mais progressistas da Igreja da América Latina. No caso brasileiro, esse novo período de eferverscência é atribuído a Dom Dimas Lara, secretário-geral da CNBB, de um lado; e de outro lado, ao papel desempenhado pelas Assembleias Populares, um formato de organização das bases mobilizadas da Igreja. As Assembleias têm definido uma ação política fora dos partidos e engrossado as mobilizações dos movimentos populares. São um espaço para onde tem convergido a atuação da Igreja cidadã: é onde se definem questões de atuação conjunta com outras igrejas, leigos, movimentos sociais e partidos políticos, embora jamais vinculados a eles.

Embora a "saída para a sociedade" tenha se dado num quadro de frustração com o governo, existe cautela em relação a ações contra o governo Lula. "Tem uma parte das bases católicas que acha que, ruim com ele (Lula), pior sem ele. Essa parte tem pavor da volta de um governo tucano", analisa Arruda Sampaio. "Embora as bases estejam insatisfeitas, têm medo de denunciar o governo e fazer o jogo da oposição", diz Frei Betto. Isso ocorre também com os movimentos sociais que já estão descolados da Igreja, como o MST, que foram criminalizados nos governos de FHC, não concordam com os rumos tomados pelos governos de Lula, mas ainda assim preferem a administração petista, numa situação eleitoral de polarização entre o PT e o PSDB.

Ex-militantes egressos da Igreja migraram para Marina e Plínio
De São Paulo
13/07/2010

A Igreja progressista já não produz quadros para a política na quantidade que o fazia antigamente, mas a política brasileira pós-redemocratização está repleta de suas crias.

No início do governo, no comando do programa Fome Zero, Carlos Alberto Libânio Christo, o Frei Betto, contabilizou-s em artigo no "Correio Braziliense": Marina Silva, ex-militante das Comunidades Eclesiais de Base da Igreja; Benedita da Silva, líder comunitária cujo primeiro marido, o Bola, militou no movimento Fé e Política; o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, que foi da Juventude Estudantil Católica (JEC) de Anápolis (GO); Dilma Rousseff, companheira de cárcere de Frei Betto e de outros religiosos, no presídio Tiradentes; José Graziano, formado politicamente na JEC; Olívio Dutra e Gilberto Carvalho, que vieram da Pastoral Operária; José Dirceu, que no período de clandestinidade foi abrigado no convento São Domingos; e o jornalista Ricardo Kotscho, com quem Frei Betto criou grupos de oração, base do trabalho evangelizador da Teologia da Libertação .

Muita água rolou por baixo da ponte, mas nessas eleições presidenciais pelo menos dois candidatos beberam dela. A evangélica Marina Silva, candidata a presidente pelo PV, é uma. "Nós crescemos na batina do dom Moacyr (Grechi)", afirma a candidata. Militante desde cedo das comunidades eclesiais de base do Acre, atribuiu à Igreja católica, em especial de dom Moacyr, o fato de o Estado ter encontrado caminhos políticos diferentes ao do narcotráfico. Foi o pessoal do dom Moacyr que ganhou eleições para governos e Senado e forneceu quadros para secretarias e estrutura burocrática,
O candidato do P-SOL, Plínio de Arruda Sampaio, foi um incansável militante, dentro e fora da Igreja, pela reforma agrária. Era um quadro do PT até o racha de 2005. Acha que, em algum momento, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva teve liderança incontestável nas bases da Igreja, mas hoje não lidera mais "gregos e troianos".



A deputada e ex-prefeita de São Paulo Luiza Erundina (PSB), embora não seja candidata à Presidência, é um exemplo de política que se criou nas bases da Igreja. Em Pernambuco, onde dava os seus primeiros passos na luta política, a Igreja progressista ajudava a organizar sindicatos rurais numa região em que as ligas camponesas - movimentos sociais muito atuantes antes do golpe de 64 - foram destroçadas pela ditadura. "Havia uma grande repressão às ligas e aos camponeses, mas a Igreja tinha uma relativa liberdade de transitar por esses espaços e aproveitava disso para organizar sindicatos", conta a deputada. Erundina veio para cá ameaçada pela repressão militar. Elegeu-se prefeita em 1989 - e foi a sua relação com a Igreja progressista que a protegeu nos momentos mais difíceis. (M.I.N)

Pulo Moura se foi

Estou em viagem e por isso a dificuldade de acesso a net. No entanto, uma pausa, se faz necessária faleceu Paulo Moura. O grande Paulo Moura, certa vez acredito que disse aqui mesmo que esta ficando muito dificil com tantas perdas e nenhuma substituição. O campo das artes e do pensamento brasileiro definitivamente foi no século passado uma das grandes dádivas do Brasil ao mundo. Agora mais um se foi. é preocupante e assustador estamos ficando a merce do barulho. Portanto, em homenagem a música (este Dom Supremo) silêncio por favor em homenagem ao grande Paulo Moura e depois uma salva de palmas.

