quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Eleições Americanas, o dia seguinte IV

Propositalmente para esse último post dessa série, o que motivou a criar esse nosso Quilombo virtual- Abanjá, na luta Agora, Já. Brindemos um Afro-americano no poder. Brindemos não por que a América será um país melhor para se lidar, porque não será. Brindemos não por que a América será menos imperialista, porque não será. Não será também menos violenta, não será menos poluidora, não será menos arrogante, não será mais voltada para os oprimidos pelo mundo e não será contra as ditaduras disfarçadas de democracia. Mas brindemos pois um afro-americano chegou lá, os que conhecem a América sabem o que isso significa e entendem o choro de Jesse Jackson, os que não conhecem pessoalmente (o meu caso mas que nutrem aquela mistura de amor e ódio pelo o que ela representa) mas que se dedica a estudá-la um pouco, sabe o que essa vitória significa. Brindemos e nos emocionemso, eu não escondo me emocionei ainda de madrugada com o choro do Rev Jesse Jackson e...
Esperemos que as discussões étnico-raciais no Brasil entre em uma nova era, esperemos que no Brasil possamos sonhar e acordar com um país mais justo racialmente. I (too) have a Dream e como Milton Nascimento com a poesia de Tadeu Franco em Coração Civil. Eu quero:
Quero a utopia, quero tudo e mais
Quero a felicidade nos olhos de um pai
Quero a alegria muita gente feliz
Quero que a justiça reine em meu país
Quero a liberdade, quero o vinho e o pão
Quero ser amizade, quero amor, prazer
Quero nossa cidade sempre ensolarada
Os meninos e o povo no poder, eu quero ver
São José da Costa Rica, coração civil
Me inspire no meu sonho de amor Brasil
Se o poeta é o que sonha o que vai ser real
Bom sonhar coisas boas que o homem faz
E esperar pelos frutos no quintal
Sem polícia, nem a milícia, nem feitiço, cadê poder ?
Viva a preguiça viva a malícia que só a gente é que sabe ter
Assim dizendo a minha utopia eu vou levando a vida
Eu viver bem melhor
Doido pra ver o meu sonho teimoso,um dia se realizar
Deu no NYTimes como diria o grande Ben Jor:
Racial Barrier Falls in Decisive Victory
Obama é fruto das cotas, diz reitor de faculdade 'negra'
Thiago PradoDireto de Porto Alegre
A eleição de Barack Obama como o primeiro presidente negro da história dos Estados Unidos trouxe de volta a discussão sobre a questão racial. Para José Vicente, reitor da Faculdade Zumbi dos Palmares, a primeira do Brasil voltada para alunos negros e que se apresenta como a faculdade "negra", a ascenção de Obama é fruto do sistema de cotas, e a sua primeira visita oficial ao Brasil vai expor a verdadeira ideologia racial brasileira.

Para ele, a eleição de Barack Obama traz duas modificações na estrutura da sociedade americana. "Ela confirma que os Estados Unidos dão um passo adiante em suas políticas de segregação. Na terça-feira, o País disse não a essa separação, se assumiu como um fruto da miscigenação."
"No aspecto individual, a eleição de Obama reitera para os negros que eles podem e devem acreditar em seu potencial, em seus sonhos, em suas crenças. Que se você se preparar, pode desacreditar dos obstáculos, que não há mais a noção do impossível", acrescentou.
Ele ressaltou a política de cotas dos Estados Unidos, que possibilita maior acesso dos negros ao ensino superior, como fator determinante para a "nova cara" da sociedade americana. "A política de cotas raciais, ou ações afirmativas, permitiram que existisse um Obama, um Colin Powell, uma Condoleezza Rice... Os Estados Unidos já têm um geração formada pelas cotas raciais, e a tendência é aumentar. Já são 120 universidades voltadas para os negros."
"É obrigação de qualquer governo prover saúde e educação para todos, e quando isso não é possível, cabe ao Estado instrumentalizar esse acesso", acrescentou.
José Vicente se mostrou confiante quanto aos reflexos no Brasil. "Haverão muitos reflexos em nossa sociedade. Barack Obama vai visitar o Brasil, e todo um cerimonial terá de ser organizado. A Chancelaria brasileira, onde não há negros, vai receber com honras um negro com sua família, também negra. Isso é inédito no Brasil. Acredito que isso causará um efeito replicativo no Brasil."
No entanto, José Vicente ache que ainda há muito a se evoluir no Brasil no campo da afirmação racial. "Ainda é muito embrionário, estamos pouco avançados nesse aspecto. Os Estados Unidos são um País onde há 40 anos existiam leis que regravam a segregação, enquanto nós abolimos a escravatura há 120 anos. Mas no Brasil não temos negros em cargos de diretoria nas empresas e nem negros assumindo cargos políticos importantes."
Redação Terra

2 comentários:

Sampaio disse...

Oi Carlos,

concordo com vc.

Quanto ao texto do reitor, achei os argumentos dele um pouco "forçados" ao dizer que a vitória de Obama é fruto do sistema de cotas. Acredito que ela possa ter influenciado, mas não ser determinante nesta vitória.

Acho que nem Obama, ou Colin Powell ou Condoleza são frutos do sistema de cotas. Não conheço muito sobre a vida deles mas acredito que todos são fruto da classe média alta americana, e que provavelmente iriam fazer universidade, com ou sem cotas.

No caso do Obama acho super interessante o papel de sua mãe que pelo pouco que vi rompeu com uma série de tabus, viveu o "mundo" e se enamorando dele.

Relaciono a vitórica de Obama com a de Lula, uma vitória da "esperança" sobre o "medo" em momentos de crise. Acho isto bem significativo. Acredito que as pessoas, mesmo com medo em momentos de crise, estão aptas a mudança, desde que apareçam líderanças que consigam representar um processo sólido de mudança. De um lado um lider sindicalista de outro um afro-descendente. Poderíamos ainda falar em Ivo Morales ... Será que a américa está pegando a "onda vermelha"???

Por outro lado, como disse o Jabor em um comentário na CBN, acho que também temos que dar crédito ao Bush pela vitória do Obama. Se não fossem todas suas trapalhadas, dificilmente o eleitor americano teria tido coragem de fazer esta escolha neste momento.

Um abraço

Alexandre Sampaio

Carlos Eduardo disse...

Valeu Alex, pelo comentário. Depois com mais tmpo e em Bh quero comentar alguns pontos dele.
Abços.