Estou na correria de sempre. Essa semana viajei como sempre, aos domingos para dar aula em Diamantina cheguei na terça a noite e viajei na quarta de manhã para T. Otoni, cheguei hoje e já viajo amanhã de novo para Diamantina. Mas esse post aqui é para dizer da alegria de ter estado mais uma vez no Vale do Mucuri e participado de um belíssimo evento, um momento histórico promovido pelo NEAB/UFJVM o curso de formação de professores da região do Mucuri em consonância com a LEI 10639 que obriga o ensino da Cultura Africana e Afro-Brasileira nas escolas. Mais para frente prometo um texto mais completo sobre a importancia desse evento (incluindo fotos e aúdio). Foi muito bom ter podido participar desse evento seja na posição de esntusiasta dessas políticas seja na condição de pesquisador da temática quilombola. Aliás participamos de uma MESA REDONDA dedicada a esse tema ao lado dos colegas e amigos Vanessa e Pablo. Com a especialissima do Zorra lidernça social da região. Esse evento contou com a participação de professores e universitários de todo o Vale e com a participação de mais de 10 comunidades quilombolas da região, incluindo o pessoal da Comunidade dos Marques com que trabalhamos. Foi muito bom ver de novo D. Maria, Seu Bel, Seu Pitengo. Para fechar a nossa mesa além das sempre oportunas e inteligentes falas de Zorra, este juntamente com outros quilombolas nos presentearam com uma bela cantoria de viola.
Antes mesmo de participarmos da mesa redonda fomos surpreendidos pela notícia que iríamos participar durante quase uma hora de um programa ao vivo na principal emissora de Rádio do Vale do Mucuri. E qual não foi nossa maior surpresa ao depararmos com um programa inteligente, com um jornalista bem preparado com perguntas precisas e acima de tudo predisposto ao debate e reconhecedor de que o Vale é devedor tanto dos índios como dos negros. Tal postura nos permitiu acima de tudo conversar com os ouvintes a respeito da importância das políticas de regularização fundiária quilombola e esclarecer dúvidas e pré-concepçoes a respeito do tema. E não foi só, ao chegarmos ao Teatro Vitória (construção para cerca de 800 espectadores) fomos abordados pela equipe da Rede Globo do Norte de Minas, Jequitinhonha e Mucuri que também solicitou a nós que iríamos participar da mesa redonda entrevistas para passar em seus telejornais esclarecendo a questão. De forma que o evento cumpriu bem sua função de chamar a atenção para os graves problemas por que passam os quilombolas em geral e em específico os quilombolas do Mucuri.
Poderia aqui descrever muito mais dos momentos belos dessa viagem. Da minha visita as obras da futura instalação da UFVJM (com direito àquelas fotos tendo a obra ao fundo), da bela festa de encerramento com Pereira da Viola. Do meu novo encontro com esse grande artista universal (cidadão do mundo- passa parte do ano na Europa e em outras partes do Globo) e quilombola (ou seja, um artista que esta sempre em sua comunidade e atento a lutas dos seus e dos vizinhos, seja com a Folia de Reis seja para visitar a Comunidade dos Marques, no momento em que essa passava por dificuldades) ou seja síntese do globalismo local ou de um localismo global; dessa vez deu para ele autografar o meu exemplar do CD Viola Ética já que da última vez que o encontrara foi na Comunidade dos Marques. Poderia aqui contar do pós-evento, sempre a melhor parte da conversa até altas-horas no bar com Pereira sobre as suas pesquisas a respeito da cultura nos Vales, sobre cachaça, política, a importância dos movimentos sociais como o MST, sobre artista e engajamento, sobre futebol e o nosso Cruzeiro, com o pessoal de S. Julião e o momento político que eles passam, com os colegas do Brasil inteiro convidados para o evento, com os colegas da UFVJM, com as belas monitoras do NEAB... das questões da negraiada (como gosta de dizer o professor Benjamim do NEAB/UFJVM), do calor quase insuportável de T. Otoni (42 graus na sombra), do livro que ganhei publicado por um historiador local que reconta a história de T. OTONI desmistificando a história oficial e demonstrando a presença de negros escravos na antiga Filadelfia, do carinho das pessoas, das histórias tristes mas ao mesmo tempo contadas com dignidade pelas professoras negras pioneiras em T. Otoni, dos estigmas a qual tiveram que superar os preconceitos a que eram e infelizmente ainda são submetidas, do estranhamento quando elas começaram a ocupar os cargos de direção e assim sucessivamente, das histórias contada pela professora Jeje figura importantíssima para o desenvolvimento da auto-estima de vários negros na cidade de T. Otoni, dos abraços que trago para a Evinha, para a Larinha, para a Tete do pessoal de Marques e da saudade deles de vocês, das conversas em relação a parcerias futuras, da reunião a ocorrer nesse dia 02 de novembro em S. Julião quando essa Comunidade irá publicamente se auto-reconhecer como quilombola, da campanha de doação de livros para a Biblioteca dos Quilombolas de S. Julião, enfim tantas histórias. Prometo assim que estiver com mais tempo contá-las em detalhes, divulgar as fotos, algumas gravações.
Enfim foram dias históricos no Mucuri que somente reforçam a necessidade da presença da Universidade Pública e do comprometimento Ético e Político dessa com a realidade ao qual ela se vincula.
Para terminar nada melhor que o poeta Pereira da Viola lembrando uma cantiga ensinada por sua mãe, D. Augusta com quem tive o prazer de passar em uma das minhas visitas de campo uma manhã deliciosa e inesquecível e entender a força política dessa mulher que em plena ditadura militar falava em reforma agrária e em negritude:
Eu falo de gente roxa
Que meu amor é um roxinho
Gente roxa é delicada
Tem amor e tem carinho
Ps: para os não iniciados os negros da regiao do S. Julião, ou seja entre os municípios de T. Otoni e C. Chagas, região em que se encontram mais de uma dezena de comunidades, as quais tivemos a chance de visitar e fazer mini-histórias (que encontram-se no relatório antropológico referente a Comunidade dos Marques) eram tratados pelos demais moradores da região principalmente pelos imigrantes europeus como Roxo, devido a cor de sua pele.
Antes mesmo de participarmos da mesa redonda fomos surpreendidos pela notícia que iríamos participar durante quase uma hora de um programa ao vivo na principal emissora de Rádio do Vale do Mucuri. E qual não foi nossa maior surpresa ao depararmos com um programa inteligente, com um jornalista bem preparado com perguntas precisas e acima de tudo predisposto ao debate e reconhecedor de que o Vale é devedor tanto dos índios como dos negros. Tal postura nos permitiu acima de tudo conversar com os ouvintes a respeito da importância das políticas de regularização fundiária quilombola e esclarecer dúvidas e pré-concepçoes a respeito do tema. E não foi só, ao chegarmos ao Teatro Vitória (construção para cerca de 800 espectadores) fomos abordados pela equipe da Rede Globo do Norte de Minas, Jequitinhonha e Mucuri que também solicitou a nós que iríamos participar da mesa redonda entrevistas para passar em seus telejornais esclarecendo a questão. De forma que o evento cumpriu bem sua função de chamar a atenção para os graves problemas por que passam os quilombolas em geral e em específico os quilombolas do Mucuri.
Poderia aqui descrever muito mais dos momentos belos dessa viagem. Da minha visita as obras da futura instalação da UFVJM (com direito àquelas fotos tendo a obra ao fundo), da bela festa de encerramento com Pereira da Viola. Do meu novo encontro com esse grande artista universal (cidadão do mundo- passa parte do ano na Europa e em outras partes do Globo) e quilombola (ou seja, um artista que esta sempre em sua comunidade e atento a lutas dos seus e dos vizinhos, seja com a Folia de Reis seja para visitar a Comunidade dos Marques, no momento em que essa passava por dificuldades) ou seja síntese do globalismo local ou de um localismo global; dessa vez deu para ele autografar o meu exemplar do CD Viola Ética já que da última vez que o encontrara foi na Comunidade dos Marques. Poderia aqui contar do pós-evento, sempre a melhor parte da conversa até altas-horas no bar com Pereira sobre as suas pesquisas a respeito da cultura nos Vales, sobre cachaça, política, a importância dos movimentos sociais como o MST, sobre artista e engajamento, sobre futebol e o nosso Cruzeiro, com o pessoal de S. Julião e o momento político que eles passam, com os colegas do Brasil inteiro convidados para o evento, com os colegas da UFVJM, com as belas monitoras do NEAB... das questões da negraiada (como gosta de dizer o professor Benjamim do NEAB/UFJVM), do calor quase insuportável de T. Otoni (42 graus na sombra), do livro que ganhei publicado por um historiador local que reconta a história de T. OTONI desmistificando a história oficial e demonstrando a presença de negros escravos na antiga Filadelfia, do carinho das pessoas, das histórias tristes mas ao mesmo tempo contadas com dignidade pelas professoras negras pioneiras em T. Otoni, dos estigmas a qual tiveram que superar os preconceitos a que eram e infelizmente ainda são submetidas, do estranhamento quando elas começaram a ocupar os cargos de direção e assim sucessivamente, das histórias contada pela professora Jeje figura importantíssima para o desenvolvimento da auto-estima de vários negros na cidade de T. Otoni, dos abraços que trago para a Evinha, para a Larinha, para a Tete do pessoal de Marques e da saudade deles de vocês, das conversas em relação a parcerias futuras, da reunião a ocorrer nesse dia 02 de novembro em S. Julião quando essa Comunidade irá publicamente se auto-reconhecer como quilombola, da campanha de doação de livros para a Biblioteca dos Quilombolas de S. Julião, enfim tantas histórias. Prometo assim que estiver com mais tempo contá-las em detalhes, divulgar as fotos, algumas gravações.
Enfim foram dias históricos no Mucuri que somente reforçam a necessidade da presença da Universidade Pública e do comprometimento Ético e Político dessa com a realidade ao qual ela se vincula.
Para terminar nada melhor que o poeta Pereira da Viola lembrando uma cantiga ensinada por sua mãe, D. Augusta com quem tive o prazer de passar em uma das minhas visitas de campo uma manhã deliciosa e inesquecível e entender a força política dessa mulher que em plena ditadura militar falava em reforma agrária e em negritude:
Eu falo de gente roxa
Que meu amor é um roxinho
Gente roxa é delicada
Tem amor e tem carinho
Ps: para os não iniciados os negros da regiao do S. Julião, ou seja entre os municípios de T. Otoni e C. Chagas, região em que se encontram mais de uma dezena de comunidades, as quais tivemos a chance de visitar e fazer mini-histórias (que encontram-se no relatório antropológico referente a Comunidade dos Marques) eram tratados pelos demais moradores da região principalmente pelos imigrantes europeus como Roxo, devido a cor de sua pele.
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