Agora do Blog do Nassif:

Madrugada em Ouro Preto - com Paulo Moura


Enviado por luisnassif, ter, 13/07/2010 - 20:34



Por Marcelo Procopio

Paulo Moura - Madrugada: um som sobe a ladeira em Ouro Preto

- uma história que contém Paulo Moura

Marcelo Procopio
Hoje é dia do Rock. Mas quem morreu foi Paulo Moura: “morreu para você filho ingrato” da música. Música é para sempre. Nos anos 1970, quando o Festival de Inverno da UFMG, ainda em Ouro Preto, estava revelando grandes nomes da música, teatro, artes plásticas e tudo o mais, aconteceu um momento mágico. Madrugada, quase dia, e uma som começa a chegar à Praça Tiradentes. Eu e amigos íamos sempre lá nos fins de semana. Quase sem dinheiro – às vezes dormíamos em repúblicas, outras em hotéis de quinta. Mas nem sempre.
Ficávamos a vagar pelas ruas, noites, bares. Conhecendo pessoas, ouvindo música, vendo artistas em esquetes, em todo canto da cidade. Bebendo, ficando loucos. Todo mundo quase louco, todo mundo todo lúcido em busca de novos mundos. Outras culturas. Rejeitando o “novo”, como diziam os tropicalistas que criavam tudo de novo, a partir, claro, de bases existentes. Revoluções são assim.
Servem para mudar radicalmente uma realidade. Como dizia O Onça, personagem de O Cometa, como se você tirasse uma cadeira, a destruísse, e colocasse uma mesa no lugar. Tudo novo. Um novo olhar. Outra história se dando conta que ainda é preciso mudar tudo outra vez. Depois.

Os camburões do Dops ficavam estacionados na Praça Tiradentes. Os policiais se misturavam no meio dos artistas, estudantes, professores, turistas, malucos, drogados, bêbados. Em 1971 prenderam centenas, inclusive o pessoal do grupo Living Theatre – na época, dirigido por Julian Beck e Judite Malina, que ficaram presos semanas, mais de mês no Dops de BH. O Estado de Minas publicou o Diário de Malina na prisão, uma série de vários dias, que tinha guardado e perdi.

A imprensa deu manchetes pelo país. Chamaram de O Festival da Bolinha (tempo de drogas químicas, comprimidas em comprimidos). Até hoje fico pensando no que deu no EM para publicar o Diário, num momento AI-5 da ditadura militar. O Living Theatre era convidado do Festival da UFMG para cursos e apresentações.
Me lembro de um outro episódio inusitado: a gente estava num bar da praça Tiradentes. Um daqueles. Barzão com alta profundidade. No comprimento e nas conversas. Cultura e política. Resistência e insistência. Nem era tarde assim. Antes da meia-noite. Um cara alto, vestido no capote preto, entra no bar, faz um gesto qualquer que chamou a atenção de todos. Todos olham em sua direção. Ele diz em alto e bom tom:

- Cada um na sua idiossincrasia. (Vira-se e vai embora).
E de um outro. Ouro Preto tinha aquele clima de festival. Era uma madrugada de sexta para sábado. E aconteceu:
Era 1971. Poderia ser 1972 - se a memória falha, não é o tempo exato que importa. Era Festival de Inverno da UFMG. Era Ouro Preto.
Era madrugada: 5 horas, quase querendo amanhecer. Ainda havia algum movimento na cidade. Bares, dois, três talvez, abertos na praça Tiradentes. Devia haver policiais do Dops nos cantos, observando.

A gente esperava, no frio, um pedaço de sol. E o fim da loucura, do porre homérico passar. Quase silêncio. Poucas vozes.
Então, como se do nada, um som começou a chegar na praça. Era música. Vinha de longe. Da rua São José. Lá de baixo. Do começo, do fim da ladeira.
A música cada vez mais perto. A gente procurando quem. Avistamos, enfim, um grupo: algumas pessoas seguindo a música. Subindo a rua trazendo a música.

Esperamos, olhando o som. Era um sopro. Um sax. Era homem e um pequeno grupo subindo a ladeira.

Cada vez mais próximo da praça. Cada vez mais gente: aqueles poucos que ainda esperavam um pedaço de sol na noite fria de julho e aquele grupo, ainda menor, que vinha junto com a música.
O músico e sua música chegaram na praça. Agora estávamos todos juntos: a música, o músico, as pessoas e o fim da noite em Ouro Preto.
Todos agora em volta da música. O músico ao lado de Tiradentes, a estátua na praça. A música enchendo a cidade. A gente levado pela música criava um êxtase coletivo. Felicidade. Os olhos. Se fosse possível ver os olhos agora...
Era Paulo Moura no sax. Era madrugada em Ouro Preto. Era um silêncio absoluto. Só havia no ar o som suave do sopro da música de Paulo Moura.
Era para nunca mais esquecer. Era para sempre. Madrugada, Ouro Preto, Paulo Moura e a música.

Comentário do Luis Nassif

Quem diria... Eu estava lá, cobrindo o festival para a revista Veja, no meu primeiro ano de trabalho.



quinta-feira, 8 de julho de 2010

Tempo de homengens

Ontem completou-se 20 anos de morte, do poeta Cazuza. Cazuza foi magistral em sua arte. Artista que soube elevar seu métier, Cazuza de fina formação, uniu o rock, então entendido no Brasil mais como barulho de maconheiros playboys a MPB. Fundindo assim uma das caracterísitcas mais marcantes do chamado BRock, o apreço pelo beletrismo, beletrismo este que também combinava junto ao lirismo, uma boa dose de contestação social, política e cultural. Cazuza Vive em suas poesias e em sua performance.

