terça-feira, 28 de outubro de 2008

O Day after

Abaixo uma resposta a um texto escrito pelo amigo Elias Gomes sobre as eleições em BH.

Elias gostei de suas reflexões, pelo menos você teve animo para comentar tudo isso. No meu caso não tenho animo e infelizmente tempo (estou viajando essa semana inteira).

Da minha parte continuo preocupado com o coro dos contentes. Sabe aquela coisa não são os ruins que me preocupam e sim o silêncio dos bons. Essa é a discussão que tem que ser feita em minha opinião. Por que tanta gente (principalmente as que fizeram por opção e não por cargos) aceitou embarcar nessa onda vergonhosa que trai não a história do PT (essa já vem sendo maculado a muito tempo) mas a própria noção de ética? Isso sim me preocupa. O silêncio dos intelectuais, dos quase intelectuais dos anti-intelectuais esse silêncio me incomoda. Esse adesismo me incomoda (até me lembro de uma entrevista do Pedro Cava diretor de Teatro e profesor da PUC antes do início da eleição proclamando a classe artista de BH a não apoiar nenhum candidato já que sempre eram apoios baseados apenas na idéia da celebridade e não acordos políticos ou mesmo de compromissos culturais...bom apesar do apelo dele não deu outra...) e do mesmo modo com outros grupos como o movimento negro...Isso sim é preocupante.
Eu não quero essa concordia que escraviza sempre a diferença, que é reacionária; seja porque admiro Marx e a luta de classes como motor da história seja pelo meu envolvimento com as religiões afro que me ensinaram que essa idéia idílica de concordância é totalmente ocidental (e acaba por ser instrumentalizadas para a subjulgação da maioria pela minoria), para as religiões afro a demanda também faz parte da vida e é vista como algo positivo e necessário para evolução;

Veja o que escreve em seu blog o jornalista Pedro Dória (sobre as eleições no Rio), concordo plenamente com ele e ai tenho que concordar com Você em relação ao papel murista do Patrus e essa mania idiota mineira da concordia. Por isso mandei um e-mail ao Arnaldo Godoy demonstrando minha decepção com a posição dele e que por isso mesmo não sou mais eleitor dele.

Trechos do Pedro Dória,

A cidade partida, enfim, se realizou politicamente.

Meu argumento é que isto é bom (...)O fisiologismo corrói a estrutura política de um lugar. Para o político fisiológico, o que interessa é a ineficiência do Estado.

Quando o Estado não cumpre seu papel, o político fisiológico transforma a obrigação legal num favor pessoal. E lá se vai uma rua asfaltada, um atendimento médico gratuito, uma cesta básica. O fisiologismo é brutal no Rio. Entre numa favela carioca, e lá está o ‘Centro Social Vereador Fulano de Tal’. Os médicos, assistentes sociais ou prestadores de favores quaisquer que trabalham nestes locais são pagos com dinheiro público, da verba de mais de 20 assessores que cada parlamentar tem o direito de ter. Como cinco tocam bem qualquer gabinete, o resto é lucro.

A troca de favores, entre parlamentares, entre Executivo e Legislativo, é essencial para a prática da política. ‘Voto em seu projeto em troca de apoio ao meu.’ Mas a mecânica que vai corroendo o Estado por dentro faz com que, na prática política, não sobre nada além da troca de favores. O papel fundamental de fazer com que o Estado sirva à sociedade se perde. A política vira um jogo brutal e começa a atrair os piores elementos. Repentinamente, é quem pratica o crime, os chefes de milícias, traficantes, quem viram políticos. A milícia não sobrevive numa favela integrada à cidade.

Quando Gabeira disse que Lucinha era uma analfabeta política, era isto que queria dizer. Ela, como muitos outros vereadores, como quase todos os deputados estaduais, não entendem política de outra forma. Este é o mundo no qual foram criados.


