domingo, 15 de junho de 2008

A redenção para os negros é o sexo com os brancos.

Ótimo texto do Azenha:

Em Boa Vista, Roraima, fui à praça central à noite.

No centro da praça central há uma praça de alimentação.

A praça de alimentação é coberta.

Em torno da praça de alimentação há oito aparelhos de televisão ligados na Globo.

As famílias saem de casa para passear, sentam-se na praça de alimentação e comem assistindo à novela.

O som dos aparelhos de TV se sobrepõe ao dos humanos.

A praça, a TV, o asfalto, os carros novos, as roupas de marca, o Bob's - Boa Vista é vitrine da civilização num canto da Amazônia.

No imaginário de Roraima, ela é o moderno.

Tudo o que a nega é o primitivo - os indígenas, por exemplo, que insistem em disputar a terra, em atrasar o estado, em não concordar com nossa idéia de país.

A barbárie travestida de ato civilizatório é o que liga nossa Boa Vista à Twin Peaks dos gringos. É roubar a terra do índio ou matá-lo em nome da modernidade.

Eu estava na praça de Boa Vista quando um personagem da novela Duas Caras, negro, se rendeu à superioridade branca gritando vivas à dona Branca e admitindo que "radicalismo não leva a nada".

Dona Branca era, para quem não viu, branca.

Nas palavras do autor da novela, Aguinaldo Silva, reproduzidas pelo jornal Extra: "Ele (o militante estudantil negro) vai se apaixonar pela burguesinha. E ela vai ensinar que o marxismo é mais embaixo".

No Brasil do Aguinaldo o útero branco livra o pênis preto da infecção marxista.

Ou quem é do contra é mal comido.

A redenção para os negros é o sexo com os brancos.

Cidadania=gozo.

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