Já no dia 12 de julho será a vez do aniversário também de 20 anos de morte de João Saldanha, o João Sem Medo. João foi figura impar no mundo do futebol. Brilhante, para além de grande cronista do esporte, foi na verdade um sociologo do futebol brasileiro. Jamais escondeu suas opiniões, sua ideologia, sua ligação com o velho Partidão, o PCB, sua luta contra as injustiças sociais. Foi acima de um tudo um corajoso, que em plena ditadura ousou a desafiar um presidente-general, perdeu o cargo de treinador mas reafirmou uma vez mais que dignidade não tem valor.

domingo, 4 de julho de 2010

Sobre a Copa

Sobre a Copa em poucas palavras. Isso se eu conseguir:

Sobre as semifinais: muito equilibradas, tudo pode acontecer. Se pensarmos em tradição a menos cotada seria a Espanha. No entanto, se pensarmos em termos de elenco (individualmente dizendo) inverte-se e a Espanha seria a mais cotada pelo menos na minha visão. Mas se pensarmos em eficiência, ou seja, um futebol pragmático de 1X0 ou 2X1 seria a Holanda. No entanto, no conjunto, na tática, na técnica e mesmo em valores individuais seria a Alemanha, que tomou em minha opinião e em minhas análises o lugar da Espanha que era a seleção que jogava mais bonito, mais eficiente e com os melhores valores individuais. De todo modo pessoalmente simpatizarei pela Holanda e na outra semifinal vou somente fruir (espero eu) o grande futebol da final antecipada.

Sobre o Brasil: tudo previsível, aliás, quem tem feito as melhores análises do Brasil são os europeus. E sejamos francos para além de uns poucos loucos e fanáticos e dos hipócritas (do marketing) como disse o Tostão a seleção brasileira nem mesmo nos emociona a ponto de sentirmos a eliminação. Justa eliminação, vida que segue pelo menos sem tanta folga desnecessária.

Sobre o Paraguay: foi um azarado do sorteio se tivesse caído na trajetória do Uruguay, sei não acho que o Paraguay teria eliminado tal qual o Uruguay: Coréia, Gana e acho que o Paraguay poderia parar a Holanda. Pena que o caminho foi o mais difícil.
Sobre o Uruguay: sem querer desmerecer, mas para mim o Uruguay só esta onde esta porque teve um caminho fácil e de times sem experiências e que amarelam na hora H.
Sobre o México: outro da turma azarada caiu no grupo do anfitrião o que já era difícil e cruzou com Argentina. Tivesse cruzado com umas outras 10 ou 11 seleções teria passado o México.

Sobre a Argentina: outra do mais do mesmo. Mais que previsível meio-campo e ataque fantástico (olha o banco deles) e defesa sofrível. Ruim, ruim, muito ruim, quase inacreditável ter uma defesa tão ruim. E da serie eu disse(isto antes do mundial) a defesa da Argentina é tão medonha como a do Cruzeiro, mesmo quando joga muito, muito bem toma uns 2 gols e no nosso caso o goleiro salva, no deles nem isso. A única coisa que lamento é a ironia dessa defesa tão ruim. Com isso os idiotas de plantão já começaram a detonar o sistema ofensivo do Maradona. Pena, desde os anãos 60 não víamos uma seleção no maravilhoso esquema 4-2-4 com variação para 4-1-5. Talvez o grande erro do Maradona foi não ter convocado o Cambiasso, estava jogando muito na Inter e poderia ser improvisado na zaga ou mesmo sero tal 1 volante mais fixo.

Sobre Gana: pena que sentiu quando não podia. E não acho (antropologizando) que seja apenas algo simples. Me parece sim que os africanos nestes momentos sentem a carga de comentários negativos. Mas enfim apresentou alguns jogadores interssantissimos: como o Ayew (joga demais, fora do último jogo- suspenso) e mesmo o Gyan que perdeu o penalty.

Sobre o resto: em geral continuo achando uma Copa fraca. Com poucos valores que chamam a atenção mesmo entre os mais fracos. Nesta Copa não teve aquele cara que realmente encanta independente de sua seleção tipo um Hagi, Stoicovich, etc. Meus destaques ficam nestes casos mesmo para o Hamisik da Eslováquia mas já é mesmo o craque do Napoli. Para o Vittek do mesmo time mostrou sem matador. Não sei escrever o nome do camisa 10 da Eslováquia mas me pareceu o único 10, 10 clássico da Copa. E não vi muito alem disso.

