domingo, 15 de março de 2009

Mulheres e sexualidade, preconceitos e tabus

Com certo atraso, em razão de compromissos já explicitados, em outro post. Segue-se umas mal rascunhadas linhas a respeito da forma machista de tratamento a sexualidade feminina.
Na verdade pensei em escrever algo por causa do dia 08 de Março e assim sendo pensei em alguns temas: poderia escrever sobre algo que sempre me impressionou e é por mim pessoalmente vivido desde bem pequeno: as mulheres que são chefes da casa. Que sozinhas dão duro no serviço, em casa, na criação dos filhos e etc. São realmente heroínas no sentido lato desta palavra. Pois que além de chefes dos lares dividem o restante do tempo entre os mais diversos outros afazeres.
Poderia falar das mulheres suburbanas e suas lutas heróicas, das mulheres do lumpém-proletariado, das domésticas e etc. Das mulheres que, por exemplo, e vejo isso em um supermercado aqui perto de casa, acordam antes da 05:00hs da matina trabalham 8 hs ganham super mal e com isso, não podem oferecer educação e saúde dignas a seus filhos. Aliás para esse grupo decretou-se (ou para usar uma palavra da moda: excomungou-se) o direito a doença e a um tratamento digno. Vire e mexe ouço os dramas dessas mães que devem optar entre o emprego e o péssimo atendimento nos precários postos de saúde de nossa cidade. Mas não falarei disso. Fica somente como registro para que nossas C. Sociais voltem aos tempos heróicos e como ditava o grande F. Fernandes não se dissociem das lutas sociais. Fazem muito mal ao abandonar esses campos de pesquisa. Falarei aqui de mulheres, sexualidade e seu corpo especificamente das mais velhas.
Vocês já perceberam algo: os homens não envelhecem. É fato em nossa sociedade machista - ou seja, onde a masculinidade se confunde com a potência do Falo - os homens não envelhecem , a não ser somente bem perto de sua morte. Assim sendo é normal que o titio ou avô, ou aquele vizinho ou mesmo um conhecido qualquer no auge de seus setenta bem ou mal vividos anos se aposse de uma jovem bela ou não e saia desfilando com ela e ainda conte aos amigos, conhecidos e mesmo desconhecidos suas peripécias viris. Não vejo nada demais nessas atitudes no mais bastante saudáveis. Aliás criticar esse ato não passaria de um moralismo preconceituoso. O problema aqui é outro.
Ao conjugar a potência do Falo as ideia pré-concebidas de que prazer, beleza e juventude são sinônimos, o machismo - (e aqui é bom frisar, que esse pensamento como sistema dominante age também na psique das vítimas. Ou seja, tal como o racismo e, diga-se de passagem, qualquer sistema de pré-conceito dominante sua principal mazela é internalizar na vitima os preconceitos ao qual elas são submetidas e, desta forma, naturalizá-lo) - nos ensina a crer que qualquer mulher acima dos 50 anos não possuem mais sexualidade, libido, desejo e mesmo beleza. Pronto o preconceito torna-se regra e ai daquelas que ousarem a quebrar os termos ditados pela maioria. Aqui esta em jogo a velha ideia de que sexualidade se confunde com a genitalia, a mania fálica a assustar a maioria dos homens. Ou como dizem por ai, as partes pudorentas: classificação essa aliás uma graça, pois aqui também se confunde pudor com classificações morais. Quem disse que a nudez é despudorada? Ora as genitalias fazem parte da sexualidade, tal qual vários outros pontos no corpo da parceira (o). Aliás descobrir tais pontos e exercitá-los são de enorme prazer para ambas as partes. O que não se deve e, sempre com um olhar já pré-concebido é resumir um termo ao outro, ou seja transformar, por exemplo, a ideia de beleza, de juventude e corpo perfeito - todos estes obviamente pré-concepções- em sinônimo de frigidez as mulheres.
Aqui mistura-se esse caldo falístico com a ideia tão cara a nosso mundo judaico-cristão de que sexo é algo impuro e, portanto, inimaginável de acontecer com nossas queridas mães e avós. Caberiam a elas nessa fase da vida uma castidade que se confunde com uma santidade muito justa ao papel sacralizado que elas devem ocupar. Assim sendo, apesar de toda a revolução sexual, as mulheres mais maduras ou mesmo da terceira idade (após os 60 ou 65 dependendo da classificação) precisam dar seu grito e afirmar que elas também possuem, sexualidade, libido, desejo e isso não se resume apenas a forma física e uma suposta demonstração de potência.

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