sábado, 23 de fevereiro de 2008

Ricardo Eletro no Mercado Central

Como é sabido estava fora.
E agora que cheguei um dos assuntos dominantes pelo menos na minha caixa de e-mail, é a inauguração de uma loja Ricardo Eletro no Mercado Central um dos símbolos de Beagá.
é um tema polêmico, ainda mais para alguém que tão ferrenhamente crítica as "objetificações" e a idéia de Tradição que é diferente de Tradicionalidade, no entanto em um tema como esse como belo-horizontino não posso pipocar e estou aderindo a campanha, - ainda que, ache o tipo de campanha já perdida de início, ou seja no começo todos berram daqui a pouco todos acostumam e um dia vamos até fazer graça com esses e-mails - que já mobiliza até amigos e conterrâneos que moram em outros estados e já me mandaram e-mail, aliás pelo jeito a intelectualidade das ciências sociais e da pedagogia mineira com quem tenho bastante contato já fechou questão contra a Ricardo Eletro no Mercado Central.

Abaixo, um dos textos que andam rolando na internet e logo após dois post retirado do Blog do nosso amigo Barba:

Aos amigos da nossa BELO HORIZONTE.
Apesar dos movimentos contra a instalação da loja 'RICARDO ELETRO' no interior do nosso querido 'MERCADO CENTRAL', não houve como demover tal intenção, pois o interesse financeiro supera qualquer outro e, por esta razão, o fato já está consumado, ou seja, tal comércio será, infelizmente, instalado.

Sabemos que aquela área, apesar de já parcialmente descaracterizada, ainda é um importante ponto turístico da CAPITAL MINEIRA, tão conhecido no exterior quanto os mercados de São Paulo e de Salvador.

Sabemos também que, com o precedente, outros comércios semelhantes serão ali criados, transformando, brevemente, aquele local em outro 'SHOPPING CENTER'.

Diante desses fatos, na tentativa de salvar um pouco do que ainda resta de tradição na nossa querida 'BELÔ', não nos resta outra alternativa a não ser a de apelar para a consciência da nossa população, com a seguinte mensagem:

NÃO COMPREM NA LOJA 'RICARDO ELETRO' DO MERCADO CENTRAL.
Além disso, vamos escrever à Ricardo Eletro em repúdio à iniciativa.
Por favor, recorte e cole o texto abaixo no campo "mensagem" do seguinte endereço:

http://www.ricardoeletro.com.br/alpha/fale_conosco.php
É com muita tristeza e indignação que a população de Belo Horizonte recebe a notícia da inauguração de uma loja Ricardo Eletro no Mercado Central, num dos estabelecimentos mais tradicionais do mercado - o Supermercado Aymoré. É consenso geral que uma loja de eletrodomésticos descaracteriza o caráter do mercado - descaracterização que acontece de forma lenta porém contínua. E que agora será escancarada pelo caráter "moderno" inerente a uma loja de eletrodomésticos. Se antes o crescimento da rede mineira Ricardo Eletro poderia ser motivo de orgulho aos mineiros, agora nos entristece, por colaborar com a perda de um grande patrimônio cultural de Minas Gerais: O Mercado Central.
Registramos aqui, então, nossa profunda indignação diante desse empreendedorismo expansionisa agressivo e desrespeitoso.
Esta loja devia se instalar em outro lugar!!

Agora os textos (2) do blog do Barba, o endereço ao lado:

Ainda sobre o caso da Ricardo Eletro no Mercado Central, achei um e-mail da administração do mesmo nesse blog aqui. Nele o Diretor Presidente do Mercado, Marcou R. Patrocínio, comenta:

Sr.(a) infelizmente a diretoria não tem autonomia sobre a definição do ramo de atividade, isso compete ao nosso conselho que aprovou previamente a instalação do Ricardo Eletro.
Algumas lojas modernizam o mercado de acordo com o tempo (drogaria Araujo tem mais de 100 anos e alguns caracterizam que ela descaracteriza) os tempos mudam e as atividades também, se adaptando aos novos tempos. A diretoria se preocupa com essas mudanças, porém, que o associado é proprietário tendo certa liberdade de comercialização. O Sr Olímpio, proprietário do Supermercado tem 90 anos e está aqui desde 1932 quando veio para Belo Horizonte como carroceiro. Infelizmente ele não deixou sucessores, os seus filhos tem mais de 60 anos e já estão aposentados, não restando a ele outra alternativa a não ser repassar o ponto.
A diretoria sente muito essa mudança, porém não conseguimos outro supermercado para se instalar no local pois o espaço do mesmo é muito pequeno para os modelos de supermercados de hoje. A modernidade fez sucumbir este modelo tipo armazém. O custo do aluguel e da manutenção desta atividade são inviáveis e os proprietários tem que cumprir os compromissos que ficaram durante muitos anos com baixa lucratividade, sendo que a melhor proposta para eles foi a do Ricardo Eletro que cumpriu todas as exigências fazendo um contrato todo na forma mas correta, inclusive no que tange ao pagamentos dos impostos que ocasionaram com essa transferência.
Na década 70 tivemos a maior descaracterização que foi ocasionada pelo surgimento da Ceasa, dos sacolões e supermercados, praticamente extinguindo o ramo de hortifrutigrangeiros no mercado. Nem por isso o mercado deixou de ser o Mercado Central e hoje mesmo assim somos um ponto de referência em Belo Horizonte , culturalmente e turisticamente.
O Mercado Central é uma instituição privada desde 1964 e soubemos muito bem construir e renovar um espaço que a prefeitura não conseguiu e resolveu privatizar. Agora aos seus 90 anos, doente e precisando fazer recursos para se prover, o Sr Olímpio e seu Irmão Olinto, tomaram essa decisão que foi um trauma para suas vidas, mas inevitável. Seria muito injusto se depois de estar aqui a 75 anos eles não pudessem fazer o que acham melhor neste momento da vida para poderem descansar com os recursos proveniente do imóvel que lhes resta.
Nem por bastar a diretoria pede a todas essas pessoas que amam o mercado que nos ajudem, pois não conseguimos ninguém para ocupar tão importante espaço nas característica que todos nós desejamos e que atendam as necessidades do Sr Olimpio e seus familiares. Quem sabe pode surgir uma boa idéia sem demagogias?
Lembramos que o contrato com o Ricardo eletro
(sic) está assinado e pago, qualquer alteração no destino desta negociação ocasionará reflexos financeiros que tem que ser avaliados. Então a sua forma de manifestação pode atrapalhar os comerciantes que não tem nada haver com esta negociação e se gostas realmente deste local tenho certeza que fará forma de ajudar e não de piorar algo que já nos deixou profundamente infelizes.
Lembramos que esse fato é isolado e que com certeza não virão outras lojas do ramo concorrente. Esperamos que mais esta nova etapa seja vencida pelos comerciantes que lutam pelo destino de seus comércios para que o mercado continue sendo a casa do povo de Belo Horizonte.
Muito obrigado por gostar do Mercado Central.

Ok, mas a pergunta é: se eu quiser fazer uma loja de eletrônicos baratos no lugar onde algum fruteiro antes tinha sua banca, eu posso? Não há qualquer restrição nesse sentido? Não acho que seja comparável a diminuição dos hortifruti e sua substituição por armazéns, floriculturas ou vendedores de bebidas e condimentos com a instalação de uma loja de uma grande de rede de eletrodomésticos … A verdade é que o Mercado Central é um ponto de referência, bastante freqüentado por um público muito diverso e o espaço ali parece ter um grande valor potencial para operadoras celular, redes de lanchonetes, etc. Nada contra, mas essas já existem em grande número fora do MC. Por outro lado não há muitos lugares em Belo Horizonte onde eu possa comprar pequi, feijão andu, carne de sol, fécula de mandioca ou fumo de rolo.

Não acho que trata-se de temer e evitar mudanças, mas de escolher em quais termos elas devem acontecer. Se de fato não se conseguiu outro estabelecimento além da Ricardo Eletro para ocupar o ponto da Mercaria Aymoré, que assim seja. A administração acha que foi a melhor solução mas os freqüentadores temem que isso descaraterize o mercado, resta saber o que os outros varejistas de lá pensam sobre isso.

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De um tempo pra cá vem circulando uma corrente contra a instalação de uma loja da Ricardo Eletro no Mercado Central de Belo Horizonte. Embora o e-mail dessa corrente tenha um monte de clichês e frases de efeito meio bobas, ele convida o pessoal de BH a pensar no que está acontecendo. Antes de tudo, o Mercado Central é tradicionalmente um espaço de lojas, não de grandes redes. É um espaço onde se vai pra comer, comprar iguarias e temperos, tomar cerveja, cortar o cabelo, adquirir peças e mobília artesanais, etc.

Que eu saiba, antes da Ricardo Eletro, não havia no Mercado Central nenhuma outra loja que vendesse eletrodomésticos ou eletrônicos ou qualquer estabelecimento de uma grande rede (esqueci que a Drogaria Araújo já está lá). É óbvio que a instalação da RE consiste em uma descaracterização extrema do mercado, de uma proposta e identidade construídas em cima de décadas de existência. Acabei mandando um e-mail pra Ricardo Eletro questionando a instalação da loja. Fui respondido da seguinte maneira:

Sr. Rafael, boa tarde!

Agradecemos o contato, a Ricardo Eletro irá fazer um lay-out de acordo com as características do Mercado Central abrindo mão de seu padrão de loja para adequar-lo ao mais próximo do que é a tradição no Mercado Central, nossa intenção é agregar e nunca agredir.

Claro, basta fazer uma lojinha “rústica” pra conter os ânimos exaltados. Se a questão fosse realmente a de não-agressão do Mercado Central, eles poderiam ter feito a loja em qualquer outro lugar no centro de Belo Horizonte. Em todo caso, com esse precedente aberto, o Mercado Central tende a se tornar mais um shopping center.







Um comentário:

Gustavo Passos disse...

Difícil de entender como deixaram esse absurdo acontecer.Quem procuraria um eletrodoméstico dentro de um mercado.Seria aceitável que esta loja fosse instalada no Shopping OI.Alguém deve ter levado algum dinheiro para tentar enfiar goela abaixo dos frequentadores e lojistas essa situação.
Horrorizei!!!!
Abraço.