Destaques dos times que foram melhor: Villa (se a Espanha for campeã) vai ser o craque da Copa 5 dos 6 gols espanhóis.
Sneider idem pela Holanda, mas sem má vontade não vejo esse futebol todo nele. Mas obvio é o grande armador.
Forlan que já jogava muito chamou a maestria do Uruguay, por um lado é bom ver o Uruguay com maestro (me lembra vagamente devidoa idade –já que o vi jogar fenomenalmente no finzinho da carreira o Príncipe Enzo Fracescolli- mas o príncipe ainda jogava muito mais). E Luis Suarez, outro que no Brasil o pessoal não conhece mas já era a 02 anos o principal jogador do Ajax da Holanda, ou seja, tem qualidade e agora virou o herói da Copa merecidamente.
Alemanha: nossa aqui a coisa complica.
Falar o que do Klose (que não entendo porque desde 2002 a imprensa brasileira tem birra) o cara tem 14 gols em 3 copas, descontando os jogos que ele não fez: tipo nessa Copa suspenso. O cara tem o fantástico score de 14 gols em 17 jogos. Com ele a Alemanha sempre fez os 7 jogos da Copa, vice, 3° e agora de novo entre as quatro primeiras.
Ozil todo cuidado é pouco pois é muito jovem, 21 anos, mas me parece estar nascendo o primeiro grande craque da década. Poderá fazer história. Jogador formidável grande líder da Alemanha campeãs juniores da Europa.
Miller: outro talento fantástico companheiro de Ozil de base. E só um detalhe para quem acompanha os jogos da Globo, quando um daqueles babacas falrem que o Miller nem joga ainda no Bayern desconsiderem os caras da Globo não vêem futebol europeu. O Miller joga tanto que ele é titularissimo do Bauyern (olha ironia para a Globo) foi o que mais jogou na temporada, foi o artilherio do time e olhem só barrou no time titular do Bayern ele mesmo Klose e Mario Gomez (ambos na seleção).
Schwesitager: ta escrito errado não faço a mínima idéia de como escreve mas sei que esse cara joga demais. Demais, já foi para mim o grande nome da Alemanha a 04 anos atrás com apenas 20 ou21 anos, aprimorou nos últimos anos. Foi para o Bayern como não teria posição no meio o Zé Roberto estava jogando demais se deslocou para ser volante. Craque completo.
Ainda destaque menor para Podolski, Khedira todos estes citados aqui com exceção de Klose pasmem com menos de 25 anos, ou seja, podem ainda umas duas copas.



sábado, 26 de junho de 2010

Poesias ou textos de um estado de loucura

"A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca e que, esquivando-nos do sofrimento, perdemos também a felicidade. A dor é inevitável. O sofrimento é opcional."

Carlos Drummond de Andrade
Grande Poeta.

A tristeza é senhora/ Desde que o samba é samba é assim/ A lágrima clara sobre a pele escura/ A noite, a chuva que cai lá fora/ Solidão apavora/ Tudo demorando em ser tão ruim/ Mas alguma coisa acontece/ No quando agora em mim/ Cantando eu mando a tristeza embora....o problema é quando nem mesmo cantando conseguimos espantar aquela dor sufocante de se estar ... é nestes momentos que até mesmo o sorvete endurece nosso coração.  
 
A poeta Cecilia Meirelles disse certa vez que "AMOR É SEDE DEPOIS DE SE TER BEM BEBIDO". Pois a paixão é pior pois é amor nem sempre bebido.
 
Amar é


amar é viver

entre o sorrir e o chorar

entre a razão e a loucura

é um bem querer ...

é um esporro gostoso

Carlos Eduardo Marques

No entanto, Paixão:

PAIXÃO


Paixão

Emoção profunda que abarca a razão

Que embriaga

Que emociona

Que abarca

Que nos faz perder

O sono

A fome

A compostura

Dá febre

Cala frios

Aquela sensação estranha e gostosa: de calafrios, de arrepios, de calor e sudorese

Enfim ....

Carlos Eduardo

Loucura
Das Leben ist nicht notwendig, ist die Gabe
meine Einsamkeit
ist eine grausame Krankheit
die Angst vor dem Leben gibt mir
mittelmäßige daher
Ich lebe mein Leben zwischen den Trick des Lebens ist
der Schippe springen
siehe, zu leben, ist nicht
eis que viver não é preciso
Live ist ein Unfall, unwillkürliche
aber wir müssen fahren,
aber ist ein freiwilliger Akt
Ich liebe es, sich zu betrinken, betrunken, bis er in den Wahnsinn der Liebe verloren
weil der Wahnsinn der Einsamkeit der Liebe hat nicht verbraucht
meine Jugend, mein Glück
Carlos Eduardo Marques

domingo, 20 de junho de 2010

Brasilianas e QUARUP


Encontra-se em exposição no Palácio das Artes duas exposições que em minha opinião merecem ser vistas, principalmente por nós cientistas sociais. Na galeria principal encontra-se uma exposição chamada Brasiliana, que reúne parte de uma das maiores coleções do mundo (trata-se da coleção particular fenomenal - sem exagero- do dono do Banco Itaú) a exposição é uma pequenina parte da coleção mas o que se encontra exposto em umas 05 ou 06 salas acredito que seja de um imenso e indescritível valor para nós C. Sociais, é assombroso (no bom sentido) ver as representações pictóricas e alegóricas dos nativos, lembremos que foi a partir de muitas destas pinturas, desenhos e croquis que os chamados naturalistas desenvolveriam suas teorias antropológicas. Aliás, encontra-se também expostos obras fundamentais desta época, como os tratados de anatomia e anthropologia (aliás interessante mesmo vermos qual era o significado desta palavra nos mapas e obras até o século XVIII).