La no Rio como aqui em BH foi nisso que a política se transformou e acrescento a seu texto Elias que não é só em Venda Nova, na zona sul também. Aqui no S. Bento como não se tem muito para melhorar resolveram nas vésperas da eleições pintar os meios fios, criar rotatórias, sempre com uma grande placa da PBH, recapear a Av. Prudente de Morais criar escadarias no Sto Antônio, esacadarias que ninguém usara já que seus moradores são dependentes de carros e etc.

Olá Pessoal,

“Gente, ó pocevê... acabaram-se as eleição de Beuzonti, agora é momento de chorá”.

Prometi voltar escrever sobre as eleições só agora depois do resultado. Vou tentar ser muito breve na minha avaliação sobre a eleição do Márcio Pitta para a prefeitura de BH, pois de fato escrevi bastante sobre essas eleições. Em certa medida, vou retomar algumas idéias por meio de perguntas. Desculpem-me a linguagem, pois é um diálogo com você que vai ler, mas acima de tudo é um diálogo comigo mesmo, com os meus sofrimentos, decepções, descrenças, esperanças, sonhos. No mais resta-nos a ironia para amenizar o sofrimento:

Quem ganha com eleição de Márcio Pitta?

1 – Aécio e Pimentel e suas respectivas turmas. Falar em gangues aqui, pareceria dor de cotovelo um dia depois da eleição, então matemos as os termo amenos.

Quem são as turmas dos dois?

1 – As grandes empreiteiras que fazem as obras da linha verde e as obras do OP. Nada muito diferente do que era a turma do Maluf e do Pitta. Inclusive algumas empresas se sobrepõem em ambas as listas. As empresas prestadoras de serviços da prefeitura. Observem quem são os doadores da campanha desses três políticos (PAM). Com destaque é importante observar as próximas ações na área do lixo (limpeza urbana, a turminha do PAM fosse transparente) e do transporte. É importante lembrar que, há um ano atrás, se não tivesse ocorrido a intervenção do ministério público, a prefeitura tinha feito uma licitação que beneficiaria uma única empresa, inclusive muito próxima aos seus administradores. Confiram os dados dos doadores da campanha do Pimentel. Isso foi noticiado pela imprensa de BH, sem cruzamento dos dados. Nem precisamos citar o caso do transporte, que Pimentel ganhou a eleição no início de outubro de 2004 e no mês seguinte aumentou a tarifa.

2 – Não pode esquecer-se do Banco Rural, que era o mesmo banco do Marcos Valério e que presta muito serviços para a PBH. É preciso ficar de olho nisso.

3 – Os políticos velhos de política: Virgílio Guimarães que se aliou à direita para eleição na Câmara e acabou por contribuir na eleição do Severino Cavalcanti. Roberto Carvalho, um dos maiores organizadores de cabos eleitorais em favelas de BH, invés de lutar por cidadania do povo prefere contratar (dar uns trocados) pessoas para ter apoio. Façam uma pesquisa na vilinha que tem em frente à UFMG e pergunte que foi que pagou mais cabos eleitorais lá nas últimas eleições. Neusinha Santos, uma velha política de BH que já esteve pendurada em todos os últimos governos da capital, líder do governo Pimentel na Câmara Municipal e, na base do fisiologismo, conseguiu apoio para o prefeito na Câmara. Miguel Correia Jr. esse foi eleito pelo PPS e PT, patrocinado pelo Pimentel, como seu quarto escudeiro (Vírgílio, Roberto, Neusinha e Miguel), conseguiu truculentamente passar essa aliança com os tucanos pelo diretório municipal do PT. Ele foi um dos que ajudou a fazer filiação em massa até de aluno de cursinho de computador, que nem nunca foi a uma reunião do PT. O desrespeito não é com a história do PT, essa balela que alguém poderia lembrar, não é até porque corre já, há muito tempo, esse negócio de filiação para disputas. O transporte de vans e kimbis tem seu auge nas prévias do PT, isso é uma verdade. Só não vê simpatizante que acha que só tem coisa feia no PT de SP e em Brasília ou gente, como o Miguel, que acha que vale tudo.

4 – Os amigos de Aécio, na verdade Aécio não tem muitos amigos em Minas, pois nem passa muito tempo por aqui. Se estivéssemos falando do Rio de Janeiro talvez tivéssemos como listar: Luciano Huck, Angélica. É bom lembrar que Aécio não tem militância em BH e é por isso que aceitou fazer esse acórdão com o PT, pois não tinha candidato, precisava juntar-se com quem tinha voto para ganhar eleição. Ele entrou apenas com a metade da laranja e o cofrinho de dinheiro.

Quem vai governar BH?

O PAM (Pimentel, Aécio e Márcio) e suas respectivas turmas. Vale acrescentar que os incompetentes da BH continuarão nos cargos. Vou dar um exemplo, na Regional de Venda Nova, até um tempo atrás, havia na gerência de cultura, uma senhora que militava na área de habitação, não tinha trajetória nenhuma na discussão de cultura e ocupava o cargo de gerente de cultura, um outro funcionário que tentava fazer alguma coisa legal, também não sacava muito, mas era bem intencionado, dizia que ela ia de vez enquanto na regional e quando ia ficava fazendo tricô, crochê. Bom, se a senhora precisa de trabalho e é uma importante liderança na área da habitação, o correto não seria fortalecê-la no movimento? Arrumar emprego para as pessoas que não tem casa?

Quem vai governar a cidade serão os funcionários que não foram eleitos para a Câmara. Para seguir a tradição que vem desde Patrus os cargos serão repartidos com aqueles que perderam as eleições para vereador, o restante e a parte mais gorda para parentes, amigos, chegados, apoiadores dos vereadores eleitos. Em geral, pessoas que não têm as habilidades pedidas para aquele cargo. Não me venham lembrar do Lula para justificar a entrada de pessoas incompetentes no serviço público. Lula sempre foi muito competente e preparado para ser presidente, o que as pessoas tinham era preconceito de classe. Com isso, não quero dizer que concorde com Lula, pelo contrário, ele faz o mesmo no nível federal (a diferença é que ele pega os melhorzinhos dos municípios) quero dizer que não podemos aceitar confundir os argumentos levianamente para justificar os cabides de emprego para pessoas que não trabalham, enrolam e ganham dinheiro público. É óbvio que tem gente competente na administração municipal, mas é tanta incompetência, que ofusca os bons trabalhadores e impedem que eles trabalhem bem.

Quem é contra?

Bom, colegas que ficaram militando na campanha da Jô e do Leonardo de Mello. Cuidado! Porque o novo prefeito quer pisar no pescoço de vocês.

Será que vamos perder as conquistas populares?

Que conquistas populares, meus/minhas queridos/as? O Pimentel já fez o serviço de “desgraçá-las” (aqui vale um termo mais contundente). O OP, como disse anteriormente, não passa de um cartão de visitas da prefeitura para dizer que é democrática e esconder sua falta de diálogo com a população, servidores e movimentos sociais. As obras são definidas pela prefeitura e pelos parceiros (lideranças locais [nem todas obviamente], agenciadas por vereadores de todos os partidos, que na época de eleição tiram uma casquinha da prefeitura como cabos eleitorais contratados). O OP é um engana classe média, pois a classe média de BH que vota sempre nessas administrações não participa e não sabe como funciona o OP, apenas acha bonitinho, legalzinho e democraticozinho, mas um produtinho que agrega valor a decisão em votar.

Bom, é importante lembrar os consumidores ideológicos de temporada de eleição ou para os apaixonados com a história (que não conseguem sonhar, acham que sonham, mas apenas seguem o caminho que já está aí) que, desde o Governo Patrus, as lideranças comunitárias vêm sendo cooptadas pelo governo. Será porque BH é uma das capitais em que os prefeitos sofrem menos contestação? É porque já, há mais de uma década, fizeram o serviço de governamentalizar os movimentos sociais. Nem a Marta em SP fez isso com tanta eficiência. Você que está preso à história bonitinha do PT, que não consegue ver a parte feia, não me venha dizer que é porque a população tem visto as conquistas da Prefeitura, assim as manifestações são menores que em outras cidades, pois isso seria também mais um argumento para confundir. Primeiro, BH têm menos conquistas do que as demais cidades brasileiras, pegue o exemplo de São Paulo, Fortaleza, Florianópolis... têm mais conquistas sociais do que BH, na área da Educação, da saúde, do transporte, da juventude, nem por isso as pessoas estão caladas, os movimentos amansados. Não me venha dizer que tem a ver com a cultura do mineiro, pois seria ironizar as lutas de tantos mineiros por liberdade e contra da ditadura. O que ocorre é um amansamento, portanto a participação e as manifestações contestatórias e democráticas, que seriam também conquistas populares, Pimentel fez o serviço de destruir.

É bom lembrarmos-nos dos processos administrativos colocados contra professores de oposição ao governo dele. Não venha dizer, mas esse pessoal do PSTU é muito radical. Oras, vem cá... Você que usaria esse argumento defende que tipo de democracia? Apenas a democracia dos que concordam? Se for, essa você compartilha da mesma democracia defendida pelo PAM, ou seja, sua democracia é de direita e engana bobo, assim como a de Pimentel, Aécio e Márcio. Quem concorda ganha cargo, que é contra recebe um pisão no pescoço. Por falar nisso, eu detesto esse argumento de que o pessoal do PSTU é radical, por isso a prefeitura faz o que quer. Cá para nós, eu não sou simpatizante do PSTU não, mas esse argumento é um tanto constrangedor para que o faz. O problema que muita gente usa esse argumento para desqualificar a luta dos professores e de quem critica a gestão municipal. O problema não é do PSTU, é da prefeitura. Essa lógica é mais um argumentos para distorcer os fatos e defender o indefensável.

E o Patrus?

Patrus é feio... ficar em cima do muro. Patrus é feio... não fazer uma discussão esclarecedora sobre as eleições de BH. Bom, certamente que não concordaria com as conclusões dele, porém espera-se de alguém que foi prefeito da capital, que tem a história que tem, que é ministro, que não fique fazendo rendinha entorno de problemas sérios. Patrus, com seu silêncio, ajudou Márcio Pitta a confundir a população de BH, tentando se mostrar de esquerda quando ele é de direita sem lero-lero, sem vernis popular, sem essas coisinhas bonitinhas que o PT e a esquerda brasileira construíram entorno de propostas gerais. O que tem de esquerda no Pitta é marketing eleitoral. É gente, vamos ter que relançar o “Patrus é feio...” entregar a prefeitura de BH de bandeja para a direita autoritária.

Obs: teve uma campanha durante o governo de Patrus que era intitulada “Patrus é feio” e sempre tinha um complemento do tipo: “Patrus é feio... deixar os professores sem aumento”. Eu me lembro eu estava no início do ensino fundamental e tinha esse cartaz na escola que estudava no centro de saúde...

A eleição expressa a vontade popular?

Claro. Reproduzindo aquele monólogo besta da atriz da campanha do Leonardo de Mello: “E foi o eleitor, com o seu poder na mão, segurando o balão, e pimba!” Elegeu o Jader Barbalho(PA), ACM (BA), José Agripino (RN), José Dirceu (SP), Roberto Jeferson (RJ), Fleury (SP)... O Pitta ganhou em SP e a versão oxigenada dele ganhou agora em BH. Um tanto de maus políticos, inclusive o Maluf, já foi eleito pela vontade popular. Essa coisa de respeitar a vontade popular e ter que silenciar-se diante do vencedor é coisa que a mídia fica pregando com suas frases de efeito: “quem ganhou foi o eleitor... bla,bla,blá.”.

