sábado, 2 de agosto de 2008

"Se Obama for presidente, a Casa ainda será Branca?"

O artigo abaixo foi publicado no site do Azenha. Só um comentário da minha parte: a questão racial esta posta e ponto final, o grande problema do Obama que já havíamos denunciado aqui, foi criar uma América pós-racial que definitivamente não existe. Foi isso que seu antigo pastor tentou mostrar. Agora ele esta mal com os racistas (como era previsível) e começa a ficar com a imagem arranhada entre os eleitores negros (afinal é uma ducha de água que um dos seus, em caso de ser eleito, tenha essa vitória creditada ao fato de que embranqueceu para tanto).
Aliás esse papo de não racializar a campanha só interessa aos racistas, bem parecido com os debates sobre cotas no Brasil. O pertencimento a um coletivo racial é conseqüência do olhar externo sobre ele, é resultado da exclusão, da discriminação, do maltrato. Afinal como bem disse um filósofo judeu:
O fenótipo judeu que talvez, eu não sei, me seja próprio, concerne, como problema, aos outros e somente se torna assunto meu na relação objetiva que eles pretendem me impor. (Améry, 2001, p. 187).

"Se Obama for presidente, a Casa ainda será Branca?"


Começou mais cedo do que eu imaginava. A título de responder a um discurso de Barack Obama a campanha de John McCain injetou a questão racial na disputa pela Casa Branca.

Fez isso de maneira cínica e eficaz, como sempre fazem os republicanos, que operam uma verdadeira "máquina de moer carne" apelando aos instintos mais selvagens dos eleitores.

Na campanha de 1988 ficou famoso o caso de Willie Horton. Era um condenado que participava de um programa que dava liberdade aos presos em alguns fins de semana, programa que tinha o apoio do então governador de Massachussets, Mike Dukakis, que se tornou candidato democrata à Casa Branca. Os republicanos trouxeram Horton para a campanha eleitoral, sugerindo que Dukakis era mole contra o crime, muito liberal e, portanto, incapaz de ser presidente dos Estados Unidos.

Isso era o que dizia o texto. Mas as imagens foram usadas de forma a sugerir aos eleitores brancos: se Dukakis for eleito ele vai soltar todos os assassinos negros que estão na cadeia.

É óbvio que contra Obama os republicanos não poderão fazer o mesmo. Eles estavam apenas esperando uma oportunidade para trazer a questão racial de volta. Num discurso recente o democrata disse que a campanha republicana tentaria pintá-lo como uma aberração, alguém que "não se parece com os presidentes que figuram nas notas do dólar". Foi o suficiente para que assessores de McCain - e o próprio candidato - atacassem Obama por supostamente ter trazido a questão racial para a campanha.

Aos republicanos o assunto interessa por um motivo muito simples: os eleitores de classe média baixa são os mais suscetíveis à insegurança gerada pela crise econômica. E a tendência deles seria votar por mudança. É aí que entra a questão da identidade. O que a campanha de McCain quer fazer é dizer a esse eleitor: mudança, sim, mas com alguém que seja como você, com o qual você tenha identidade. Esse é um bloco suficientemente grande de eleitores para decidir a eleição.

É óbvio que os republicanos não vão abraçar o texto que foi visto no Texas - um dos lugares mais racistas dos Estados Unidos: "Se Obama for presidente... ainda chamaremos a Casa de Branca?". Dirão a mesma coisa de forma subliminar.

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