 
Em outra galeria menor a Genesco Murta, encontra-se a exposição denominada Quarup em homenagem aos irmãos Villas-Boas. Uma exposição que vale pela emoção de afetar-se pelo Quarup, pela denuncia política da situação desde sempre dos indígenas e do contato, que aliás os próprios Villas-Boas reconhecem não foi o mais adequado. Do ponto de vista museologico é belíssima, com direito inclusive a uma grande Oca, com reproduções de imagens e sons do Quarup. A idéia é homenagear os Villas-Boas e de fato emociona a opção radical dos três irmãos mas no fundo, achei que a exposição é uma homenagem a vitalidade dos indígenas do Xingu. Mas o que me chamou mais a atenção foram mesmo a denuncia que tal exposição traz a respeito do discurso do desenvolvimento a qualquer custo. Neste sentido assombra um discurso feito por um dos irmãos Villas-Boas, no longínquo ano de 1972 na Universidade Federal de Minas Gerais, a respeito da concentração de terras e a devastação da Amazônia pela criação pecuária. Tudo tão antigo e tudo infelizmente tao atual. Fica da exposição também a certeza que o Parque Xingu foi uma grande conquista dos indígenas brasileiros, que como afirma um dos filhos de Orlando Villas-Boas permite que hoje os índios sejam autônomos e independentes, inclusive da FUNAI.

Bom enfim este texto era mais para divulgar ambas as exposições.

sábado, 19 de junho de 2010

Von Herz zu

PAIXÃO DE NOVO (Leidenschaft)







Eta dor que dói, dói, dói e não passa


Arrghhh


Que aperto d’alma


Que dor doida e sofrida


Que dor ruim de sentir


Que dor boa de sentir


Sufoca, sufoca, sufoca


Sufoca a razão


E sufoca até a loucura






Ai que dor que me rememora


Outro poema






Tô com Belchior: "Eu estou muito cansado de não poder, de não poder falar palavras, sobre essas coisas sem jeito que trago no meu peito e que acho tão bom ...um cara tão setimental, quero uma palavra nova ...quero a sessão de cinema das cinco para beijar a menina e levar a saudades na camisa toda suja de batom"


Von Herz zu


ein schöner Engel, erschienen


ein Lied singen


für die Leidenschaft


Pass


Ich schreie, ich schreie, ich weine und weine,


aber ich bin böse


weil ich nur sehen, was ist grausam


nur das Gefühl der Gallenblase



coração de

um anjo lindo, pareceu



canto um canto


para que a paixão


passe


quero gritar, quero gritar, quero chorar e chorar,


mas com sou perverso


pois só vejo o que é cruel


só sinto o fel






PAIXÃO


Emoção profunda que abarca a razão


Que embriaga


Que emociona


Que nos faz perder


O sono


A fome


A compostura


Dá febre


Cala frios


Aquela sensação estranha e gostosa: de calafrios, de arrepios, de calor e sudorese


Enfim ....


Carlos Eduardo

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Saudações aos que tem coragem II

Seguindo post abaixo, onde publicamos a carta de desfiliação de Sandra Starling do PT de Minas. Veja a cirse no Maranhão, com muita dor, digo o seguinte, CHEGOU A HORA DO PT PERDER AS ELEIÇÕES POIS SÓ ASSIM OS MOVIMENTOS SOCIAIS E AS LUTAS SOCIAIS poderão voltar ao nosso país. O que é pior na crise do Maranhão não é o apoio a Sarney, isso faz parte do jogo, o que é inaceitável é a forma stalinista que o PT trata os seus, por isso o partido paulatinamente foi expulsando ou perdendo voluntariamente suas principais e mais avançadas correntes. Não se enganem os mais avançados já se foram ha muito tempo. Só sobram estas lastimas, estes vendalhões, aqueles que se apegam aos cargos e suas benesses. Vejam que a turma acha que a violência de um protesto legitimo é contra o partido e pior temem pela imagem da candidatura de Dilma Roussef....a imgame da candidatura...

"Vou morrer aqui por cobrar respeito à democracia partidária", disse Dutra em discurso hoje na Camara Federal.

Dutra faz um emocionante e dramático discurso na Câmara dos Deputados

por Leandro Fortes, no Brasília eu vi

O Maranhão é o quarto secreto onde o presidente Luiz Inácio Lula da Silva esconde, como Dorian Gray, uma resistente decrepitude moral de seu governo. Assim como o personagem da obra de Oscar Wilde, Lula se mantém jovial e brilhante para o Brasil e o mundo, cheio de uma alegria matinal tão típica dos vencedores, enquanto se degenera e se desmoraliza no retrato escondido do Maranhão, o mais pobre, miserável e desafortunado estado brasileiro. Na terra dominada por José Sarney, Lula, o anunciado líder mundial dos novos tempos, parece ser vítima do feitiço do atraso.

Dessa forma, em nome de uma aliança política seminal com o PMDB, muito anterior a esta que levou Michel Temer a ser candidato a vice na chapa de Dilma Rousseff, Lula entregou seis milhões de almas maranhenses a Sarney e sua abominável oligarquia, ali instalada há 45 anos. Uma história cujo resultado funesto é esta sublime humilhação pública do PT local, colocado de joelhos, por ordem da direção nacional do partido, ante a candidatura de Roseana Sarney ao governo do estado, depois de ter decidido apoiar o deputado Flávio Dino, do PCdoB, durante uma convenção estadual partidária legal e legítima, por meio de votação aberta e democrática.

Esse Lula genial, astuto e generoso, capaz de, ao mesmo tempo, comandar a travessia nacional para o desenvolvimento e atravessar o mundo para evitar uma guerra nuclear no Irã, não existe no Maranhão. Lá, Lula é uma sombra dos Sarney, mais um de seus empregados mantidos pelo erário, cuja permissão para entrar ou sair se dá nos mesmos termos aplicados à criadagem das mansões do clã em São Luís e na ilha de Curupu – isso mesmo, uma ilha inteira que pertence a eles, como de resto, tudo o mais no Maranhão.

Lula, o mais poderoso presidente da República desde Getúlio Vargas, foi impedido sistematicamente de ir ao estado no curto período em que a família Sarney esteve fora do poder, no final do mandato de Reinaldo Tavares (quando este se tornou adversário de José Sarney) e nos primeiros anos de mandato de Jackson Lago, providencialmente cassado pelo TSE, em 2009, para que Roseana Sarney reocupasse o trono no Palácio dos Leões. Só então, coberto de vergonha, Lula pôde aterrissar no estado e se deixar ver pelo povo, ainda escravizado, do Maranhão. Uma visita rápida e desconfortável ao retrato onde, ao contrário de seu reflexo mundo afora, ele se vê um homem grotesco, coberto de pústulas morais – amigo dos Sarney, enfim. Logo ele, Lula, cujo governo, a história e as intenções são a antítese das corruptas oligarquias políticas nacionais.

Lula, apesar de tudo, caminha para o fim de seus mandatos sem ter percebido a dimensão da imensa nódoa que será José Sarney, essa figura sinistramente malévola, no seu currículo, na sua vida. Toda vez que se voltar para o mapa do país que tanto vai lhe dever, haverá de sentir um desgosto profundo ao vislumbrar a mancha difusa do Maranhão, um naco de terra esquecido de onde, nos últimos 20 anos, milhares de cidadãos migraram para outros estados, fugitivos da fome, do desemprego, da escravidão, da falta de terra, de dignidade e de esperança. Fugitivos dos Sarney, de suas perseguições mesquinhas, de sua megalomania financiada pelos cofres públicos e de seu cruel aparelhamento policial e judiciário, fonte inesgotável de repressão e arbitrariedades.

Contra tudo isso, o deputado Domingos Dutra, um dos fundadores do PT maranhense, entrou em greve de fome no plenário da Câmara dos Deputados, em Brasília. Seria só mais um maranhense a ser jogado na fome por culpa da família Sarney, não fosse a grandeza que está por trás do gesto. Dutra, filho de lavradores pobres do Maranhão, criou-se politicamente na luta permanente contra José Sarney e seus apaniguados. Em três décadas de pau puro, enfrentou a fúria do clã e por ele foi perseguido implacavelmente, como todos da oposição maranhense, sem entregar os pontos nem fazer concessões ao grupo político diretamente responsável pela miséria de um povo inteiro. Dutra só não esperava, nessa quadra da vida, aos 54 anos de idade, ter que lutar contra o PT.

Assim, Lula pode até se esquivar de olhar para o retrato decrépito escondido no quarto secreto do Maranhão, mas em algum momento terá que enfrentar o desmazelo da figura serena e esquálida do deputado Domingos Dutra a lembrá-lo, bem ali, no Congresso Nacional, que a glória de um homem público depende, basicamente, de seus pequenos atos de coragem.


Do IG
Petista histórico adere a greve de fome e preocupa time de Dilma

Com saúde frágil, fundador do partido tem histórico de militância contra família Sarney e contesta intervenção em favor de Roseana

