sábado, 15 de março de 2008

Reminiscências de dias tormentosos ou a resposta a um e-mail a uma amiga

Ando numa correria doida. Aliás que chatice isso, de cada dois post aqui um é para falar isso. Mas esta cada vez mais difícil de postar só nos resta ficar roubando matérias de outros blogs. E como é chata essa correria alienante.

Mas tenho que ser sincero, afinal isso aqui é um diário eletrônico, além dos muitos afazeres e do cansaço acumulado de antigos afazeres ando principalmente chateado (acabrunhado como dizem pelo interior de Minas). Incrível com tenho me desanimado com os rumos que as lutas sociais tem tomado, com as sucessivas vitórias dos contras. Mas principalmente com as pessoas, com as atitudes, com as agressividades desnecessárias. Essa semana mesmo fui testemunha de duas e ainda agora com um agravante foram feitos por essa maravilhosa internet mas que não permite um cara a cara, uma discussão franca e aberta: uma comigo e outra com uma conhecida em um grupo de militância que participo; estas coisas cada vez me deixam mais triste e o pior é uma daquelas tristeza que tende a nos paralisar. Vivemos dias complicados principalmente para aqueles que como Eu insistem na crença de uma sociedade mais justa. Estamos sendo varridos e assistimos impassíveis essa varrição pelas forças conservadoras. Estamos encurralados nesse momento, eis ai um daqueles erros históricos. Esse governo (que nem é o governo de muitos de nós, pelos menos não é o meu e não contou com meu voto) esta de pernas abertas e se não reagirmos ao fim dele as poucas salvaguardas a cidadania estarão todas varridas restando somente a mendicância oficial. ISSO JÁ OCORRE COM OS QUILOMBOLAS, NADA DE POLÍTICA TERRITORIAL- que institui cidadania E SIM UMA SÉRIE DE MEDIDAS PALIATIVAS. Ou então, A ESPARRELA QUE DEVEMOS CEDER OS ANEIS PARA MANTER OS DEDOS, ORA NADA MAIS ERRÔNEO AO CEDERMOS OS ANÉIS CEDEMOS TAMBÉM OS DEDOS.

E diante de tudo isso ainda temos que estar a volta com as maldades daqueles que nos cercam e que teoricamente nesse momento deveriam cerrar forças de forma coesa e unida. Sei não, ando muito cansado e desiludido com toda essa conjuntura. Ontem mesmo a respeito de um dos episódios recebi um e-mail lúcido porém amargo, - com as amarguras de tanta luta que sempre parece ser por algo já perdido de antemão - de uma companheira pró-ações afirmativas (concordo com tudo que esta lá). Mas para Você minha resposta é a frase de Brecht, substituindo a palavra homens pela palavra mulheres:

"Há homens lutam um dia e são bons. Há outros que lutam um ano e são melhores. Há os que lutam muitos anos, e são muito bons. Mas há os que lutam toda a vida, esses são os imprescindíveis." [ Bertold Brecht ]

E ai fico pensando que diante deste individualismo reinante, faz todo sentido as palavras do amigo Odracir Seravla (creio Eu que também angustiada, afinal trata-se de um cara que também abomina o individualismo exarcebado) em seu Blog (aliás é o meu retrato, destes dias atuais tirando o banho de chuva, pois nesses dias de ataques e de crise de sinusite fujo da chuva). Segundo ele:

" Ontem tomei uma destas gostosas chuvas que mais que molhar o corpo, lava a alma.

Confesso que ando desanimado com estes tais de seres humanos, dentro os quais eu me incluo.

Cada vez vejo mais claro que uma das principais invenções dos últimos tempos foi o fone de ouvido. Sem ele eu me recuso a sair de casa!"

Mas será esse o caminho? A resposta é NÃO. O importante apesar de Tudo e de Todos é seguir na luta. Mas da onde tirar forças nesses dias tão estranhos. Sei que todo esse texto é muito estranho e desconexo, mas são reminiscências, ou o desabafo de dias tormentosos. E neste casos a poesia também é atormentada

Teatro dos Vampiros
Renato Russo
Sempre precisei
De um pouco de atenção
Acho que não sei quem sou
Só sei do que não gosto
Nesses dias tão estranhos
Fica a poeira se escondendo pelos cantos
Esse é o nosso mundo
O que é demais nunca é o bastante
A primeira vez Sempre a última chance
Ninguém vê onde chegamos
Os assassinos estão livres
Nós não estamos
Vamos sair
Mas não temos mais dinheiro
Os meus amigos todos estão
Procurando emprego
Voltamos a viver
Como à dez anos atrás
E a cada hora que passa envelhecemos dez semanas
Vamos lá tudo bem
Eu só quero me divertir
Esquecer desta noite
Ter um lugar legal pra ir
Já entregamos o alvo e a artilharia
Comparamos nossas vidas
Esperamos que um dia nossas vidas possam se encontrar
Quando me vi tendo de viver
Comigo apenas e com o mundo
Você me veio como um sonho bom
E me assustei
Não sou perfeito
Eu não esqueço
A riqueza que nós temos
Ninguém consegue perceber
E de pensar nisso tudo Eu, homem feito
Tive medo e não consegui dormir
Vamos sair
Mas não temos mais dinheiro
Os meus amigos todos estão
Procurando emprego
Voltamos a viver
Como à dez anos atrás
E a cada hora que passa envelhecemos dez semanas
Vamos lá tudo bem
Eu só quero me divertir
Esquecer desta noite
Ter um lugar legal pra ir
Já entregamos o alvo e a artilharia
Comparamos nossas vidas
E mesmo assim
Não tenho pena de ninguém.

Nenhum comentário: