sábado, 27 de junho de 2009

Michael Jackson

Como registro da passagem desse genial artista. Relato um pouco de como recebi essa notícia.


- Era uma quinta-feira, por voltas das 18h:10mins estava no hall de entrada da Fafich (no mesmo lugar, onde em 11 de setembro de 2001, vi a queda da segunda torre do World Trade Center) quando um colega de núcleo de pesquisa chega a com a notícia Michael Jackson morreu. Não sei, não consegui captar bem a mensagem. O fato era que nesse momento já estávamos em uma rodinha de amigos dividindo as pessoas por carros para irmos a comemoração da defesa de monografia de uma colega.

- Logo após mais uma comemoração (e essa semana foi farta delas, quase todas as noites; o que me ajuda a estar alheado dos jornais e notícias) já praticamente na madrugada de sexta-feira ao chegar em casa vejo e ouço a notícia. Baque. A ficha caiu. Era verdade Michal Jackson morrera. A sensação muito parecida com a que tive quando anunciaram a morte de Cassia Eller. Deve ser mentira. Como assim. Não faz sentido.

- Corto a cena e faço um fedback: na ida para a festa desta colega, o celular de um amigo toca. Era uma colega sua, lhe dando a notícia da morte de Jackson. Minutos depois seu telefone toca de novo, era sua mãe falando lhe da morte de Jackson. Ontem, minha mãe me confidenciou que chegou a pegar o telefone para me ligar e dar a notícia. Com isso, quero demonstrar independente das opiniões diversas, o lugar deste importante ícone: ele era alguém por quem as pessoas ligam para falar de seu falecimento.


- Volto a cena da incredulidade: talvez o que me chamou mais a atenção é que nunca fui, ou pelo menos, me considerei realmente um fã de Michael (ao contrário da Cassia Eller de quem era grande fã). Mas que estranho, como disse meu amigo Daniel no Peramblogando, inegável deu uma tristeza e um espanto. Incrível fiquei baqueado. Como não poderia deixar de ser, vício de profissão e no caso da madrugada de sexta, reforçado pelas cervejas me pôs a questionar o porquê deste sentimento. Afinal nem era tão fã assim do Michael? E ai a resposta veio rápida: os ícones são aqueles que fazem parte de nossa vida mesmo quando não percebemos. Era assim com Michael, ele fazia parte da paisagem. Para quem nasceu em inícios dos anos 80( meu caso fins de 81, em Dezembro) e conviveu em comunidades mais periféricas, como foi o meu caso Michael fazia parte das festinhas, dos aniversários, dos domingos e incrível falar isso, mas durante boa parte dos 80 Michael era sim, e as vezes sem sabermos, um grande modelo para nós não brancos. O negro que chegou lá. É isso. Minha tristeza vem de pensar que essa paisagem desapareceu. Uma paisagem, um tanto quanto feia e bizarra, a partir dos anos 90. Com o perdão do trocadilho infame, um tanto quanto pálida. Mas ainda uma paisagem com história na vida de alguns.

-Corto a cena novamente: é interessante, tenho 27 anos, e tenho pela função da docência superior e pela minha função no núcleo de pesquisa que ajudei a fundar convivido com pessoas mais jovens (graduandos) na faixa entre os 19 e 23, a diferença parece pouca e o é em termos de anos (aproximadamente 4 a 8 anos) mas em termos de vivência não. Assim alguém que tenha 20 anos nasceu ou em 88 ou 89, estes efetivamente devem ter conhecido Michael já por volta dos anos de 1993 já entrando no seu ocaso, uma pena, pois para esses trata-se apenas de uma figura louca, excêntrica, estranha, no fundo pedófila. Digo isso, pois a reação que recebi destes foi nesse sentido. Um estranhamento diante de tanto "oba-oba" pela morte de Michael. Pena eles não têm a noção do que se passa.

-Provavelmente eles não sabem que Michael vendeu 750 milhões de discos. Que Thriller é uma obra prima. Que Michael (re) inventou essa coisa chamada clipe. Que lançou um disco chamdo Bad. Que foi do wonderful Jacksons Five. Que foi primordial na economia norte-americana. E agora o principal, do ponto de vista sociológico: Michael arrebentou com a fronteira Black/Whitte. Ele foi o primeiro negro a modificar a programação de algumas rádios e Tvs, como por exemplo a MTV, foi o primeiro a gravar para fora do nicho dos Blacks. Foi negro e garoto propaganda da Pepsi, entre outros feitos. Mas acima de tudo foi humano e desta maneira foi um errante. Fica pelo menos a sensação que foi demasiado humano. Pena que teve uma infância que atrás da genialidade dos Jacksons Fives (que grande banda de soul/black/vocal) existia na verdade uma criança abusada e violentada em todos os sentidos. Fica pelo menos o depoimento de um amigo de Michael, a quem ele teria confessado: toda sua mudança brusca era uma tentativa de apagar a imagem de seu pai nele próprio.
Fiquem em Paz Michael e Obrigado!!!!

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