Ricardo Galhardo, iG São Paulo

Quando o deputado Domingos Dutra (PT-MA) anunciou que entraria em greve de fome contra a decisão da cúpula nacional do PT, que obrigou opartido a apoiar a reeleição da governadora Roseana Sarney (PMDB) no Maranhão, pouca gente na direção do PT deu importância. “Se depender do PT ele vai morrer de fome”, disse um dirigente.
A situação mudou de figura no último domingo, durante a convenção que oficializou a candidatura de Dilma Rousseff à Presidência, quando chegou ao conhecimento da direção partidária que Manoel da Conceição havia aderido à greve de fome de Dutra. “Isso é sério”, disse o secretário nacional do PT, José Eduardo Cardozo, quando soube da notícia.
Até Manoel da Conceição aderir à greve de fome, PT dava pouca importância ao protesto
Manoel da Conceição é descrito pela revista Teoria e Debate, da Fundação Perseu Abramo, braço intelectual do PT, como “sem dúvida uma das mais importantes lideranças camponesas do Brasil em todos os tempos”. Mais velho entre os fundadores do PT ainda vivos, Mané, como é conhecido, está com 75 anos, tem diabetes, sofreu um acidente vascular cerebral (AVC) em 2002 que quase o matou e até hoje causa dificuldade na fala, mas não abalou sua disposição de enfrentar a imposição da direção partidária ao PT maranhense.
“Vou até o final, até ver o resultado. Ou eles tiram a intervenção no Maranhão ou me expulsam do partido. Senão, eles vão me ver morto. A última vez que comi foi na quinta-feira”, disse Conceição, por telefone, ao iG.
Nascido em um pequeno vilarejo no sertão do Maranhão, expulso das terras da família por um latifundiário corrupto, Conceição já passou por situações muito piores do que a greve de fome iniciada quinta-feira.
À Teoria e Debate, ele relatou da seguinte forma um massacre de jagunços contra camponeses que presenciou em 1958 e escapou com vida por milagre: “A casa era um salão grande de um morador, da família Mesquita. Eles eram evangélicos da Igreja Batista. Aí entrou um dos jagunços e matou, sem troca de conversa, cinco pessoas, a bala e punhaladas nos rapazes e em uma senhora de mais ou menos 75 anos, que gritava na sala: ‘Não mate meus filhos!!’ Só que já tinha três rapazes mortos no chão. Deram um tapão na cabeça dela, jogaram a mulher no chão e cravaram nas costas o punhalão.
Ela ficou rodando no chão, esvaindo em sangue. Uma criança de 3 anos, vendo os mortos no chão, corria gritando: ‘Papai, papai...’ Um dos jagunços pegou essa criança e deu uma estucada numa parede de taipa que a cabeça lascou, os miolos se espatifaram no salão”.
Enfrentamento
O histórico de enfrentamentos contra a família Sarney remonta à década de 60. Em 1965, seduzido pelas promessas de reforma agrária do então jovem líder progressista José Sarney, Conceição mobilizou os camponeses do interior maranhense e ajudou a garantir a Sarney a maior votação até então para o governo do estado. Três anos depois ele foi baleado pela polícia comandada por Sarney durante uma reunião de líderes camponeses. Passou mais de uma semana largado em uma cela sem médico nem remédios.
A perna baleada gangrenou e foi amputada em um hospital de São Luís. “Depois o Sarney me visitou no hospital e tentou me comprar oferecendo emprego para mim e para minha mulher, uma casa e uma perna mecânica. Em troca queria que eu trabalhasse para ele. Recusei e fui preso outras nove vezes a mando do Sarney. É por isso que nunca, em hipótese alguma, aceitarei apoiar a oligarquia representada pelos Sarney no Maranhão”, disse Conceição, que no 4º Congresso Nacional do PT, em fevereiro, foi citado nominalmente pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em seu discurso.
A direção petista até agora não procurou Conceição e Dutra para conversar. O único interlocutor até agora foi o líder do partido na Câmara, Fernando Ferro (PT-PE). Dutra é visto internamente como opositor já há algum tempo. “Esta greve de fome é uma violência contra o PT”, disse um parlamentar de alta patente.
A dupla de grevistas conta com assistência médica da Câmara. “Hoje (segunda-feira) o médico veio me ver três vezes”, disse Conceição. Apesar disso o temor na direção petista é grande quanto aos estragos que uma possível imagem de Conceição deixando o plenário da Câmara em uma maca possam causar à candidatura de Dilma e à imagem do partido.

Roseana Sarney (PMDB), filha de José Sarney (PMDB), irmã de Fernando Sarney, é a mulher-símbolo da campanha de Dilma Rousseff (PT). Não adianta vir com Princesa Isabel, Anita Garibaldi ou Maria da Penha.


Para apoiar Roseana Sarney, Dilma Rousseff obrigou o PT do Maranhão, o estado mais miserável do Brasil justamente por ser escravizado pela Família Sarney, a não ter candidato e a não apoiar o PCdoB de Flávio Dino, seu aliado, rasgando o resultado da convenção partidária e intervindo no estado através do Diretório Nacional.

Militantes petistas maranhenses chamaram o presidente do PT de Hitler. Deputados e fundadores do PT estão em greve de fome. O episódio marca uma das mais sujas e abjetas troca de apoios que já se viu na política brasileira.

O apoio de Dilma para Roseana Sarney é simbólico. Além de significar a perpetuação da pobreza e mortalidade infantil no estado com a pior expectativa de vida do país, representa a grande mentira em que o PT se transformou. Uma mentira que encontrou a sua melhor expressão em Dilma Rousseff. (Coturno Noturno)

sem titulo, apenas elocubrações

"A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca e que, esquivando-nos do sofrimento, perdemos também a felicidade. A dor é inevitável. O sofrimento é opcional."
Carlos Drummond de Andrade

Grande Poeta.
O problema é quando o sorvete endurece nosso coração, como lembra o grande Gil. Mas lembremos Cae Veloso  A tristeza é senhora/ Desde que o samba é samba é assim/ A lágrima clara sobre a pele escura/ A noite, a chuva que cai lá fora/ Solidão apavora/ Tudo demorando em ser tão ruim/ Mas alguma coisa acontece/ No quando agora em mim/ Cantando eu mando a tristeza embora

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Copa do Mundo

Começou. A Copa do Mundo 2010, a Copa da Africa começou e já trouxe como novidade um show de abertura. Além de boas atarções principalmente africanas, o show valeu por um dos maiores momentos já vistos em uma Copa, a antologica participação do Grande Bispo Desmond Tutu; linda e emocionante seguida ainda por uma mais emocionante ainda homenagem ao Grande Mandela. Viva os dois artifices da Rainbown Nation. Viva a Resistência Sul-Africana. A Copa começou e bem.

Aproveitando o ensejo, alguns dias mandei o e-mail que reproduzo abaixo para alguns amigos. O Daniel lá do Peramblogando discordou aqui e ali mas em geral concordamos.

Date: Fri, 4 Jun 2010 14:51:41 -0700

From: ceduar...
Subject: apostas na copa
To: dan...

