domingo, 23 de maio de 2010

A ausência de um projeto nacional

Como é sabido ando afastado deste blog, são os deveres de ofício, que nestes meses tem sugado todas as minhas energias. No entanto, penso que estou próximo de voltar a certa normalidade. Quem sabe a normalidade de pelo menos sobrar um tempinho para prosear por aqui no blog. Assim sendo, hoje trago uma visão política que andei matutando nos últimos dias.
Política

Ando cada vez mais – não é desiludido o termo, pois que desilusão já é concessão ao pensamento dominante - impressionado com a ausência de um debate sério sobre um Programa de Desenvolvimento para o país. Percebam temos a julgar pela mídia – que insiste em esconder os demais candidatos – 03 candidatos. Em uma locução: são mais do mesmo. Impressionante qual a diferença real e não cosmética entre Dilma, Serra e Marina, esta última então é a grande decepção do certame (sobre isso já escrevi aqui no Blog) ela realmente anda exagerando, veja que, hoje ela esta a direita do Serra (disse Marina, p. ex essa semana que o maior acerto do presidente FHC foram as privatizações que ela não se oporia a nenhuma ainda que conteste as formas éticas de sua condução). A VERDADE É ESSA. E que me desculpem os que a apóia, lógico que um governo Marina seria infinitamente melhor e mais justo que um governo Serra (PRINCIPALMENTE NO QUE SE REFERE AO CAMPO DOS DIREITOS INDIVIDUAIS, NESTE CASO MARINA É UMA CONSERVADORA ESCLARECIDA, O QUE SE CHAMA DE LIBERAL NOS EUA, por isso em seu governos minorias teriam vez e voz, e mesmo temas tabus poderiam ser debatidos e discutidos), no entanto, estou analisando as falas da candidata e nelas, o programa econômico de Marina se encontra direita de Serra. Assim sendo temos 03 candidatos de um projeto único, o capitalismo de tipo liberal, tudo bem digamos assim os 03 candidatos enterraram as versões mais radicais do neoliberalismo, mas no fundo são todos a favor do desenvolvimento conservador capitalista. Dilma então mereceria um capitulo a parte, que não faremos neste momento. Mas digamos assim Dilma encarna a perfeição, aquilo que os bons e antigos C. Políticos tão bem denominavam de conservadorismo econômico com investimento social.

Estava a refletir sobre isso estes dias e comecei a achar que estava sendo injusto, resolvi pesquisar então e veja, o que achei na Carta Maior: uma matéria onde eles entrevistavam lideranças (do que a Carta Maior – com seu imenso lulismo- considera de esquerda, como o balaio de gato era muito grande e quase todos tinham a mesma opinião demonizadora do Serra e beatificadora da Dilma. Resolvi considerar somente a opinião de lideranças dos últimos 03 partidos de esquerda do país (os grifos são meus).


Ivan Valente (Psol) – Não há, até o momento, uma disputa de projetos, mas sim diferenças tópicas no mesmo projeto político de continuidade, em essência, do modelo neoliberal. A política econômica não está posta em questão, os fundamentos ortodoxos de corte dos gastos públicos, aumento de juros e liberdades totais de movimento de capitais farão parte tanto do programa da candidatura governista quanto da oposição de direita. O monumental impacto do pagamento de juros e amortizações da dívida pública para a área social não serão debatidos.

José Maria de Almeida (PSTU) – O que está em jogo é o controle da administração do Estado, localização que permitirá ao vencedor definir as políticas econômicas, ou seja, qual setor da sociedade será privilegiado com a distribuição dos recursos do país. É preciso registrar que as duas alternativas que se apresentam como favoritas na disputa eleitoral defendem o mesmo modelo econômico para o país. No governo FHC, privilegiaram-se banqueiros e grandes empresários, e no governo Lula também. Para os trabalhadores, como sempre, ficaram as migalhas das políticas sociais compensatórias.

Ivan Pinheiro (PCB) – Deveria estar em jogo um intenso debate sobre os grandes problemas nacionais, uma discussão ideológica, o confronto de projetos, a política externa brasileira, a integração da América Latina, a soberania nacional, a reestatização da Petrobras, a redução da jornada de trabalho, a reforma agrária e outros temas sobre o presente e o futuro do país. Infelizmente, as oligarquias e a mídia podem, com a força que têm, fazer desta eleição um par ou ímpar entre dois projetos de administração do capital, um capitaneado pelo PT e outro pelo PSDB. Há um risco de os candidatos desse campo, que disputam quem é mais eficiente para alavancar o capitalismo brasileiro, ficarem disputando qual mandato de oito anos (FHC ou Lula) apresentaram os melhores indicadores macroeconômicos.



Em minha opinião, as três lideranças de forma sucinta e sem firulas analisam a realpolitik. Vamos a ela, como lembra Ivan Valente em consonância com nossa opinião, não existe projeto alternativo. Existe a disputa pela paternidade e pela continuidade das políticas ortodoxas e ditadas pelo sistema financeiro. Em consonância com Ivan Valente, Zé Maria também reforça nosso sentimento de continuidade e chama a atenção, tal qual também, percebemos neste Fala-flu interminável e chato que virou a net que tamanha virulência neste momento, é necessária mas não pelo confronto salutar de idéias e projetos mas o que se busca é somente uma disputa comezinha pelo poder e suas benesses, que são tantas. E para arrematar, viva o velho Partidão, o outro Ivan o Pinheiro arremata a fala dos dois primeiros reunindo seus argumentos, reforçando-os e indo além ao lembrar que, o momento é mesmo desanimador, pois mesmo que na manutenção da política econômica poder-se-ia discutir pelo menos alternativas de nação, de país.

Para finalizar fica o amargo para nós de esquerda e a dura e necessária reflexão de que perdemos, ao menos momentaneamente a batalha, veja que é motivo de chacota- a verdade é dura- é motivo de chacota qualquer sugestão de uma alternativa, de uma disputa polarizada e ideológica. Aliás ideologia virou palavrório. O governo Lula entrará para a História como o governo que jamais na histõria deste país obteve tantos feitos. E obteve mesmo e são justo alguns dos louros que recebe, entrará para a História e isso não é pouca coisa como o governo que fez a maior inclusão da história (e isso ao contrário do que pensa as Vejas, Globos e Folhas não é algo menor muito pelo contrário) mas entrará também para a história como o governo que incluiu mas manteve a mesma taxa de desigualdade, pois que incluir não é diminuir distância entre classes e entrará sobretudo para nós como o Governo que esmagou e destruiu qualquer possibilidade de um outro modelo, hoje não temos mais discursos, debates, movimentos práticas, nem mesmo temos espaços nos meios modernos de debates. Estamos alijados somos como exilados em nossa pátria. Lula por isso realmente é o maior de todos os tempos, desde que, não insultemos a história e acrescentemos. O maior presidente conservador que tivemos o que não é pouca coisa, com Lula o sonho do bruxo Golbery se completou pena ele não estar vivo para assistir, o seu partido consentido, aquele que segundo Golbery seguraria as massas cumpriu o desígnio.

Nenhum comentário: