Viva o glorioso Villa Nova de Nova Lima, 100 anos de resistência.
Abaixo uma entrevista com o historiador oficial do Clube, publicado no blog Páginas Heróicas ligado a torcedores do Maior de Minas.
Wagner Augusto, o historiador do Villa
O Villa Nova fez 100 anos em 28 de junho. Como parte das homenagens, o PHD entrevistou, por e-mail, o jornalista Wagner Augusto Álvares de Freitas, autor do livro Villa Nova, 100 Anos de Glória em Vermelho e Branco, que conta a história do Leão do Bonfim.
- Fale de você e de sua família - Sou Wagner Augusto Álvares de Freitas, mineiro de Pará de Minas, nascido a 5 de julho de 1967. Meus pais são Maria das Graças Álvares Ferreira de Freitas e Pedro José de Freitas. Minha mãe nunca trabalhou fora e meu pai é metalúrgico aposentado. Não tenho irmãos. Resido, desde fevereiro de 1971, no Bairro Novo Eldorado, em Contagem-MG.
- O que e onde vc estudou? Onde trabalha? Sou graduado em Jornalismo pela Fafi-BH, atual Uni-BH, e pós-graduado em História Moderna e do Brasil, pela Fafi-BH, e em Administração Municipal, pela Fundação João Pinheiro. Trabalho como jornalista na Diretoria de Comunicação Social da Câmara Municipal de Betim desde 15 de dezembro de 1995 (sou servidor efetivo) e como assessor de imprensa do Villa desde 3 de janeiro de 2003. Além disso, presto assessoria para alguns atletas (o atacante Afonso Alves é o mais famoso deles).
- Quando começou a torcer pelo Villa? Como dizia Nelson Rodrigues em relação ao clássico Fla-Flu, sou villa-novense há 40 mil anos antes do nada.
- Quando começou a pesquisar a história do Villa? Quanto tempo durou a pesquisa? Minha relação com o futebol e com o Villa é bem antiga. O interesse pela história sempre esteve presente na minha vida desde tenra idade. Há 30 anos, pelo menos, guardo revistas, livros, jornais e informações gerais sobre esse esporte apaixonante. O trabalho de sistematização do livro, porém, começou somente em agosto de 2006, quando decidi colocar em prática o sonho que sempre acalentei, que era o de registrar um pouco da história do Villa num livro. A partir daí, sempre contando com o apoio do atual presidente João Bosco Pessoa, passei a pesquisar em bibliotecas os muitos dados que ainda não tinha nos meus arquivos para formatar o livro.
- Fale sobre o livro sobre o Villa. O Villa é sinônimo de emoção. E é dessa forte emoção despertada no povo de Nova Lima que o clube retira a seiva que o mantém vivo. Há um samba, gravado por Gilberto Alves, no Rio, em 1953, e que é uma espécie de hino extra-oficial do time, adaptado pela torcida, que diz muito sobre a alma do Leão: “Quem falou que o Villa morreu, se enganou. O Villa não morreu, nem morrerá. Deixa a danada da língua do povo falar”. O Villa é o único clube efetivamente comunitário do Brasil, cuja existência desfia a lógica mercantilista do futebol profissional vigente no mundo. O que deixa claro, também, que o Villa tem uma história calcada na resistência. Esse é o fio condutor da narrativa.
- Quem o editou, quantas páginas tem, quanto custa e como (ou onde) se pode comprá-lo? Cobrei o escanteio e fiz o gol de cabeça: sou o redator, o revisor, o fotógrafo de muitas imagens e o mais doído de tudo: o editor. São 616 páginas (16 é Leão no jogo do bicho) em papel couché 90g, capa em papel cartão supremo 250g, com laminação fosca e verniz localizado. O livro tem cerca de 300 fotos históricas, de 1908 a 2008, todas em p&b.
- Conte três passagens interessantes, relatadas no livro- O macumbeiro venal, Zico, não! e O presidente que deu a vida pelo Villa [cada história estará num post à parte nos próximos dias]
- Quais os maiores jogos da história do Villa? E os títulos mais importantes? Villa 9×0 Sport, 05nov33, título mineiro de 1935; Villa 1×0 Atlético, 30set34, título mineiro de 1934; Vespasiano 1×2 Villa, 13nov35, título mineiro de 1935; Villa 1×0 Atlético, 27jan52, título mineiro de 1951; Villa 2×1 Remo, 22dez71, título brasileiro da 2ª Divisão de 1971; América 1×2 Villa, 13abr77, título do Torneio Incentivo de MG; Villa 4×0 Araxá, título Módulo II do Mineiro de 1995; Villa 2×1 Cruzeiro, 1ª partida da decisão do Mineiro de 1997; Cruzeiro 1×0 Villa, 22jun97, 2ª partida da decisão do Mineiro de 1997, recorde de público em Minas Gerais com 132.834 torcedores no Mineirão; Villa Nova 3 x 1 Uberaba, 20nov06, título da Taça Minas Gerais; Villa 0(5)x 0(4) América, 29jun06, título da Copa Integração, categoria juniores.
- Qual é o seu Villa de Todos os Tempos? Arizona; Zezé Procópio, Anísio Clemente, Luizinho e Eberval; Lito, Geninho e Vaduca; Búfalo Gil, Perácio e Escurinho. Técnico: Martim Francisco
- Quem foram os maiores dirigentes do Leão do Bonfim? Entre tantos, Castor Cifuentes, que ajudou a consolidar o profissionalismo no futebol em Minas Gerais, Osvaldo Mello, que, entre outros gestos de grandeza, doou a sede histórica do Villa e Jairo Gomes, ex-presidente e eterno ministro sem pasta do clube.
- E os maiores beneméritos? Januário Carneiro, Ignácio Ballesteros e Natalício Carsallade, entre tantos.
- As perspectivas para o futuro do Villa são boas? Que lugar o clube, que no início dos Anos 1930, foi o mais importante de Minas deve ocupar nas próximas décadas? O clube passa por um momento de equilíbrio, após o ressurgimento pós-queda à Segundona, em 1994. Um futuro promissor, com as glórias do passado, é o objetivo de todos nós alvirrubros. Para isso é fundamental a construção do CT, em Honório Bicalho, e do novo estádio, no Bairro Cabeceiras. Se essas obras forem de fato efetivadas, o Villa estará pronto para lutar novamente pelo título mineiro e pelo acesso à Série A do Brasileirão. Somente Atlético e Cruzeiro são inalcançáveis em Minas. O Ipatinga não sobrevive mais cinco anos e o América, digo isso com tristeza, tem um futuro complicado pela frente.
- Como contornar a perda de torcedores jovens em Nova Lima? É possível reverter esta tendência? Sim, com a conquista de títulos e a montagem de equipes fortes para atuar o ano inteiro. O grande inimigo da maioria esmagadora dos clubes brasileiros é o calendário, que privilegia os 40 times das Séries A e B e deixa os demais à mingua. Como agregar novos torcedores sem entrar em campo? O Villa só joga cinco meses por ano. O que o torcedor vai fazer nos longos intervalos sem partidas do Leão? A resposta é óbvia: vai ligar a TV ou ir ao Mineirão torcer por Atlético ou Cruzeiro.
- Quais os maiores Cruzeiro x Villa da história? Da minha história, são dois. O jogo de ida da final do Mineiro, em 1997, em que o Leão venceu por 2×1, com o Alçapão lotado e sem que fosse derramada uma única gota de sangue. E o 2×2 do dia 4 de fevereiro de 2007, em que a PM causou uma confusão enorme e o Villa é que acabou sendo punido. Da história geral, destaco as grandes goleadas aplicadas pelo Leão do Bonfim entre as décadas de 1930 e 1950.
Para comprar o livro: jornalistawagner@terra.com.br - 31-9948-5513 (escritor) e 31-3541-1783 (Boutique do Leão, em Nova Lima). Preço: R$30 + despesas postais.
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