Olha, temos que dizer que, independente, de quem o povo votou a cidade vai "continuar e melhorar" o caos. Só não vê quem é ludibriado por mentiras e calúnias ou aqueles que vão querer tirar uma casquinha na prefeitura para benefício próprio ou de seu "seguimentozinho". Pimentel, deixou a economia da cidade estagnada. O que tem de dinheiro na cidade vem do Governo Federal. Agora que a torneira vai fechar, por conta da crise, vão dar nó em pingo d´água para “continuar” a construção de pontes, viadutos, pois, enfim as empreiteiras militantes devem “continuar” ser beneficiarias do espetáculo do que sobrar de dinheiro na cidade. O povo será beneficiário do espetáculo da crise econômica que vem por aí. Olha, gente, (à la Leonardo de Mello) agora vai ser a hora do Marcio Pitta cuidar de sua gente. Agora, gente, quem estava pensando que iria sobrar alguma coisinha para o povo, tipo contratar mais médicos, professores, melhorar a merenda..., foi enganado, pois só vai sobrar para as obras, já que faz parte do programa de Pitta “continuar e melhorar” o agrado às empreiteiras militantes das campanhas do PAM.

A intolerância religiosa perdeu?

Peraí, minha gente. Se você acha que a intolerância religiosa perdeu, porque o Leonardo de Mello não foi eleito, você está se pautando pelo argumento da campanha do Marcio Pitta. A intolerância religiosa ganhou as eleições, pois nunca na história de BH tinha se visto tanta intolerância numa eleição só. Antes de entrar no caso da religião, é bom lembrar que a turma do Pimentel já tinha feito algo do tipo contra João Leite e com a ajuda dos católicos apoiadores do PT, dizendo que não votavam em que apóia bandido, fazendo menção a sua defesa dos direitos humanos. Quem não se lembra dos adesivos em carro e tudo mais (nem devem lembrar, eu que sou fico lembrando dos detalhes). Voltando, a intolerância religiosa ganhou com o discurso do medo e estrategicamente localizando. Quando o Leonardo Quintão disse que a gangue (aqui, vale ser contundente) ai nas igrejas católicas e diziam que ele iria perseguir os católicos e que, nas igrejas evangélicas, diziam que o Eros Biondini iria perseguir os evangélicos podemos acreditar, pois é verdade. Isso foi feito, sim. E isso é uma vergonha para a história da cidade. Não diria, como o Patrus, que isso seria uma vergonha para o Virgílio, pois esse aí já há muito tempo não tem vergonha de estar do lado político que está. É uma vergonha vermos as pessoas sendo ameaçadas através de mentiras, calúnias, por medo de perderem suas liberdades religiosas. Ou seja, primeiro colocaram na cabeça da população que o João Leite defende bandido, agora de que se um evangélico e um católico ganhasse cada um iria perseguir a comunidade do outro. A intolerância religiosa ganhou quando tentou jogar evangélicos e católicos uns contra os outros, quando havia um importante passo para a superação de diferenças políticas. Quem pregava a aliança, buscou disseminar o ódio religioso. Isso é uma vergonha. Oras, é uma pena que o TER não caça candidatura por boato.

Para finalizar, quero dizer aqui que as menções feitas ao Patrus não tem a ver com a desqualificação do seu governo, pois teve méritos e deméritos, dentro de uma conjuntura histórica. Contudo, não se pode canonizar nenhum político, pois como tal não é perfeito. E o maior erro político no Brasil tem sido a ausência de crítica dos detalhes, pois neles se revelam os grande problemas do Estado. Afirmo, que as menções a João Leite, Leonardo Quintão e Eros Biondini, não se relacionam nem de longe a alguma empatia por eles, inclusive nunca votei nesses políticos e partidos, em todas as ocasiões mantive-me na oposição (não quer dizer que em 2004 contra João Leite tenha votado em Pimentel, naquela eleição anulei meu voto para prefeito). Muito menos as menções aos casos de Fortaleza, São Paulo e Florianópolis tenho simpatia, mas há algumas conquistas que se comparadas com BH, podemos dizer que a prefeitura de BH parou em 31 de dezembro de 1996 com a saída de Patrus. Mais uma vez digo que não tenho esse ufanismo com o Governo Patrus, pois pelo que me lembro a merenda da escola nem era tão boa. Estou numa fase de defesa da ampliação e melhoria da merenda escolar, penso muito nisso atualmente!

