sábado, 2 de maio de 2009

Boal virou estrela

"Augusto Boal reinventou o teatro político e é uma figura internacional tão importante quanto Brecht ou Stanislawski ." - The Guardian (Londres)
"Boal conseguiu fazer aquilo com que Brecht apenas sonhou e escreveu: um teatro alegre e instrutivo. Uma forma de terapia social. Mais do que qualquer outro homem de teatro vivo, Boal está tendo um enorme impacto mundial" - Richard Schechner, diretor de The Drama Review.
Cidadão não é quem vive em sociedade. É quem transforma a sociedade em que vive.
Augusto Boal
Desde meados da tarde quando li a notícia do desaparecimento de Augusto Boal estou tentando escrever algo. Mas não dá. Faltam palavras para descrever a vida de Boal, suas realizações e a perda que significa seu sumiço. Só me fica martelando a ideia de que praticamente só nos resta Niemayer da geração de brasileiros que revolucionaram mundialmente seu campo de atuação. É triste, muito triste o fato de não termos substitutos a altura. Se o Brasil fosse um pouco mais sério se preocuparia com esse fato.
Na ausência de palavras faço aqui um pequeno obituario de Boal (com auxílio da Wiki):
Augusto Pinto Boal (Rio de Janeiro, 16 de março de 1931 - Rio de Janeiro, 2 de Maio de 2009) foi diretor de teatro, dramaturgo e ensaísta brasileiro, uma das grandes figuras do teatro contemporâneo internacional. Fundador do Teatro do Oprimido, que alia o teatro à ação social, suas técnicas e práticas difundiram-se pelo mundo, notadamente nas três últimas décadas do século XX, sendo largamente empregadas não só por aqueles que entendem o teatro como instrumento de emancipação política mas também nas áreas de educação, saúde mental e no sistema prisional.
Nas palavras de Boal:
«O Teatro do Oprimido é o teatro no sentido mais arcaico do termo. Todos os seres humanos são atores - porque atuam - e espectadores - porque observam. Somos todos 'espect-atores'.

O dramaturgo é conhecido não só por sua participação no
Teatro de Arena da cidade de São Paulo (1956-1970), mas sobretudo por suas teses do Teatro do oprimido, inspiradas nas propostas do educador Paulo Freire.
Tem uma obra escrita expressiva, traduzida em mais de vinte línguas, e suas concepções são estudados nas principais escolas de teatro do mundo. O livro Teatro do oprimido e outras poéticas políticas trata de um sistema de exercícios ("monólogos corporais"), jogos (diálogos corporais) e técnicas de teatro-imagem, que, segundo o autor, podem ser utilizadas não só por atores mas por todas as pessoas.
O Teatro do oprimido tem centros de difusão nos Estados Unidos (http://www.theatreoftheoppressed.org/en/index.php?useFlash=1)
, na França ( http://www.theatredelopprime.com/) e no Brasil, na cidade do Rio de Janeiro, Santo André e Londrina.
Ainda antes do Teatro do Oprimido, Boal já revolucionara o teatro brasileiro no Arena e no Oficina onde ensenou grandes obras de autores internaionais consagrados e de jovens dramatugos. Foi ainda nos anos 60 do seculo passado que ele junto a outros jovens criaram o CPC da UNE e também em pleno início dos anos de chumbo dirigiu Ze Keti (a voz do morro) Koão do Vale e Nara Leão e depois Maria Bethania no show Opinião.
A partir deste momento funda uma noca Companhia a Opinião, onde continua suas parcerias com Guarnieri, Chico Buarque, Edu Lobo, Oduvaldo Viana Filho, Paulo Pontes entre outros). Aproxima dos baianos e faz uma série de espetaculos com Gal, Gil, Caetano, Tom Zé, Caetano e Bethania. Espetaculos baseados também na poetica de Brecth.
A Primeira Feira Paulista de Opinião, concebida e encenada por Boal no Teatro Ruth Escobar, é uma reunião de textos curtos de vários autores - um depoimento teatral sobre o Brasil de 1968. Estão presentes textos de Lauro César Muniz, Bráulio Pedroso, Gianfrancesco Guarnieri, Jorge Andrade, Plínio Marcos e do próprio Boal. O diretor apresenta o espetáculo na íntegra, ignorando os mais de 70 cortes estabelecidos pela censura , incitando a desobediência civil e lutando arduamente pela permanência da peça em cartaz, depois de sua proibição.
Em 1971, Boal é preso e torturado. Na seqüência, decide deixar o país, com destino à Argentina terra de sua esposa, a psicanalista Cecília Boal. Lá permanece por cinco anos e desenvolve o Teatro Invisível. Neste período mora em vários países e desenvolve sua técnica de teatro, passa pelo Peru, Portugal e na França alcança reconhecimento mundial, nesta cidade funda um centro de estudo e interpretação. O Teatro do Oprimido é realidade.
Boal preconizava que o teatro deve ser um auxiliar das transformações sociais e formar lideranças nas comunidades rurais e nos subúrbios. Para isto organizou uma sucessão de exercícios simples, porém capazes de oferecer o desenvolvimento de uma boa técnica teatral amadora, auxiliando a formação do ator de teatro.
Homenagens
Uma das canções de Chico Buarque
é uma carta em forma de música - uma carta musicada que ele fez em homenagem a Boal, que vivia no exílio em Portugal, quando o Brasil estava sob a ditadura militar. A canção Meu Caro Amigo, dirigida a ele, foi gravada originalmente no disco Meus Caros Amigos de 1976.
Augusto Boal foi indicado ao Prêmio Nobel da Paz em 2008, em virtude de seu trabalho com o Teatro do Oprimido.
Em março de 2009, foi nomeado pela
Unesco embaixador mundial do teatro.
Publicou dezenas e dezenas de livros e espalhou a esperança de que um outro mundo é possível.

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