Já que a Copa esta chegando quem tem peito que se exponha. Vamos lá, com gde risco de me dar mal, mas estou me atentando ao futebol dos times e não a camisa...o que é um perigo pois vários times sem camisa amarelam na copa. Mas vamos lá:


Grupo A Uruguay e México sobra França e Africa do Sul


Grupo B Argentina e Coreia sobra Grécia e Nigéria


Grupo C Inglaterra e EUA sobra a Eslovenia (porem) e Argelia


Grupo D Alemanha e Australia sobra Servia e Gana


Grupo E Holanda e Camaroes (pura aposta) pois tal como as que sobra esta tbém bem mal Dinamarca e Japão


Grupo F Itália Paraguay sobra Eslovaquia e New Zeland


Grupo G Costa do Marfim e Brasil, mas se Drogba estiver fora vou de Brasil e Portugal sobra Coreia do Norte


Grupo H Espanha e Chile ainda que a Suiça não toma go né (na ultima copa não tomou e nem fez) sobra Suiça e Honduras.
Já adianto que como gosto de futebol bem jogado minhas torcidas estão com Holanda, Espanha e Argentina uma semifinal com as 03 seria ótimo.

Saudações aos que tem coragem

Ontem a ex-deputada Sandra Starling fundadora do PT em Minas e primeira candidato do partido ao governo de Minas no longínquo ano de 1982 desfilou-se do partido. Parabéns a ela que tem coragem. Já disse certa vez aqui no Blog, que acho que toda minha decepção com o PT é culpa de um ex-vizinho. Daqueles tipo que descrevendo as pessoas não acreditam, acham que é estereótipo, mas não o Cadu: o sindicalista, bancário, aquele cara voluntarioso, cheio de estrelas, um cara que se dava por uma causa...lembro rapidamente este fato, pois o relato abaixo de Starling sobre as campanhas heróicas e nobre do PT me fizeram lembrar desta época e destas pessoas. E assim se vai mais uma página da história petista, o partido que um dia ousou ser Partido e parafraseando Cazuza é agora apenas um coração partido. Ah e que se registre, esta simbiose PT-PMDB é das cousas menos ruins que o PT se fez e vem fazendo.

Satarlig tem 66 anos de idade - 32 dos quais dedicados ao PT.

"'É lamentável que o PT acabe refém de uma pessoa, que é o Lula. [Ele] Tem os seus méritos, mas todo mundo tem algum mérito; virou caudilho no partido, manda, desmanda, decide, todo mundo obedece. Não dá!", desabafou em entrevista à Folha Online.

- Agora, que negócio é esse? Ninguém tem vez e voz? Estou fora.



Antes distribuiu a carta que segue:

“Manda quem pode, obedece quem tem juízo”

Ao tempo em que lutávamos para fundar o PT e apoiar o sindicalismo ainda “autêntico” pelo Brasil afora, aprendi a expressão, que intitula este artigo. Era repetida a boca pequena pela peãozada, nas portas de fábricas ou em reuniões, quase clandestinas, para designar a opressão que pesava sobre eles dentro das empresas.

Tantos anos mais tarde e vejo a mesma frase estampada em um blog jornalístico como conselho aos petistas diante da decisão tomada pela Direção Nacional, sob o patrocínio de Lula e sua candidata, para impor uma chapa comum PMDB/PT nas eleições deste ano em Minas Gerais.

É com o coração partido e lágrimas nos olhos que repudio essa frase e ouso afirmar que, talvez, eu não tenha mesmo juízo, mas não me curvarei à imposição de quem quer que seja dentro daquele que foi meu partido desde sempre.

Ajudei a fundá-lo, com muito sacrifício pessoal; tive a honra de ser a sua primeira candidata ao governo de Minas Gerais em 1982. Lá se vão 28 anos! Tudo era alegria, coragem, audácia para aquele amontoado de gente de todo jeito: pobres, remediados, intelectuais, trabalhadores rurais, operários, desempregados, professores, estudantes.

Íamos de casa em casa tentando convencer as pessoas a se filiarem a um partido que nascia sem dono, “de baixo para cima”, dando “vez e voz” aos trabalhadores. Nossa crença abrigava a coragem de ser inocente e proclamar nossa pureza diante da política tradicional.

Vendíamos estrelinhas de plástico para não receber doações empresariais. Pedíamos que todos contribuíssem espontaneamente para um partido que nascia para não devermos nada aos tubarões.

Em Minas, tivemos a ousadia de lançar uma mulher para candidata ao governo e um negro, operário, como candidato ao Senado. E em Minas (antes, como talvez agora) jogava-se a partida decisiva para os rumos do país naquela época. Ali se forjava a transição pactuada, que segue sendo pacto para transição alguma.

Recordo tudo isso apenas para compartilhar as imagens que rondam minha tristeza. Não sou daqueles que pensam que, antes, éramos perfeitos.

Reconheço erros e me dispus inúmeras vezes a superá-los. Isso me fez ficar no partido depois de experiências dolorosas que culminaram com a necessidade de me defender de uma absurda insinuação de falsidade ideológica, partida da língua de um aloprado que a usou, sem sucesso, como espada para me caluniar.

Pensei que ficaria no PT até meu último dia de vida. Mas não aceito fazer parte de uma farsa: participei de uma prévia para escolher um candidato petista ao governo, sem que se colocasse a hipótese de aliança com o PMDB. Prevalece, agora, a vontade dos de cima.

Trocando em miúdos, vejo que é hora de, mais uma vez, parafrasear Chico Buarque: “Eu bato o portão sem fazer alarde. Eu levo a carteira de identidade. Uma saideira, muita saudade. E a leve impressão de que já vou tarde”.