Como jovem fico muito chateado como as incertezas do futuro. Como gente eu fico é com vergonha de ter esse cara aí prefeito da cidade que eu amo. Fico com mais vergonha ainda de quando a gente fica dando murro na ponta de fica, dizendo em participação quando ela não existe e uma participação pautada pelos organismos internacionais para juventude. Quem não leu vale a pena ler a tese da Regina Magalhães sobre Protagonismo Juvenil. Acredito que temos quer participar mais nas ruas, pois esses conselhos não servem para nada (serviram se fossem em outro formato que não estivesse fadado ao fracasso), sevem apenas de cartão de visitas para o prefeito e como barragem de contenção dos últimos engajados. “Os bobo tudo lá participando e o prefeito dançando, eita nóis, dá um jóia aí, gente!”, para não deixar que seja esquecido esse grande ator que se revelou nas eleições de BH, Leonardo de Mello, o agroboy.

Vamos lá, pessoal, agora é hora de juntar o bloco e não deixar que o Pitta de BH faça o mesmo que o Pitta de SP, pois as mega-obras viárias (Mulufistas) vão “continuar” e a vida das empreiteiras, dos vereadores, dos amigos deles vai “melhorar”.

Última coisa: sempre disse a todos que o Arnaldo Godoy é o melhor vereador da Câmara, pois defende os direitos da juventude. Claro, que só isso não basta, obviamente. É preciso que faça mais na habitação, no orçamento geral, no transporte, no meio ambiente. Espero que o apoio ao Márcio Pitta não estrague o trabalho do mandato na Câmara, que possa fazer mais e melhor do que já fez. Que possa ser mais jovem no formato de fazer política, que seja mais a cidade, mais a gente, e menos PT, porque fala sério! Precisamos de alguém que fale a verdade e mostre os problemas da cidade, os problemas vividos pelas mães, pais, irmãos e comunidades que perdem seus filhos assassinados, os problemas de quem mora nas encostas, em situação de risco na época de chuva, os problemas com o descumprimento com o cronograma das obras do OP, os problemas da estagnação econômica deixada por Pimentel (essa não tem nada a ver com a crise que vem por aí, mas o conservadorismo político e técnico de sua equipe, que preferiu ficar dependente do dinheiro federal que desenvolver novas atividades econômicas na cidade). Neste sentido, não se trata confundir a juventude como um problema, parece que em parte isso já vem sendo superado, mas o fato é que os jovens, suas famílias, suas comunidades vivem problemas reais e não virtuais, muito menos problemas teóricos. Por último, espero que o Arnaldo faça um bom novo mandato e que no meio ambiente possa ir além das sacolinhas plásticas, construindo novos marcos reguladores para limpar a cidade da poluição visual, os córregos, o ar, combater a especulação imobiliária, que já fez nossa cidade aumentar tanto a temperatura do ar (lembremo-nos do Belvedere). Bom, como não tenho um vereador na Câmara, o Arnaldo é a minha última esperança para os próximos quatro anos. Agora, quem for amigo do Arnaldo, dá um empurrazinho nele para ser mais contestador, para fazer jus ao título de melhorzinho da Câmara.

Assim, como todos sabem, há pessoas que tenho admiração e que são do PT, que preferiram “continuar e melhorar” o partido (para provocar: isso é impossível), mas são pessoas honestas, empenhadas, de esquerda, o problema é que elas não interferem em nada nos rumos do partido, mas . Cada vez mais estou menos partidário, não contra os partidos, mas no que diz respeito à instituição. Estou cada vez mais distante do modelão partido dos anos 1990 - “partido no governo, militantes felizes” - ou da velha máxima de que problema de família ser resolve em casa. Lembro que partido não é família e a gente pode falar do partido de todo mundo porque todos eles influenciam a nossa vida. Se por um lado estou distante da institucionalidade por outro estou mais convicto de que nós, jovens, não podemos aceitar a mesmice da política. Estou falando tudo isso, porque querendo ou não sou ainda um tanto petista. Claro que um petista não desses sonhadores que acham que o Titanic um dia votará à tona, ou que fica falando mal tem outra opção, constrói outra esperança. Mas, petista no espírito de quem gosta de subir o morro para conversar com as pessoas, desfazer as mentiras e calúnias, conquistar o voto de quem nunca votou na esquerda por medo.

Por último, por último: na eleição de 2002, ainda nem tinha entrado na faculdade, teve uma carreata em Venda Nova, e eu me lembro que estava num trio elétrico com minha candidata a deputada federal Carminha Bomtempo (PT), quando, no meio do trajeto, chegaram o Vírgílio e Silvinho Rezende e ocuparam o trio. Eu falava ao microfone pedindo votos para o PT, parecia um robozinho: “Vote no PT, um partido de esquerda, é melhor para você”. O Virgílio bateu nas minhas costas (com força, pois ele e o Roberto Carvalho são extremamente agressivos para demonstrar “carinho”) e disse: “legal, isso aí que você está falando”. Queria falar a ele que quando ele foi candidato a prefeito, em 1996, tinha o entrevistado para um trabalho da escola numa visita que fizera ao meu bairro e que não esperava vê-lo aliado de um vereador que tinha sido do PDS, partido ligado à ditadura. Porém, quando a carreata passou pelo bairro Jd. Europa, em cima do trio elétrico, virei para jogar uma bandeira para uma criança e na hora que voltei com o corpo para frente já tinha um monte de fios elétricos que atravessavam a rua passaram no meio pescoço e me jogando para o fundo trio elétrico. Quase morro nessa situação. Contudo, não estou escrevendo isso para dizer que sou herói, pelo contrário. Estou escrevendo para dizer que fui enganado uma vez, no momento em que eu mais sonhava e quase morri sonhando, e que não vou ser enganado duas vezes.

Último conjunto de perguntas: Que foi a besta quadrada que indicou o Pimentel para ser secretário na época do Patrus? Essa pessoa tinha que levar essa cobra para morar na casa dela. Se não tivesse feito esse deserviço à BH, talvez, hoj,e nossa cidade não estivesse vivendo esse pesadelo de ter um prefeito que não sabe planejar, é carreirista, faz qualquer negócio para estar e manter-se no poder, governa mal, governa apenas para os amigos e para quem concorda, faz obras apenas para viabilizar suas perspectivas eleitorais e é politicamente atrasado (qualquer urbanista do mundo desaconselha fazer pontes, ele vai justamente na contramão, os bobo-alegres só achando uma maravilha). Serpa que teremos que aturar esse Malufista no Governo do Estado? Será que como professor de economia é bom de serviço? Pois como prefeito não é, claro que com uma idéia genial do Duda Mendonça para transformar um péssimo gestor, um gestor atrasado e equivocado em uma ótima peça publicitária. Duda fez isso com Maluf, com Pitta e fez com Pimentel em 2004 e agora com Márcio Pitta em 2008. A história se repete e a diferença e uma Fernão Dias que separa São Paulo de BH. Por fim, não me venham dizer que estou exagerando nessa comparação do Maluf e Pitta não que que conhece os dois casos sabe que há todas as interseções possíveis. A única diferença é que em SP tem que conteste o Maluf e, em BH, o Pimentel dança em cima do povo, dos movimentos sociais e ninguém faz nada, pois ele é do PT. Bom, o texto já está um pouco longo para fazer as comparações entre Pimentel e o José Dirceu.

Eu queria tanto odiar discutir política, mas o problema é que eu gosto.

Chega de mesmice. Conquiste BH com alegria e luta.

Abraço.

Elias Gomes

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